Como análises matemáticas afastam hipóteseestrelabet com ptbfraude nas urnas, ao contrário do que diz Bolsonaro:estrelabet com ptb
A argumentação exposta nesse vídeo, porém, é contestada pelo TSE e por especialistasestrelabet com ptbsegurançaestrelabet com ptbdados e estatística ouvidos pela BBC News Brasil. Análises matemáticas produzidas por acadêmicos têm identificado, inclusive, o oposto: que não há evidênciasestrelabet com ptbfraudes nas urnas eletrônicas.
Nessa reportagem, a BBC News Brasil destrincha os argumentos matemáticos que tentam comprovar as supostas fraudes e explica por que os cálculos são inconsistentes na avaliaçãoestrelabet com ptbespecialistas. Você vai entender, por exemplo, como o uso da Leiestrelabet com ptbBenford nessas análises tem sido aplicadaestrelabet com ptbforma controversa para tentar detectar padrões fraudulentos na distribuiçãoestrelabet com ptbvotos nas urnas.
Ao final, a reportagem mostra também como o cientista político Guilherme Russo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aplicou uma metodologia desenvolvida por acadêmicos estrangeiros para analisar a distribuição dos votos nas eleições presidenciaisestrelabet com ptb2014 e 2018 e não encontrou evidênciasestrelabet com ptbfraudes.
Os especialistas ouvidos enfatizam que análises estatísticas não são capazesestrelabet com ptbprovar que houve ou não manipulação nas eleições. Elas servem apenas como pontoestrelabet com ptbpartida para detectar se há algum indícioestrelabet com ptbanormalidade que precise ser melhor investigado.
Bolsonaro tenta provar que houve fraude nas eleições para sustentar a necessidadeestrelabet com ptbalterar a urna eletrônica para incluir um comprovante impresso do voto. Segundo ele, apenas isso permitiria a auditoria do resultado eletrônico.
Já o TSE afirma que a urna eletrônica permite a auditoria dos resultados por meio do Boletimestrelabet com ptbUrna que é impresso ao final da votação na seção eleitoral (o documento possibilita comparar os votos computadosestrelabet com ptbcada urna no sistema eletrônico do TSE com os do respectivo boletim).
Críticosestrelabet com ptbBolsonaro dizem que ele não estáestrelabet com ptbfato preocupado com a segurança da votação e deseja lançar desconfianças sobre o sistema eletrônico para contestar o resultado do pleitoestrelabet com ptb2022 caso não consiga se reeleger.
Entenda a seguir as falhas nas análises matemáticas que vem sendo apresentadas como "provas"estrelabet com ptbfraudes por Bolsonaro e seus apoiadores e como outras aplicações da ciência estatística têm afastado essa hipótese.
Os problemas nos cálculos que tentam provar fraudeestrelabet com ptb2014
"Em 2014, a pessoa que eu vou entrevistar, usando apenas as parciais (da apuraçãoestrelabet com ptbvotos) fornecidas pelo TSE e cálculos matemáticos, descobriu as fraudes nas urnas", afirmou Naomi Yamaguchi ao iniciar o vídeoestrelabet com ptbcercaestrelabet com ptb15 minutosestrelabet com ptbque fala com um homem anônimo que diz ter provasestrelabet com ptbuma suposta ilegalidade na apuração da eleição presidencial.
A imagem do entrevistado não é revelada, sendo possível apenas ouvirestrelabet com ptbvoz enquanto conversa com Yamaguchi.
A análise parteestrelabet com ptbuma premissa falsa: no vídeo, o homem diz ter certeza que a eleição foi fraudada porque o candidato Aécio Neves, no início da apuração, quando um volume ainda pequenoestrelabet com ptburnas tinha sido contabilizado, atingiu um percentualestrelabet com ptbquase 70% dos votos válidos contra cercaestrelabet com ptb30%estrelabet com ptbDilma.
Conforme mais votos foram sendo contabilizados, Dilma inverteu a vantagem, conquistando uma vitória por pequena margem: o placar final da eleição ficouestrelabet com ptb51,64% para a petista contra 48,36% do tucano.
