Bolsonaro tem mais chance que Trumpgrupo de sinais f12 betpôr eleiçãogrupo de sinais f12 betxeque, diz especialistagrupo de sinais f12 betextrema-direita:grupo de sinais f12 bet

Bolsonaro e Trump

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Para Benjamin Teitelbaum, especialistagrupo de sinais f12 betmovimentos nacionalistas contemporâneos, ambiente atual no Brasil e características históricas tornam contestação do sistema eleitoral por Bolsonaro uma ameaça real à democracia

"Acho que os dois (Bolsonaro e Trump) tinham o objetivogrupo de sinais f12 betcriar oportunidadesgrupo de sinais f12 betmanobra diantegrupo de sinais f12 betum eventual resultado eleitoral desfavorável. Mas, no casogrupo de sinais f12 betTrump, sinto que ele estava improvisando, não tinha um plano claro", disse. "No casogrupo de sinais f12 betBolsonaro, há uma tentativa mais séria e sinceragrupo de sinais f12 betgerar um climagrupo de sinais f12 betdesconfiança na população. O que ele está fazendo não é tentar encontrar uma abertura legal para rejeitar um resultado eleitoral, mas sim criar um ambiente político, uma abertura política."

Especialista na extrema-direita e estudiosogrupo de sinais f12 betmovimentos populistas e nacionalistas contemporâneos, Teitelbaum avalia que a ideiagrupo de sinais f12 betBolsonaro é preparar terreno e fomentar apoio popular para,grupo de sinais f12 bet2022, colocargrupo de sinais f12 betxeque o resultado da eleição se for derrotado.

Benjamin Teitelbaum

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Benjamin Teitelbaum estudou o pensamento políticogrupo de sinais f12 betSteve Bannon

"Acho que ninguém gostagrupo de sinais f12 betdizer que está dando um golpe, ainda mais alguém que já está no poder. Mas sim. Trata-segrupo de sinais f12 betuma formagrupo de sinais f12 betcriar oportunidades políticas para rejeitar o resultadogrupo de sinais f12 betuma votação", disse à BBC News Brasil.

Segundo o professor americano, três características tornam o Brasil mais suscetível que os Estados Unidos à estratégia usada por Trump e por Bolsonarogrupo de sinais f12 betespalhar, sem provas, a ideiagrupo de sinais f12 betfraudes nas eleições: o fatogrupo de sinais f12 betser uma democracia mais recente; a postura ambígua das Forças Armadas; e a existênciagrupo de sinais f12 bet"ambiente" para que autoridades e apoiadores do presidente defendam abertamente regimes e ideias antidemocráticas, como o fechamento do Supremo.

"Os Estados Unidos não têm essa história recentegrupo de sinais f12 betmobilização dos militares na política doméstica. Esse passado recentegrupo de sinais f12 betditadura militar pode produzir mais tensão no caso brasileiro. A resposta pode ser maior vigilância por parte dos brasileiros ou, pelo contrário, maior receptividade a uma intervenção militar", disse Teitelbaum.

A BBC News Brasil entrougrupo de sinais f12 betcontato com a assessoriagrupo de sinais f12 betimprensa do Palácio do Planalto para comentar as declaraçõesgrupo de sinais f12 betTeitelbaum, que não respondeu até a publicação desta reportagem.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - Que semelhanças ou diferenças existem entre a contestaçãogrupo de sinais f12 betTrump ao resultado da eleição presidencial dos Estados Unidos e os ataquesgrupo de sinais f12 betBolsonaro ao sistema eleitoral do Brasil?

grupo de sinais f12 bet Benjamin Teitelbaum - À primeira vista, parece ser uma situação análoga,grupo de sinais f12 betque você tem um líder estruturando o palco, plantando a semente da dúvida sobre uma eleição que parece cada vez mais desfavorável para ele, se levarmosgrupo de sinais f12 betconsideração as pesquisasgrupo de sinais f12 betopinião. Trump certamente estava na mesma situação. No entanto, o que mais me chama a atenção são as diferenças entre as duas situações. No caso do Brasil, estamos lidando com uma democracia mais jovem e, ao mesmo tempo, com um processo eleitoral que é melhor que o dos Estados Unidos. Você tem mais pessoas votando e você conta os votos muito mais rapidamente. Então, há marcadores democráticos que apontam o Brasil como um caso menos problemático quanto ao riscogrupo de sinais f12 betfraude eleitoral.

