Por que cada vez mais pessoas estão vivendo até os 100 anos?:blaze official site

"À medida que ela ficou mais velha, tentamos fazê-la desistir do fumo, mas minha mãe sempre ameaçou que compraria os cigarros por conta própria."

Os familiares apontam que recentemente Josefa parece muito menos enérgica do queblaze official siteanos anteriores, quando ela ganhou fama ao aparecerblaze official sitereportagensblaze official siteTV como "a mulher mais velha do mundo".

A carteirablaze official siteidentidadeblaze official siteJosefa mostra que ela nasceublaze official site7blaze official sitefevereiroblaze official site1902. Infelizmente, a tentativablaze official siteter o status reconhecido pelo Guinness World Records não foi bem-sucedida.

O títuloblaze official sitepessoa mais velha do mundo atualmente pertence a Lucile Randon, uma freira francesa conhecida como Irmã André,blaze official site118 anos.

Entre os homens, o recordista é o venezuelano Juan Vicente Mora,blaze official site113 anos.

Mas Irmã André tem muitos concorrentes ao título: nas últimas décadas, o númeroblaze official sitepessoas que se tornaram centenárias aumentou consideravelmente.

Estamos chegando próximos à marcablaze official site1 milhãoblaze official sitecentenários

A Divisãoblaze official sitePopulação da Organização das Nações Unidas (ONU) estima que,blaze official site2021, maisblaze official site621 mil pessoas tinham ultrapassado o centésimo anoblaze official sitevida. A tendência é que esse número supere a marcablaze official site1 milhão até o final desta década.

Em 1990, apenas 92 mil pessoas atingiram esse marco — o que, mesmo assim, não era pouca coisa.

O ser humano percorreu um longo caminhoblaze official sitetermosblaze official siteexpectativablaze official sitevida graças aos avançosblaze official siteuma sérieblaze official siteáreas que nos deram melhores medicamentos, boa alimentação e condiçõesblaze official sitevida vantajosasblaze official sitecomparação com nossos ancestrais.

Em média, uma pessoa que nasceublaze official site1960 (o primeiro anoblaze official siteque a ONU começou a manter dados globais sobre longevidade) tinha uma expectativablaze official sitevidablaze official site52 anos.

Ainda assim, chegar a 100 anos não é pouca coisa: as pessoas que atingiram essa idade representavam apenas 0,008% da população mundialblaze official site2021, segundo os dados da ONU.

Atualmente, não se espera que a maioria dos seres humanosblaze official sitetodo o mundo desfruteblaze official siteum aniversárioblaze official siteplatina (75 anos), já que a expectativablaze official sitevida média global atual estáblaze official site73 anos.

O quadro muda muitoblaze official sitepaís para país, no entanto. A expectativablaze official sitevida média no Japão, por exemplo, éblaze official site85 anos, enquanto alguém na República Centro-Africana costuma viver apenas 54 anos.

Além disso, a maioria das pessoas que chega à velhice provavelmente será atormentada por doenças crônicas.

"Viver mais não é sinônimoblaze official siteviver bem", diz Janet Lord, professorablaze official siteBiologia Celular da Universidadeblaze official siteBirmingham, no Reino Unido.

Lord explica que,blaze official sitemédia, os homens passam os últimos 16 anosblaze official sitevida lidando com condições que vãoblaze official sitediabetes a demência — para as mulheres, esse tempo sobe para 19 anos.

Qual é o segredo dos 'supercentenários'?

Comemorar 100 aniversários é ainda mais difícil. Nos Estados Unidos, um estudoblaze official sitelongo prazo da Universidadeblaze official siteBoston estimou que apenas 1blaze official sitecada 5 milhõesblaze official siteamericanos atinge o estágio "supercentenário" — quando se ultrapassa os 110 anos.

Essa taxa, porém, vem aumentando. Em 2010, os pesquisadores americanos contavam cercablaze official site60 a 70 pessoas nessa faixa etária. Em 2017, esse número havia se expandido para 150.

Os "supercentenários" naturalmente atraem muita atenção dos cientistas que estudam o envelhecimento humano.

"Esses indivíduos desafiam o que acontece com a maioria das pessoas na velhice. E ainda não temos certeza do porquê", diz Lord.

Além da longevidade, os supercentenários se destacam por terem uma saúde relativamente boa para a idade.

Josefa Maria, por exemplo, não precisablaze official sitemedicação regular e ainda come carne vermelha e doces, segundo a família.

É claro que as memórias dela estão confusas e a visão se deteriorou, mas a filha Cícera admite que, às vezes, ainda fica perplexa com a condiçãoblaze official sitesaúdeblaze official sitesua mãe.

"Ela não pode andar tanto quanto antes e temos que carregá-la ou trocar as fraldas dela, como um bebê. Mas ainda estou surpresablaze official siteque minha mãe tenha vivido tanto tempo para alguém que fumava desde a infância e que tinha décadasblaze official sitetrabalho duro", diz.

Nem tão saudáveis assim

O que intriga ainda mais os especialistasblaze official siteidade é o fato que algumas pessoas que chegam aos 100 anos não são exatamente um exemploblaze official siteboas práticasblaze official sitesaúde.

Como mencionado anteriormente, Josefa fumou a maior parte da vida e cresceu na pobrezablaze official siteuma região socialmente carente do Nordeste brasileiro.

