Como líderes evangélicos usam redes para apoiar ato pró-Bolsonaro:site para apostas esportivas

Os evangélicos, que segundo pesquisas recentes compõem cercasite para apostas esportivas30% da população brasileira, representam um grupo significativo para Bolsonaro. Uma pesquisa Datafolhasite para apostas esportivasmaio deste ano apontou que 24% da populaçãosite para apostas esportivasgeral considera o governo ótimo ou bom. Já apenas entre a população evangélica, esse número é maior: corresponde a 33%.

Em 2018, a pesquisa Datafolha na véspera do segundo turno projetou que setesite para apostas esportivascada 10 eleitores evangélicos votariamsite para apostas esportivasBolsonaro contra o petista Fernando Haddad.

Em maio deste ano, a pesquisa Datafolha ilustrou um cenário diferentesite para apostas esportivas2018 entre o bolsonarismo e as igrejas evangélicas. O levantamento mostrou que 35% dos evangélicos escolheriam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvasite para apostas esportivasum primeiro turno. Já Bolsonaro teria 34% dessa população. Conforme a pesquisa, cada candidato tem 45% das intençõessite para apostas esportivasvoto desses religiosossite para apostas esportivasum eventual segundo turno entre os dois.

"Existe um desembarque das forçassite para apostas esportivastorno do bolsonarismo. Cada vez mais, o Bolsonaro está restrito ao que chamamossite para apostas esportivasbolsonarismo raiz, grupo do qual os evangélicos fazem parte", aponta Vinícius do Valle, doutorsite para apostas esportivasciência política pela Universidadesite para apostas esportivasSão Paulo (USP).

"Mas os evangélicos representam um grupo muito heterogêneo no Brasil. Nas eleiçõessite para apostas esportivas2018, o Bolsonaro conseguiu certa hegemonia entre os evangélicos e manteve isso por muito tempo, mas hoje estásite para apostas esportivascrise. Hoje a gente não vê a quantidadesite para apostas esportivaspastores defendendo o Bolsonaro como antes da pandemia", acrescenta Valle, que há uma década estuda a relação entre política e as igrejas evangélicas.

No meio evangélico, há pastores que se manifestaram contra a presençasite para apostas esportivasfiéis na manifestaçãosite para apostas esportivassetesite para apostas esportivassetembro.

"Todo esse movimento tem por finalidade ameaçar as instituições do nosso país. Essas pessoas defendem o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal), essas pessoas defendem o fechamento do Congresso Nacional. Logo, essas pessoas agem contra a democracia, contra o estado democráticosite para apostas esportivasdireito", declara o pastor Rodrigo Coelho, do Riosite para apostas esportivasJaneiro,site para apostas esportivasum vídeo compartilhado nas redes sociais.

'Em todo o Brasil vai ter evangélico na rua'

Os líderes religiosos estão organizando, segundo o pastor Malafaia, meiossite para apostas esportivastransporte para os fiéis, bandeiras e faixas para participaremsite para apostas esportivasatossite para apostas esportivasSão Paulo, Brasília ousite para apostas esportivasoutras cidades pelo país.

"Isso vai sersite para apostas esportivastodo o Brasil. Em todo o Brasil vai ter evangélico na rua. Não é sósite para apostas esportivasSão Paulo e no Riosite para apostas esportivasJaneiro. Vai ter caravanasite para apostas esportivastudo quanto é jeito no Brasil", afirma Malafaia.

"Aqui no Riosite para apostas esportivasJaneiro, estamos colocando um trio elétrico gigante. Mas isso não tem nomesite para apostas esportivasigreja, porque igreja é acima disso. Nós, cidadãos, é que somos evangélicos, então não vai ter nomesite para apostas esportivasigreja nenhuma", completa o pastor.

Malafaia argumenta que a convocação dos fiéis para os atos é fundamental porque, segundo ele, atualmente a liberdadesite para apostas esportivasexpressão estásite para apostas esportivasjogo no país.

"Estamos vendo o STF rasgar a Constituição, uma das coisas mais vergonhosas, e com a conivência da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), da ABI (Associação Brasileirasite para apostas esportivasImprensa) esite para apostas esportivasgrande parte da mídia", declara.

O "ataque à Constituição Federal" ao qual Malafaia e outros líderes evangélicos utilizam como argumento para a convocação aos atos é referente a decisões recentes do STF, que incomodaram Bolsonaro e seus aliados.

Entre essas decisões estão medidas como uma determinação do ministro do STF Alexandre Moraes, no iníciosite para apostas esportivasagosto, para incluir o presidente Jair Bolsonaro entre os investigados no inquérito sobre divulgaçãosite para apostas esportivasinformações falsas.

