Vacinas para jovens ou idosos primeiro? Os prós e contrasbet7k instagramdiferentes estratégiasbet7k instagramimunização contra a covid-19:bet7k instagram
Mas quais são os prós e contrasbet7k instagramcada uma delas e o que é melhor fazer diante desta pandemia, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil?
bet7k instagram 'Efeito dominó' bet7k instagram a partir dos que circulam mais?
Em teoria, se houvesse dosesbet7k instagramabundância, um programabet7k instagramimunização universal poderia atingir estes objetivos ao mesmo tempo. Mas não é o caso agora.
Só um punhadobet7k instagramvacinas já tevebet7k instagrameficácia comprovadabet7k instagramtestes, e mesmo assim os fabricantes enfrentam limites nabet7k instagramcapacidadebet7k instagramprodução.
Isso significa que, ao menos por enquanto, não há vacina para todo mundo. É preciso estabelecer prioridades.
Mas isso dependebet7k instagramqualbet7k instagramduas metas possíveis o planobet7k instagramvacinação vai ter: reduzir os casos graves e mortes ou interromper a transmissão do vírus para acabar com a pandemia.
Se o objetivo for barrar a disseminação do coronavírus,bet7k instagramtese é melhor começar a vacinar os adultosbet7k instagramidade produtiva, como fez a Indonésia.
Esse teria sido o racional por trás da decisão do paísbet7k instagramvacinar os mais jovens primeiro, porque eles circulam mais.
"Nosso alvo é aqueles que provavelmente espalharão o vírus", disse o professor Amin Soebandrio, que faz partebet7k instagramum conselho que assessorou o governo indonésio.
Márcio Sommer Bittencourt, do centrobet7k instagrampesquisa clínica e epidemiológica do Hospital Universitário da Universidadebet7k instagramSão Paulo (USP) diz que, à primeira vista, essa parece ser uma boa estratégia, porque provocaria um "efeito dominó".
Uma queda na taxabet7k instagramtransmissão inevitavelmente levaria a um menor númerobet7k instagramcasos, internações e mortes.
"Mas na prática não é tão simples", diz Bittencourt.
Primeiro porque levaria algum tempo para esse efeito positivo se traduzirbet7k instagrammenos óbitos entre os idosos, que continuariam morrendo enquanto isso.
Seria eticamente questionável permitir que um grupo especialmente suscetível a complicações por causa da covid continuasse vulnerável.
Vacinados ainda podem transmitir o vírus?
Outro ponto importante é que, até o momento, as pesquisas não descobriram o potencial das vacinasbet7k instagramimpedir a transmissão.
Os testes apontaram apenasbet7k instagrameficácia para prevenir formas leves e graves da doença.
Se uma pessoa for vacinada, mas continuar transmitindo, a opçãobet7k instagramcomeçar pelos mais jovens pode ser péssima, porque a pandemia não vai acabar, e os mais vulneráveis continuarão vulneráveis.
"Com as informações que temos hoje, me parece arriscado escolher vacinar as pessoas economicamente ativas", diz o epidemiologista da USP.
Foi também o que ponderou o comitê que assessorou o governo britânico na decisãobet7k instagrampriorizar aqueles que podem ter formas mais gravesbet7k instagramcovid-19.
O grupobet7k instagramespecialistas explicou que, diante da faltabet7k instagramevidências sobre o efeito da vacinação sobre a transmissão e da situação epidemiológica do Reino Unido, esta seria a melhor opção para prevenir mortes.
O "objetivo primordial" neste momento é reduzir a hospitalização e a mortalidade, diz o médico Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileirabet7k instagramImunizações (SBIm).
"Fazer com que a covid-19 seja sempre uma doença leve que pode ser tratadabet7k instagramcasa será transformador", afirma Kfouri.
"Alémbet7k instagramevitar mortes, que é o desfecho mais importantebet7k instagramqualquer doença, você evita a sobrecarga do sistemabet7k instagramsaúde, o que afeta também pessoas que têm outras doenças e que não podem ser atendidas adequadamente."
