Neurodiversidade: o que é e como redes sociais têm ajudado365sportdiagnósticos:365sport
O conceito365sportneurodiversidade aponta que a mente pode funcionar365sportdiversas maneiras, e que essas diferenças são apenas variações naturais do cérebro humano. Ou seja, condições como ouvir vozes ou autismo são diferenças365sportum espectro, e não problemas específicos a serem resolvidos.
Lawrence Fung, diretor do projeto365sportneurodiversidade da Universidade Stanford (EUA), define esse conceito da seguinte maneira: "É só uma forma365sportdescrever que nossos cérebros são diferentes e, como qualquer ser humano, não será bom365sporttudo."
Fung diz acreditar que pode ser mais difícil para algumas pessoas reconhecerem ou aceitarem as diferenças que acontecem no cérebro. "A diversidade365sportgênero é algo que pode ser facilmente identificado, assim como a diversidade étnico-racial, porque se pode enxergá-la. Mas a neurodiversidade é algo que não pode ser visto na maior parte do tempo."
Pessoas consideradas neurodivergentes podem ter variações cognitivas como transtorno365sportdéficit365sportatenção com hiperatividade (TDAH), autismo (espectro365sporttranstornos que geralmente se manifestam365sportdificuldades no convívio social, comportamento repetitivo e,365sportalguns casos, ansiedade e TDAH), dislexia (transtorno365sportaprendizagem que dificulta leitura e escrita) ou dispraxia (transtorno neurológico365sportcoordenação motora que envolve dificuldade365sportpensar e movimento planejado, segundo associação365sportespecialistas no tema).
Há três tipos principais365sportTDAH, e seus efeitos podem variar365sportuma pessoa para outra: desatento, hiperativo/impulsivo e um misto365sportambos. Em geral, esse transtorno é diagnosticado na infância, mas há cada vez mais adultos que descobrem vivenciar esse tipo365sportneurodivergência.
Blogueira e empresária, Rach Idowu explica seu TDAH: "O tipo desatento365sportTDAH pode significar que você exibe sintomas ou características como ser facilmente distraído e desatento a detalhes, procrastinação, desorganização e memória ruim. (...) O tipo hiperativo-impulsivo365sportTDAH mostra traços365sportimpulsividade e facilidade365sportinterromper as pessoas. Eu tenho um tipo misto365sportambos. E também sou muito criativa e boa365sportresolver problemas".
As experiências entre pessoas neurodivergentes podem variar.
Alguns podem ser sensíveis a ambientes que causam sobrecarga sensorial. Outros podem processar informações365sportmaneira diferente, enquanto alguns podem não conseguir ler expressões faciais ou podem ter dificuldade365sportidentificar números e palavras.
Movimento da neurodiversidade
De acordo com o programa Neurodiversidade no Trabalho, da Universidade Stanford, entre 15% e 20% da população mundial é considerada neurodiversa. O restante seria classificado como neurotípico.
Durante a década365sport1990, houve um movimento que conscientizou sobre a neurodiversidade e abraçou a inclusão365sporttodas as pessoas com possível neurodivergência.
O termo neurodiversidade foi cunhado pela socióloga australiana Judy Singer em365sporttese365sport1998 para promover a igualdade e a inclusão365sport"minorias neurológicas".
Hoje, a neurodiversidade é vista como um movimento365sportjustiça social e se popularizou ainda mais. Pesquisa e educação são cada vez mais importantes na forma com que certas deficiências e condições neurológicas são vistas.
Diagnóstico complicado
Esse movimento crescente ajudou a aumentar a conscientização sobre a neurodiversidade, mas muitas pessoas ainda lutam para serem diagnosticadas e apoiadas.
Rosie Thomas tem 33 anos e vive365sportBerlim. Ela foi diagnosticada com TDAH365sport2020 durante a pandemia365sportcovid-19. Mais tarde, decidiu se tornar tutora, e hoje trabalha para apoiar outras pessoas como ela.
