Ajuste econômico: Por que o Brasil vai na contramão da Europa?:bet7k bug

Joaquim Levy (Reuters)

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Novo ministro promete superávitbet7k bug1,2% do PIBbet7k bug2015

Até o Banco Central Europeu parece ter admitido os limites dessa estratégia ao anunciar, recentemente, um pacotebet7k bugcomprabet7k bugtítulos para injetar recursos na economia e estimular os empréstimos e o consumo.

Para a maior parte dos economistas ouvidos pela BBC Brasil, porém, a dicotomia entre "ajustes" e "estímulos" é contraproducente.

"Há ajustes bons e ajustes ruins", explica Étore Sanchez, da consultoria LCA. "Assim como há pacotesbet7k bugestímulos mais eficientes que outros para impulsionar a economia. Além disso, a realidadebet7k bugcada país deve ser considerada: o que funciona nos EUA ou na Europa pode não funcionar no Brasil - e vice versa."

No caso brasileiro, por exemplo, ele opina que, por mais que se tenha estimulado o consumo nos últimos anos, a faltabet7k bugreformas para resolver problemas logísticos, burocráticos e outros gargalos acabou funcionando como um freio ao investimento, impedindo um crescimento sustentável.

Mas o que faz o Brasil acabar com a política anticíclica justo no momento mais baixo do "ciclo", fazendo uma "correçãobet7k bugrumos" aparentemente oposta a da Europa? E o que é preciso fazer para evitar os riscos da estratégiabet7k bug"ajustes"bet7k bugum contextobet7k bugeconomia estagnada?

Consenso

A necessidadebet7k bugum ajuste fiscal ebet7k bugmudanças na política econômica parece ser consenso entre economistas – sejam eles pró ou antigoverno, desenvolvimentistas ou ortodoxos.

Primeiro,bet7k bugfunção do baixo crescimento e inflação muito próxima do teto da meta definida pelo Banco Central (6,5%) – interpretados como um sinalbet7k bugproblemas da política econômica do primeiro governo Dilma Rousseff.

<link type="page"><caption> Leia mais: País saibet7k bugrecessão técnica, mas ritmobet7k bugrecuperação decepciona</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/11/141127_economia_ibge_estagnacao_ru" platform="highweb"/></link>

Segundo, pelo que é percebido como um certo "descontrole" das contas públicas. O governo admitiu que este ano não economizará 2% do PIB, como prometido, e uma mudança legal foi aprovada às pressas no Congresso para permitir o descumprimento dessa meta.

"O ideal certamente não seria retirar os estímulos anticíclicos com um crescimento tão baixo", diz Sanchez, da consultoria LCA.

"Mas o fato é que o governo já esgotou suas ferramentas para tentar impulsionar a economia e agora não tem alternativas diante da necessidadebet7k bugsegurar a inflação, colocar as contasbet7k bugdia e recuperar a confiança dos investidores e dos mercados."

André Biancarelli, economista da Unicamp, diz não achar que "a situação (das contas públicas) seja desesperadora". "Mas não há como negar que algo precisa ser feito para colocá-la na linha."

Como os cortesbet7k buggastos e altasbet7k bugjuros poderiam ajudar o país a retomar o crescimento?

Mercados (AP)

Crédito, AP

Legenda da foto, Com 'choquebet7k bugcredibilidade', governo espera retomar confiançabet7k bugmercado e investidores

O governo espera que tais políticas gerem um "choquebet7k bugcredibilidade" que destrave os investimentos.

Segundo André Perfeito, da Gradual investimentos, a alta dos jurosbet7k bugcurto prazobet7k bugfato tende a derrubar a taxabet7k buglongo prazo - o que poderia contribuir para elevar os investimentos na economia real.

"Mas não sabemos como a economia vai responder a essas medidas", diz o analista, acrescentando que, se o consumo interno estiver desaquecido e a economia global ainda não tiver se recuperado, puxando as exportações, é difícil acreditar que os investimentos virão. Nesse cenáriobet7k bugbaixo consumo, "os empresários vão produzir para quem?", questiona.

