Quatro maneiras como a pobreza pode afetar o cérebro:ultra fortunator

Imagenultra fortunatorun cerebro

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ultra fortunator O nosso cérebro pode ser afetado pela pobreza?

Crianças que vivemultra fortunatorcondições menos favorecidas apresentam,ultra fortunatorgeral, pior desempenho na escola.

A explicação pode estar na má alimentação,ultra fortunatorsituaçõesultra fortunatorestresse no ambiente familiar ou na faltaultra fortunatoratenção que recebem dos pais, entre outros fatores.

Um número cada vez maiorultra fortunatorcientistas sugere, no entanto, que pode haver algo mais. Será que a pobreza pode mudar a nossa formaultra fortunatorpensar?

A BBC discutiu o tema a partirultra fortunatorquatro perspectivas com diferentes especialistas.

1. Sobrecarga mental

"Peça a um grupoultra fortunatorpessoas que memorize uma sérieultra fortunatorsete dígitos. Conseguem se lembrar da sequência 7, 4, 2, 6, 2, 4, 9?", propõe Eldar Shafir, professorultra fortunatorciência comportamental e políticas públicas da Universidadeultra fortunatorPrinceton, nos Estados Unidos.

"Enquanto você guarda os números emultra fortunatormemóriaultra fortunatorcurto prazo, tentando não esquecer,ultra fortunatormente está literalmente cheia. Você tem menos espaço cognitivo para outras coisas", explica.

Pobreza no Brasil

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Legenda da foto, É mais difícil manter a concentração quando as preocupações invadem nosso cérebro

Grande parte do trabalho desenvolvido por Shafir sugere que viverultra fortunatorsituaçãoultra fortunatorpobreza, tendo que fazer malabarismo com os poucos recursos que se tem e constantemente preocupadoultra fortunatorcomo pagar as contas no fim do mês, tem efeito semelhante a guardar sete dígitos na cabeça o tempo todo.

"Isso faz com que você se esqueçaultra fortunatoroutras coisas, você fica com uma atenção limitada", explica.

Para provar a ligação direta entre a pobreza e o funcionamento do cérebro, o professor realizou vários experimentos.

Em um deles, disse tanto a pessoas menos favorecidas quantoultra fortunatorboa situaçãoultra fortunatorvida o que teriam que fazer para consertar o carro.

A alguns informou que o reparo custaria US$ 150 e a outros que ultrapassaria US$ 1.500, independentemente do status social.

Em seguida, os submeteu a uma sérieultra fortunatortestes cognitivos.

Pobreza no Brasil

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Legenda da foto, Contexto socialultra fortunatorpessoas providasultra fortunatormenos recursos pode afetar o funcionamento do cérebro

Ao analisar os resultados, Shafir observou que os ricos tiveram desempenho semelhante, independentemente do valor que tiveram que pagar.

Já os mais pobres tiveram melhor desempenho quando a conta era menor.

A diferença chegou a serultra fortunator12 ou 13 pontosultra fortunatorquocienteultra fortunatorinteligência (QI).

"É um número muito significativo, que pode fazer a diferença entre estar dentro da média ou ser superdotado, por exemplo".

O experimentoultra fortunatorShafir sugere que a inteligência pode ser afetada a curto prazo pela pobreza.

Mas podemos dizer que a pobreza provoca alterações cerebrais a longo prazo?

2. Mal funcionamento geral

"Adoro interagir com pessoas mais velhas", diz à BBC Adina Zeki al Hazzuri, professora da Universidadeultra fortunatorMiami que investiga o impacto da sociedade sobre a nossa saúde.

Hazzuri pesquisa o envelhecimento cerebral. Ela acabaultra fortunatorconcluir um estudoultra fortunatoracompanhamentoultra fortunator3.500 adultos que tinham entre 18 e 30 anosultra fortunator1985.

Por duas décadas, os participantes da pesquisa informaram suas rendas.

Pratoultra fortunatorcomida

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Legenda da foto, Pesquisa monitorou 3.500 adultos que tinham entre 18 e 30 anosultra fortunator1985

"Queríamos medir a influênciaultra fortunatorum rendimento baixo no funcionamento do cérebro a longo prazo", explica.

As pessoas foram submetidas a três testes confiáveis ​​para detectar envelhecimento cognitivo.

"Constatamos que pessoas que viveramultra fortunatorsituaçãoultra fortunatorpobreza o tempo todo durante esses 20 anos tiveram resultados muito piores do que aquelas que nunca passaram por essa experiência", diz.

Hazzuri admite que é difícil estabelecer o que acontece primeiro: se o cérebro não funciona bem e,ultra fortunatorseguida, fica-se mais pobre ou o inverso.

