Por que a forma como elogiamos nossos filhos pode, sem querer, incentivá-los a mentir:goias bets cadastro

Dito isso, é importante valorizar a honestidade e ensinar as crianças a não mentir: "ensinar a honestidade, mesmo quando ela tem consequências adversas, é essencial para as crianças fortalecerem seus laços comgoias bets cadastrofamília, professores e amigos. (...) Honestidade é a base da confiança e algo crucial para relações saudáveis e comunidades fortes", diz o Programagoias bets cadastroParentalidadegoias bets cadastroBerkeley, que tem divulgado ferramentas com fundamento científico para ajudar pais e cuidadores a cultivar habilidades socioemocionais valorosasgoias bets cadastrocrianças, como compaixão, generosidade, sensogoias bets cadastropropósito e, é claro, honestidade.

Uma dessas ferramentas diz respeito a como elogiamos as crianças, e outra, a como nós mesmos lidamos com a mentira. Veja a seguir:

Elogiar o processo, e não o resultado

Estudos reunidos pelo centrogoias bets cadastroBerkeley apontam que elogiar as crianças por habilidades e características inatas, com frases do tipo "como você é inteligente!" ou "como você é esperta!", pode, inadvertidamente, incentivar as crianças a mentir ou a trapacear.

Um desses estudos foi publicado no ano retrasado por universidades da China, dos EUA e do Canadá, analisando o comportamentogoias bets cadastro300 crianças chinesasgoias bets cadastro3 a 5 anos, enquanto participavam, individualmente,goias bets cadastroum jogogoias bets cadastroadivinhação com cartas.

Algumas dessas crianças foram elogiadas porgoias bets cadastrohabilidade ("você é tão esperta"); outras, por seu desempenho no jogo ("você se saiu bem desta vez") e outras não recebiam qualquer elogio. As crianças eram orientadas a não espiar as cartas, mas tinham a oportunidadegoias bets cadastrofazê-lo quando a assistente da pesquisa saía da sala - sem saber, porém, que estavam sendo filmadas.

"Os resultados mostram que as crianças que foram elogiadas porgoias bets cadastrohabilidade tinham maior probabilidadegoias bets cadastrotrapacear do que as que foram elogiadas porgoias bets cadastroperformance ou mesmo as que não foram elogiadas", escrevem os pesquisadores.

"Pode ser para sustentar o traço positivo (pelo qual foram elogiadas) ougoias bets cadastroreputaçãogoias bets cadastroserem espertas. (...) As descobertas demonstram que o elogio pela habilidade pode estimular a trapaçagoias bets cadastrocrianças pequenas."

Para Maryam Abdullah, "muitos pais acham que esse é um tipogoias bets cadastroelogio positivo, mas ele acaba inibindo a honestidade, porque as crianças ficam tentando mantergoias bets cadastroreputação (de esperteza) ou porque não querem desapontar pais e professores (ao errar)".

É melhor, então, elogiar o processo e o esforço, diz a pesquisadora: "Que legal que você se esforçou", ou "que interessante que você tenha usado essa estratégia para resolver esse problema". A percepção dos cientistas égoias bets cadastroque esse tipogoias bets cadastroelogio não apenas fomenta a honestidade, como estimula a criança a se esforçar ainda mais no futuro.

Segundo esse raciocínio, elogios vagos, como "muito bem!", acrescentam pouco ao repertório infantil. "É melhor dizer algo mais específico à situação - será que a criança perseverou diantegoias bets cadastrouma frustração? Ajudou alguém ou levou os sentimentosgoias bets cadastroalguémgoias bets cadastroconsideração ao agir? Quanto mais claros nós formos sobre o que estamos valorizando no comportamento infantil, mais ela entenderá", diz Abdullah à reportagem.

A reação dos adultos à mentira

Outra formagoias bets cadastroencorajar a honestidade tem a ver com a forma como reagimos à mentira das crianças, prossegue ela.

"Podemos focar na coragem da criança nos momentosgoias bets cadastroque ela age com honestidade", afirma a pesquisadora. "Começar dizendo 'obrigada por me contar a verdade' envia um sinal positivo à criança e fomenta a honestidade." A ideia égoias bets cadastroque é mais eficiente elogiar a verdade do que punir a mentira.

Ela menciona mais um estudo, realizado com 200 crianças canadensesgoias bets cadastro5 a 8 anos, que também analisava seu comportamentogoias bets cadastroum jogogoias bets cadastroadivinhação. A diferença desse estudo é que, antes do jogo, as crianças viam os próprios pesquisadores interagirem entre si.

Basicamente, as crianças testemunhavam um pesquisador quebrar os óculos do outro pesquisador sem querer (era uma simulação, mas elas não sabiam disso). Daí, cada grupogoias bets cadastrocrianças era submetido a um entre quatro cenários:

- O pesquisador confessava ter quebrado os óculos do colega, mas a reação deste era positiva: "obrigado por me contar. Está tudo bem, acho que dá para consertar".

- O pesquisador confessava, mas a resposta do colega era negativa: "Como você pôde ter feito isso? Vai ter que me comprar um novo!"

- O pesquisador não confessava e dizia não saber onde os óculos estavam, mas não era punido por isso. "Vou continuar procurando, obrigado", dizia o colega.

- O pesquisador não confessava, mas sofria consequências: "não acreditogoias bets cadastrovocê! Vai ter que me comprar óculos novos!", dizia o colega.

O resultado: as crianças que testemunharam a experiência positiva após ter contado a verdade ou a experiência negativa após ter mentido tinham maior probabilidadegoias bets cadastrocontar a verdade,goias bets cadastrorelação a um grupogoias bets cadastrocontrole.

Já as que viram a experiência negativa após a verdade ou a positiva após a mentira acabavam mentindo mais no jogo subsequente.

"As crianças provavelmente usaram essa informação (social) emgoias bets cadastroanálise do custo x benefício entre mentir ou contar a verdade a respeitogoias bets cadastrosuas próprias transgressões", diz a pesquisa.

Dicas finais

Refletir sobre a honestidade dentrogoias bets cadastrocasa - por exemplo, lendo histórias sobre personagens que cometiam erros e mentiras e os desdobramentos disso - também ajuda a tornar os efeitos da mentira e da trapaça mais palpáveis para as crianças.

O programagoias bets cadastroParentalidadegoias bets cadastroBerkeley tem outras duas dicas finais para pais que querem estimular a honestidadegoias bets cadastrocrianças. A primeira é fazer acordos verbais detalhados com as crianças. Por exemplo, se você quer que seu filho lave a louça, mas ele está assistindo TV, a sugestão égoias bets cadastrovezgoias bets cadastroaceitar apenas que ele diga "vou lavar a louça depois", fazer com que ele se comprometa verbalmente com algo como "vou colocar o alarme para 30 minutos e daí vou lavar a louça". Isso torna mais concreta a expectativagoias bets cadastroo que é esperado dele.

A segunda é conter o impulsogoias bets cadastrooferecer recompensas (doces ou presentes, por exemplo)goias bets cadastrotrocagoias bets cadastrocomportamentos. A recompensa vai mudar a motivação da criança -goias bets cadastrocompletar um desafio para ganhar o doce - e aumentar a probabilidadegoias bets cadastroque ela recorra a trapaças.

E, embora contar mentiras seja parte natural do desenvolvimento infantil, ela pode passar dos limites?

Se a mentira estiver associada a outros comportamentos mais agressivos ou se for muito frequente, Maryam Abdullah sugere que se busque um apoio profissional, que ajude a identificar o que no ambiente ou nas relações pode estar impedindo a criançagoias bets cadastrocontar a verdade.

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