Essa inversão, porém, é explicada pela dinâmica da contagemestrelabet com ptbvotosestrelabet com ptb2014, segundo o TSE. Por causa do horárioestrelabet com ptbverão que era adotadoestrelabet com ptbparte do país naquele ano, zonas eleitoraisestrelabet com ptbestados do Norte e Nordeste fecharam depoisestrelabet com ptbzonas do restante do país.
Dessa forma, a contagem começou com urnasestrelabet com ptbregiões onde Aécio era mais forte (Sul e parte do Sudeste), dando vantagem inicial ao tucano. Quando mais urnas do Norte e Nordeste foram contabilizadas, Dilma virou.
"Isso frustrou o país todo, inclusive a mim. E naquela hora eu tive certezaestrelabet com ptbque as urnas foram fraudadas", disse o anônimo no vídeo, ao comentar a inversão da vantagemestrelabet com ptbAécio ao longo da apuração.
O homem conta então que buscou uma formaestrelabet com ptbprovar a fraude a partirestrelabet com ptbuma análise da evolução da contagemestrelabet com ptbvotos minuto a minuto, divulgada pelo TSE. "Se eu analisar esses números e descobrir um padrão, eu comprovo que esses números foram frutosestrelabet com ptbuma fórmula matemática,estrelabet com ptbum algoritmo", disse.
A partir daí, ele afirmou ter analisado a variação do incrementoestrelabet com ptbvotosestrelabet com ptbDilma e Aécioestrelabet com ptbcada minuto e encontrou um padrão que seria praticamente impossível estatisticamente: por 241 minutos seguidos, os dois candidatos teriam se alternando na liderança da variação do ganhoestrelabet com ptbvotos.
"Aqui nós temos (a alternância) Dilma, Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, Aécio. Quantas vezes, Naomi? 241 vezes Dilma, Aécio (se alternando)", sustentou o entrevistadoestrelabet com ptbYamaguchi.
"Aqui eu encontrei o padrão que eu procurava. E isso aqui não é o resultadoestrelabet com ptbuma eleição natural, aonde se abrem urnasestrelabet com ptbvários pontos do país e você tem minuto a minuto uma variação imprevisível. Aqui, é totalmente previsível. E eu concluo com isso que somente uma fórmula poderia produzir este minuto a minuto que a gente enxergouestrelabet com ptb2014", disse ainda o homem.
Ao analisar os dados brutos da apuração minuto a minuto, a BBC News Brasil não encontrou um padrãoestrelabet com ptbalternância entre os incrementosestrelabet com ptbvotosestrelabet com ptbDilma e Aécioestrelabet com ptb2014 durante os 333 minutos que duraram a contagem.
Os números oficiais do TSE indicam, na verdade, que Aécio liderou sozinho o ganhoestrelabet com ptbvotos nos minutos iniciais. Depois, Dilma apresentou maior incrementoestrelabet com ptbvotos na maior parte do tempo, com o tucano recebendo mais votosestrelabet com ptbalguns momentos pontuais.
O especialistaestrelabet com ptbsegurançaestrelabet com ptbdados Conrado Gouvêa, doutorestrelabet com ptbCiência da Computação pela Universidade Estadualestrelabet com ptbCampinas (Unicamp), também analisou a apuração minuto a minuto e não encontrou um padrãoestrelabet com ptbalternância entre os ganhosestrelabet com ptbvotosestrelabet com ptbDilma e Aécio. Sua análise está detalhadaestrelabet com ptbseu site pessoal.
Gouvêa reproduziu as tabelas divulgadas no vídeoestrelabet com ptbYamaguchi para tentar entender a análise sugerida pelo entrevistado e identificou que foi feito um cálculo errado que tem o resultado práticoestrelabet com ptbnecessariamente levar a alternânciaestrelabet com ptbDilma e Aécio como o vencedor da apuração minuto.
Isso porque,estrelabet com ptbvezestrelabet com ptbanalisar quem ganhou o maior incrementoestrelabet com ptbvotos a cada minuto, o homem anônimo elaborou uma metodologiaestrelabet com ptbque analisou alternadamente o desempenhoestrelabet com ptbcada candidato nos minutos ímpares e pares da apuração.
