'Brat', 'weird', 'Maga': o que significam os termos que marcam eleição nos EUA:xloterias

Kamala Harris

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A vice-presidente Kamala Harris busca mobilizar os eleitores democratas

"Elas rapidamente constroem uma identidade comum que carrega algo mais complexo do que apenas o termo. Ajudam a criar identificação com quem se apoia, como se apoia e por que se apoia."

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Entenda a seguir o que significam estes termos e o peso eles que podem ter na eleição presidencial americanaxloterias2024.

'Brat'

Kamala Harris, vice-presidentexloteriasJoe Biden e cotada para substituí-lo na corrida presidencial, ganhou o títuloxloteriasbrat, termo que dominou o TikTokxloteriasjovens nas últimas semanas.

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A palavra é o nome do álbum mais recente da cantora britânica Charli XCX, que foi quem "batizou" Kamala com o termo.

Em vídeo publicado no TikTok, a cantora descreve brat como "aquela garota que é um pouco bagunceira, gostaxloteriasfestas e às vezes fala besteiras. Que se sente bem consigo mesma, mas às vezes tem crises. E que se diverte apesar disso. É muito honesta, muito direta, um pouco volátil. Faz coisas bobas. Isso é ser uma brat."

Muitos teorizam que o termo é o opostoxloterias"clean girl", uma tendência estética minimalista — na qual as garotas usam pouca maquiagem, nadaxloteriasestampa e preferem tons claros — que é frequentemente empregada por influenciadoras.

Mas o que isso tem a ver com a vice-presidente americana?

Embora Harris seja uma democrata com posições políticas relativamente moderadas, ela realmente vai contra algumas "regras pré-definidas", avalia Leite.

Como a primeira mulher, pessoa negra e pessoaxloteriasdescendência sul-asiática a ocupar o cargoxloteriasvice-presidente, Harris já é uma figura atípica na política americana.

"Isso tudo mostra que ela é uma quebraxloteriasparadigmas, especialmentexloteriasum país com o históricoxloteriascandidatos dos Estados Unidos, concorrendo contra um homem branco mais velho que defende posições conservadoras", diz Leite.

Quando celebridades pop apoiam um certo candidato, afirma o especialista, isso gera identificação e facilita que o discurso político seja trazido para a esfera da comunicação rápida e fluida da internet.

"Faz com que os jovens consigam ver nela um elementoxloteriasidentificação comum com o 'nós' do mainstream pop, o grupo que define o que é tendência. Isso tem um apelo muito forte junto à internet, especialmente com a geração Z."

Harris rapidamente abraçou o meme. A imagemxloteriasfundo do seu perfil oficial no X (antigo Twitter) foi alterado para um verde limão, a cor da capa do álbumxloteriasCharli XCX e considerada "símbolo" das brat.

Silvio Waisbord, professorxloteriasMídia e Assuntos Públicos da Universidade George Washington, Estados Unidos, avalia que, com isso, há claramente uma tentativa na campanha da democrataxloteriasalcançar os jovens.

"Estão tentando atrair mulheres, jovens, eleitores negros. Eles já têm tentado apresentá-laxloteriasuma maneira mais acessível do que uma figura política tradicional", acrescenta Waisbord.

"As eleições nos Estados Unidos são mais sobre mobilizar a própria base do que qualquer outra coisa, até mais do que tentar alcançar outros gruposxloteriaseleitores. O que ela está tentando fazer é usar uma linguagem e imagens que, no passado, foram eficazes para engajar pessoas que votaram nos democratas ou que têm tendência a votar neles."

print do Twitter oficialxloteriasKamala Harris

Crédito, X

No Tiktok, vídeos curtos com músicas da cantora britânica mostram imagens antigasxloteriasHarris discursando, mas também rindo e dançando. Uma imagem descontraídaxloteriasuma possível candidata à Presidência.

"Esse jeito mais despojado tem sido usado pelo Partido Republicano para criticá-la, e o que ela tem tentado fazer é reapropriar-se dessas críticas, dizendo 'Sim, esta sou eu', e tornar isso mais positivo e humano", diz Waisbord.

'Woke'

Outro termo que se tornou popular — tanto entre democratas quanto entre republicanos, embora com conotações diferentes — é woke, que,xloteriastradução literal do inglês, significa "desperto".

A palavra ganhou significados bem mais amplos. Na gíria norte-americana, ser ou estar 'woke' pode indicar com quais posturas políticas você mais se identifica.

O uso do termo surgiu na comunidade afroamericana e originalmente queria dizer "estar alerta para a injustiça racial".

Em um eventoxloterias2023, Trump afirmou não gostar do termo, porque "metade das pessoas não consegue nem defini-lo" e "não sabe o que é".

O termo já não é amplamente usado no debate político, mas seu significado implícito, sim.

"Para os republicanos, apoiadoresxloteriasTrump, o woke é encaradoxloteriasforma pejorativa, quase como um insulto às pessoasxloteriasesquerda ou progressistas nos Estados Unidos", avalia Waisbord.

"Mas hoje é raro que se use o termoxloteriasdiscursos. É mais comum que ataquem os mesmos aspectos do que ele representa, masxloteriasformas diversas."

Um exemplo disso aconteceu durante a OlimpíadaxloteriasTóquio, quando a seleçãoxloteriasfutebol feminino dos Estados Unidos ganhou uma medalhaxloteriasbronze.