Outro ponto criticado por religiosos bolsonaristas são as investigações da Polícia Federal sobre ataquessite para apostas esportivas"milícias digitais". Segundo as apurações, são atos feitos para desestabilizar instituições como o STF e atentar contra a democracia. Em meadossite para apostas esportivasagosto, o ex-deputado Roberto Jefferson foi preso após as investigações apontarem que ele é parte do núcleo político desse grupo.

Apesarsite para apostas esportivasmuitos pastores não citarem o presidente nas convocações dos fiéis nas redes sociais para os atos, o discurso desses líderes religiosos é totalmente alinhado aosite para apostas esportivasBolsonaro. Outra pauta que eles defendem, a favor do presidente, é o voto impresso, derrotado na Câmara dos Deputados.

"Claro que sabemos que também é (ato)site para apostas esportivasapoio ao presidente. É evidente", afirma Malafaia.

"A igreja não apoia ninguém. Nós, evangélicos, apoiamos. Nós, evangélicos, não vamos participarsite para apostas esportivasatosite para apostas esportivaspartido político. Mas (ato)site para apostas esportivasapoio ao presidente, vamos participar. Não tenha dúvida nenhuma", acrescenta o pastor.

Malafaia destaca que uma das maiores movimentações entre evangélicossite para apostas esportivassetesite para apostas esportivassetembro deve ocorrersite para apostas esportivasManaus (AM). O pastor afirma que os evangélicos da região esperam que 500 mil pessoas saiam às ruas da capital amazonense na manifestação pró-Bolsonaro.

O pastor Renê Terra Nova,site para apostas esportivasManaus, também tem feito diversas publicaçõessite para apostas esportivassuas redes sociais para convocar os fiéis para o ato na terça-feira.

Terra Nova afirma que está apoiando o Brasil, mas diz que no atual contexto isso significa que precisa estar ao ladosite para apostas esportivasBolsonaro.

"No atual cenário, o governo Bolsonaro está lutando pelo país, e esse é o sonhosite para apostas esportivasqualquer cidadão sério. O Governo Bolsonaro está com nosso apoio, mas não estamos indo às ruas por causasite para apostas esportivasuma pessoa, mas por causa da plataforma que defendemos - Deus, Pátria e Família, e a nossa liberdade", diz Terra Nova à BBC News Brasil.

Para convencer os fiéis, o discurso dos líderes costuma ser extremo, como osite para apostas esportivasMunguba Júnior que afirma que aqueles que não participarem do ato querem ser escravizados.

"Quando falo sobre uma possível escravidão, estamos defendendo a liberdade do povo. Vamos fazer oração no local (do ato) pedindo para que Deus nos livre do comunismo. Se o comunismo for implantado, seguramente a liberdade vai embora", diz Munguba à BBC News Brasil.

A "ameaça comunista", segundo o pastor, se tornará real se um partidosite para apostas esportivasesquerda como o PT for eleito para governar o país. Esse argumento é utilizado por religiosos bolsonaristas para reforçar a ideiasite para apostas esportivasque a participação nos atos é uma espéciesite para apostas esportivas"luta do bem contra o mal".

Munguba, que ésite para apostas esportivasFortaleza (CE), afirma que o vídeo que publicou para convocar para os atos vale para todo o país, pois argumenta quesite para apostas esportivasigreja, Seven Church, é acompanhada por fiéissite para apostas esportivasdiferentes regiões do Brasil.

'Somos cristãos, mas não defendemos o que essas pessoas defendem'

As convocaçõessite para apostas esportivasMalafaia e seus aliados incomodaram pastores que compõem o Movimento Resistência Reformada, um gruposite para apostas esportivaslideranças evangélicas que se opõe às medidassite para apostas esportivasBolsonaro.

"Somos cristãos, mas não defendemos o que essas pessoas defendem, por isso nos posicionamos. Não queremos,site para apostas esportivasforma alguma, que o Brasil se torne uma teocracia, que é o que essas lideranças almejam. Isso tudo é lamentável", declara o pastor Rodrigo Coelho, líder do Resistência Reformada.

Quando notaram o crescente apelosite para apostas esportivaslíderes como Malafaia para que os fiéis participassem das manifestações, os membros do movimento, cercasite para apostas esportivas100 líderes religiosos no Brasil e alguns do exterior, publicaram um vídeo contrário a isso.

"Você, nesse lugar, é tão somente massasite para apostas esportivasmanobra, tão somente uma pessoa sendo manipulada (por pastores bolsonaristas) para que essas pessoas possam permanecer no poder e permanecer com os seus privilégios. Não se permita isso. Não se permita ser cooptado por essa gente", diz Coelho,site para apostas esportivastrechosite para apostas esportivasvídeo compartilhado por ele nas redes sociais.

O pastor argumenta que o principal objetivo do Movimento Resistência Reformada é defender os direitos humanos e se posicionar contra os "desmandos do Bolsonaro" esite para apostas esportivasseus aliados.