Ele passou a somar a cada minuto par os votos obtidosestrelabet com ptbtodos os minutos pares anterioresestrelabet com ptbcada candidato. E fez o mesmo para os minutos ímpares. Depois calculou a evolução da proporçãoestrelabet com ptbvotos ímpares e paresestrelabet com ptbcada candidato minuto a minuto.
O problema, afirma Gouvêa, é que com o avançar da apuração a proporçãoestrelabet com ptb"votos pares" e "votos ímpares"estrelabet com ptbcada candidato tende a se estabilizarestrelabet com ptbuma forma que necessariamente um dos candidatos sempre aparece como "vencedor" nas linhas pares e o outro sempre como "vencedor" das ímpares.
Isso explica porque nos 241 minutos finaisestrelabet com ptbapuração, Dilma e Aécio aparecem alternados na análise feita pelo homem anônimo.
"Eu fiz um teste usando o mesmo cálculo aplicado no vídeo,estrelabet com ptbque gerei votos aleatórios para Dilma e Aécio, e o resultado alcançado foi o mesmo: dava uma alternância entre os dois. Se a mesma metodologia for usada nos resultados do resultado da eleiçãoestrelabet com ptb2018, fatalmente haverá uma alternância por muitos minutos entre Bolsonaro e Haddad (candidato do PT derrotado). Isso não é indícioestrelabet com ptbqualquer fraude", disse Gouvêa à BBC News Brasil.
Ele afirma que é difícil saber se o erroestrelabet com ptbcálculo no vídeo apresentado por Yamaguchi foi por desconhecimento do entrevistado ou algo intencional para gerar uma falsa provaestrelabet com ptbfraude.
"Tem duas hipóteses: ou a pessoa realmente achou que estava fazendo uma análise certa e não estava, ou realmente foi má fé. É difícil diferenciar uma coisa da outra, mas a consequência é a mesma: levanta essa acusação (de fraude nas urnas) que não faz sentido, colocaestrelabet com ptbdúvida todo o processo eleitoral e muitas pessoas caem", lamentou.
Uma conversaestrelabet com ptbBolsonaro no inícioestrelabet com ptbjulho com apoiadores na porta do Palácio do Alvorada evidencia que o presidente é um dos que deu crédito a essa análise. "A fraude está no TSE, para não ter dúvida. Isso foi feitoestrelabet com ptb2014", disse na ocasião.
"O minuto a minuto, por 271 vezes consecutivas, dá para imaginar? Dá quatro horas e pouco. Momentos antesestrelabet com ptbas curvas se tocarem, dava: Dilma ganhou, Aécio ganhou, Dilma ganhou, Aécio ganhou, por 271 vezes. É vocês jogarem uma moeda 271 vezes para cima e dar cara, coroa, cara, coroa. Isso deve ser a quantidadeestrelabet com ptbátomos aqui na terra", acrescentou, reproduzindo a tese divulgada no vídeoestrelabet com ptbYamaguchi.
A BBC News Brasil procurou Naomi Yamaguchi por meioestrelabet com ptbsua irmã Nise Yamaguchi. Foram enviadas perguntas por email na segunda-feira (26/7) questionado se ela gostariaestrelabet com ptbresponder às críticas ao seu vídeo, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
O uso controverso da Leiestrelabet com ptbBenford
Outra análise matemática que tem sido usada para questionar a integridade da urna eletrônica é a aplicação da Leiestrelabet com ptbBenford, que é citada na segunda parte do vídeoestrelabet com ptbNaomi Yamaguchi como mais uma evidênciaestrelabet com ptbque a eleiçãoestrelabet com ptb2014 foi fraudada.
Além disso, é usada por Hugo Cesar Hoeschl, ex-procurador da Fazenda Nacional, para sustentarestrelabet com ptbum vídeoestrelabet com ptb2018 que "a probabilidadeestrelabet com ptbfraude na última eleição presidencial brasileira (2014) foiestrelabet com ptb73,14%".
