A jovem com autismo aprovadasite aposta esportivamedicina que derruba mitos sobre condição no TikTok:site aposta esportiva

A estudantesite aposta esportivamedicina Raquel Sabino

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Aos oito anossite aposta esportivaidade, Raquel Sabino lia obrassite aposta esportivafilósofos como Friedrich Nietzsche e outros

Por causa disso,site aposta esportivaavó sugeriu que a menina frequentasse a escola com um ano e seis meses.

Com três anos já aprendeu a ler e, aos quatro, iniciou o processosite aposta esportivaalfabetização. Dessa forma, estava adiantada e ficou à frente dos outros colegas pulando algumas séries. Nessa idade, ela já estava no primeiro ano (antigo pré-escolar).

Nessa época, Raquel já sofria com a socialização, era isolada por alguns amigos e recebia um tratamento fora do comum até dos professores. "Eu sabia que era diferente", afirma a estudante.

Aos oito anossite aposta esportivaidade, lia obrassite aposta esportivafilósofos como Friedrich Nietzsche e outros. Também era boa com livrossite aposta esportivahistória e diversos conteúdossite aposta esportivaexatas. Enquanto as outras crianças assistiam a desenhos, ela apreciava canais como National Geographic e History Channel.

Raquel Sabino

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Raquel sofreu na escola, onde não era bem tratada pelos colegas

Infância com muito bullying e preconceito

Quando já estava no ensino fundamental, a estudante sofria com comportamento agressivosite aposta esportivaseus colegas. Também não tinha muitos amigos e era alvosite aposta esportivapiadas.

A mãe da jovem afirma que naquela época não se falava tantosite aposta esportivatranstornos ou outras doenças que a fizessem suspeitar quesite aposta esportivafilha pudesse ter algo incomum.

"Eu não entendia nada e prezei pela saúde emocional dela. Foram muitas situações que ela enfrentou. Quando estava triste, lia e ficava no canto dela. Eu precisei fazer pedagogia para entender", diz.

Quando chegou na fase da adolescência, a jovem só tinha três amigas. Mesmo assim, segundo ela, motivadas pelo interessesite aposta esportivase sair bem nas tarefas da escola, já que Raquel se destacavasite aposta esportivaquase todas as atividades.

"No Fundamental 2 eu era muito solitária. Ia para escola, não sabia onde ficar e não gostavasite aposta esportivaficarsite aposta esportivalugares diferentes. Eu era bem sozinha, bem triste e odiava ir para o colégio", relembra.

Nesse período, chegou a "ganhar o prêmio"site aposta esportiva"mais chata da sala", o que fez com que a estudante ficasse se sentindo ainda pior e confusa sobre quem era ela.

Como era bolsistasite aposta esportivauma escola particular, ondesite aposta esportivamãe trabalhava, não tinha tantas condições financeiras para comprar os livros. Por causa disso, seus amigos só deixavam que ela usasse o material depois que Raquel fizesse as atividades para eles.

Quando chegou ao Ensino Médio,site aposta esportivauma escola pública, sofria ainda mais com o preconceito dos colegassite aposta esportivaclasse. "Ela não se entrosava. Tinha 13 e os outros, 15. Às vezes ia com o pessoal do terceiro ano", relembra a mãesite aposta esportivaRaquel.

Quando estava nessa fase do colégio, começou a ter crisessite aposta esportivachoro e a ida à escola ficou ainda mais difícil. "Na escola pública os professores passam a te humilhar na frentesite aposta esportivatodos e eu passei a rejeitar a ideiasite aposta esportivair para escola", relembra a jovem.

Mesmo diante desses episódios, ela ainda não havia recebido um diagnóstico fechadosite aposta esportivaalgum transtorno. Como seus pais não tinham condições financeiras,site aposta esportivamãe tentou ir atrássite aposta esportivapsicólogos que atendiamsite aposta esportivaforma gratuita ou a preços populares. Enquanto isso, a estudante continuava se questionando e pensava: "Por que ninguém me entende?"

Diagnóstico tardio

A mãesite aposta esportivaRaquel estavasite aposta esportivauma aulasite aposta esportivapsicopedagogia quandosite aposta esportivaprofessora começou a falar sobre deficiência e altas habilidades. Nessa hora, estava descrevendo síndromes e explicou sobre o autismo. Foi ali que ela percebeu o que a filha poderia ter. "Eu fui às lágrimas, pois ela descreveu minha filha", relembra Carla.

