O momento emocionantegoias e coritiba palpiteque menino autista é acolhidogoias e coritiba palpitejogogoias e coritiba palpitefutebol: ‘Preconceito vem dos adultos’:goias e coritiba palpite
"Ele é autista, então, não entende muito bem as regras. Se ele entrar na quadra, você dá uma forcinha para ele?", pediu ela ao garoto. "O menino deu sinalgoias e coritiba palpiteok e não perguntou absolutamente nada. Eu saí e fiquei olhando, para dar ao Fabrício espaço para ter iniciativa."
O filhogoias e coritiba palpiteMariana entrou feliz na quadra e se juntou aos outros meninos, começando a correr com o grupo. A mãe ficou observando receosa, mas contente com a iniciativa do filho, e decidiu filmar a cena.
O que se desenrolougoias e coritiba palpiteseguida emocionou Mariana e milharesgoias e coritiba palpitepessoas que assistiram depois ao vídeo, que viralizou nas redes sociais.
"A minha expectativa ali era muito baixa. A minha expectativa era só que não expulsassem ele, que deixassem ele jogar um pouquinho, sem mandar para fora da quadra", disse à BBC News Brasil.
"Mas o que aconteceu foi muito maior do que eu estava esperando. Eles não só o incluíram, deixaram ele jogar, mas também mudaram a dinâmica do jogo para fazer com que o Fabrício se sentisse parte daquilo ali."
As imagens registradas por Mariana mostram que, depois que Fabrício entrou, o jogo continuou igual por alguns segundos. Depois, um menino mais velho pegou a bola e passou para Fabrício, indicando discretamente aos outros que eles deveriam dar espaço para que o menino ficasse um tempo com a bola no pé.
Organicamente, sem precisargoias e coritiba palpitequalquer outra comunicação, os meninos acompanharam Fabrício, sem roubar a bola. "Chuta para o gol!", gritou Mariana ao filho, com a voz carregadagoias e coritiba palpiteentusiasmo.
Fabrício, então, se concentrou, girou devagargoias e coritiba palpitedireção ao gol, enquanto os demais jogadores se movimentaram ao seu redor, sem disputar a bola. Ele mirou, chutou e fez o gol.
Imediatamente, os outros meninos comemoram. Um deles estica as mãosgoias e coritiba palpiteum "toca aqui!". E o jogo contina.
"Meus olhos se encheram d'água. Foi a inclusão da forma mais genuína que eu tinha experimentado durante todos esses anos, desde o diagnóstico do Fabrício", conta Mariana.
"Nós passamos por vários momentos bons e ruins no que se diz respeito à inclusão, mas ali eu acho que foi o momento mais lindo, porque não foi uma criança, foram várias crianças, crianças que não conheciam ele, que talvez nem tenham conhecimentogoias e coritiba palpiterelação ao autismo."
Vídeo viralizou
Mariana decidiu postar o vídeo nas redes sociais e logo começou a receber curtidas e comentários emocionados.
Depois, uma conta no Instagram sobre atividades infantisgoias e coritiba palpiteBrasília repostou as imagens, e,goias e coritiba palpitepouco tempo, o vídeo alcançou maisgoias e coritiba palpite20 mil visualizações.
A mãegoias e coritiba palpiteGustavo, um dos meninos que comemoraram o gol com Fabrício, viu o vídeo por acaso nessa conta e ficou emocionada com a atitude do filho.
"Você encheu meu coraçãogoias e coritiba palpitealegria. O meninogoias e coritiba palpiteamarelo é o Gustavo, meu filho. Ele tem um amigão que também tem autismo, o Enzo. Eu amo a amizade deles", escreveu.
Mariana respondeu elogiando: "Muito lindo seu filho. Fiquei encantada com ele. Parabéns pelo lindo ser humano que você está criando".
À BBC News Brasil, a mãegoias e coritiba palpiteGustavo, Ticiana Villas Boas, disse que o episódio demonstrou que o "preconceito vem dos adultos" e defendeu que escolas e famílias reforcem a inclusão.
