Com tecnologia própria, macacos entraram emsportv bet'Idade da Pedra', dizem cientistas:sportv bet

Ciência descobriu a 'arqueologia dos primatas', que inclui utensílios fabricados por chimpanzés e macacos
Legenda da foto, Ciência descobriu a 'arqueologia dos primatas', que inclui utensílios fabricados por chimpanzés e macacos
As ferramentas usadas pelos macacos e chimpanzés são rudimentares (Crédito: Mary McDonald/NPL)

Crédito, Mary Mcdonald

Legenda da foto, As ferramentas usadas pelos macacos e chimpanzés são rudimentares (Crédito: Mary McDonald/NPL)

Usosportv bettecnologia

As ferramentas são rudimentares. O martelosportv betum chimpanzé ousportv betum macacosportv betnada se parece com um antigo machado feito pelo homem pré-histórico.

Mas o importante é que esses primatas desenvolveram uma cultura que tornou rotineiro o usosportv betuma tecnologia. Isso significa que eles entraram emsportv betIdade da Pedra.

Corvo usa ferramenta para forragem (Crédito: Roland Seitre/NPL)

Crédito, Roland Seitre

Legenda da foto, Corvo usa ferramenta para forragem (Crédito: Roland Seitre/NPL)

Até poucas décadas atrás, os biólogos acreditavam que o ser humano era a única espécie que faz um uso extensivosportv betferramentas. Mas hoje sabemos que muitos mamíferos, aves, peixes e até insetos usam objetossportv betseu habitat para facilitar suas vidas.

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Muitos primatas fazem o mesmo, mas, viasportv betregra, não transformam pedrassportv betferramentas.

"Orangotangos, bonobos e gorilas têm utilizado ferramentassportv betorigem vegetal mas nunca foram observados usando pedras", afirma Michael Haslam, da Universidadesportv betOxford, na Grã-Bretanha, e líder do projeto Primarch (sigla para Arqueologia Primata).

Segundo ele, ainda é um mistério o motivo pelo qual as ferramentassportv betpedra são raramente utilizadas por grandes primatas. Mas isso pode estar ligado ao fatosportv betessas espécies passarem a maior parte do temposportv betárvores. "As plantas são onipresentes no habitat dos primatas, mas pedras não", diz Haslam.

Chimpanzé usa um martelosportv betpedra  (Crédito: Justine Evans/NPL)

Crédito, Justine Evans

Legenda da foto, Chimpanzé usa um martelosportv betpedra (Crédito: Justine Evans/NPL)

Isso significa que mesmo que um grande primata particularmente inteligente comece a usar ferramentassportv betpedra, não há material suficiente a seu redor para que a tradição comece a ser imitada pelos outros no grupo e seja transmitida a futuras gerações.

No entanto, os chimpanzés da África Ocidental parecem, sim, ter conseguido passar para a frentesportv bettecnologia com pedras, que eles usam para abrir castanhas e outras oleaginosas.

Longe do homem

A arqueologia "tradicional" se baseia na ideiasportv betque podemos reconhecer comportamentos humanos através dos artefatos que deixamos para trás.

"Arqueólogossportv betprimatas", liderados por Christophe Bösch, no Institutosportv betAntropologia Evolutivasportv betLeipzig, na Alemanha, aplicaram esses princípios às ferramentas dos chimpanzés.

As densas florestas da Costa do Marfim (Crédito: André Quillien/Alamy)

Crédito, Andre Quillien

Legenda da foto, As densas florestas da Costa do Marfim (Crédito: André Quillien/Alamy)

Nas florestas da Costa do Marfim, ele esportv betequipe escavaram uma área do solo a uma profundidadesportv bet1 metro, desvendando inúmeros artefatossportv betpedra.

Alguns desses objetos foram trabalhados com uma precisão que apenas o homem possui. Mas outras marcas sugerem que elas foram usadassportv betuma maneira mais bruta, como uma ferramenta para abrir castanhas, assim como os chimpanzés da região fazem hoje.

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Para Bösch, a Idade da Pedra dos chimpanzés começou nesse período, há cercasportv bet4,3 mil anos, ou até antes.

Os chimpanzés são nossos parentes vivos mais próximos. Mas como apenas essa comunidade na Costa do Marfim foi observada usando as ferramentas, é possível concluir que essa habilidade surgiu depois que as comunidades no centro e no oeste da África se separaram, entre 500 mil e 1 milhãosportv betanos atrás, segundo Haslam.

Também parece que a Idade da Pedra desses chimpanzés é totalmente diferente da Idade da Pedra humana.

Chimpanzés têm usado ferramentassportv betpedra por milênios (Crédito: Bernard Walton/NPL)

Crédito, Bernard Walton

Legenda da foto, Chimpanzés têm usado ferramentassportv betpedra por milênios (Crédito: Bernard Walton/NPL)

Há séculos existem relatossportv betque algumas espéciessportv betmacaco-prego brasileiro usam ferramentassportv betpedras, algo que foi confirmado por um estudosportv bet2004.

O mesmo fazem os macacossportv betrabo longo (Macaca fasciularis) na Tailândia, segundo pesquisa publicadasportv betmaio.