Isso implica necessariamente começar a vacinação pelos idosos, porque a idade avançada é o principal fatorbet7k instagramrisco para o desenvolvimentobet7k instagramuma forma grave da doença.
O médico diz que a Indonésia "vai na contramão da ciência" ao começar a vacinar pelos adultos.
"Vacinar os que mais transmitem pode ser uma estratégia complementar, depois que já tiveram sido vacinados os mais vulneráveis. Fazer diferente disso é contraproducente porque precisaria vacinar 90% dos adultos ter um impacto, que seria mais tardio", diz Kfouri.
bet7k instagram Ordem por pessoas com c bet7k instagram omorbidades bet7k instagram ou por faixa etária?
Mas e quanto aqueles que já têm outras doenças, as chamadas comorbidades, e podem ter complicações se pegarem covid-19?
Se eles são também um grupo mais vulnerável, não deveriam ser priorizados também?
O Centrobet7k instagramControle e Prevençãobet7k instagramDoenças da União Europeia (ECDC, na siglabet7k instagraminglês), agência responsável pela vigilância epidemiológica na região, avaliou essa estratégiabet7k instagramum relatório recente e apontou que fazer isso traria um benefício significativo na prevençãobet7k instagrammortes.
Mas ponderou que implementar um planobet7k instagramvacinação assim teria muitos desafios, como diagnosticar claramente todos que têm outros problemasbet7k instagramsaúde. Ou estabelecer a ordembet7k instagramprioridade entre as diferentes comorbidades.
Tudo isso tornaria a logística da imunização "complicada ou mesmo impossível", disse o ECDC.
"É mais prático ter como alvo uma faixa etária, mesmo que o benefíciobet7k instagramvacinar jovens adultos com comorbidades seja alto", concluiu a agência.
Um estudo realizado por cientistas das universidades do Colorado, Harvard e Chicago, nos Estados Unidos, avaliou o efeito na prevençãobet7k instagrammortes ao conferir a prioridade para quatro faixa etárias — menosbet7k instagram20 anos, 20 a 49 anos, 20 anos ou mais e 60 anos ou mais — ou vacinar a todos.
Os cientistas criaram modelos com base nos dados demográficos, taxabet7k instagraminfecção e eficáciabet7k instagramvacinas para nove países — Brasil, China, Polônia, África do Sul, Zimbábue, Espanha, Índia, Estados Unidos e Bélgica.
O estudo, publicado na revista Science, concluiu que, "em todos os países, aqueles com 60 anos ou mais devem ser priorizados para minimizar as mortes".
bet7k instagram Princípio fundamental bet7k instagram bet7k instagramsalvar vidas
O filósofo Darlei Dall'Agnol, especialistabet7k instagrambioética e professor da Universidade Federalbet7k instagramSanta Catarina, tem se dedicado a estudar quais os parâmetros mais adequados para priorizar o acesso a serviços e produtosbet7k instagramsaúde na pandemia.
"Nosso princípio ético fundamental neste momento é salvar mais vidas possível", diz Dall'Agnol.
Sua proposta é que sejam priorizados não só os idosos com maisbet7k instagram75 anos, mas também aqueles que têm problemasbet7k instagramimunidade, inclusive as populações indígenas.
"Não incluiria neste momento os quilombolas e ribeirinhosbet7k instagramacordo com esse critério", diz.
Também estariam neste primeiro grupo os profissionaisbet7k instagramsaúde da linhabet7k instagramfrente e outros trabalhadores que estejambet7k instagramcontato com ambientesbet7k instagramalto risco para a infecção por covid-19, como a equipebet7k instagramlimpezabet7k instagramuma UTI, por exemplo.
Em um segundo momento, seriam imunizados os profissionais que correm mais perigobet7k instagramficar doentes.
"Os professores deveriam vir antes dos profissionaisbet7k instagramsegurança, por exemplo", afirma Dall'Agnol. "Finalmente, seriam vacinados os jovens, que devem ficar no fim da fila."
Ele acrescenta que o governo brasileiro deveria levar outro fatorbet7k instagramconsideração embet7k instagramestratégiabet7k instagramvacinação.
