Como foi a mudança da capital do Brasillink da roletaSalvador ao Riolink da roletaJaneiro há 260 anos:link da roleta
"As relações comerciais eram intensas entre as capitanias do sul com essa região e a transferência da capital para o Rio fortalecia o controle geográfico. Sempre foi muito delicada essa região fronteiriça entre as colônias portuguesa e espanhola aqui na América do Sul", explica ele.
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Sobre o primeiro aspecto, contudo, o historiador ressalta que o chamado Ciclo do Ouro já estavalink da roletadecadência. Processo que inicioulink da roleta1690 e teve seu augelink da roleta1750, a exploração não era mais motivo para tanto frisson.
"O auge tinha passado e havia uma decadência da produção mineradora", diz Marins. "A transferência não visava a proteger 'o porto do ouro', como algumas pessoas já disseram, mas sim fortalecer um controle do fluxolink da roletaum momentolink da roletadecadência, mas ainda com alto fluxo do distrito diamantino, ou seja, das pedras preciosas, sobretudo o diamante, que este sim estava no auge."
Se esse extrativismo era realizado sobretudo nas terras onde hoje fica Minas Gerais, o Rio se tornou chave justamente por ser o porto principallink da roletaescoamento. Assim, toda a estruturalink da roletacontrole e tributação foi montada ali.
Motivações
Professor na Universidade Federallink da roletaMinas Gerais, o historiador Luiz Carlos Villalta contextualiza dizendo que "há indicações e documentos que mostram que o Riolink da roletaJaneiro veio alcançando uma importância econômica, militar e política desde início do século 18, senão antes".
"Sua importância econômica associava-se à mineração do ouro e dos diamantes, escoados principalmente pelo porto fluminense", enumera. "Vinha também do Riolink da roletaJaneiro ter centralidade no abastecimentolink da roletaalgolink da roletarelevância fundamental à época: o braço escravo africano. A cidade ocupava um papel relevante no tráfico negreiro."
Ele explica que a importância política advinha justamente da posição geográfica frente às capitanias mais ao sul, além do Rio ser um epicentro para as "questões relativas à defesa militar, aos embates com os espanhóis".
"A natureza litorânea da cidade e, ainda, as qualidades do seu porto também podem ter pesado [na escolha como nova capital]", afirma ele.
Villalta lembra, contudo, que é preciso reconhecer que Salvador ainda gozavalink da roletaprestígio econômico. "O que explicaria privilegiar-se o Riolink da roletaJaneiro? O que contou mais?", pergunta-se. Uma pista pode ser o documento escrito pelo nobre português Luís da Cunha (1662-1749), homem que tinha, segundo o historiador, "extrema ascendência" sobre o rei dom João V (1689-1750) "e cujas ideias repercutiram sobre os ministroslink da roletaseu sucessor, dom José I" (1714-1777) — que seria o responsável pela mudança da capital.
"[Ele] defendia a transferência da família real para o Riolink da roletaJaneiro e ressaltava as qualidades e relevância do Brasil [em texto escritolink da roleta1736]", diz Villalta. "Teria havido na decisãolink da roletadom José I algum eco do que havia sido defendido por um homemlink da roletagrande atuação durante o reinado do seu pai?"
Para o historiador Marcelo Cheche Galves, professor na Universidade Estadual do Maranhão, o que deve ter pesado mesmo na escolha foi a atuaçãolink da roletaSebastião Josélink da roletaCarvalho e Melo (1699-1782), na época secretáriolink da roletaestado do rei português, mais tarde conhecido pelo títulolink da roletaMarqueslink da roletaPombal. "Uma das chaveslink da roletasua administração eralink da roletaque o princípio da razão fosse aplicado à lógica administrativa", pontua.
"A grande questão era trazer racionalidade administrativa para um Estado moldadolink da roletacritérios não racionais", argumenta o historiador.
Nesse contexto, a racionalização significava "explorarlink da roletamaneira mais eficaz e organizada o território colonial". "Por isso a transferência. O Riolink da roletaJaneiro era o lugar mais estruturado nas proximidades das Minas Gerais, que eralink da roletaonde vinha a principal riqueza, jálink da roletadecadência há algumas décadas, do território colonial", explica Galves.