Ao terminar a aula, ela conversou comsite aposta esportivaprofessora e a educadora encaminhou Raquel, que já estava com 16 anos, para uma psicóloga. A jovem realizou testessite aposta esportivaaltas habilidades como WAIS III, que mede a escalasite aposta esportivainteligênciasite aposta esportivaadolescentes e adultos. "Lembro que ela perguntou a capital do Azerbaijão, quem foi Marie Curie e outras perguntassite aposta esportivaconhecimento gerais", afirma Raquel.

Raquel Sabino

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Raquel esite aposta esportivamãe contam que se sentiram aliviadas ao descobrirem exatamente o que ela tinha e poder direcionar um tratamento melhor

Além disso, a estudante foi submetida a vários testessite aposta esportivapersonalidade. Ao receber o resultado, a profissional disse que a menina tinha superdotação, com percentilsite aposta esportiva99.

Após essa consulta, ela foi encaminhada para um neurologista, que realizou diversas perguntas e identificou inicialmente um transtorno. Depoissite aposta esportivameses realizando muitos testes e exames, a jovem foi diagnosticada com autismo grau 2, considerado pelos especialistas como moderado.

Tanto Raquel quantosite aposta esportivamãe contam que se sentiram aliviadas por saber exatamente o que ela tinha e poder direcionar um tratamento melhor, já que por muitos anos a jovem sofreu com estigmas e preconceitos da sociedade.

A demora no diagnóstico, segundo a estudante, se deu, principalmente, pela faltasite aposta esportivainformação e recursos financeiros. "Não ter dinheiro foi um fator decisivo na minha vida, pois se eu tivesse, meu diagnóstico teria sido mais rápido", destaca.

Raquel ainda tinha mais um agravante, pois ao longo dos anos sofreu com alotriofagia, condição que faz com que a pessoa sinta vontadesite aposta esportivacomer coisas estranhas e sem nenhum valor nutricional.

No caso da jovem, sabonete, sabãosite aposta esportivapó e amaciantes eram seus desejos. Por causa disso,site aposta esportivamãe começou a deixarsite aposta esportivaseu quarto apenas sabonete líquido para evitar acidentes.

"Eu não ingeria grandes quantidades, pois poderia morrer. Mas comia um pouco e até hoje tenho alguns problemas gastrointestinais", diz.

Raquel e mãe

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Legenda da foto, Raquel no colo da mãe

Mas no ano passado, depoissite aposta esportivacontrair covid-19, a estudante diz que parousite aposta esportivasentir essas vontades, pois os itens ficaram com um gosto ruim e diferente. Quando tem necessidade ou algum gatilho, ela faz usosite aposta esportivaum mordedor sensorial, que ajuda pessoas autistas ou com outros transtornos, a diminuir sintomassite aposta esportivaansiedade.

"Ele é macio e faz com que direcione a energia para outro foco", diz.

A jovem também é sensível ao barulho e foi diagnosticada com misofonia, que é uma irritação fortesite aposta esportivarelação a sons. Para a estudante, a pior sensação é o barulhosite aposta esportivapessoas mexendosite aposta esportivapapéis dentro dos locais fechados. Por isso que, segundo ela, sofria tanto com o ambiente escolar na infância e adolescência.

Aprovadasite aposta esportivamedicina duas vezes

Como estava adiantadasite aposta esportivarelação aos outros colegas, no terceiro ano do ensino médio ela ainda tinha 15 anos e passousite aposta esportivafisioterapia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No entanto, pela idade, não pôde seguir na graduação. Na época, seus pais até entraram com um pedido na Justiça, mas não foi aceito.

Em 2018, quando estava com 16 anos, quase completando 17, prestou o Enem e foi aprovadasite aposta esportivabiomedicina também na faculdade federal. "A minha vida começou a dar certo quando entreisite aposta esportivabiomedicina. Foi muito boa a experiência e agora já sei me comportarsite aposta esportivaum ambiente", diz Raquel.

Ao entrar na universidade, os professores receberam um parecer explicando sobre o autismo, o que permitia que ela fizesse provas ou outras atividadessite aposta esportivahorários diferentes. "Eu podia ficar numa mesa sozinha e receber várias adaptações que não tive no ensino médio. Lá eu encontrei uma amiga", relembra.

No primeiro diasite aposta esportivaaula, ela foi acompanhada dos pais esite aposta esportivamãe a encorajou desde o início. "Eu falei para ela que ia conseguir. 'Vai Raquel, você consegue'", relembra, emocionada.

A jovem recorda que ao entrar no ensino superior sentiu-se mais acolhida e respeitada. "Na faculdade, as pessoas são mais gentis e mais compreensivas. A pessoa não é obrigada a ser minha amiga", diz.

