A complexa aproximação do futuro governo Lula com os evangélicos:bet 36t
Vice-líder do governo Bolsonaro no Congresso, Cezinha tem mantido diálogo com o governobet 36ttransição. Ele se reuniubet 36tnovembro com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e apontou como interlocutores com o futuro governo também o prefeitobet 36tAraraquara, Edinho Silva (PT), e o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), cotado para assumir o ministério que cuidará da articulação política.
Para ele, porém, não basta a equipebet 36tLula ter abertura para conversar com o segmentobet 36tdentro para fora. É preciso ter lideranças que integrem o novo governo.
Cotada para o ministério do Meio Ambiente, a ex-ministra da pasta e deputada eleita, Marina Silva (Rede-SP), é evangélica, mas não tem conexão com as lideranças das maiores igrejas e com a bancadabet 36tparlamentares.
"A Marina não nos representa. Eu nunca conversei com a Marina, não sei nem quem é a Marina direito. Então, não sei nem se ela é evangélica", afirmou Cezinha, que é pastor da Assembleiabet 36tDeus Ministério Madureira.
Questionado se haveria uma listabet 36tpropostas do segmento evangélicos, Cezinha não quis detalhar. "É o governo que tem que nos propor coisas. Nós não temos nada a questionar, e nada a pedir. Quem precisabet 36tvoto (no Congresso) é o governo, não somos nós", respondeu.
Religião não deve ser critério, dizem petistas
Chefebet 36tGabinete da Presidência da República nos dois primeiros governosbet 36tLula e quadro histórico do PT, Gilberto Carvalho disse à BBC News Brasil que a questão evangélica deve ser tratadabet 36tforma "transversal" no futuro governo. Ou seja, será abordada nos diferentes ministérios, mas sem uma estrutura especial.
"O foco agora da equipebet 36ttransição está sendo muito a montagem do governo e as nomeações (dos ministros). E não está se pensandobet 36testruturar uma área específica para isso (a relação com os evangélicos). Vai ser mais uma coisa transversal ao governo. Então isso não foi avançado, não", disse, ao ser questionado sobre a aproximação com o segmento.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), evangélica e também quadro histórico do partido, defende que a religião não seja um critério definidor para a formação do governo. Segundo ela, a gestão Lula resgatará o Estado Laico e o princípio da liberdade religiosa.
"O governo não vai partir dessa premissa: quem é religioso, quem ébet 36tque religião, para poder estar sendo convidado a ser ministro ou ministra. Nós temos muitos evangélicos dentro do PT, com formação, fora do PT também tem evangélicos que estão fazendo o trabalho conosco na transição, mas não houve uma preocupação maiorbet 36tque tem que ter evangélico aqui, tem que ter católico aqui", afirmou.
"Nós estamos, no momento, recuperando o curso natural da história, onde o governo do Lula, o governo da Dilma, foram governos que trataram muito bem as igrejas evangélicas. Sempre houve uma relação institucional do pontobet 36tvistabet 36tum Estado laico", disse ainda Benedita.
Para o pastor Ariovaldo Ramos, coordenador da Frentebet 36tEvangélicos pelo Estadobet 36tDireito, que representa cristãos mais progressistas, a presençabet 36tevangélicos no futuro governo será "natural", dado grande número desses fiéis no Brasil hoje. Ele, porém, também é contra o uso do critério religioso para nomeações.
"Eu acho que tem que ter distribuiçãobet 36tgênero ebet 36traça (na nomeação dos ministério). De religião, não. O Estado é Laico", disse à reportagem.
Cantores gospel na posse
Um primeiro passo, simbólico,bet 36taproximação foi tomado com a decisãobet 36tconvidar dois cantores gospel para o show que ocorrerá no dia da posse presidencial. Kleber Lucas e Leonardo Gonçalves gravaram com outros músicos, durante a campanha eleitoral, a música Messias, crítica ao presidente Bolsonaro. E, mais recentemente, Lucas gravoubet 36tparceria com Caetano Veloso uma versão dabet 36tmúsica Deus Cuidabet 36tMim.
"São dois cantores gospel muito conhecidos. Foi (feito o convite) já nessa linhabet 36tbuscabet 36tdiálogo", confirmou Gilberto Carvalho, que integra o grupobet 36ttransição responsável pela organização da cerimôniabet 36tposse.
A participação dos dois foi celebrada pela Eliziane Gama (Cidadania/MA), parlamentar evangélica próxima a Lula.
"A festa da possebet 36t@LulaOficial vai contar com a voz dos grandes cantores evangélicos @prkleberlucas e @leoorgoncalves . Sim, teremos nossa voz assegurada no próximo governo. #PosseLulaPresidente", tuitou a senadora.