Nenhuma dessas espécies fica perto do homem na árvore evolutiva dos primatas. Por isso, cientistas acreditam que as diferentes espécies desenvolveram suas técnicassportv betmaneira independente.

Macacos usando ferramentassportv betpedra para ajudar na alimentação (Crédito: Mark MacEwen/NPL)

Crédito, Mark Macewen

Legenda da foto, Macacos usando ferramentassportv betpedra para ajudar na alimentação (Crédito: Mark MacEwen/NPL)

Para Haslam, tanto o macaco-prego quanto o macaco tailandês teriam conseguido transmitir o uso das ferramentas para as novas gerações. Isso significa que há uma história profunda da aplicação da pedrasportv betpelo menos três primatas além do ser humano.

Em maio passado, arqueólogos no Quênia revelaram os detalhessportv betuma das ferramentassportv betpedra mais antigas já produzidas pelo ancestral do homem, encontradasportv betdepósitossportv bet3,3 milhõessportv betanos.

Segundo os pesquisadores, essas ferramentas foram produzidas usando técnicas semelhantes àquelas aplicadas pelos atuais chimpanzés e macacos. Ou seja: estudar esses primatas pode nos dar pistas sobre o comportamento humano na pré-História.

Um gruposportv betchimpanzés quebrando nozes com pedras (Crédito: Bernard Walton/NPL)

Crédito, Bernard Walton

Legenda da foto, Um gruposportv betchimpanzés quebrando nozes com pedras (Crédito: Bernard Walton/NPL)

Diferenças no cérebro

A descoberta no Quênia revelou ainda que 700 mil anos depois das ferramentas encontradas, o homem já havia adaptado suas técnicas. Primeiro, ele passou a deliberadamente modificar as pedras para torná-la mais afiada, por exemplo.

Cercasportv bet1 milhãosportv betanos depois, apareceram os primeiros bifaces, com lâminas cuidadosamente talhadas.

Mas por que nossos ancestrais aprenderam a produzir utensílios mais sofisticados, há tanto tempo, enquanto chimpanzés e macacos ainda parecem estar longesportv betmelhorar suas técnicas?

Macaco comendo uma noz com uma pedra (Crédito: Mary McDonald/NPL)

Crédito, Mary Mcdonald

Legenda da foto, Macaco comendo uma noz com uma pedra (Crédito: Mary McDonald/NPL)

Uma primeira ideia seria asportv betque nossas mãos evoluíram mais rapidamente, permitindo a manipulaçãosportv betobjetos. Mas um estudo da Universidade George Washington (EUA) sugere que, na realidade, as mãos humanas mudaram menos do que as dos chimpanzés nos últimos milhõessportv betanos.

"Em termossportv betproporçãosportv betcomprimento, as mãos humanas são mais primitivas do que as dos chimpanzés", afirma Sergio Almécija, líder do estudo. "Portanto, é possível que a diferença estejasportv betseus cérebros."

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"A capacidadesportv betcriar ferramentassportv betpedra exige mais habilidades cognitivas, para que o indivíduo reconheça que se tratasportv betum objeto útil mas também para criá-lo a partir do nada", afirma Alexandra Rosati, da Universidade Harvard.

Macacossportv betcauda longa vivemsportv betilha na Tailândia (Crédito: Mark MacEwen/NPL)

Crédito, Mark Macewen

Legenda da foto, Macacossportv betcauda longa vivemsportv betilha na Tailândia (Crédito: Mark MacEwen/NPL)

O fatosportv beto cérebro humano ser maior pode ter contribuído para essa evolução mais rápida. E o primatólogo Richard Wrangham acredita que esse aumentosportv bettamanho se deveu ao desenvolvimento da culinária.

"Cérebros maiores exigem mais energia, e o atosportv betcozinhar aumenta a energia vinda dos alimentos,sportv betrelação a uma dieta crua", afirma Rosati.

Em uma sériesportv betexperimentos, o pesquisador descobriu que chimpanzés podem apreciar os benefíciossportv betcozinhar.

Macaco-prego já aprendeu a usar ferramentassportv betpedra (Crédito: Dave Watts/NPL)

Crédito, Dave Watts

Legenda da foto, Macaco-prego já aprendeu a usar ferramentassportv betpedra (Crédito: Dave Watts/NPL)

É claro que, até que esses animais aprendam a controlar o fogo (se é que um dia o farão), eles não poderão aplicar essa apreciação. Mas o trabalhosportv betRosait sugere que também estão presentes nos chimpanzés os caminhos cerebrais que permitiram que nossos ancestrais desenvolvessem utensílios mais avançados.

Para Haslam, é possível que esses animais ainda não tenham chegado ao limitesportv betsua capacidade tecnológica. Mas talvez eles não tenham a chancesportv betavançar emsportv betIdade da Pedra.

"Temos diminuído essas populaçõessportv betmaneira dramática, através da caça e da destruiçãosportv betseu habitat", aponta Haslam. "Populações menores não podem espalhar e manter tecnologias complexassportv betmaneira tão eficaz como um grande grupo faria."

As mãos humanas são parecidas com as dos chimpanzés (Crédito: Doug Allan/NPL)

Crédito, Doug Allan

Legenda da foto, As mãos humanas são parecidas com as dos chimpanzés (Crédito: Doug Allan/NPL)