"A criança não tem esse olho para vigiar. 'Olha, aquele menino tem Síndromegoias e coritiba palpiteDown ou aquele menino é autista'. Isso acaba partindo muito da gente. Então, acho que essa parte da inclusão devia ser realmente mais trabalhada nas escolas, com as crianças,goias e coritiba palpitemodo que elas se tornem adultos diferentes. Porque, com os adultos, desfazer preconceitos é muito mais difícil", disse.
"Eu acho que se a gente começa a trabalhar isso lá na infância, a gente começa a mudar as gerações que estão por aí."
Ao chegargoias e coritiba palpitecasa, Fabrício demonstrou que aquele momentogoias e coritiba palpiteinclusão significou muito para ele.
"Quando a gente voltou, meu pai estava aqui e perguntou ao Fabrício como tinha sido o churrascogoias e coritiba palpiteaniversário. E ele respondeu: 'Eu joguei futebol! Joguei futebol com meus amigos'. Aquele foi o momento mais especial do dia para ele. Olha que memória bonita", conta Mariana.
"A interação é muito importante para as crianças com autismo, e essas crianças têm que estar na escola, elas têm que aprender. Elas têm que conviver com crianças neurotípicas e com crianças com outros tiposgoias e coritiba palpitedeficiência, porque é na diversidade que se faz a riqueza da sociedade", defende.
E um diagoias e coritiba palpiteinclusão espontânea como aquele na partidagoias e coritiba palpitefutebol vale muito na vidagoias e coritiba palpiteuma família com criança autista, já que os desafios são muitos e começam com a dificuldadegoias e coritiba palpiteum diagnóstico preciso, diz Mariana.
Troca-trocagoias e coritiba palpitemédicos
No casogoias e coritiba palpiteFabrício, o diagnóstico veio pouco depois dos 2 anosgoias e coritiba palpiteidade. Paisgoias e coritiba palpiteprimeira viagem, Mariana e o marido não tinham ideia do que poderia ser um sinalgoias e coritiba palpiteautismo.
Os dois moravamgoias e coritiba palpiteLondres e, quando tiveram o bebê, não conviviam com paisgoias e coritiba palpiteoutras crianças pequenas para poder observar comportamentos típicos da idade.
"Obviamente, existiam alguns aspectos do comportamento do Fabrício que não eram muito esperadosgoias e coritiba palpiteuma criança naquela idade. Ele não batia palminha, não tinha um sorriso social, não fazia contato visual. Só que, para uma mãegoias e coritiba palpiteprimeira viagem, isso não quer dizer muita coisa", conta.
Quando se mudaram para Brasília, Fabrício passou a frequentar a creche, e a professora sugeriu que o levassem ao neurologista.
"Foi uma luta para a gente conseguir esse diagnóstico. Fomos a pelo cinco neuropediatras. Eles diziam que cada criança tem seu tempo, que isso era da personalidade dele. Até que fomos a São Paulo para uma consulta com um neurologista especialistagoias e coritiba palpiteautismo que tinha 50 anosgoias e coritiba palpiteexperiência", diz.
"Ele bateu o olho e, depoisgoias e coritiba palpiteum exame, já falou: olha, o seu filho está dentro do espectro autista, e é assim que você deve levargoias e coritiba palpitevida. Então, ele passou uma sériegoias e coritiba palpiteindicaçõesgoias e coritiba palpiteprofissionais. Aí o mundo se abriu, porque nós não tínhamos ninguém diagnosticado como autista na família."
Nos Estados Unidos, uma a cada 44 criançasgoias e coritiba palpiteaté 8 anos é diagnosticada com autismo, conforme o Centro para Controle e Prevençãogoias e coritiba palpiteDoenças (CDC, na siglagoias e coritiba palpiteinglês).
No Brasil, não há esse levantamento, mas os dados dos Estados Unidos indicam como é alta a incidência do autismo. Para efeitogoias e coritiba palpitecomparação, no caso da Síndromegoias e coritiba palpiteDown, a prevalência égoias e coritiba palpite1 a cada 700 bebês, segundo o CDC.
Mariana destaca a importânciagoias e coritiba palpitedifundir informações sobre o autismo egoias e coritiba palpitegarantir um diagnóstico precoce. Quanto mais cedo uma criança autista recebe terapias para auxiliar no seu desenvolvimento, melhor o prognóstico.