"O movimento nasce no contexto do governo Bolsonaro, mas vai além dele, porque a gente crê que o governo Bolsonaro vai passar. Decidimos nos posicionar (contra o atosite para apostas esportivassetesite para apostas esportivassetembro) porque é um absurdo o que acontece no Brasil, sobretudo o apoiosite para apostas esportivasparte da igreja evangélica", declara Coelho.

"O Silas já apoiou toda a classe política,site para apostas esportivasdireita ou esquerda, e me parece fazer qualquer coisa para estar no poder e ter privilégiossite para apostas esportivasquem transita no Palácio (do Planalto). Mas na verdade, a gente entende que lugarsite para apostas esportivasprofeta é fora do Palácio, denunciando quem faz coisa errada", completa.

Os vídeossite para apostas esportivasreligiosos convocando para os atos alcançaram maissite para apostas esportivasum milhãosite para apostas esportivasvisualizações nas diferentes redes sociais. Coelho não tem dados exatos sobre o alcance do vídeo feito por ele contra os chamados para esses atos, mas admite que a visualização foi muito menor.

"A gente faz issosite para apostas esportivasforma orgânica, enquanto esse pessoal (como Malafaia) patrocina os posts. Esse pessoal está desesperado porque o governo, a cada dia mais, enfrenta momentos ruins", declara.

"Porém, estamos satisfeitossite para apostas esportivassaber que chegamossite para apostas esportivasvários lugares com o nosso vídeo. Várias pessoas do Brasil têm entradosite para apostas esportivascontato para manifestar apoio. Isso prova que nas igrejas evangélicas há pessoas que não estão alinhadas a essas lideranças religiosas e a esse governo", completa o pastor.

Evangélicos e Bolsonaro

O racha entre evangélicos sobre o apoio a Bolsonaro não abala aqueles que têm convocado os atos a favor do presidente.

Pastores ligados ao presidente afirmam que o apoio ao governo seguesite para apostas esportivasalta entre esses religiosos. Malafaia diz, apenas com basesite para apostas esportivasexperiência própria, que cercasite para apostas esportivas80% dos evangélicos apoiam Bolsonaro.

"Conheço o mundo evangélico. Isso é uma piada (as pesquisas que indicam queda no apoio ao presidente entre os evangélicos). Tenho acompanhado o Bolsonarosite para apostas esportivasvários lugares. No mínimo, uns 50% das pessoas que estãosite para apostas esportivasaeroportos e nos lugaressite para apostas esportivasque o presidente está são evangélicos", declara Malafaia.

Especialistas ressaltam que a retóricasite para apostas esportivasBolsonarosite para apostas esportivasser perseguido injustamente enquanto tenta combater um mal maior, que seria a esquerda ou uma "constante ameaça comunista", vai no sentido do que as igrejas evangélicas pregam entre os fiéis da luta do bem contra o mal.

No atual cenário, segundo o cientista político Vinícius do Valle, o presidente tenta resgatar o discursosite para apostas esportivasque se trata do bem contra o mal no Brasil para tentar reunir o maior númerosite para apostas esportivasapoiadores. "Ele diz que os bolsonaristas podem salvar o presidente do mal se forem contra o STF", diz o especialista.

"Os evangélicos surgem como uma das poucas forças que permanecem fiéis ao presidente, como os militares e muitos ruralistas, ainda quesite para apostas esportivasforma reduzida atualmente", acrescenta Valle.

O especialista ressalta que as inúmeras convocaçõessite para apostas esportivaslíderes religiosos não significam a garantiasite para apostas esportivaspresença massiva dos evangélicos nos atossite para apostas esportivassetesite para apostas esportivassetembro.

"Os evangélicos não seguem à risca os posicionamentos dos pastores. Além disso, dentro da própria igreja há diferentes lideranças, que nem sempre seguem o mesmo posicionamento. O pastor que fala diretamente com o público nem sempre tem o mesmo discurso do pastor que é presidente da igreja", afirma Valle.

Além disso, fatores como a alta do desemprego, a crise econômica e o aumento dos preçossite para apostas esportivasitens básicos têm feito, conforme os especialistas, com que muitos evangélicos abandonem o bolsonarismo.

O cientista Felipe Nunes, da Quaest, empresasite para apostas esportivasinteligênciasite para apostas esportivasdados, afirma que o eleitor brasileiro é mais pragmático do que ideológico. "O brasileiro avalia o seu bem-estar. No atual momento, com a qualidadesite para apostas esportivasvida caindo, com o aumento da inflação, faltasite para apostas esportivascrescimento econômico e a percepçãosite para apostas esportivasque as coisas não vão melhorar, isso tudo recai sobre a imagem do presidente", diz à BBC News Brasil.

Em razão disso, segundo ele, uma parcela dos mais pobres entre os evangélicos começou a se afastar do presidente. "Um resultado econômico ruim leva os evangélicos mais pobres a sofrer na carne com tudo o que está acontecendo e colocam na conta do presidente", explica Nunes.

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