Sua tese é exposta em um textoestrelabet com ptb11 páginas, com explicação superficial da metodologia empregada, e ganhou projeção por meio do veículo conservador Brasil Paralelo, que mantém emestrelabet com ptbpágina do YouTube vídeosestrelabet com ptbque Hoeschl expõe suas conclusões.
A Leiestrelabet com ptbBenford, que leva o nome do físico Frank Benford, estabelece queestrelabet com ptbalguns conjuntosestrelabet com ptbnúmeros, como tamanhosestrelabet com ptbrio ou da populaçãoestrelabet com ptbcidades, o dígito inicial mais comum é o 1 (com 30,1%estrelabet com ptbfrequência), seguido do 2 (17,6%). A frequência dos demais algoritmos como dígito inicial vai caindo sucessivamente também do 3 até o 9, quando éestrelabet com ptbapenas 4,6%.
Ou seja, ao analisar a populaçãoestrelabet com ptbtodas as cidades do Brasil, por exemplo, há bem mais chancesestrelabet com ptbo número começar com o dígito 1 (por exemplo, 100.148 habitantes, ou 13.400 habitantes, etc), do que começar com 8 ou 9.
Essa regra se mostra consistente na análiseestrelabet com ptbvários conjuntos numéricos e é aplicada inclusive para detectar possíveis fraudes financeiras. Porém, segundo estatísticos consultados pela BBC News Brasil, não serve para prever a distribuição do dígito inicialestrelabet com ptbtodo e qualquer conjuntoestrelabet com ptbnúmeros.
Por exemplo, se formos analisar a distribuição da alturaestrelabet com ptbtodos os brasileiros adultos, encontraremos uma frequência inicial do dígito 1 muito maior que 30,1% como sugere a Leiestrelabet com ptbBenford, porque o mais comum é que adultos meçam maisestrelabet com ptbum metro e menosestrelabet com ptbdois.
A Leiestrelabet com ptbBenford, portanto, tende a funcionar quando se está analisando um conjunto abrangenteestrelabet com ptbnúmeros que não tenham uniformidade.
No caso do vídeo da Naomi Yamaguchi, o entrevistado diz que aplicou a Leiestrelabet com ptbBenford para analisar a distribuição do primeiro dígito "nas parciais minuto a minuto fornecidas pelo TSE" da somaestrelabet com ptbvotosestrelabet com ptbDilma e Aécio.
O resultado que ele encontra porém destoa totalmente do previsto na lei porque dá uma baixa frequência para os dígitos iniciais 1, 2, 3 e 4 e mostra como algoritmo mais frequente no primeiro dígito o 5, tanto para os votosestrelabet com ptbDilma como osestrelabet com ptbAécio. E do 6estrelabet com ptbdiante a frequência é próximaestrelabet com ptbzero.
A questão é que ele usou na análise a evolução do acumulado dos votosestrelabet com ptbcada candidato minuto a minuto e, para ambos, a soma dos votos foi subindo gradualmente até atingir o patamarestrelabet com ptbmaisestrelabet com ptb50 milhõesestrelabet com ptbvotos, se estabilizando pouco acima disso.
O resultado final ficouestrelabet com ptb54,5 milhõesestrelabet com ptbvotos para Dilma e 51 milhões para o Aécio, sendo impossível, portanto, que os dígitosestrelabet com ptb6 a 9 aparecerem com frequência relevante.
"O dígito 5 é o mais frequente por um simples motivo: foram 105 milhõesestrelabet com ptbvotos válidos, resultando cercaestrelabet com ptb50 milhõesestrelabet com ptbvotos para candidato. E a apuração foi ficando mais lenta conforme foi avançando (o que é normal), fazendo com que exista um grande númeroestrelabet com ptbparciais na casa dos 50 milhões (primeiro dígito 5), e um número razoável na casa dos 40, 30, 20 e 10 milhões (primeiros dígitos 4, 3, 2, 1). Isso é exatamente o que está ilustrado no gráfico do vídeo (Naomi Yamaguchi)", explicaestrelabet com ptbseu site o especialistaestrelabet com ptbsegurançaestrelabet com ptbdados Conrado Gouvêa.
Essa análise, porém, é tratada no vídeo como grande evidênciaestrelabet com ptbfraude.
