Quem é o índio isolado filmado pela Funai na Amazônia, último sobreviventeiubetsua tribo e 'o homem mais solitário do mundo':iubet

Filmagemiubetum homem indígena não contactado no Brasil, conhecido como o Índio do Buraco, divulgada pela Funai no YouTubeiubet18iubetjulhoiubet2018
Legenda da foto, O vídeo feito pela Funai - que tem pouco maisiubetum minuto - é uma prova rara da existência do homem indígena / Imagem: Funai

iubet Um vídeo extremamente raro mostra imagens do índio isolado que é considerado o "homem mais solitário do mundo". Chamadoiubet"índio do buraco", ele tem por voltaiubet50 anos e vive sozinho na Amazônia iubet brasileira há 22 anos, desde que os últimos membrosiubetsua tribo foram assassinados - ele é o único sobrevivente.

O vídeo foi divulgado pela Funai (Fundação Nacional do Índio) no YouTube, na última quarta-feira. As imagens trêmulas e gravadas à distância mostram o homem cortando uma árvore com um machado.

A Funai evita o contato com grupos isolados e afirma que o índio do buraco já deixou claro que não quer ser perturbado, atirando flechas contra outras pessoas no passado.

"Ele passou por uma experiência muito violenta e vê o mundo como um local muito perigoso", afirma Fiona Watson, diretora da Survival International, uma organização sem fins lucrativos dedicada aos direitosiubetpovos nativos, que já visitou a área onde vive o índio do buraco.

"Imagine passar 22 anos observando uma só pessoa. Planejando açõesiubetvigilância do território onde vive, garantindoiubetproteção contra ameaças externas. Nenhuma palavra trocada. Todo contato consistindoiubetfornecer alguns objetos que poderiam ser úteis para aiubetsobrevivência. É esse o trabalho realizado pela Funai na Terra Indígena Tanaru, onde vive o indígena isolado popularmente conhecido como o índio do buraco", afirmou a Funai, na publicação no YouTube.

As cenas correram o mundo, mas há mais do que os olhos podem ver.

Por que ele foi filmado

A Funai tem monitorado o índio do buraco desde 1996. É preciso mostrar que ele ainda está vivo para manter a área onde vive sob proteção -iubet2015, a interdição da Terra Indígena Tanaru foi prorrogada por mais dez anos, segundo a Funai. Localizado no norte do EstadoiubetRondônia, com cercaiubet8 mil hectares, o local é circundado por fazendas e terras desmatadas.

"(A Funai) precisa provar continuamente que esse homem existe", afirma Fiona Watson.

"Também há uma motivação política na divulgação do vídeo. O Congresso brasileiro é dominado por representantes do agronegócio. Já a Funai teve o seu orçamento reduzido. Há um grande ataque aos direitos indígenas no Brasil nesse momento."

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O que se sabe sobre o índio isolado?

Muito pouco. Apesariubetjá ter sido o focoiubetdiversas pesquisas, reportagens e atéiubetum livro (O último da tribo: a busca épica para salvar um homem solitário na Amazônia, do jornalista americano Monte Reel), o índio do buraco nunca foi contatado por alguémiubetforaiubetsua tribo (até onde se sabe).

Acredita-se que ele seja o único sobrevivente do seu grupo, depois que um ataque matou seis membrosiubet1995. Os responsáveis seriam fazendeiros locais. Segundo a Funai, ninguém foi punido pelo crime.

Sua tribo nunca recebeu um nome, e não se sabe qual é aiubetlíngua. O apelidoiubet"índio do buraco" se deve ao fatoiubetque ele deixa valas profundas na mata - provavelmente são armadilhas para caçar ou locaisiubetesconderijo.

No passado, ele também já abandonou cabanasiubetpalha e instrumentosiubetuso manual, como tochasiubetresina e flechas.

Uma cabanaiubetpalha chamadaiubet"macolca", que o índio do buraco construiu e depois abandonou
Legenda da foto, Uma cabanaiubetpalha chamadaiubet"macolca", que o índio do buraco construiu e depois abandonou (fotografiaiubet2005, cedida pela Survival International)

Por que é um vídeo raro?

Até agora, havia apenas uma única foto borrada do índio do buraco. Foi tirada por um fotógrafo que acompanhava a Funaiiubetuma viagemiubetmonitoramento e exibida muito rapidamenteiubetum documentário brasileiroiubet1998, Corumbiara.

Ativistas se disseram contentes - e surpresos - por ver que o indígena está, aparentemente,iubetboa saúde. "Ele está muito bem, caçando, mantendo algumas plantaçõesiubetmamão e milho", afirmou Altair Algayer, coordenador regional da Funai,iubetentrevista para o jornal britânico The Guardian.

Por que ele estáiubetperigo?

Acredita-se que a maioria dos membros daiubettribo tenham sido dizimadoss entre as décadasiubet1970 e 1980, após a construçãoiubetuma estrada perto da área onde viviam, o que aumentou o interesse por terras na região.

Ainda hoje, agricultores e madereiros ilegais cobiçam a área. Por isso, teme-se que o índio seja ameaçado por pistoleiros.

Em 2009, um acampamento temporário montado na região pela Funai foi saqueado por um grupo armado. Dois cartuchosiubetarmas foram deixados para trás, no que pareceu ser uma ameaça.

A Amazônia brasileira abriga a maior parte das tribos indígenas não contatadas do mundo,iubetacordo com a Survival International. O contato pode trazer riscosiubetmorte até por doenças simples como gripe e sarampo.

"De certa forma, nós não precisamos saberiubetnada sobre ele. Mas ele é um símbolo do que estamos perdendo: uma grande diversidade humana", conclui Whatson.

* Com reportagemiubetVicky Baker, da BBC News