A estratégia defendida por pesquisadores para não fechar comércioaposta ganha brasilsegunda ondaaposta ganha brasilcovid-19:aposta ganha brasil
Em seguida, foi feito um cruzamento entre esses dados e o númeroaposta ganha brasilcasos da covid-19aposta ganha brasilcada cidade, os pesquisadores calcularam os níveis médioaposta ganha brasilinfecçãoaposta ganha brasilalguns estabelecimentos fechados e concluíram que alguns lugares têm maior potencialaposta ganha brasildisseminar o coronavírus. Esse é o caso sobretudoaposta ganha brasilrestaurantes, mas tambémaposta ganha brasilcafés, bares, hotéis, academias e templos religiosos.
Ocupação máxima e timing
Os pesquisadores utilizaram um modelo matemático para simular cenários com diferentes taxasaposta ganha brasilocupação máxima desses estabelecimentos - como seria a taxaaposta ganha brasilcontaminação se um restaurante estiver 100% lotado e com 50% das mesas livres, por exemplo.
A conclusão foi que limitar a ocupação a 20% pode reduziraposta ganha brasil80% novas infecções pelo coronavírus nesses lugares. Alémaposta ganha brasildiminuir os riscosaposta ganha brasilnovas infecções, essa limitação não reduz a clientelaaposta ganha brasilforma linear durante todo o períodoaposta ganha brasilfuncionamento do estabelecimento. De acordo com o estudo, uma taxaaposta ganha brasilocupação máximaaposta ganha brasil20% provocaria a perdaaposta ganha brasil42% do totalaposta ganha brasilvisitas (e nãoaposta ganha brasil80%).
"Limitar a ocupação só diminui realmente a clientela nos horáriosaposta ganha brasilpico. É mais estratégico reduzir as ocupações nesses horários do que fechar os estabelecimentosaposta ganha brasilmodo indiscriminado", afirma Emma Pierson, PhDaposta ganha brasilciências da computação pela Universidadeaposta ganha brasilStanford e uma das autoras do estudo.
A pesquisadora diz que a principal contribuição dele é mostrar como a mobilidade é um fator decisivo para a disseminação do novo coronavírus. "Medidas preventivas como usar máscaras, lavar as mãos e manter o distanciamento continuam essenciais. Mas é importante pensar essas medidas conjuntamente com a mobilidade, já que ela pode ter impactos dramáticos. O objetivo é fornecer análises mais detalhadas para sustentar decisões políticas mais equânimes e efetivas."
Os pesquisadores também analisaram a eficácia dessa medida quando ela é aplicadaaposta ganha brasilcada semana do período estudado. E concluíram que o timing (avaliação do momento) é elemento primordial para a eficácia das medidasaposta ganha brasillimitação da ocupação. "Há dois fatores que realmente importam: quando você começa a fazer essa limitação e com que intensidade", complementa Pierson.
Desigualdades socioeconômicas
Os dadosaposta ganha brasilmobilidade também mostraram como desigualdades raciais e socioeconômicas intensificam a disseminação da covid-19 entre populaçõesaposta ganha brasilcor e mais pobres. Nas cidades estudadas, os bairros com menos brancos apresentaram riscos maioresaposta ganha brasilinfecção.
Outro dado aponta que mercados e merceariasaposta ganha brasilbairros mais pobres receberam, por hora, um númeroaposta ganha brasilvisitantes 59% maior do que daqueles situadosaposta ganha brasilregiões mais ricas. E os mais pobres também permaneceram uma médiaaposta ganha brasiltempo 17% superior. Tudo isso dobra o risco dessa população ser contaminada pelo coronavírus nesses estabelecimentos,aposta ganha brasilcomparação aos mais ricos.
Os autores do estudo afirmam que essas diferenças são explicadas por alguns fatores. Um deles é que minorias raciais e populações mais pobres têm menos possibilidadesaposta ganha brasilreduzir os seus deslocamentos (por não terem empregos que permitam home office) e menos flexibilidadeaposta ganha brasilhorário para ir a esses comércios. Outro é que aqueles situadosaposta ganha brasilbairros mais pobres tendem a ter uma área menor e serem mais lotados.
Os pesquisadores concluem o estudo apontando algumas medidas para reduzir a disseminação da covid-19aposta ganha brasilbairros mais vulneráveis. Alémaposta ganha brasillimitar a ocupação máxima, eles sugerem a criaçãoaposta ganha brasilcentros emergenciaisaposta ganha brasildistribuiçãoaposta ganha brasilalimentos (para reduzir a lotaçãoaposta ganha brasilmercados e mercearias), a ampliaçãoaposta ganha brasiltestagens gratuitas, suportes governamentaisaposta ganha brasilrenda e locaisaposta ganha brasiltrabalho adequados (com boa ventilação e distanciamento quando possível). "Este estudo pode oferecer uma visão otimista, já que essas intensidadesaposta ganha brasildeslocamentos podem ser mudadas", afirma Pierson.