Mesmo gostando do cursosite aposta esportivabiomedicina, Raquel decidiu que queria ser médica. Por causa disso, prestou o Exame Nacional do Ensino Médio novamente. Porém, desta vez, com algumas adaptações.

Por ter informado que era autista, realizou a mesma prova, massite aposta esportivaum ambiente silencioso e, agora, adaptado para ela — vale lembrar que a prova é a mesma, só o local para realizar o teste que é diferente. Por causa da mudança,site aposta esportivanota cresceusite aposta esportiva100 pontos. "Eu não tive um bom desempenho antes, pois o barulhosite aposta esportivapapel e chiclete me agoniava", afirma.

Ela foi aprovadasite aposta esportivamedicina na Universidade Federal da Paraíbasite aposta esportiva2020 e seguiu com o cursosite aposta esportivacasa por causa da pandemia, o que, para a jovem, facilitou o processosite aposta esportivaaprendizagem. "Não consigo aprender na salasite aposta esportivaaula. Eu aprendo sozinha e na minha casa. Não tinha nenhuma cobrança", ressalta.

Como tinha mais disponibilidadesite aposta esportivaficar dentrosite aposta esportivacasa, ela começou a se preparar para o Enem novamente. Os estudos começavam às sete horas da manhã e terminavam às onze da noite. Ao realizar o exame, foi aprovadasite aposta esportivamedicina na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, aos 20 anossite aposta esportivaidade.

Fenômeno na internet

Falando abertamente sobre o autismo e não tendo nenhum problema para expor o transtorno a outras pessoas, ela decidiu mostrar a condição e seu dia a dia nas redes sociais. No início, postava vídeos aleatórios com desenhos e outros conteúdos. Depois, a convitesite aposta esportivauma agência, recebeu a ideiasite aposta esportivapostar vídeos com o seu rosto.

Segundo Raquel, ela esperava que tivesse uma repercussão, mas não tão grande como a que vem ocorrendo desde agostosite aposta esportiva2021. A ideia inicial era postar conteúdos no TikTok sobre ela e não sósite aposta esportivarelação ao autismo, já que ela não é uma pesquisadora do tema.

Contudo, ela virou uma referência no assunto e muitas pessoas começaram a se identificar com as postagens nas redes sociais. "É legal saber que tenho pessoas que me admiram e que podem ficar felizes, mesmo passando por coisas ruins", diz a jovem.

Só na rede social chinesa, ela conta com pouco maissite aposta esportivaum milhãosite aposta esportivaseguidores. No YouTube, já são quase 250 mil inscritos. Os conteúdos são os mais diversos e ela tenta sempre mesclar assuntos que falam do transtorno e seu dia a dia.

Em uma das postagens, ela explica, por exemplo, a sinceridade autista que, muitas vezes, pode ser encarada como faltasite aposta esportivaeducação por pessoas leigas. Isso ocorreu depoissite aposta esportivaela postar um vídeosite aposta esportivaque fala do ponto do brigadeiro e que o bolo não era da cor que esperava para comemorar um milhãosite aposta esportivaseguidores no TikTok.

"Vocês têm que entender que a cabeçasite aposta esportivauma pessoa autista é assim. Fatos são fatos e é isso", dissesite aposta esportivaum outro vídeo tentando explicar os "haters".

Em relação a isso, ela tenta levar numa boa e nem se preocupar o tempo todo com o que as pessoas dizem. "Eu tenho muito hater. Eu só leio comentáriossite aposta esportivarede social quando as pessoas são mais comedidas", reforça.

A estudantesite aposta esportivamedicina também já foi criticada por estar com um fonesite aposta esportivaouvido durante uma refeição dentrosite aposta esportivaum restaurante, sendo que muitas pessoas não sabem que ela usa o acessório para cancelar ruídos ativos. "Ele serve para diminuir ruído externo. Mesmo assim, consigo ouvir quem está falando do meu lado", destaca.

Embora passe por essas adversidades, Raquel tenta focar ao máximosite aposta esportivaajudar as pessoas com seus conteúdos. A produção dos vídeos é feitasite aposta esportivaparceria com seu irmão mais velho e ela anota na agenda os temas que deseja gravar e falar no dia a dia.

Alémsite aposta esportivainspirar os seguidores com conteúdos sobre o autismo, ela quer ajudar mais pessoas no futuro por meio da medicina. Sua mãe conta que ela já pensousite aposta esportivaser psiquiatra ou neurologista, mas ainda não há nada concreto.

"Eu não gostosite aposta esportivasonhar, gostosite aposta esportivafazer planos, porque sei que é possível realizar. Eu sei que durante a minha formação é perfeitamente possível", conclui Raquel.

Línea

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