"Por três décadas, eu literalmente pensei que era como uma marciana total. Eu achava que ninguém mais era como eu", disse Thomas à BBC. "Eu era acompanhada por um psiquiatra, que disse que todas essas coisas com as quais eu estava lutando eram sintomas365sportdepressão. Eu sabia que não estava depressiva e agora sei que eram exemplos365sportdisfunção executiva".
A disfunção executiva refere-se à gama365sportdificuldades cognitivas, emocionais e comportamentais que geralmente ocorrem após lesão nos lobos frontais do cérebro.
Rosie viu um vídeo no TikTok365sportuma mulher365sport40 anos com TDAH que descreveu sintomas que ressoaram em365sportcabeça.
Ela pesquisou no Google "TDAH365sportmulheres adultas" e descobriu que correspondia à maioria dos traços365sportcaráter descritos.
Foi então que se auto-diagnosticou como tendo TDAH. "Eu li e chorei. Foi como ler meu diário."
Fung, da Universidade Stanford, explica que o processo365sportdiagnóstico formal varia muito ao redor do mundo e pode ser bastante caro. Por isso, muitas pessoas não seguem esse caminho formal, mas o especialista ressalta que há benefícios significativos ao se procurar ajuda profissional.
"A preocupação potencial aqui é que às vezes há sites que diagnosticam pessoas com base no que os parâmetros dizem, mas, na verdade, não é tão simples assim quanto um diagnóstico365sportsite."
"Por exemplo, as pessoas no espectro do autismo às vezes têm comportamentos estereotipados, como comportamentos repetitivos, e isso pode ser confundido com os comportamentos obsessivos no transtorno obsessivo-compulsivo".
"Se você tem um diagnóstico incorreto, então você está basicamente seguindo o caminho errado e é por isso que é mais útil - se você suspeitar ou se alguém suspeitar - ter um diagnóstico com um especialista365sportneurologia", diz ele.
"Pessoas no espectro do espectro365sportautismo, por exemplo, às vezes têm comportamentos estereotipados, como ações repetitivas, mas elas podem ser confundidas com os comportamentos obsessivos do transtorno obsessivo compulsivo."
Segundo Fung, "se o diagnóstico é feito365sportmaneira incorreta, então a pessoa basicamente envereda por um caminho incorreto (de tratamento, por exemplo)". Por isso, afirma o especialista, se você tem alguma suspeita disso sobre si mesmo ou sobre outra pessoa, busque atendimento neurológico especializado.
Apoio nas redes sociais
Mas esse tipo365sportdiagnóstico e acompanhamento médico não é acessível para muita gente365sportdiversas partes do mundo.
E por causa desses obstáculos, muitas pessoas como Rosie Thomas estão recorrendo às redes sociais365sportbusca365sportajuda.
É o caso365sportLyric Holmans, 35, que vive no Texas (EUA) e se autodiagnosticou com autismo.
Youtuber e responsável por conteúdo365sportestilo365sportvida e neurodiversidade, Holmans diz à BBC que descobriu estar no espectro aos 29 anos por meio365sportcomunidades365sportredes sociais.
Holmans deu início à hashtag #AskingAutistics (#PerguntandoaAutistas,365sporttradução livre) para ajudar pessoas a tirarem dúvidas sobre esse transtorno.
Holmans afirma que essa hashtag é importante porque permite se perguntar praticamente tudo que se queira saber para pessoas com experiências diferentes365sportautismo.
"A identidade é invisível, especialmente se não existe uma linguagem para explicar essa experiência365sportvida", diz. "É realmente muito difícil quantificar essas experiências se não há nenhuma imagem365sportpessoas como você."
Segundo Holmans, a cada pergunta feita, logo diversas pessoas começam a interagir entre si, a compartilhar experiência, a se ajudar e a ajudar os outros a pedirem ajuda.
É mais difícil para as mulheres
Ainda que as redes sociais estejam tornando mais fácil para as pessoas obterem apoio, as mulheres ainda são menos propensas a serem formalmente diagnosticadas.