Então, temos uma democracia mais jovem, um robusto padrãogrupo de sinais f12 betparticipação democrática e temos um líder que tem falado sobre golpes e tomadagrupo de sinais f12 betpoder por militares há muito tempo e que transformougrupo de sinais f12 bethábito celebrar a ditadura militar e lançar dúvidas ao processo eleitoral. Donald Trump, quando ele começou a semear dúvidas sobre o processo democrático, não era como se isso fosse uma parte dagrupo de sinais f12 betpersona por décadas, como foi para Bolsonaro. Então, há uma diferença na auragrupo de sinais f12 betseriedade e intencionalidade no casogrupo de sinais f12 betBolsonaro, que não se tinha com Trump.

Protesto contra urna eletrônica no Riogrupo de sinais f12 betJaneiro

Crédito, EPA

Legenda da foto, Bolsonaro tem fomentado manifestaçõesgrupo de sinais f12 betrua a favor do voto impresso e divulgado vídeos falsos sobre fraudes nas eleições

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - O objetivo finalgrupo de sinais f12 betTrump e Bolsonaro era o mesmogrupo de sinais f12 betlançar dúvidas sobre o processo eleitoral?

grupo de sinais f12 bet Teitelbaum - Acho que os dois tinham o objetivogrupo de sinais f12 betcriar oportunidadesgrupo de sinais f12 betmanobra diantegrupo de sinais f12 betum eventual resultado eleitoral desfavorável. Essa é uma forma gentilgrupo de sinais f12 betdizer que eles estavam criando espaço para rejeitar o resultado eleitoral. Mas eu sinto que, no casogrupo de sinais f12 betTrump, ele estava improvisando. Não me parece que ele tivesse um plano ou visão clarosgrupo de sinais f12 betcomo as coisas ficariam se ele tivesse conseguido ampla desconfiança no resultado eleitoral. Ele conseguiugrupo de sinais f12 betparte isso na invasão do Capitólio,grupo de sinais f12 bet6grupo de sinais f12 betjaneiro. Mas, por mais dramático que tenha sido esse episódio, ele foi um caminho sem volta para Trump. Ele não tinha plano, ele não tinha uma estratégia legal para fazer isso (se manter no poder).

No casogrupo de sinais f12 betBolsonaro, os anosgrupo de sinais f12 betelogios dele ao golpe militar e o fatogrupo de sinais f12 beta democracia brasileira ser relativamente jovem dão um significado diferente para a estratégiagrupo de sinais f12 betsemear dúvidas sobre o processo eleitoral. Há uma seriedade maior nisso. Me parece que é algo mais pensado da partegrupo de sinais f12 betBolsonaro. E é mais plausível pensar que um líder brasileiro encontre uma maneira de, numa democracia relativamente jovem, rejeitar o resultado eleitoral.

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - Então, nagrupo de sinais f12 betavaliação, seria plausível pensar que Bolsonaro está preparando terreno para se opor ao resultado eleitoral ano que vem, promovendo algum tipogrupo de sinais f12 betgolpe? Ou esse seria um termo forte demais?

grupo de sinais f12 bet Teitelbaum - Ele está tornando isso mais provável. Acho que ninguém gostagrupo de sinais f12 betdizer que está cometendo um golpe, ainda mais alguém que já está no poder. Por isso que o termo parece estranho. Mas sim. Trata-segrupo de sinais f12 betuma formagrupo de sinais f12 betcriar oportunidades políticas para rejeitar o resultadogrupo de sinais f12 betuma votação.