Como a vacinabet7k instagramOxford/Fiocruz não tevebet7k instagrameficácia ainda completamente atestada contra idosos, as doses que o país tembet7k instagrammão não deveriam ser direcionadas para essa faixa etária.
Para essas pessoas, deveriam ser reservadas as vacinas CoronaVac e da Pfizer, que tiveram bons resultados neste grupo específico.
"Uma distribuição justabet7k instagramvacinas cumpriria esses critérios, aplicando diferentes vacinas para grupos diferentes", diz Dall'Agnol.
O epidemiologista Márcio Bittencourt diz que o mais importante neste momento é ser ágil.
"O pior que pode ocorrer são atrasos. A melhor estratégia é vacinar o máximobet7k instagramgente o mais rápido possível."
bet7k instagram Ritmo bet7k instagram lento bet7k instagram de vacinação do Brasil
Para além da estratégia a ser adotada, especialistas têm criticado o ritmo da vacinação no país.
Para eles, os números atuaisbet7k instagramimunização no Brasil estão abaixo das expectativas e da capacidade do sistemabet7k instagramsaúde.
"O ritmobet7k instagramvacinação no país está simplesmente péssimo. Nós já deveríamos ter utilizado pelo menos todo esse primeiro lotebet7k instagram6 milhõesbet7k instagramdoses da CoronaVac, do Instituto Butantan e da Sinovac", disse o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdadebet7k instagramMedicina da Universidadebet7k instagramSão Paulo (USP),bet7k instagramentrevista à BBC News Brasil.
Em resposta às críticas, o Ministério da Saúde alega que o planobet7k instagramvacinação é dinâmico e pode sofrer ajustes necessários nas fasesbet7k instagramdistribuição das vacinas, "considerando a indicaçãobet7k instagramuso apresentada pelo fabricante, o quantitativobet7k instagramdoses entregues e os públicos prioritários já definidos".
A imunizaçãobet7k instagramlarga escala permite proteger toda a comunidade, mesmo aquelas pessoas que, por um motivo ou outro, não podem tomar as doses. Esse fenômeno é conhecido popularmente como imunidadebet7k instagramrebanho, embora os cientistas prefiram o termo imunidade coletiva.
Ainda não se sabe ao certo qual é a porcentagembet7k instagramvacinação necessária para atingir a imunidadebet7k instagramrebanho contra a covid-19.
Atualmente, os cientistas calculam que essa taxa deve ficar entre 70% e 90%.
Se considerarmos que a campanha começou no Brasil há 12 dias e,bet7k instagramacordo com Our World Data (da Universidadebet7k instagramOxford), 1,45 milhãobet7k instagrambrasileiros receberam a primeira dose até quinta-feira (28/1), isso dá uma médiabet7k instagram120 mil pessoas vacinadas por dia.
Se precisarmos imunizar até 90% da população para eventualmente atingir a imunidade coletiva, no Brasil esse total corresponde a 188,5 milhõesbet7k instagrampessoas vacinadas.
Mas, se continuarmos no ritmo atualbet7k instagram94 mil doses por dia, demoraremos 1.570 dias (ou pouco maisbet7k instagramquatro anos) para atingir o limiarbet7k instagram90%.
A epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do Programa Nacionalbet7k instagramImunizações (PNI) do Ministério da Saúde por quase dez anos (2011-2019), afirma que o Brasil tem total capacidadebet7k instagramacelerar seu plano e vacinar um número bem maiorbet7k instagrampessoas contra a covid-19.
"Nas campanhasbet7k instagramvacinação contra a gripe, que acontecem todos os anos, nós conseguimos imunizar 80 milhõesbet7k instagrambrasileirosbet7k instagramapenas 90 dias", compara.
Domingues acrescenta que o país tem cercabet7k instagram30 mil profissionaisbet7k instagramsaúde contratados para fazer a vacinação. "Cada um deles consegue atenderbet7k instagram20 a 30 pessoas por dia. Portanto, não é exagero dizer que podemos imunizar 900 mil ou até 1 milhãobet7k instagramindivíduos no país diariamente."
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