"Nós não temos a Leiestrelabet com ptbBenford nas parciais minuto a minuto fornecidas pelo TSE. Isso aqui também tem um embasamento muito forte na Matemáticaestrelabet com ptbque praticamente é impossível você ter um universo naturalestrelabet com ptbnúmeros aonde a maior parte dos números começam com 5. Isso vai totalmente contra a lógica matemática", diz o entrevistado anônimo.
"O Brasil Paralelo fez um estudo esse ano que falou queestrelabet com ptb2014 houve 74%estrelabet com ptbchances das urnas serem fraudadas. Você está nos dando a provaestrelabet com ptbque foi 100%estrelabet com ptbchancesestrelabet com ptbelas terem sido fraudadas", responde Naomi Yamaguchi,estrelabet com ptbreferência às tesesestrelabet com ptbHugo Hoeschl.
A pedido da BBC News brasil, o professor do departamentoestrelabet com ptbEstatística da Universidade Federalestrelabet com ptbSão Carlos (UFSCar) Rafael Stern analisou o textoestrelabet com ptb11 páginas que Hoeschl assina com mais três pessoas (Tania Cristina D'Agostini Bueno, Gilson da Silva Paula e Claudio Tonelli).
Esse artigo diz emestrelabet com ptbconclusão que "a eleição brasileiraestrelabet com ptb2014, sob a ótica da Leiestrelabet com ptbNewcomb Benford, encontra-se reprovada na análiseestrelabet com ptbconformidade, com grauestrelabet com ptbcertezaestrelabet com ptb73,149%".
Para Stern, "faltou rigor científico" ao texto, já que ele não explica detalhadamente a metodologia utilizada e os cálculos feitos. Isso impede que cientistas reproduzam a análise para testarestrelabet com ptbvalidade.
"Parece que é um texto científico, mas não mostra muito bem algumas premissas por trás da análise dele. Eu não saberia replicar exatamente o que ele fez ali. Ele não explica como esse valorestrelabet com ptb73% foi calculado. Para um texto rigoroso científico, está faltando muito", disse o professor.
"A Leiestrelabet com ptbBenford é complicadaestrelabet com ptbum pontoestrelabet com ptbvista estatístico. Tem muitos artigos escritos sobre as condiçõesestrelabet com ptbque essa lei é satisfeita, mas se o cenário eleitoral com o processamento que ele fez estaria dentro ou não da lei eu não sei te dizer porque ele não explica bem como foi aplicada", disse ainda.
O estatístico Carlos Cinelli, doutorando na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, usou a Leiestrelabet com ptbBenford para analisar os resultados da eleiçãoestrelabet com ptb2014 e identificou limitações daestrelabet com ptbaplicação.
Em seu blog pessoal, ele mostrou que a distribuição da frequência do primeiro dígito na quantidadeestrelabet com ptbvotos obtidos por Dilmaestrelabet com ptbcada município apresentou boa correlação com a lei quando aplicada para analisar essa distribuição nacionalmente (ou seja,estrelabet com ptbtodos os municípios do país).
Já quando a análise dos municípios era feita por Estado, foram encontradas discrepâncias grandes com os resultados previstos na leiestrelabet com ptblocais como Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Sul.
Segundo ele, isso não serve como indicativoestrelabet com ptbfraude, porque a variação do primeiro dígito no númeroestrelabet com ptbhabitantes das cidades desses Estados também não segue a Leiestrelabet com ptbBenford.
Como o númeroestrelabet com ptbeleitores (votos) está relacionado ao númeroestrelabet com ptbhabitantes, logo a lei não seria aplicável nesses casos, ele ressaltaestrelabet com ptbseu site: "Deste modo, para o casoestrelabet com ptbquestão, as grandes discrepâncias entre a Leiestrelabet com ptbBenford e o númeroestrelabet com ptbvotosestrelabet com ptbalguns Estados parecem decorrer,estrelabet com ptbgrande medida, do próprio desvio já presente nas distribuições da população e do eleitorado".