Invasão do Capitólio nos EUA

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Nos EUA, climagrupo de sinais f12 betdesconfiançagrupo de sinais f12 betrelação à eleição, fomentado por Trump, instigou invasão do Capitólio, mas houve forte reação das instituições depois disso e crítica contundente das Forças Armadas ao episódio

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - Falta maisgrupo de sinais f12 betum ano para a eleição presidencial no Brasil. Quais os possíveis motivos para iniciar com antecedência essa mobilização contra o processo eleitoral eletrônico?

grupo de sinais f12 bet Teitelbaum - Isso mostra que, no casogrupo de sinais f12 betBolsonaro, há uma tentativa mais séria e sinceragrupo de sinais f12 betgerar um climagrupo de sinais f12 betdesconfiança na população. O que ele está fazendo não é tentar encontrar uma abertura legal para rejeitar um resultado eleitoral negativo, mas sim criar um ambiente político, uma abertura política.

Se você tem uma porção grande da população que não ratifica a legitimidadegrupo de sinais f12 betum processo democrático, isso é um problema. Você pode alcançar um pontogrupo de sinais f12 betque não importa que eles estejam errados. Democracia exige confiança por parte da população. Se 40% da população rejeitar a legitimidadegrupo de sinais f12 betum governo ougrupo de sinais f12 betuma eleição, isso cria oportunidades para o perdedor da eleição manobrar e recobrar o poder. Não sei exatamente como ele faria isso, mas trata-segrupo de sinais f12 betuma formagrupo de sinais f12 betcriar oportunidades políticas.

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - Com relação aos eleitores americanos e brasileiros, há diferenças no clima ou no discurso dos apoiadoresgrupo de sinais f12 betBolsonaro que tornariam mais provável um desfecho favorável ao presidente brasileiro que o obtido por Trump?

grupo de sinais f12 bet Teitelbaum - Uma coisa interessante nos Estados Unidos é que, mesmo quando a eleição estava sendo contestada, os próprios adeptos dessa ideia diziam que estavam fazendo isso para garantir a democracia, o voto justo. Não queriam dispensar a democracia. No casogrupo de sinais f12 betBolsonaro, ele não defende o valor democracia ao criticar o modelo atualgrupo de sinais f12 betdemocracia moderna. Ele diz, 'queremos uma votação híbrida, com votogrupo de sinais f12 betpapel e eletrônico'. Esse não é o problemagrupo de sinais f12 betsi.

Mas temos outras declarações dele defendendo outras formasgrupo de sinais f12 betgoverno ou o regime militar. E isso mostra que, alémgrupo de sinais f12 betnão estar comprometido com a democracia liberal, ele não se sente pressionado a se apresentar como a verdadeira versão da democracia liberal, mas como uma alternativa à democracia liberal.

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - Mas nos Estados Unidos, não havia por partegrupo de sinais f12 betadeptosgrupo de sinais f12 betTrump e do próprio presidente rejeição a valores democráticos?

grupo de sinais f12 bet Teitelbaum - Com certeza havia algum tolo que dizia que houve fraude na eleição e que os militares deveriam atuar para corrigir isso. E Trump pode até ter flertado com a ideia, mas essa não era,grupo de sinais f12 betmaneira alguma, parte representativa da conversa. O discurso prevalente era: 'Achamos que essa votação foi incorreta e queremos uma nova votação'. Eles se vendiam como pessoas lutando pela integridade e legitimidade da democracia. Se queremos dar a eles o benefício da dúvida, pelo menos, eles se sentiam pressionados a se afirmar como defensores da democracia.

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - Isso quer dizer que a democracia brasileira está mais sob ameaça com as atitudes do presidente Bolsonaro que a democracia americana esteve sob Trump, quando houve contestação das eleições?

grupo de sinais f12 bet Teitelbaum - Sim. Isso tem a ver com consenso. Olavogrupo de sinais f12 betCarvalho mesmo escreveu que democracia é sobre administrar discordâncias, é sobre ter uma sériegrupo de sinais f12 betconsentimentosgrupo de sinais f12 betbase. Quando essa fundação começa a ruir, o fatogrupo de sinais f12 betnão vermos isso acontecer nos Estados Unidos… O fatogrupo de sinais f12 betnão vermos ruir um comprometimento ideológico com a democracia ou uma democracia republicana cair, isso era tranquilizador. Mas esse não é o caso no Brasil.