Questionada sobre por que o estudo focou somenteaposta ganha brasiláreas nos arredores das estaçõesaposta ganha brasilmetrô das metrópoles pesquisadas, a pesquisadora afirma que essas áreas abrangem uma população que equivale a quase um terço da população total dos Estados Unidos, o que pode oferecer um bom parâmetroaposta ganha brasilanálise. "Um bom próximo passo seria pesquisar dadosaposta ganha brasilmobilidadeaposta ganha brasilpopulações das áreas rurais", conclui.
Avaliações
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil consideram que o estudo publicado na Nature traz um quadro amplo sobre as dinâmicasaposta ganha brasildisseminação do coronavírus. "Os modelos adotados permitem avaliar os impactos das medidasaposta ganha brasilrestrição, acompanhar a dinâmica da pandemia e planejaraposta ganha brasilforma adequada as medidas restritivas. Ele combina uma base grandeaposta ganha brasildadosaposta ganha brasilmobilidade e um modelo epidemiológico robusto", diz Bernardo Lanza, docente do Departamentoaposta ganha brasilDemografia da Universidade Federalaposta ganha brasilMinas Gerais (UFMG).
Para a economista Monicaaposta ganha brasilBolle, o estudo inova ao trazer análises com mais nuances (fora da lógica "tudo ou nada"): "Ele oferece um meio termo que permite preservar os sistemasaposta ganha brasilsaúde e a saúde das pessoas, sem ter impactos econômicos tão fortes ou restritivos como ocorreu com o lockdown."
Na avaliação dela, o estudo evidencia que limitar a ocupação máxima é a melhor formaaposta ganha brasilcalibrar as medidas sanitárias que funcionaram até agora.
"É fundamental ver quantas pessoas compartilham um único espaço ao mesmo tempo. Para evitar aglomerações é melhor receber 100 visitasaposta ganha brasilcinco dias do queaposta ganha brasilum só. Enquanto não houver vacinas, nenhum país vai poder reabrir os comércios com 100% da lotação", afirma Bolle, que também é pesquisadora-sênior do Peterson Institute for International Economics (PIIE).
Na opiniãoaposta ganha brasilPaulo Lotufo, docenteaposta ganha brasilepidemiologia na Faculdadeaposta ganha brasilMedicina da Universidadeaposta ganha brasilSão Paulo (USP), o estudo trabalha com um volume muito grandeaposta ganha brasildados, o que deixa algumas informações sem detalhamento.
"Não fica claro se os restaurantes analisados estavam funcionandoaposta ganha brasillocais abertos ou fechados e como era esse funcionamento. Mas isso é fruto da opção dos pesquisadores por um estudo com uma grande amplitude, que permite uma generalização sobre o processo. Para ter um conhecimento mais detalhado, é preciso analisar um volume menoraposta ganha brasildados, cidade por cidade."
Para o médico Márcio Sommer, a limitação máxima não deve ser dada por uma porcentagem, mas, sim, pela relação entre númeroaposta ganha brasilpessoas e a metragem quadrada do estabelecimento. Ele também frisa que as chancesaposta ganha brasilcontaminação não dependem apenas do tipoaposta ganha brasilestabelecimento, mas tambémaposta ganha brasilcomo ele se adapta para reduzir os riscos.
"A discussão deixaaposta ganha brasilser abrir ou não abrir e passa a ser: como reabrir oferecendo poucos riscos? Não se trata apenasaposta ganha brasiluma decisão individual, masaposta ganha brasiladaptação do projeto dos comércios eaposta ganha brasilfiscalização pelas autoridades. É uma discussão social. A única formaaposta ganha brasilcontrolar essa cadeiaaposta ganha brasiltransmissão é fazer intervenções sempre no coletivo: na comunidade, com a comunidade e pela comunidade", pondera o integrante do Centroaposta ganha brasilPesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP.
Além do grande bancoaposta ganha brasildados, todos os especialistas entrevistados pela BBC News Brasil consideraram a inserçãoaposta ganha brasilfatores socioeconômicos e raciais outro ponto forte do estudo.
"As pessoas não são homogêneas e têm diferentes capacidadesaposta ganha brasilisolamento e distanciamento. Alguns grupos podem precisar circular mais do que outros e frequentar locaisaposta ganha brasilmaior risco", lembra Bernardo Lanza.
"Quando a covid-19 atinge uma pessoa, ela interage não só com as comorbidades, mas também com o contexto socioeconômicoaposta ganha brasilque ela vive. É uma somaaposta ganha brasilfatores que não dá para separar;aposta ganha brasiltermosaposta ganha brasilpesquisa eaposta ganha brasilintervençãoaposta ganha brasilpolítica pública, é fundamental ter esse olhar mais completo", complementa Monicaaposta ganha brasilBolle.
