'Estudantes protestam como contra Guerra do Vietnã': a crise nas universidades dos EUA por conflitobetesporte esporteGaza:betesporte esporte
Desde então, a operação militar já custou a vidabetesporte esportemaisbetesporte esporte34 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde da Faixabetesporte esporteGaza.
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"Esta sempre foi uma área aberta, onde os alunos descansavam na grama ou se reuniam entre as aulas", diz Sethi, que se formoubetesporte esporteEconomia Internacional neste mesmo campus anos atrás.
Ele conta que nunca tinha visto esta área cercada e rodeada por seguranças.
"Então, quis mostrar aos meus filhos, porque é algo inédito mas também para que eles entendam o país está polarizado atualmente", acrescenta.
Os campi universitários tornaram-se o maior reflexo da tensão que a guerra no Oriente Médio gera nos Estados Unidos e da divisão cada vez mais acentuada da sociedade americana frente ao apoio do governo americano a um aliado histórico: Israel.
Protestos e tensão crescente
Os protestos nas universidades americanas devido à guerrabetesporte esporteGaza não são uma coisa nova.
Eles têm ocorrido, com maior ou menor intensidade, desde o ataque do Hamas e o início da ofensiva israelense no território palestino.
Acompanhadosbetesporte esporteperto por parlamentares democratas e republicanos no Capitólio, fizeram com que vários responsáveis pelos principais centros universitários dos Estados Unidos comparecessem perante o Congresso.
Em janeiro, as polêmicas decorrentes desse conflito acabaram custando à então reitorabetesporte esporteHarvard, Claudine Gay, o seu cargo.
Mas as mobilizações ganharam outra dimensão nas últimas duas semanas, depois que a polícia invadiu a Universidadebetesporte esporteColumbia,betesporte esporteNova York, e prendeu uma centenabetesporte esporteestudantes pró-Palestina que estavam acampados no campus.
Os estudantes continuam com os protestosbetesporte esporteColumbia, correndo o riscobetesporte esporteserem suspensos por não terem cumprido o prazobetesporte esporteremoção do acampamento estabelecido pelas autoridades da universidade — às 14h locais da segunda-feira (13h pelo horáriobetesporte esporteBrasília).
E não só as manifestações não pararambetesporte esporteColumbia, como se espalharam por universidadesbetesporte esportetodo o país,betesporte esporteYale ao Institutobetesporte esportetecnologiabetesporte esporteMassachusetts (MIT), passando por Emory, Emerson, Tufts, Brown, Stanford e a Universidade do Texasbetesporte esporteAustin.
A costa oeste não é exceção. A Universidade do Sul da Califórnia (USC), localizadabetesporte esporteLos Angeles e um dos mais importantes centros educacionais privados do Estado, anunciou na quinta-feira que cancelariabetesporte esportecerimôniabetesporte esporteformatura "dados os riscosbetesporte esportesegurança representados pelos protestos".
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Mais a noroeste, no campus da UCLA, o diabetesporte esportemaior tensão ocorreu no domingo, quando manifestantes pró-palestinos se depararam com um contraprotesto promovido pelo Conselho Americano-Israelense.
A organização, fundada com a missãobetesporte esporte"construir uma comunidade israelense-americana comprometida e unida que fortaleça a identidade israelense e judaica da próxima geração e o vínculo com o Estadobetesporte esporteIsrael" proclamabetesporte esportesuas redes sociais que é "inaceitável que qualquer campus universitário se torne uma plataforma para atividades pró-terroristas e antiamericanas".
Cercas foram derrubadas, houve confrontos verbais, insultos, algumas escaramuças, uma mulher com ferimentos leves na cabeça.
A polícia do campus chegou por volta das 14h30 e as dezenasbetesporte esportepessoas reunidas foram convidadas a se dispersar.
"A UCLA tem uma longa história como localbetesporte esporteprotesto pacífico", afirmou Mary Osako, vice-presidentebetesporte esporteComunicações Estratégicas, num comunicado divulgado pela assessoriabetesporte esporteimprensa da universidade. "Estamos consternados com a violência que eclodiu."
Nesta segunda-feira, só restou a segurança reforçada, uma calma tensa e o enorme telão e alto-falantes que os organizadores do contraprotesto colocaram na véspera no Dickson Plaza, num pedaçobetesporte esportegramado a poucos metros do acampamento estudantil cercado.
Adornada com faixas exigindo a libertação dos reféns e sublinhando o apoio a Israel, o aparato audiovisual continuava a transmitir repetidamente imagens do ataquebetesporte esporte7betesporte esporteoutubro, entrevistas com sobreviventes e mensagensbetesporte esporteapoiobetesporte esportefiguras da comunidade judaica.
"Queremos educar os estudantes e todos os que por aqui passam, mostrar-lhes o que o Hamas faz e o que este campus apoia quando gritam 'Intifada, intifada, revolução' ou 'Do rio ao mar'", lema que se refere à área geográfica entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, diz um dos organizadores do contraprotesto, que afirma não ter vínculos com a universidade e pede para manter o anonimato.