Para tirar essa dúvida, os pesquisadores fizeram outra análise tomando como base uma amostra sóultra fortunatorpessoas com alto nível educacional e que estavam saudáveis ​​no início do estudo.

"A associação entre a pobreza e a função cognitiva se manteve", explica a professora. "Eu diria que a pobreza muda, sem dúvida, a forma como pensamos."

Sem-tetoultra fortunatorLondres

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Legenda da foto, Estudos avaliam impacto tantoultra fortunatoridosos quanto crianças

3. Freio ao desenvolvimento

E o cérebro das crianças?

"Corta o coração ver o impacto que a pobreza temultra fortunatoruma criança", lamenta Katie McLaughlin, professoraultra fortunatorpsicologia na Universidadeultra fortunatorWashington.

McLaughlin é especialista no estudoultra fortunatorcriançasultra fortunatorseus primeiros anosultra fortunatorvida, quando o cérebro apresenta um desenvolvimento maior.

Ela concentrou parteultra fortunatorseu trabalhoultra fortunatororfanatos na Romênia, onde a situação das crianças era devastadora.

"Se pudermos entender como essa forma extremaultra fortunatorpobreza afeta o desenvolvimento do cérebro, talvez possamos aprender algo sobre o que acontece no cérebroultra fortunatorcrianças que crescem na pobreza", diz.

Emultra fortunatorpesquisa, McLaughlin observou como os cérebrosultra fortunatorcrianças que vivemultra fortunatorcondiçõesultra fortunatorvida precária são debilitados, especialmenteultra fortunatoráreas que processam a linguagem complexa.

Células cerebrais

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Legenda da foto, A pobreza pode afetar as conexões sinápticas do cérebro

"Os circuitos neurais e as conexões projetadas para processar a informação, se não forem utilizados, desaparecem", explica. "Se isso acontecerultra fortunatorforma contínua eultra fortunatorlarga escala, contribui para um estreitamento do córtex".

McLaughlin acrescenta que o enfraquecimento da massa cinzenta externa do cérebroultra fortunatorcriançasultra fortunatororfanatos da Romênia também foi observadoultra fortunatorcriançasultra fortunatoráreas pobres dos Estados Unidos.

A pesquisadora acredita que os cérebros das crianças romenas foram prejudicados por não receberem estímulos suficientes - talvez não se tenha conversado ou brincado com elas o bastante.

E,ultra fortunatorcerta forma, ela afirma que o mesmo deve ter acontecido com os jovens americanosultra fortunatorbolsõesultra fortunatorpobreza.

A especialista reconhece, no entanto, que não há como garantir com certeza que haja uma relaçãoultra fortunatorcausa-efeito entre a pobreza e a deterioração do cérebro.

Pobreza no Brasil

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Legenda da foto, Na hora do nascimento, os cérebros das crianças são iguais, independentemente da classe social

4. Existe uma evidência clara?

"Acho que há cada vez mais evidências para estabelecer a relação entre pobreza e mudanças cerebrais, mas é um campoultra fortunatorestudo relativamente recente ", diz Charles Nelson, professorultra fortunatorpediatria e neurociência da Universidadeultra fortunatorHarvard.

Mas alguém já demonstrou que a pobreza causa mudanças no cérebro das pessoas, ou simplesmente se associa a pobreza a essas mudanças?

"O simples fatoultra fortunatornão ganhar uma certa quantiaultra fortunatordinheiro não causa nada", diz Nelson. "É o que está relacionado à ausênciaultra fortunatoruma certa quantidadeultra fortunatordinheiro que parece causar (danos). Por exemplo, a faltaultra fortunatorcomida ou o fatoultra fortunatornão ter acesso a um bom sistemaultra fortunatorsaúde ou o estresse elevado na família que pode levar à faltaultra fortunatorcuidados".

Pobrezaultra fortunatorPyongyang

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Legenda da foto, Talvez não seja a pobreza que muda o cérebro, mas as questões associadas a ela

Não há dúvidaultra fortunatorque está crescendo o interesse da ciênciaultra fortunatordecifrar a relação entre a pobreza e o cérebro, mas já sabíamos que a pobreza é ruim para a nossa saúde. Qual seria então a novidade?

"As ferramentas (de pesquisa) estão mais sofisticadas e nos permitem avaliar o cérebro, algo que não se podia fazer há 10 anos", diz Nelson.

E mesmo que as conclusões sejam parecidas ao que notávamos empiricamente, o estudo é válido para chamar a atenção ao tema.

"A bonitas imagens do cérebro parecem ter mais impacto do que imagensultra fortunatorcrianças famintas. Acho que as pessoas estão vendo que há um preço biológico a ser pago por crescer na pobreza", conclui Nelson.

Para finalizar, você lembra da sequênciaultra fortunatorsete dígitos?