Realidade brasileira
Como as autoridades brasileiras podem utilizar esse estudo para traçar estratégias mais direcionadas contra a covid-19 no país?
Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, o primeiro passo é considerar algumas diferenças entre as realidades dos Estados Unidos e do Brasil. "Existem contextos sociais diferentes entre os mais pobres dos dois países. Nas favelas brasileiras, mais pessoas costumam dividir uma casa, o que reduz o potencialaposta ganha brasildistanciamento delas", pondera Sommer.
Lanza lembra que o Brasil tem o InfoGripe, uma baseaposta ganha brasildados importante organizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "Ela permite acompanharaposta ganha brasilforma adequada a dinâmica da pandemia no nível local e, sendo combinada com informaçõesaposta ganha brasiloutros estudos, nos ajuda a ter um planejamento mais adequadoaposta ganha brasilmedidas. O custo da pandemia descontrolada é muito maior do que oaposta ganha brasilrestrições e limitações", afirma o demógrafo.
Os especialistas também consideram que o país precisa repensar a reaberturaaposta ganha brasilcomércios. "Nós nunca saímos da primeira onda. Temos hoje um recrudescimento com transmissão comunitária persistente e estamos perdendo o timing. A boa hora para agir é agora, quando o crescimentoaposta ganha brasilinternações hospitalares por covid ainda não está muito grande. Depois que a doença chega, só podemos fazer controleaposta ganha brasildanos", avalia Sommer, que também é mestreaposta ganha brasilsaúde pública pela USP.
Para ele, o estudo incentiva a busca por várias estratégias que podem ser aplicadas simultaneamente. "Pequenas e médias empresas não sobrevivem funcionando só com 20% daaposta ganha brasilcapacidade máxima. É preciso pensar soluções individualizadas e combinadas para cada tipoaposta ganha brasilestabelecimento: investiraposta ganha brasilentrega, limitar o fluxoaposta ganha brasilclientes, ampliar o horárioaposta ganha brasilfuncionamento, ocupar mais espaços públicos."
Os médicos defendem um maior usoaposta ganha brasiláreas públicas ao ar livre, já que espaços abertos são mais seguros do que os fechados. Nesse contexto, algumas medidas possíveis envolvem uma utilizaçãoaposta ganha brasilruas, parque e praças.
"A pandemia é uma oportunidadeaposta ganha brasilvoltar a fazer,aposta ganha brasilforma controlada e com um fluxo menoraposta ganha brasilpessoas, atividades que nos acostumamos a fazeraposta ganha brasillugares fechados. A gente pode fechar ruas que tenham muitos restaurantes e bares e colocar alguns mesas desses estabelecimentosaposta ganha brasilforma espaçada nas vias públicas. Isso oferece menos riscos e não diminui tanto o númeroaposta ganha brasilclientes", aponta Sommer.
Essa também é a opiniãoaposta ganha brasilPaulo Lotufo: "No Brasil, precisamos melhorar as praças e os parques públicos e torná-los mais atrativos. Muitas vezes, a quantidadeaposta ganha brasilmesas para as pessoas utilizarem é mínima, o que impede um uso maior desses espaços. Não faz sentido reabrir parques depoisaposta ganha brasilshoppings e academias. A gente acabou reabrindo lugares com pouca ventilação e sem muito controle."
Outro aspecto importante é que o Brasil apresenta maiores desigualdades sociais, o que torna o cenário mais complexo. Para Monicaaposta ganha brasilBolle, a limitação da capacidade máxima tem uma repercussão considerável no país, onde é grande o contingenteaposta ganha brasilpessoas empregadas nos setoresaposta ganha brasilserviços e comércio.
A economista não acredita que haverá o mesmo nívelaposta ganha brasilaumento do desemprego visto no começo da pandemia no país, mas considera muito provável parte das pessoas que foram readmitidas no terceiro setor devem perder a renda novamente, qualquer que seja a porcentagemaposta ganha brasillimitação.
"A abertura ilimitada também foi feita na Europa. Ela acreditou que podia reabrir tudo sem maiores restrições, e nisso surgiu o espaço para o coronavírus se reinstalar. Mas no Brasil há muito mais gente vulnerável e pobre, o que faz tudo mais exacerbado. Daí a importânciaaposta ganha brasilmedidas como o auxílio emergencial."
Para ela, este quadro torna o planejamentoaposta ganha brasilestratégias ainda mais necessário. "O estudo mostra que existe uma sintonia fina que pode ser feita. Mas isso tem um timing, e as autoridades precisam ajustar essa sintonia às circunstânciasaposta ganha brasilcada região. Vai haver segunda onda no Brasil, e é preciso agir antes do vírus", diz a pesquisadora, que também é diretora do Programaaposta ganha brasilEstudos Latino Americanos da Universidade Johns Hopkins.
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