"A transferência tem a ver com a proximidade do Rio com relação às minas e, assim, se tentar ainda um novo impulso na tributação e na região aurífera. É esse o fundamento."
"Mais perto das minas, a capital transferida para o Rio possibilitava controlar melhor a arrecadaçãolink da roletaimpostos oriundos da prospecçãolink da roletaouro, possibilitar uma defesa mais efetiva do sul frente à coroa espanhola e gerenciar melhor o tráfico negreiro", resume a historiadora Clarissa Sanfelice Rahmeier, professora na Escola Superiorlink da roletaPropaganda e Marketing.
Desenvolvimento da região
Marins diz que é preciso cuidado anteslink da roletaestabelecer uma relaçãolink da roletacausa e consequência entre a transferência da capital e o desenvolvimento da região mais ao sul da colônia. Isso porque, conforme ele lembra, esse crescimento, tantolink da roletaimportância econômica quantolink da roletapopulação, já vinha acontecendo antes,link da roletavirtude da própria mineração. "A partirlink da roleta1695, o crescimento foi exponencial", afirma ele. "Prosseguindo pelas décadas seguintes."
Mas o que é inegável é que essa transferência da capital criou condições muito mais adequadas para que o Rio fosse a cidade ideal para receber a corte portuguesalink da roleta1808, quando dom João VI (1767-1826) empreendeu a famosa fuga das tropas napoleônicas e transferiu a sede do reino para as terras brasileiras.
"O Riolink da roletaJaneiro, à época da transferência da corte, era uma cidade acanhada, com inúmeros problemas e construções bem modestas quando se considera o papel ao qual ela foi alçada: olink da roletaser capitallink da roletaum império europeu. Em 1799, tinha cercalink da roleta40 mil habitantes emlink da roletaárea urbana. Em 1808, a cidade, no todo, reunia cercalink da roleta60 mil almas. Em 1821, a população ultrapassava a cifralink da roleta110 mil", contextualiza Villalta.
Galves ressalta que a estrutura seria ainda pior, não fosse o fatolink da roletaa capital ter sido transferida para lá. "O que o Rio ganhou a partir daí, embora fosse algo nos moldes coloniais, habilitoulink da roletaalgum modo o Rio a ser a capital do império 50 anos depois", diz ele.
Marins concorda. Ele lembra que houve um movimentolink da roleta"embelezamento da cidade" a partir do momentolink da roletaque o vice-rei passou a permanecer no Rio.
"Foram construídas igrejaslink da roletaaspectos sofisticados, como a fachada da Matrizlink da roletaNossa Senhora da Candelária e a fachada da Ordem Terceira do Carmo, construções monumentais que dão ao Rio um aspectolink da roletacidade sofisticada", afirma ele. "Também foi construído o passeio público e empreendeu-se o ordenamento do terreno do paço. Chafarizes foram inaugurados e muitas outras obras que ecoavam soluçõeslink da roletaarquitetura portuguesa."
Em paralelo, a cidade também ganhou fortificações militares, justificando alink da roletaposiçãolink da roletacapital.
Vice-reino
Se a transferência da capital é vista como algo importante, os historiadores acreditam que o alçamento da colônia à condiçãolink da roletavice-reino foi algo apenas protocolar, burocrático. Villalta cita que isso significava "o crescimento da importância do Brasil". Mas,link da roletatermos práticos, pouco mudou.
"A mudançalink da roletastatus foi sobretudo uma mudança nominal, porque o vice-rei do Brasil continuou se comportando como os antigos governadores gerais, ou seja, a criaçãolink da roletaum cargo permanentelink da roletavice-rei não deu mais autonomia à colônia", analisa Marins.
"O título dava mais pompa, status. Mas não trazia vantagem concreta à administração colonial. Era uma condição honorífica", define Rahmeier.
- Este texto foi publicado em http://vesser.net/brasil-64410528