Do heroísmo à penúria: protagonistasapostar em esportes virtuaisprotestos, criançasapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisruaapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisCaracas agora brigam por latasapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaislixo mais cheias:apostar em esportes virtuais
"De repente, todo mundo que (antes) olhava pra gente com medo, que fugia da gente achando que íamos roubar, passou a nos dar atenção, a olhar para nós como pessoas como elas, foi bom demais", diz a adolescente, grávidaapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisseis mesesapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaissua primeira filha e moradoraapostar em esportes virtuaisuma galeria subterrânea por onde passam cabosapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisalta tensão, sob uma das avenidas mais movimentadas da capital venezuelana.
Não raras vezes, os jovens eram chamados publicamenteapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisheróis por líderes políticosapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisoposição que incentivavam os protestos e por moradoresapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisbairros mais ricos da cidade, epicentro da oposição ao regime socialista implantadoapostar em esportes virtuais1999 pelo ex-presidente Hugo Chávez (1954-2013).
Fim dos protestos
Uma nova eleição foi convocada para dezembro, e os partidos oposicionistas decidiram participar do pleito. Com isso, mudaramapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisestratégia anterior, abandonando os protestos. Como resultado, a vida dos jovens voltou à rotinaapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaissempre.
"Nos diziam que éramos heróis da pátria porque estávamos defendendo o povo, éramos o futuro da Venezuela, nos davam comida, nos davam tudo e agora nos esqueceramapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisnovo", diz Beba, uma jovem, grávidaapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuais14 anos.
"Eu queria a volta dos protestos porque tinha muita comida, a gente não precisava ficar procurando no lixo o que comer", conta Edouard,apostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisapenas 9 anos.
Ele deixouapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaiscasa e decidiu viver na rua após ser estimulado pelo primo sobre a farturaapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaiscomida disponível nas ruas. "Mas ainda assim aqui está melhor,apostar em esportes virtuaiscasa eu só comia uma vez por dia, aqui como até quatro vezes", diz o menino.
Transparentes
Praticamente invisíveis para a classe médiaapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisCaracas, as crianças e adolescentes que trocam a casa pelas ruas não paramapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaiscrescerapostar em esportes virtuaisnúmero na capital da Venezuela.
Não se sabe ao certo quantos eles são, mas o consenso entre especialistas e a população local éapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisque jamais a Venezuela viu um fenômeno como esse - sinal do empobrecimento agudo pelo qual passa o país desde que o preço do petróleo encerrou um longo cicloapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisalta e mudou radicalmenteapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaispatamar a partirapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuais2013.
"Houve um crescimento sem precedentes no número desses meninos. Eles surgiram como um grupo organizado agora nos protestos. É algo novo", conta Óscar Misle Terrero, diretor e fundador da Cecodap, uma ONG criada há 32 anosapostar em esportes virtuaisCaracas para trabalhar com a questão da violência contra menores.
"Sempre houve jovens nas ruasapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisCaracas, masapostar em esportes virtuaisgeral eles trabalhavam ou mendigavam durante o dia, e voltavam à noite para suas casas", diz ele. "Agora é diferente".
Traumas
Terrero diz estar preocupado com os reflexos da mudança brusca do tratamento que os jovensapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisrua receberam das famíliasapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisclasse médiaapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisCaracas durante as manifestações.
"É fundamental entender o impacto disso na vida e nas expectativas dessas crianças, que viveram o tempo todo à margem, apanhando dos pais, das mães, da polícia, dos maiores", diz ele, psicólogo especializado no tratamentoapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaiscrianças traumatizadas pela violência.
"Sair desse patamarapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisexclusão e ser alçado rapidamente ao papelapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisherói e, logoapostar em esportes virtuaisseguida, retornar ao postoapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaispária social pode ter consequências devastadoras".
"Não é muito difícil prever como essas crianças e adolescentes vão se comportar, é claro que haverá uma dose altaapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisfrustração".
Retorno
Para Nanye, um meninoapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuais12 anos que,apostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaistão pequeno, parece ainda não ter chegado aos 10, a volta ao antigo cotidiano quase lhe custou a vida.
Acostumado aos mesesapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisfartura e comunhão com os outros moradoresapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisrua, cometeu um erro fundamental nas ruasapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisCaracas nos temposapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisescassez: tentou buscar alimentoapostar em esportes virtuaisuma lixeira fora do domínioapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisseu grupo.
"Estava morrendoapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisfome, a lixeira estava cheia, pensei que não haveria problema, mas eles vieram e começaram a me bater, até que um deles me esfaqueou no pescoço", conta o menino.
Socorrido por uma mulher que passava pela rua no momento, foi levado ao hospital e recebeu 15 pontos no ombro e na nuca, onde foi golpeado.
"Tive sorte, não conseguiram enfiar a faca muito fundo."
Briga pelo lixo
A violência entre gruposapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaismoradoresapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisrua tem se intensificadoapostar em esportes virtuaisCaracas. Agora, cada um domina um território, buscando as latasapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaislixo que são mais fartas.
As mais disputadas são as lixeiras do bairro Las Mercedes, onde está concentrada boa parte dos melhores restaurantes da cidade.
"Os meninos que são donos das lixeiras ali são muito fortes e violentos. Se você tentar pegar o lixo deles, te matam", diz David, um jovemapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuais16 anos.
Ele mostra um ferimento na perna direita e diz também ter sido apunhalado enquanto tentava buscar comidaapostar em esportes virtuaisuma lataapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaislixoapostar em esportes virtuaisuma área dominada por um grupo diferente do seu.
"A vida dos jovens venezuelanos pobres sempre foi violenta", conta Leonardo Rodriguez, diretor nacional da Redeapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisCasas Dom Bosco na Venezuela, uma organizaçãoapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisatendimento a crianças e adolescentes administrada pela ordem católica dos Salesianos.
"O que está mudando agora é que eles estão se tornando vítimas deles mesmos e, logo, passarão a ser vítimas da sociedade que lhes deu reconhecimento, alimentos e os elevou a uma posiçãoapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisheróis durante os protestos", conta ele.
Para Rodriguez, houve uma mudança no perfil dos meninos e meninas que deixavam suas casas para ir para a rua.
"Até o ano passado, essas crianças eram absorvidas pelas ganguesapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaismarginais tão comunsapostar em esportes virtuaisCaracas, víamos isso com muita frequência", conta ele.
"Masapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisum ano para cá o númeroapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaiscrianças chegando nas ruas é tão grande que as gangues não têm estrutura para recebê-las."
Acordo tácito
Rodríguez teme que a Venezuela comece a assistir a casosapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisextermínio e limpeza socialapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaismenores que vivem nas ruas. Cada vez mais, diz ele, comerciantes e moradores das áreas mais nobres da cidade, para onde o fluxoapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaiscriançasapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisrua sempre migra, começarão a se tornar impacientes e incomodados com a presença deles.
"Mesmo durante os protestos, um grupoapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaismoradoresapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisAltamira (bairro nobreapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisCaracas) me convidou para uma reunião para que eu tentasse intermediar uma maneiraapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisretirar os meninos das ruas do bairro", conta Rodríguez.
"Estavam cansadosapostarapostar em esportes virtuaisesportes virtuaisvê-los por ali, sempre pedindo dinheiro, pedindo comida para a 'Resistência', enfim, não os queriam mais ali".
A solução encontrada foi fazer um acordo com centros comercias da região, que passaram a oferecer alimentação às crianças desde que eles não se concentrassem nas áreas mais nobres ou entrassem nos shopping centers.
"Mas é claro que esse acordo tácito não durará para sempre".