"A gente sabe que, quando se recebe o diagnóstico, existe uma corrida contra o tempo para garantir a estimulação precocegoias e coritiba palpiteuma fase crucialgoias e coritiba palpitedesenvolvimento."
Rotinagoias e coritiba palpiteterapias
Quando ficaram sabendo que Fabrício era autista, Mariana e o marido mergulharamgoias e coritiba palpitepesquisas para entender o que podiam fazer pelo filho.
Atualmente, o menino segue uma rotina intensagoias e coritiba palpiteterapias, que incluem estimulação sensorial, fonoaudiólogo e simulaçãogoias e coritiba palpiteambiente escolar, com exercícios que imitam interações sociais.
"É uma rotina dura. Às segundas, quartas e sextas, ele fica integral na escola. Então ele vai para a escola, almoça lá e na parte da tarde tem um montegoias e coritiba palpiteatividades físicas,goias e coritiba palpiteartes e também exercícios. Terças e quintas são os diasgoias e coritiba palpiteterapia", diz.
"A estimulação sensorial é importante porque a gente sabe que ele percebe as coisas diferente. Às vezes, um som soa muito mais alto do que é. Às vezes, a roupa que ele usa pode incomodar. Então, existe um desequilíbrio sensorial que a terapia ajuda a controlar."
Depoisgoias e coritiba palpiteter Fabrício e antesgoias e coritiba palpitedescobrir que o filho tinha autismo, Mariana engravidou novamente,goias e coritiba palpiteSantiago, atualmente com 8 anos. Ele não tem autismo e é um grande companheirogoias e coritiba palpiteFabrício, conta a mãe dos meninos.
"O Santiago defende o irmão e explica para as crianças e adultos o que é o autismo. Ele sabe os comportamentos que deve ignorar para não reforçar, é um superterapeuta e muito amigo do Fabrício."
Dúvidas sobre o futuro
Para Mariana, o mais difícil é imaginar o que pode acontecer no futuro. Ela se considera privilegiada por conseguir arcar com os custosgoias e coritiba palpiteterapias para o filho, mas lamenta a faltagoias e coritiba palpitepolíticas públicasgoias e coritiba palpitesaúde para atender aos milhõesgoias e coritiba palpitepessoas no espectro autista que não têm condições econômicas para isso.
"O maior medo quando você tem um filho com deficiência é o que vai ser dele quando você não estiver mais aqui. Seria tão bom se houvesse algum tipogoias e coritiba palpiteassistência,goias e coritiba palpiteprogramagoias e coritiba palpitesaúde, mas isso não existe. Como lidar com isso? Cada família lidagoias e coritiba palpiteuma maneira", diz.
Por enquanto, Fabrício tem superado expectativas, com o apoio da família, das terapias e dos amigos. Frequenta a mesma escola do irmão, tem amigos e sabe ler.
"Você tem desde pessoas autistas que são extremamente funcionais, que passamgoias e coritiba palpiteconcurso público, se casam, até um adulto que usa fraldas com 45 anos. Por isso, falamosgoias e coritiba palpiteum espectro autista", explica.
"Onde o Fabrício está nesse espectro? Eu não sei. Cada momento do desenvolvimento é uma surpresa. Será que ele vai conseguir falar? Falou. Depois, será que ele vai ser alfabetizado? Ele foi", conta.
"Agora, a gente está entrandogoias e coritiba palpiteum outro momento, que é a adolescência. Daqui a pouco ele é pré-adolescente, e aí é outra história, porque vem hormônios e tudo mais. Cada época tem o seu desafio. É assim com toda criança, mas com uma criança com autismo isso é mais acentuado."
Mariana diz que a maior recompensagoias e coritiba palpitetodo esse processo é ver que Fabrício é feliz. E as crianças que espontaneamente incluíram o menino no jogogoias e coritiba palpitefutebol naquela tardegoias e coritiba palpitesol eternizaram uma memóriagoias e coritiba palpiteacolhimento e amizade.
"Momentos simples como esse da partidagoias e coritiba palpitefutebol podem ter um significado enorme. Eles me fazem ver que as crianças são muito mais abertas, empáticas e dispostas a incluir do que a gente imagina. Isso é muito bonito."
- Texto originalmente publicadogoias e coritiba palpitehttp://vesser.net/geral-61710531
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