Pacientes que tomam cloroquina há anos têm o mesmo riscocentral esportes apostaspegar covid-19, diz estudo brasileiro:central esportes apostas
Foi para sanar essa e outras curiosidades que Pinheiro coordenou um estudo que contou com a participação voluntáriacentral esportes apostascercacentral esportes apostas400 estudantescentral esportes apostasmedicina e quase 10 mil voluntários espalhados por 20 centros do Brasil.
O objetivo do trabalho era conferir se os pacientes com doenças reumatológicas que tomavam a cloroquina há maiscentral esportes apostascinco anos possuíam algum tipocentral esportes apostasproteção contra a infecção pelo coronavírus ou se o quadro seria mais leve e sem maiores complicações neles.
A conclusão do trabalho vai na linhacentral esportes apostasoutras pesquisas que foram feitas nos últimos meses: o uso da cloroquina não mudoucentral esportes apostasnada o riscocentral esportes apostaster a covid-19 ou desenvolver as formas mais graves, com necessidadecentral esportes apostasinternação ou intubação.
A pesquisa, antecipadacentral esportes apostasprimeira mão para a BBC News Brasil, será apresentada nesta sexta-feira (20/11) durante o Congresso Brasileirocentral esportes apostasReumatologia.
Passo a passo do estudo
O trabalho do timecentral esportes apostasespecialistas começou no finalzinhocentral esportes apostasmarço, com a inclusão dos voluntários. No dia 17central esportes apostasmaio, essa etapa foi finalizada com a confirmaçãocentral esportes apostasque 9.589 pessoas fariam parte da experiência.
Desses, 5.166 indivíduos tinham lúpus, artrite reumatoide ou outras enfermidades reumatológicas e faziam uso da cloroquina todos os dias há vários anos.
Os 4.423 restantes não tinham qualquer doença do tipo e eram familiares ou amigos dos pacientes que moravam na mesma casa. "Selecionamos esse grupocentral esportes apostascontrole porque eles dividem uma mesma rotina e estão expostos a um risco parecidocentral esportes apostasse infectar com o coronavírus", justifica Pinheiro.
Os milharescentral esportes apostasparticipantes estavam espalhados por 97 cidades brasileiras e eram atendidoscentral esportes apostas20 centros especializadoscentral esportes apostasreumatologia.
Para acompanhar tanta gente, Pinheiro montou uma verdadeira força-tarefa. "Tivemos o apoio da Sociedade Brasileiracentral esportes apostasReumatologia, da qual faço parte, e contamos com o trabalhocentral esportes apostas395 estudantescentral esportes apostasmedicina", conta.
Essa equipe ficou responsável por ligar para todos os voluntários a cada 15 dias. A proposta era saber como estava a saúde deles, se eles tinham adoecido ou apresentavam algum sintoma sugestivocentral esportes apostascovid-19.
"Além dessa monitorização, também montamos um call center,central esportes apostasque o paciente poderia telefonar caso estivesse se sentindo mal nesse meio tempo das duas semanas", completa o reumatologista.
Após a coleta dos dados e a análise estatística, os cientistas puderam comparar os dois gruposcentral esportes apostasrelação à maior probabilidadecentral esportes apostasdesenvolver covid-19: pacientes com doenças reumatológicas que usavam cloroquina versus indivíduos sem essas enfermidades que moravam na mesma residência.
A conclusão do trabalho foi acentral esportes apostasque não houve diferença alguma entre as duas turmas. "A cloroquina não protegeu e nem evitou formas graves, que exigem intubação", resume Pinheiro.
Perguntas sem respostas
Apesarcentral esportes apostastrazer uma sériecentral esportes apostasnovidades, a pesquisa brasileira também apresenta limitações. Para começocentral esportes apostasconversa, ela apenas foi apresentada num congresso e ainda precisa ser revisada por cientistas independentes antes da publicação num periódico.
"Nós já enviamos o trabalho para algumas revistas especializadas e estamos esperando a resposta", diz Pinheiro.
Outro ponto que merece destaque: o estudo não fez exames para verificar se todos os pacientes que relataram sintomas realmente tiveram covid-19. "Nós usamos os critérios clínicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, pois naquele momento da pandemia os recursos eram escassos e a orientação era fazer testes somente nos quadros mais graves", explica o reumatologista.
Portanto, é possível que uma parcela dos voluntários tenha se infectado com outras doenças respiratórias, como a gripe ou o resfriado. Mas, como a circulação do Sars-CoV-2 estava (e está) muito intensa no país, é bastante provável que a maioria deles tenha sido acometido pela covid-19 mesmo.