Trump atacou o time por não levar o ouro para casa, alegando que eles são "liderados por um grupo radicalxloteriasmaníacos esquerdistas" e que o país "deveria substituir os wokesters por patriotas".

Muitas pessoas acreditam que quem cunhou a expressão foi o romancista William Melvin Kelley (1937-2017).

Em 1962, Kelley publicou um artigo no jornal americano The New York Times com o título "If You're Woke, You Dig it" ("Se você estiver desperto, entenderá",xloteriastradução livre).

O termo ressurgiu na última década com o movimento Black Lives Matter, criado para denunciar a brutalidade policial contra as pessoas afrodescendentes.

Mas, desta vez, seu uso se espalhou para além da comunidade negra e passou a ser empregado com significado mais amplo.

Em 2017, o dicionário inglês Oxford acrescentou este novo significadoxloteriaswoke, definido como: "Estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo".

Assim como algumas pessoas se autodefinem com muito orgulho como alguém woke, ou atento contra a discriminação e a injustiça, outros utilizam o termo como insulto.

O próprio dicionário Oxford faz esta distinção. Após a definição, acrescenta: "Esta palavra é frequentemente empregada com desaprovação por pessoas que pensam que outros se incomodam muito facilmente com estes assuntos, ou falam demais sobre eles, sem promover nenhuma mudança".

'Weird'

"Weird" ou "bizarro", na tradução livre para o português, é como a campanhaxloteriasKamala Harris escolheu chamar Trump e seu vice, JD Vance, mostrando a mudança na campanha democrata para ataques a Trumpxloteriastom mais leve e desdenhoso.

A palvra foi primeiro empregada para caracterizar os republicanos pelo governadorxloteriasMinnesota, o democrata Tim Walz, posteriormente escolhido como vice-presidente na chapaxloteriasKamala Harris.

"Ele é apenas um cara bizarro, esquisito", disse Walz sobre Trump durante um eventoxloteriasarrecadaçãoxloteriasfundos, antesxloteriasintegrar a chapaxloteriasKamala.

A frase "pegou" e viralizou. Do discurso nos comícios, aos informes para a imprensa, tudo tem refletido essa mudança na campanha democrata.

Estrategistas do partido dizem que essa nova mensagem parece estar afetando os eleitores com inclinação democrata porque faz com que votarxloteriasKamala pareça mais uma escolhaxloteriassenso comum e menos uma tarefa cívica, embora ainda seja cedo para cravar.

O adjetivo parece que incomodou Trump, que prontamente respondeu que "bizarros" são "eles".

“Eles são os bizarros. Ninguém nunca me chamouxloteriasbizarro. Eu sou muitas coisas, mas bizarro eu não sou”, disse Trumpxloteriasuma entrevista ao apresentadorxloteriasrádio conservador Clay Travis.

'Maga'

Lema da campanhaxloteriasDonald Trump desde 2016, Maga é sigla para "Make America Great Again" (Tornar a América Grande Novamente,xloteriastradução livre).

O slogan é amplamente usado por republicanos e apoiadores do ex-presidente americano.

A frase é estampadaxloteriasitens como camisetas e principalmentexloteriasbonés vermelhos, vistosxloteriasgrande número durante os comíciosxloteriasTrump.

Originalmente usada por Ronald Reagan como slogan emxloteriascampanha presidencialxloterias1980 ("Let's Make America Great Again" - Vamos Tornar a América Grande Novamente), a releitura da frase teve rápida adesão entre os apoiadoresxloteriasTrump.

"É emocional, simples,xloteriasfácil entendimento e oferece a possibilidadexloteriasparticipação", avalia o especialistaxloteriasmarketing Ben Ostrower,xloteriasentrevista à BBC.

"Independentemente daxloteriasopinião sobre Donald Trump, ele é um grande vendedor. E é um mérito do Maga ser um divisorxloteriaságuas tão forte."

O professor Lucas Leite relembra que, quando Ronald Reagan propôs tornar a América grande novamente, ele tentava resgatar o orgulho nacional, mostrando que os Estados Unidos poderiam voltar a ser uma potência.

"No entanto, devemos questionar: grandezaxloteriasrelação a quê? A que período? Para quem?", pondera Leite.

O professor avalia que o lema Maga foi instrumentalizado naquele contexto e, atualmente, faz partexloteriasum discurso frequentemente associado a supremacistas brancos, que defendem a ideiaxloteriasum americano "verdadeiro", anglo-saxão, protestante e branco.

"Essa identidade representava a grandeza dos Estados Unidos e foi diluída por minorias e imigrantes. O Maga, portanto, tem essa capacidadexloteriascriar uma identidade forte e facilitar a comunicação e a identificação com a figuraxloteriasTrump", diz Leite.

Silvio Waisbord acrescenta que o Partido Republicano e Trump "buscam representar essa posição anti-elitista, muito populista, defendendo a noção mítica da pessoa comum".

Mas, como aponta Waisbord, o lema não é usado pelos democratasxloteriasuma forma crítica, com um tom pejorativo como o termo woke.

"Biden e Kamala estão tentando evitar qualquer referência negativa à base principal do Partido Republicano agora, que é basicamente a classe trabalhadora branca sem educação formal, porque isso já teve um efeito negativo no passado."