Guaracy Silveira: quem foi o 1° deputado evangélico do Brasil, que era contra religião na escola e Deus na Constituição:tv bet apostas

Também não queria mencionar Deus na nova Constituição e, eleito por um partido socialista, saiutv bet apostasdefesa dos trabalhadores.

Mas defendeu sobretudo que os protestantes poderiam e deveriam se envolver na política.

"Ele pregava uma Igreja que atuatv bet apostasfavor da populaçãotv bet apostasgeral e nãotv bet apostascausa própria, que não tenta impor seus valores na sociedade, mas garantir o bem público", diz Cilas Ferraztv bet apostasOliveira, autortv bet apostasGuaracy Silveira: um protestante na política (Novos Diálogos, 2013).

Oliveira é pastor metodista, mestretv bet apostasCiências da Religião e doutortv bet apostasEducação — e pesquisou sobre a vida política e religiosa do primeiro nome protestantetv bet apostaspeso na cena política nacional brasileira.

É importante fazer a ressalvatv bet apostasque ao menos outros dois fazendeiros protestantes já tinham sido eleitos antestv bet apostasGuaracy Silveira. "Ainda na Primeira República", explica Oliveira.

Mas com o pastor foi diferente. Ele foi um candidato da igreja. Sua base eleitoral eram os protestantes, e ele chegou à Constituinte para defender os interesses dos crentes do país, que na época eram uma pequena minoria.

A Igreja Católica estava se mobilizando para eleger deputados e inscrever seus valores e interesses na nova Carta, e os evangélicos tentaram fazer o mesmo.

"Havia uma desconfiança dos evangélicostv bet apostasque o catolicismo estava se organizando para recuperar espaços perdidos com a Proclamação da República", diz Oliveira.

A Constituiçãotv bet apostas1891 havia decretado o Estado laico e impedido o ensino religioso nas escolas públicas.

A Constituiçãotv bet apostas1934 foi vista pelos católicos como uma oportunidadetv bet apostaseles voltarem às salastv bet apostasaula.

Guaracy Silveira e outros deputados sabiam que as aulastv bet apostasreligião seriam na verdade aulastv bet apostascatolicismo.

O pastor, único protestante da Constituinte, tentou mudar o artigo sobre o assunto e articulou com os parlamentares socialistas, liberais e maçons, mas acabou derrotado.

A Cartatv bet apostas1934 autorizou o ensino religioso nas escolas públicas, mas disse que ninguém seria obrigado a assistir às aulas.

Para Guaracy Silveira, isso seria uma "uma formatv bet apostasopressão à consciência das crianças".

Ele também não conseguiu impedir que colocassem Deus na Constituição.

O texto final dizia: "Nós, os representantes do povo brasileiro, pondo a nossa confiançatv bet apostasDeus, reunidostv bet apostasAssembléia Nacional Constituinte para organizar um regime democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico, decretamos e promulgamos a seguinte Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil".

O pastor foi contra o requerimento que pediu para incluir esse trecho por achar "perfeitamente desnecessária qualquer declaração da confiança íntimatv bet apostasDeus".

"A confiançatv bet apostasDeus é uma questão íntima e somente o próprio Deus sabe se os que elaboraram a Constituição confiaram ou não confiaram n'Ele", disse na época.

"Ele não era contra a gratidão a Deus, mas à menção a Deus", explica Cilas Oliveira.

"Ele defendia a separação entre a Igreja e o Estado e entendia quetv bet apostastoda aquela discussão estavam envolvidas pessoas que não acreditavamtv bet apostasDeus, tinham outras religiões, então, a Constituição não deveria falartv bet apostasDeus, como se Deus estivesse assinando embaixo."

Também falava que era muito bem casado, mas era a favor do divórcio. "Ele dizia que a proibição muitas vezes levava a um divórcio a bala, com o assassinato da mulher", diz Oliveira.

Vida política intensa dentro e fora da Igreja

Guaracy Silveira dizia ser descendentetv bet apostasbandeirantes e liberais. Mas não eratv bet apostasuma família especialmente religiosa.

O pai era fazendeiro no interiortv bet apostasSão Paulo, e a mãe, dona-de-casa.

O dinheiro da família foi embora com a derrocada do café quando o pastor ainda era criança. Ele paroutv bet apostasestudar cedo por faltatv bet apostasdinheiro e foi trabalhar.

Trabalhoutv bet apostasuma empresa telefônica e uma padaria. Foi ajudantetv bet apostasescritório, lavadortv bet apostasvidros e práticotv bet apostasfarmácia.

Só voltou para a escola no final da adolescência, quando entrou para o seminário. Foi ser padre para conseguir terminar os estudos.

Ele contava que tinha se decepcionado com a Igreja Católica e por isso havia decidido abandonar a carreira eclesiástica.

Guaracy Silveira entrou pouco depois para a Igreja Metodista e, alguns anos depois, havia se tornado uma das suas principais lideranças.

O pastor teve uma vida política intensa dentro e fora da igreja.

Dentro da igreja, trabalhou pela autonomia dos metodistas brasileirostv bet apostasrelação aos Estados Unidos,tv bet apostasonde tinham vindo parte dos missionários que trouxeram essa igreja para cá.

A autonomia foi conseguidatv bet apostas1930. Ele se aposentou como pastor sete anos depois. Também trabalhou como editor da revista Expositor Cristão.

Fora da igreja, ele foi membro não só da Constituintetv bet apostas1934, mas também atv bet apostas1946, promulgada depois da queda do Estado Novo.

Foi deputado federal na primeira legislatura da redemocratização, até 1951.

Ainda na primeira Constituinte, ele foi expulso do Partido Socialista Brasileiro pela ala marxista da legenda, com quem compartilhava a luta por direitos trabalhistas mas não os ideais liberais.

Na segunda Constituinte, elegeu-se pelo Partido Trabalhista Brasileiro. Depois, criou e presidiu o Partido Republicano Trabalhista.

O pastor Cilas Oliveira diz que Guaracy Silveira defendia que os crentes podiam fazer política e ajudar a determinar os rumos da sociedade.

"Ele não concordava com quem falava que não participar da política era uma formatv bet apostasmanter a Igreja pura, porque ele dizia que isso aconteciatv bet apostasqualquer forma, por debaixo dos panos. Ele defendia que era melhor fazer isso com clareza e honestidade", diz Oliveira.

Ao mesmo tempo, defendia a laicidade. "Ele acreditava que o Estado não pode servir a uma religião, e o Estado não tem que mandar na Igreja. Que os religiosos podem se envolver na política, mas sem importv bet apostasreligiosidade a quem quer que seja."

Também sabia que isso era importante para garantir a liberdade do exercíciotv bet apostasoutras fés como atv bet apostasem um paístv bet apostasmaioria católica.

Guaracy Silveira morreutv bet apostas1953, aos 60 anos. Deixou uma mulher, cinco filhos e dois romances escritos.

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