À BBC News Brasil, Cinelli explicou que isso provavelmente ocorreu porque o tamanho da população nas cidades desses Estados deve ser mais homogêneo. E a Leiestrelabet com ptbBenford funciona melhor quando há uma abrangência grandeestrelabet com ptbnúmeros variados.
"Isso (a faltaestrelabet com ptbcorrelaçãoestrelabet com ptbalguns Estados) diminui a utilidade da Leiestrelabet com ptbBenford para identificar indíciosestrelabet com ptbpossíveis manipulações", afirma.
Ele ressalta que, mesmo nos casosestrelabet com ptbque a Leiestrelabet com ptbBenford se aplica, ela não serve como provaestrelabet com ptbque houve ou não alguma fraude, mas sim como um indicativoestrelabet com ptbpossíveis focos que devem ser melhor investigados.
Ao analisar o textoestrelabet com ptbHoeschl a pedido da BBC News Brasil, Cinelli também identificou problemas, já que ele diz ter aplicado a Leiestrelabet com ptbBenford nos resultados das zonas eleitorais (em vezestrelabet com ptbmunicípios)estrelabet com ptbcada Estado.
"Não teria porque esperar que a distribuiçãoestrelabet com ptbvotos dentroestrelabet com ptbcada Estado seguisse a Leiestrelabet com ptbBenford (para os primeiros dígitos), dado que a própria população não segue. A situação piora ainda mais se olharmos por zona eleitoral. Quanto menor o âmbito da análise, menos a gente espera que a Leiestrelabet com ptbBenford se aplique para os primeiros dígitos", disse Cinelli.
Procurado pela BBC News Brasil, Hoeschl respondeu aos questionamentos após a publicação da reportagem. Ele discordou da críticaestrelabet com ptbCinelli e insistiu queestrelabet com ptbanálise por zona eleitoral e Estado é adequada.
"Viaestrelabet com ptbregra, os estados possuem mais zonas eleitorais do que municípios, o que significa um universo maiorestrelabet com ptbdados para serem comparados com as proporçõesestrelabet com ptbBenford, o que torna a análise mais rica e mais distribuída", disse.
No entanto, o portal do TSE mostra que praticamente todos os Estados têm mais municípios que zonas eleitorais (apenas no Rioestrelabet com ptbJaneiro ocorre o inverso). O país tem no total 5,5 mil municípios e 2,6 mil zonas eleitorais.
Hoeschl também refutou que falte rigor científico àestrelabet com ptbpublicação. Questionado se poderia detalhar como chegou ao resultadoestrelabet com ptb73%estrelabet com ptbprobabilidadeestrelabet com ptbfraude na eleiçãoestrelabet com ptb2014, disse que isso já estava claroestrelabet com ptbseu texto.
"A forma como o método está descrito no texto está bastante simples, clara e objetiva, e se deve discordar da negativaestrelabet com ptbreprodutibilidade do procedimento ali descrito - ou do seu teor conclusivo - sem que tal negativa esteja escoradaestrelabet com ptbdados concretos, registrosestrelabet com ptbtentativas, logs reconstrutivos, ou resultados diversos dos encontrados até então", afirmou.
A reportagem também questionou o Brasil Paralelo sobre as críticas ao conteúdoestrelabet com ptbHoeschl divulgadoestrelabet com ptbseu canal do YouTube. Identificando-se como chefeestrelabet com ptbrelações institucionais do veículo, Renato Dias respondeu por email que Hoeschl foi um dos entrevistados para o mini-documentário Dossiê Urnas Eletrônicas, motivado pelo "grande movimentoestrelabet com ptbpessoas que estavam desconfiadas sobre a auditabilidade das urnas eletrônicas"estrelabet com ptb2018.
"Reforçamos queestrelabet com ptbnenhum momento a Brasil Paralelo afirmou que alguma eleição já foi fraudada. O objetoestrelabet com ptbpesquisa sempre foi a confiança do eleitor na urna eletrônica", afirmou ainda.
Outras análises matemáticas contradizem hipóteseestrelabet com ptbfraudes
O cientista político Guilherme Russo, pesquisador da FGV, aplicou outra análise matemática da distribuição dos votos entre os candidatos nas eleições presidenciaisestrelabet com ptb2014 e 2018 e obteve resultados que afastam a suspeitaestrelabet com ptbfraudes nas duas disputas.