Biancarelli, da Unicamp, concorda: "O risco,bet7k bugúltima instância, é que um ajuste muito duro jogue fora o dinamismo da economia para ajustar as contas públicas".

Para alguns economistas, um aperto monetário e fiscal muito forte foi o que dificultou a retomadabet7k bugcrescimentobet7k bugalguns países europeus, como Grécia e Espanha.

Eles dizem que os cortesbet7k buggasto e aumentosbet7k bugimpostos que tinham como objetivo colocar as contas públicasbet7k bugdia achataram muito rapidamente o consumo e geraram desemprego, reduzindo a arrecadação - o que acabou prejudicando as contas públicas e criou uma espéciebet7k bug"círculo vicioso" recessivo.

No caso do ajuste europeu, porém, Perfeito diz que um dos grandes problemas foi a faltabet7k bugcapacidade dos países encrencadosbet7k bugfazer política monetária, uma vez que eles haviam aderido ao euro. "Além disso, as contas públicasbet7k bugmuitos países estavam bem piores que as brasileiras hoje."

Gradualismo

Tanto Biancarelli quanto Perfeito defendem um "gradualismo" no cortebet7k buggastos e aperto monetário no Brasil.

"Afinal, foi esse gradualismo que Dilma prometeubet7k bugcampanha, para que não se retroceda nos avanços sociais dos últimos anos", diz Perfeito.

<link type="page"><caption> Leia mais: Mantega: 'Governo vai continuar desenvolvimentista'</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/11/141116_mantega_entrevista_ru" platform="highweb"/></link>

Mas também há quem acredite que o que pode minar o ajuste são medidas muito brandas - incapazesbet7k bugconvencer o mercadobet7k bugque o governo está mesmo comprometido com suas metas fiscais e inflacionárias.

Para Ilan Goldfajn, economista chefe do Itaú BBA, por exemplo, "o maior risco" do plano é que ele "não consigabet7k bugfato recuperar a credibilidade" da política econômica frente aos mercados e investidores.

Muitos analistas questionam se a nova equipe econômica terá autonomia para perseguir suas metas. Outros enfatizam que alémbet7k bugmudar a política econômica o governo precisa fazer reformas estruturais para garantir a retomada do investimento.

"Quando começaremos a tratar das ineficiências (estruturais) do mercado brasileiro para que valha a pena investir?", questionou José Ricardo Roriz Coelho, diretor da Federação das Indústrias do Estadobet7k bugSão Paulo (Fiesp)bet7k bugum almoço com jornalistas na semana passada.

"Ainda não vi no governo propostas para acabar com esses problemas (como faltabet7k buginfra-estrutura, excessobet7k bugburocracia, etc)."

Cortes inteligentes

No que diz respeito aos cortesbet7k buggastos públicos, os economistas concordam que o ideal é que o governo poupe gastos sociais, investimentos e outras áreas que têm um grande "efeito multiplicador" sobre a economia.

Para Biancarelli, a grande tentação da nova equipe econômica será fazer o ajuste "mais fácil" – já que boa parte do orçamento é "engessada".

"Os benefícios dos funcionários públicos, por exemplo, são protegidos pelo princípiobet7k bugdireito adquirido. Mas o governo precisa fugir desse padrão históricobet7k bugcortar os investimentos se quiser evitar um ajuste recessivo", opina.

Entre as áreas que poderiam receber uma tesourada, na avaliação do economista da Unicamp, estaria abet7k bugdesonerações fiscais.

"Por meio dessas desonerações, bilhõesbet7k bugreais foram repassados aos empresários. Mas como eles não necessariamente investiram maisbet7k bugcontrapartida, está na horabet7k bugrever isso", opina.

Paulo Skaf, presidente da Fiesp, discorda e promete ser duro contra qualquer tentativa do governobet7k bugaumentar a carga tributária sobre os empresários.

"O meio empresarial está ansioso para saber quais serão as medidas concretas (para gerar crescimento). Mas se for pelo caminho do aumentobet7k bugimpostos vai ter problemas. Vamos oferecer resistência."