Muitas vezes, médicos e outros profissionais365sportsaúde mental ignoram ou não sabe identificar corretamente seus sintomas.
No caso365sporttestes365sportautismo, por exemplo, Fung explica que "os homens tendem a ter um comportamento mais estereotipado, mais repetitivo, algo que menos vistos nas mulheres. E isso torna os homens muito mais fáceis365sportse identificar".
Em365sportpesquisa, o pesquisador da Universidade Stanford encontrou muito mais "camuflagem" nas mulheres do espectro365sportcomparação com os homens.
Camuflagem (ou mascaramento) é o uso365sportestratégias para disfarçar características autistas e compensar dificuldades sociais associadas a elas. Essas estratégias podem ser usadas365sportforma consciente ou não.
Quando se trata365sportTDAH, Fung diz que há mais mulheres que são do tipo desatento e mais homens que mostram mais o tipo hiperativo-impulsivo.
Em ambientes escolares, por exemplo, Fung observa: "Se você passar nos testes (de sala365sportaula) e ficar quieto, os professores não se importam, eles acham que você está bem".
"Estudantes hiperativos e impulsivos são tachados365sport'encrenqueiros', e é por isso que chamam a atenção."
Estigma
Embora possa ser mais difícil diagnosticar mulheres, também há um estigma365sportadmitir e falar sobre neurodivergência.
Idowu diz que depois365sportrevelar publicamente que é neurodivergente, muitas pessoas365sporttodo o mundo entraram365sportcontato com ela.
Além365sportreceber mensagens365sportmulheres, ele também fez com que muitos homens negros se apresentassem para dizer que se sentiam neurodivergentes. "Algumas pessoas ficam muito envergonhadas com o estigma associado ao TDAH."
"Eu estava na ComicCon no ano passado. Eu estava falando no palco e então alguém veio até mim. Acho que eu estava com 40 e poucos anos, e eles disseram: 'Fui diagnosticado depois365sportler seu blog; sou autista.'"
Rach também foi diagnosticada durante a pandemia e considerou as redes sociais ferramentas essenciais365sportenfrentamento à condição.
"Muitas pessoas, homens, mulheres365sporttodas as idades, descobriram que tinham TDAH durante a pandemia", diz ela "Eu tinha 26 anos na época e, na verdade,365sportum documentário que assisti na Netflix, havia um homem adulto falando sobre suas lutas com o TDAH e sobre quantos medicamentos para TDAH mudaram365sportvida."
Perspectiva positiva
Algo que o movimento da neurodiversidade promove é o autocuidado.
À medida que a conscientização sobre a saúde mental aumentou nos últimos anos, houve também mais debate e conhecimento sobre os cuidados365sportsaúde atingindo também as pessoas neurodivergentes. Isso pode ser um fator que explica por que as mídias sociais foram prolíficas como ferramenta365sportcomunicação.
Fung concorda que houve um grande desenvolvimento na maneira como nos sentimos sobre essas condições. "Isso é definitivamente diferente365sport20 anos atrás, quando você não usava as mídias sociais. Hoje, o estigma365sportdoenças mentais e doenças neurodivergentes diminuiu."
Todos com quem a BBC falou disseram como a conscientização e a compreensão365sportsuas realidades ajudaram a melhorar365sportqualidade365sportvida.
Algumas figuras proeminentes também falaram sobre seus próprios diagnósticos.
O empresário Elon Musk, da Tesla e da SpaceX, disse no programa365sportcomédia americano Saturday Night Live que está no espectro do autismo. A ginasta olímpica americana Simone Biles, vencedora365sportquatro medalhas365sportouro olímpicas, falou abertamente sobre ter TDAH.
Outro exemplo é a modelo, atriz e cantora Cara Delevingne, que tem falado extensivamente sobre dispraxia e TDAH.
Esses relatos365sportfamosos podem fazer mais pessoas pensarem sobre suas experiências e, por365sportvez, a se perguntarem: "Eu sou neurodivergente?"
- Este texto foi originalmente publicado365sporthttp://vesser.net/internacional-61854016
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