A metodologia empregada por ele é detalhadaestrelabet com ptbum artigoestrelabet com ptb2012 dos cientistas políticos Bernd Beber e Alexandra Scacco, então professores da New York University, nos Estados Unidos. Hoje ambos são pesquisadores do WZB Berlin Social Science Center, na Alemanha.
A metodologia consisteestrelabet com ptbanalisar como se distribuem os últimos algarismos do númeroestrelabet com ptbvotos dos candidatosestrelabet com ptbcada urna.
O último algarismo pode variarestrelabet com ptb0 a 9 e, numa eleição não manipulada, a incidênciaestrelabet com ptbcada um desses dez algarismos tende a estar próximaestrelabet com ptb10%.
Por exemplo, o site do TSE permite ver que, no primeiro turnoestrelabet com ptb2018, na 6ª seção da 4ª zona eleitoral São Paulo, localizada na zona leste da cidade, Bolsonaro recebeu 85 votos contra 34estrelabet com ptbFernando Haddad (PT) e 31estrelabet com ptbCiro Gomes (PDT).
O que é levadoestrelabet com ptbconta nessa análise é o último dígito do númeroestrelabet com ptbvotos. Ou seja, 5 no casoestrelabet com ptbBolsonaro, 4 no casoestrelabet com ptbHaddad e 1 noestrelabet com ptbCiro Gomes, considerando essa sessão específicaestrelabet com ptbSão Paulo.
Segundo a metodologia aplicada, ao se analisar todas as urnas do país, a quantidadeestrelabet com ptbvezes que o númeroestrelabet com ptbvotosestrelabet com ptbBolsonaro, Haddad ou Ciro acabaestrelabet com ptb5, por exemplo, deve ser cercaestrelabet com ptb10% para cada um deles. E a mesma coisa para o númeroestrelabet com ptbvezes que acabaestrelabet com ptbqualquer um dos outros dígitos entre 0 e 9.
Já quando há manipulação nas eleições, essa distribuiçãoestrelabet com ptbfrequência dos dígitos finais não tende a ser uniforme, argumentam Beber e Scacco.
No artigoestrelabet com ptb2012, publicado pela revista científica Political Analysis, da Universidadeestrelabet com ptbCambridge, no Reino Unido, eles usam pesquisas da áreaestrelabet com ptbpsicologia para mostrar como eventuais fraudes nas urnas tendem a deixar rastros detectáveis por análises matemáticas.
Isso porque os seres humanos são pouco habilidosos para gerar números aleatórios. Dessa forma, ao fraudar os númerosestrelabet com ptbvotos, tendem a alterar o resultado das urnas sem respeitar a aleatoriedade que uma votação sem manipulação produz.
Ao testarestrelabet com ptbmetodologiaestrelabet com ptbeleições da Suécia, Nigéria e Senegal, os dois encontraram evidênciasestrelabet com ptbmanipulação no pleito nigerianoestrelabet com ptb2003 e no senegalenseestrelabet com ptb2007.
Ao aplicar essa metodologia para os resultados do primeiro turnoestrelabet com ptb2018 no Brasil, Russo identificou que a distribuição do último dígito da quantidadeestrelabet com ptbvotosestrelabet com ptbcada urna do país entre os três candidatos presidenciais mais votados naquele pleito — Jair Bolsonaro (então no PSL), Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) — se deuestrelabet com ptbmaneira bastante uniforme entre os três, sempreestrelabet com ptbtornoestrelabet com ptb10%.
Outra maneiraestrelabet com ptbtentar identificar a interferência humana no resultado das eleições proposta por Beber e Scacco é olhar para os dois dígitos finais do númeroestrelabet com ptbvotos.
"Humanos tendem a subestimar a repetiçãoestrelabet com ptbum mesmo algarismo (por exemplo, 1-1 e 4-4). Também utilizamos paresestrelabet com ptbalgarismos sequenciais mais do que o acaso criaria (por exemplo, 2-3 e 7-8)", explica Russo.