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Finalbet 36tTwitter post
Integrante do Conselho Político da equipebet 36ttransição, ela sugeriu que o próximo governo mantenha uma novidade adotada por Bolsonaro: inclua o termo "família" no nomebet 36tum dos ministérios.
No atual governo, a pasta se chama Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e foi comandada até março por Damares Alves, possivelmente a liderança evangélicabet 36tmaior projeção da gestão Bolsonaro. Ela deixou o cargo para disputar uma vaga no Senado e foi eleita com ampla votação no Distrito Federal, pelo partido Republicanos.
A expectativa, porém, é que o atual ministério seja desmembrado, com uma pasta para Direitos Humanos e outra para a temática da Mulher. Durante a campanha, Lula também disse que criaria um ministério para a Igualdade Racial e outra para os Povos Indígenas.
A ideiabet 36tmanter o termo Famíliabet 36talgum desses órgãos, porém, não está confirmada, segundo Gilberto Carvalho.
"Chegou essa sugestão. Ela está sendo debatida. Não sei se vai prosperar, mas está sendo debatida", disse.
Benedita, porbet 36tvez, minimizou a importância do nome do ministério. Nabet 36tavaliação, políticas públicas implementadas nos governos do PT já tinham foco na família e serão retomadas no novo mandatobet 36tLula.
"É o projeto já existente dentro do (Ministério do) Desenvolvimento Social, porque ninguém cuidou mais da família do que o (programabet 36thabitação) Minha Casa, Minha Vida e o (programabet 36ttransferênciabet 36trenda) Bolsa Família", argumentou a deputada.
"E teve a questão também das cotas sociais e raciais nas universidades, a questão das cisternas que foram colocadas (para coletabet 36tágua da chuvabet 36tregiõesbet 36tseca), o programa Luz Para Todos (que ampliou o acesso à energia elétrica). Então, todos os evangélicos e evangélicas que estavam na condiçãobet 36tpobreza, precisandobet 36tpolíticas, foram atendidos. Não é uma novidade para o PT", disse também, elencando outros programas dos governos petistas.
Educação é área sensível
Questionada pela reportagem sobre por que, então, a maioria do eleitorado evangélico apoiou Bolsonaro na eleição, Benedita disse que parte desses eleitores foi convencida por histórias falsas que diziam, por exemplo, que o governo do PT faria "menino virar menina".
Esse tipobet 36tacusação é antiga e remonta ao chamado "kit gay", como ficou conhecido pejorativamente um material que foi produzido no governo Dilma Rousseff, dentro do programa Brasil sem Homofobia, com objetivobet 36tcombater a violência e o preconceito contra a população LGBTQI+ (composta por travestis, transexuais, gays, lésbicas, bissexuais e outros grupos).
Devido à reaçãobet 36tgrupos conservadores, o material acabou não sendo distribuído para os professores da rede públicabet 36t2011, como previsto.
A abordagem da questão sexual nas escolas voltou a gerar embates políticos nas eleiçõesbet 36t2018 e 2022. Enquanto, na esquerda ebet 36toutros grupos progressistas a educação sexual nas escolas é vista como formabet 36tpromover igualdadebet 36tgênero, respeito à diversidade e também uma formabet 36tproteger crianças do assédio, alguns segmentos conservadores entendem essa iniciativa como sendo uma "sexualização" indevida da infância e a promoçãobet 36tuma suposta "ideologiabet 36tgênero" que deturparia a formação familiar tradicional.
Para os entrevistados pela BBC News Brasil, essa questão continuará sendo o ponto mais delicado da relação entre o futuro governo e o segmento evangélico, criando o desafiobet 36tconciliar pautas importantes para o campo progressista com as preocupaçõesbet 36tum segmento predominantemente conservador.
"A questão da escola o Ministério da Educação vai ter que tomar muito cuidado", alerta o pastor Ariovaldo Ramos.
"Porque, se o segmento evangélico entender que está havendo o que os evangélicos chamambet 36terotização das crianças, uma tentativabet 36tensinar que o gênero é uma coisa que não está determinada, etc, aí o segmento evangélico vai reagir".
Questionado pela BBC News Brasil sobre qual será a estratégia para conciliar essas duas visões tão opostas dentro do governo, Carvalho disse que esse debate "vai ser encarado na hora certa".
"É um debate evidente, um debate que o governo vai ter que encarar. Não tem como não encarar, na áreabet 36tdireitos humanos sobretudo, mas não vi nenhuma antecipação deste debate para agora, na transição propriamente", afirmou.
- Este texto foi publicadobet 36thttp://vesser.net/brasil-64045875