O legado e comprometimento com a democracia é mais recente no Brasil e menos sedimentado. Falamosgrupo de sinais f12 bethegemonia quando uma ideia é entendida como senso comum, como estando para alémgrupo de sinais f12 betpreferências políticas. Em muitas democracias modernas, a democracia goza dessa hegemonia, não questionamos a validade dela, mesmo se odiamos o governo atual. Se isso começa a se tornar condicional, se dizemos que gostamos da democracia apenas nessa ou naquela circunstância, entramosgrupo de sinais f12 betterreno diferente.

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - grupo de sinais f12 bet De que maneiras Trump pode ter influenciado ou inspirado Bolsonaro, mesmo não tendo sido bem-sucedidogrupo de sinais f12 betcontestar a eleição americana?

grupo de sinais f12 bet Teitelbaum - Uma conclusão pode ser agrupo de sinais f12 betque Trump não pressionou o suficiente, não se preparou o suficiente ou não preparou terreno a tempo para que a contestação da eleição fosse bem-sucedida. Portanto, eu preciso começar agora (a semear dúvidas sobre o sistema eleitoral) e pressionar mais fortemente.

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - Que diferenças há na resposta das Forças Armadas americanas e do Brasil às ambiçõesgrupo de sinais f12 betTrump egrupo de sinais f12 betBolsonaro?

grupo de sinais f12 bet Teitelbaum - Os Estados Unidos não têm essa história recentegrupo de sinais f12 betintervenção e participação dos militares na política doméstica. A conclusão não é que os Estados Unidos sejam imunes a isso. Talvez sejamos menos vigilantes. Mas, pelo menos, isso não estágrupo de sinais f12 betpauta, não há conversas sobre possibilidadesgrupo de sinais f12 betintervenção militar na política. Pelo menos, não num nível nacional. Portanto, essa história recentegrupo de sinais f12 betditadura militar pode produzir mais tensão no caso brasileiro. A resposta pode ser maior vigilância por parte dos brasileiros e instituições ou, pelo contrário, maior receptividade a uma intervenção militar.

Manifestação contra urna eletrônica

Crédito, EPA

Legenda da foto, Para Teitelbaum, se o sistema democrático deixargrupo de sinais f12 betser consenso, isso pode abrir caminho para que Bosonaro tenha sucessogrupo de sinais f12 betcontestar eventual derrota eleitoral

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - Quais os possíveis resultados dessa estratégiagrupo de sinais f12 betBolsonaro?

grupo de sinais f12 bet Teitelbaum - Vamos supor que Lula vença. Se uma fatia considerável da população não aceitar o resultado, não acreditar que ele foi legítimo, eu não sei o que isso significa hoje. Podemos olhar para o passado. Em outras democracias jovens, isso gerou conflito militar, insurgência civil, movimentos separatistas… Mas pode também gerar um cenário completamente novo. Não é possível prever o que acontecerá se uma fatia considerável da população decidir que democracia não funciona para eles, e acho que esse vai ser o resultado (no Brasil).

grupo de sinais f12 bet BBC News Brasil - grupo de sinais f12 bet A candidaturagrupo de sinais f12 betLula e a polarização entre o petista e Bolsonaro alimentam essa estratégia do presidente?

grupo de sinais f12 bet Teitelbaum - Sim, essa é minha opinião. De certa maneira, com relação a esse aspecto especificamente, você pode comparar Lula a Hillary Clinton. Você tem uma reação negativagrupo de sinais f12 betparte da sociedade. Há a pessoa perfeita para simbolizar tudo o que essa parcela da população odeia num governo. Lula cumpre bem esse papel. Há atualmente um movimento anti-establishment (antissistema). E Trump e Bolsonaro tiveram sortegrupo de sinais f12 betconcorrerem contra pessoas que personificavam o establishment, o sistema. Não tenho certeza se Trump teria ganhadogrupo de sinais f12 betBernie Sanders quando se elegeugrupo de sinais f12 bet2016, porque Sanders não servia tão bem ao papelgrupo de sinais f12 betpersonificar o sistema, um sistema visto como corrupto. Lula é muito popular e parece capazgrupo de sinais f12 betvencer Bolsonaro. Mas os ingredientes estão lá para que Bolsonaro use Lula como essa figura.

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