A aplicação dessa análise à última eleição presidencial também não apontou sinaisestrelabet com ptbmanipulação. "Em 2018, a frequênciaestrelabet com ptbalgarismos repetidos nos dois últimos dígitos é 10,025% nos votosestrelabet com ptbBolsonaro no 1º turno, 9,674% para Haddad e 10,139% para Ciro Gomes. Ou seja, são muito próximos da expectativaestrelabet com ptb10%", nota ele.
"Já a existênciaestrelabet com ptbalgarismos consecutivos deve acontecer 20% das vezesestrelabet com ptbum sorteio, pois há duas entre dez possibilidadesestrelabet com ptbque o segundo algarismo seja vizinho do primeiro (considerando 9 e 0 como vizinhos). Os números obtidos são: 19,159% (Bolsonaro), 19,922% (Haddad) e 20,129% (Ciro)", acrescenta.
As mesmas análises foram aplicadas por Russo para votos do primeiro turno presidencialestrelabet com ptb2014 recebidos por Dilma, Aécio e Marina Silva (Rede), com resultados semelhantes. Naestrelabet com ptbvisão, esses dados "contradizem a irresponsável alegaçãoestrelabet com ptbfraude".
Análises matemáticas não servem para cravar se houve ou não fraude
A pedido da BBC News Brasil, o professorestrelabet com ptbEstatística da UFSCar Rafael Stern também avaliou a metodologia usada por Russo e a considerou "bem consistente" para a análise dos resultados das eleições. Ele ressaltou, porém, que essa análise estatística também não permite cravar se houve ou não fraude.
"Não dá pra concluir categoricamente que não houve fraude. O que essa análise mostra é que não houve um tipoestrelabet com ptbfraude que resultaria nessa quebraestrelabet com ptbpadrão (de frequência dos últimos dígitos da quantidadeestrelabet com ptbvotos por urna). Você pode imaginar que um fraudador suficientemente sagaz tentaria manter esses padrões", nota o professor.
Isso poderia ser alcançado, exemplifica Stern, se o fraudador subtraísse um númeroestrelabet com ptbvotosestrelabet com ptbum determinado candidato e transferisse para outroestrelabet com ptbforma idênticaestrelabet com ptbuma quantidade suficientemente grandeestrelabet com ptburnas que não alterasse essa distribuição aleatória do dígito final.
Uma sérieestrelabet com ptbmecanismosestrelabet com ptbsegurança adotados pelo TSE, porém, dificultam as invasões das urnas eletrônicas.
"Não é um processo trivial, é necessário encontrar alguma vulnerabilidade que permita fazer isso sem ser detectado", nota Paulo Matias, professor do Departamentoestrelabet com ptbComputação da UFSCar que participouestrelabet com ptbtestesestrelabet com ptbvulnerabilidade nas urnas eletrônicasestrelabet com ptb2017.
"Não existem evidênciasestrelabet com ptbfraudes desse tipoestrelabet com ptbeleições passadas, nemestrelabet com ptbrisco iminenteestrelabet com ptbfraude nas eleições do ano que vem", disse ainda.
Apesar disso, Matias é um dos estudiosos da segurança das urnas eletrônicas que defendem a adoção do voto impresso associado à urna eletrônica, como formaestrelabet com ptbaperfeiçoar os mecanismosestrelabet com ptbsegurança no futuro, com mais um instrumentoestrelabet com ptbauditagem. O modelo é usadoestrelabet com ptbalguns locais, como Índia e distritos dos Estados Unidos.
"É extremamente irresponsável tentar implementar o voto impressoestrelabet com ptbapenas um ano (para a eleiçãoestrelabet com ptb2022), pois uma implementação descuidada trará mais riscos ao processo eleitoral que benefícios", diz.
"Por outro lado, justamente por ser um mecanismo que demanda implementação cuidadosa, devemos começar a pensarestrelabet com ptbimplementá-lo desde já,estrelabet com ptbvezestrelabet com ptbdeixar para começar só quando ele se mostrar necessário. Não sabemos se o panorama vai continuar o mesmo daqui a dez anos", argumentou ainda.
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