Cloroquina nas doenças reumatológicas
Esse remédio costuma ser usado frequentemente nos casoscentral esportes apostaslúpus eritematoso sistêmico e, mais ocasionalmente, na artrite reumatoide. "Ele tem um papel razoávelcentral esportes apostasimunomodulador, ou seja, controla o processo inflamatório ocasionado pelo sistema imunológico e alivia incômodos como inchaço e dor", explica o reumatologista Rubens Bonfiglioli, professor da Faculdadecentral esportes apostasMedicina da Pontifícia Universidade Católicacentral esportes apostasCampinas.
No contexto dessas doenças, a cloroquina é extremamente segura e não provoca grandes efeitos colaterais. Ela é prescrita, inclusive, para mulheres grávidas ou na fasecentral esportes apostasamamentação.
Seu evento adverso mais preocupante ocorre na visão, pois o acúmulo do fármaco no organismo ao longo do tempo pode afetar algumas estruturas dos globos oculares. "Para evitar isso, basta fazer uma consulta por ano com um oftalmologista", esclarece Bonfiglioli, que também é o presidente do Congresso Brasileirocentral esportes apostasReumatologia deste ano.
O médico tem certeza que a promoção da cloroquina contra a covid-19 afetou os pacientes que realmente precisavam dela.
"Antes, a medicação era obtida com facilidade e a um preço bastante acessível. Com a pandemia e toda a propaganda nacional e internacional que foi feita, ela começou a desaparecer ou ter um preço exorbitante nas farmácias. Nossos pacientes sofreram com isso", relata.
central esportes apostas Cloroquina central esportes apostas e central esportes apostas covid-19
"Só no futuro a gente vai conseguir entender realmente o que aconteceu nessa história", analisa o infectologista Alexandre Zavascki, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Em resumo, tudo começou no início da pandemia, quando os cientistas avaliaram se existia alguma droga já disponível no mercado que conseguisse inibir o Sars-CoV-2. Nos experimentoscentral esportes apostaslaboratório, com culturascentral esportes apostascélulas, a cloroquina mostrou essa capacidade.
"Logo na sequência, um grupocentral esportes apostasespecialistas franceses liderados pelo médico Didier Raoult publicou um estudo com 36 pacientes sugerindo que esse remédio poderia ser efetivo na covid-19. O trabalho, porém, apresentava uma sériecentral esportes apostasfalhas metodológicas e gerou estranhamento na comunidade acadêmica", lembra Zavascki.
Essas informações serviramcentral esportes apostasgatilho para que líderes mundiais, como o americano Donald Trump e o brasileiro Jair Bolsonaro, passassem a divulgar a cloroquina como a solução para acabar com a pandemia.
No finalcentral esportes apostasoutubro, o presidente Bolsonaro chegou a afirmar a alguns apoiadores na frente do Palácio do Planalto que "no Brasil, tomando a cloroquina no início dos sintomas, há 100%central esportes apostascura".
A ciência, no entanto, não corrobora essas alegações. "Já temos vários estudos mostrando claramente uma ausênciacentral esportes apostasbenefício da cloroquina no contexto da covid-19. A evidência contrária ao seu uso é particularmente forte nos casos mais graves", afirma Zavascki.
Mesmo nos quadros leves, onde alguns defensores falamcentral esportes apostas"tratamento precoce", o podercentral esportes apostasfogo da cloroquina é muito questionável. "Em primeiro lugar, é extremamente difícil definir o que seria um tratamento precoce, uma vez que o Brasil não tem nem estrutura para fazer o diagnóstico com rapidez. Há uma demora para o desenvolvimentocentral esportes apostassintomas e uma espera para obter o resultado dos exames", destaca o infectologista.
O segundo ponto é que, nos pacientes que desenvolvem a forma mais branda da covid-19, a enfermidade costuma evoluir bem, sem a necessidadecentral esportes apostasmedicamentos específicos. Portanto, se um indivíduo infectado com um quadro leve tomar ou não a cloroquina, na maioria das vezes o resultado final será o mesmo.
Zavascki percebe que, nos últimos meses, a popularidade da cloroquina vem caindo nas consultas. "Era comum casoscentral esportes apostaspessoas que vinham até nós e exigiam o tratamento com cloroquina, o que era uma situação bastante delicada. Mais recentemente, essa demanda diminuiu bastante", observa.
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