'Não me sinto bem-vindo'
"Estou desgostoso, enojado. É incrível que aqueles que se dizem ativistas a favor dos direitos humanos cantem e façam proclamaçõesbetesporte esportemorte e destruição”, acrescenta Alex Jacobs, que se identifica como estudante da UCLA, mas prefere não dizerbetesporte esporteque faculdade.
Ele usa óculos escuros, boné e máscara para evitar ser reconhecido, enquanto aponta para os campistas.
"Entendo a necessidadebetesporte esportese manifestar,betesporte esporteexpressar opiniões, mas como estudante judeu e pró-Israel não me sinto mais bem-vindo nesta universidade onde sempre sonhei estudar", diz Andrew Gerbs, estudantebetesporte esporteSociologia da UCLA, que chegou cedo para observar a situação e que, ao contráriobetesporte esporteoutros, está aberto a falar com os meiosbetesporte esportecomunicação e a deixar-se fotografar.
"Acho que posso falar por outros estudantes judeus. Isso nos gera ansiedade, nos distrai dos estudos, porque afinal isso é um centrobetesporte esporteestudos", enfatiza, embora reconheça que as aulas continuam sendo ministradas normalmente no campus, algo que a BBC News Mundo, serviçobetesporte esportenotíciasbetesporte esporteespanhol da BBC, também conseguiu verificar.
"Venham, venham conhecer a verdade!", grita uma mulher para vários estudantes que passambetesporte esportefrente à praça.
Mas já é meio-dia e os estudantes a ignoram e correm para outra parte do campus.
Lugar para ideias e debate
Acontece que para este horário, 12 horas, estavam previstas duas marchas simultâneas, convocadas pela Faculdadebetesporte esporteJustiça na Palestina, que reúne professores e demais funcionários da universidade, e pelos Estudantes da UCLA pela Justiça na Palestina.
"Estamos com nossos alunos", diz a faixa levada por professores simpatizantes do acampamento.
Ouvem-se palavrasbetesporte esporteordem a favor da libertação da Palestina. Outros cantos citam diretamente o primeiro-ministro israelense: "Diga-nos, Netanyahu, quantas crianças matou hoje?"
São dezenasbetesporte esportepessoas e alguns usam suas insígnias acadêmicas enquanto marcham pela rua Plaza Portola.
"A universidade é um lugarbetesporte esporteideias,betesporte esportedebate, e defendemos o direito dos estudantesbetesporte esporteexpressá-las, seu direitobetesporte esportemobilização", diz Ananya Roy, diretora fundadora do Instituto Luskin sobre Desigualdade e Democracia da UCLA e professorabetesporte esportePlanejamento Urbano, Bem-estar Social e Geografia.
"Os estudantes protestam agora por Gaza como fizeram aqueles que protestaram pelo Vietnã", acrescenta.
Ela reconhece as diferenças, mas traça um paralelo com os protestos estudantis que, no final da décadabetesporte esporte1960, acabaram por tomar conta da cena política nacional e são lembrados mais e mais entre aqueles que comentam a situação atual nos campi.
"Onde vamos protestar se não aqui? Este é o lugar ideal para fazer isso", diz um estudante que prefere não revelar seu nome, mas que atua como contatobetesporte esporteimprensa para uma coalizão estudantil.
"O que pedimos é que a Universidade da Califórnia parebetesporte esporteinvestir fundos naqueles que lucram com o genocídiobetesporte esporteGaza. E vamos protestar até conseguir", enfatiza ao lado da biblioteca Powell.
Enquanto isso, do outro lado da área do acampamento, pelos corredores do Royce Hall, centenasbetesporte esporteestudantes marcham com a mesma reivindicação, alguns com keffias (lenços árabes) amarradas no pescoço ou cobrindo a cabeça, outros com camisetas pró-Palestina, muitos com máscaras.
"Antissionismo não é o mesmo que antissemitismo", diz uma das faixas que levantam.
"A terra pela qual você mata não lhe pertence", escreverambetesporte esporteoutro pedaçobetesporte esportepapelão.
"O poder do povo é mais forte do que o das pessoas no poder", diz outro cartaz.
"Invista na educação, não na guerra", clama mais um.
Não demora muito para perceberem que também há jornalistas entre os estudantes.
"Não fale com a imprensa", diz um dos estudantes que coordena o protesto. "Não deixe que fotos sejam tiradas."
Deixo-os avançar sob os arcos do corredorbetesporte esporteonde se avistam as barracasbetesporte esporteacampamento multicoloridas, refaço meu caminho e sigo para o outro lado do perímetrobetesporte esportesegurança.
Lá, lembro-me da primeira conversa da manhã, com Sethi, o pai que tentava fazer com que seus filhos entendessem o mundo divididobetesporte esporteque vivemos.
"Digo a eles que são como dois times", ele me disse.
"Mas aí, eles me perguntam: 'E nós,betesporte esportequal estamos?'"
Ao que Sethi respondeu: "Estamos entre aqueles que apoiam a paz."