Mais surpreendentemente, um artigoblaze official site2011 publicado no periódico científico Journal of the American Geriatric Society, que estudou um grupoblaze official site400 judeus americanos com 95 anos ou mais, encontrou uma profusãoblaze official sitemaus hábitos.

Quase 60% dos participantes eram fumantes contumazes, metade deles tinha sido obesa durante a maior parte da vida e apenas 3% eram vegetarianos.

"A primeira coisa que precisamos dizer às pessoas interessadasblaze official siteviver tanto tempo é não seguir dicasblaze official siteestiloblaze official sitevidablaze official sitecentenários ou supercentenários", diz Richard Faragher, professorblaze official sitebiogerontologia da Universidadeblaze official siteBrighton, no Reino Unido, um dos principais especialistasblaze official siteestudo do envelhecimento. .

"Há algo excepcional sobre eles. Porque muitos fazem exatamente o oposto do que sabemos que pode ajudar alguém a viver mais", acrescenta o especialista.

Um escudo genético?

Os cientistas suspeitam que a genética desempenha um papel importante na longevidade.

Centenários (e supercentenários) parecem capazesblaze official sitese proteger contra o desgaste que afeta os mais jovens com o passar do tempo. Eles também se mostram capazesblaze official sitecompensar até mesmo hábitos pouco saudáveis ​​que levam a maioriablaze official sitenós à morte precoce.

Especialistas como Lord e Farragher estão trabalhando para identificar essas vantagens biológicas, que não são tão óbvias quanto se poderia pensar.

Outro estudo com centenários judeus, este divulgadoblaze official site2020, mostrou que os indivíduos tinham tantas variantes genéticas que podem causar doenças tardias quanto a populaçãoblaze official sitegeral.

O número crescenteblaze official sitepessoas chegando a 100 também levou os cientistas a questionar se os limites da longevidade humana também serão estendidos.

A pessoa mais velha da história

Até esta data, a pessoa mais velha conhecida foi Jeanne Calment, da França, que morreublaze official site1997 aos 122 anos e é oficialmente a única a ter vivido além dos 120.

Pesquisadores da Universidadeblaze official siteWashington, nos EUA, afirmam que a longevidade extrema atingirá novos limites neste mesmo século — e possivelmente resultaráblaze official sitecasosblaze official sitepessoas que assoprarão 125 ou até 130 velas nos bolosblaze official siteaniversário.

"Acreditamos que é quase certo que alguém quebrará o atual recordeblaze official siteidade e que é bem possível que alguém possa viver até os 126, 128 ou 130", estima Michael Pearce, estatístico e coautor do estudo.

Pearce e o professor Adrian Raftery usaram o International Database on Longevity, uma baseblaze official sitedados sobre expectativablaze official sitevida, para simular os limitesblaze official sitelongevidade para as próximas décadas. Eles concluíram que há uma probabilidade próxima dos 100%blaze official siteque o recordeblaze official siteCalment será batido e uma chanceblaze official site68%blaze official siteque alguém comemoraráblaze official sitebreve um aniversárioblaze official site127 anos.

As regras do jogo do envelhecimento

No entanto, há muitas perguntas que a ciência ainda precisa responder para entender completamente o quebra-cabeça do envelhecimento.

Especialistas como Richard Siow, diretorblaze official sitePesquisablaze official siteEnvelhecimento do King's College London, no Reino Unido, acreditam que esse entendimento é crucial para abordar questõesblaze official sitequalidadeblaze official sitevida com uma população global cada vez mais envelhecida — a ONU estima que o mundo já é habitado por mais pessoas com maisblaze official site65 anos do que por crianças com menosblaze official site5 anos.

"A grande questão aqui não é discutir quanto tempo podemos viver, mas como podemos retardar o início do declínio relacionado à idade e permanecer saudáveis por mais tempo do que agora", aponta Siow.

"Dessa forma, se tivermos a sorteblaze official sitechegar à velhice, podemos aproveitar esses anosblaze official sitevezblaze official sitevivê-losblaze official sitesofrimento."

Organizações como a HelpAge International, uma rede que oferece apoio a idososblaze official sitetodo o mundo, apontam que essa filosofia é crucial para ajudar a abordar o envelhecimento da população como uma oportunidade, e não como um fardo para os sistemasblaze official sitesaúde e bem-estar social.

"Essa visão fatalista que fala do envelhecimento como um problema não é o nosso alvo", argumenta Eduardo Klien, porta-voz da HelpAge.

"Os idosos com boa saúde oferecem um enorme potencial para as sociedadesblaze official sitevárias maneiras, inclusive na economia."

Enquanto isso, pense na rainha Elizabeth 2ª. A monarca britânica, ela mesma quase uma centenária aos 96 anos, teve um aumento na cargablaze official sitetrabalho durante os últimos anos. Isso porque é um costume no Reino Unido que pessoas que completam 100 anos recebam uma carta da soberana.

A proporçãoblaze official sitecentenários no Reino Unido atingiu um recordeblaze official site2020 e a tendência é que esse número só cresça daquiblaze official sitediante.

No Brasil, segundo o último Censo do IBGE,blaze official site2010, havia quase 24 mil centenários.

*Com reportagem adicionalblaze official siteJosué Seixas.

- O texto foi publicadoblaze official sitehttp://vesser.net/geral-62120822

blaze official site Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal blaze official site .

blaze official site Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube blaze official site ? Inscreva-se no nosso canal!