A estratégia defendida por pesquisadores para não fechar comérciowinline freebetsegunda ondawinline freebetcovid-19:winline freebet
Em seguida, foi feito um cruzamento entre esses dados e o númerowinline freebetcasos da covid-19winline freebetcada cidade, os pesquisadores calcularam os níveis médiowinline freebetinfecçãowinline freebetalguns estabelecimentos fechados e concluíram que alguns lugares têm maior potencialwinline freebetdisseminar o coronavírus. Esse é o caso sobretudowinline freebetrestaurantes, mas tambémwinline freebetcafés, bares, hotéis, academias e templos religiosos.
Ocupação máxima e timing
Os pesquisadores utilizaram um modelo matemático para simular cenários com diferentes taxaswinline freebetocupação máxima desses estabelecimentos - como seria a taxawinline freebetcontaminação se um restaurante estiver 100% lotado e com 50% das mesas livres, por exemplo.
A conclusão foi que limitar a ocupação a 20% pode reduzirwinline freebet80% novas infecções pelo coronavírus nesses lugares. Alémwinline freebetdiminuir os riscoswinline freebetnovas infecções, essa limitação não reduz a clientelawinline freebetforma linear durante todo o períodowinline freebetfuncionamento do estabelecimento. De acordo com o estudo, uma taxawinline freebetocupação máximawinline freebet20% provocaria a perdawinline freebet42% do totalwinline freebetvisitas (e nãowinline freebet80%).
"Limitar a ocupação só diminui realmente a clientela nos horárioswinline freebetpico. É mais estratégico reduzir as ocupações nesses horários do que fechar os estabelecimentoswinline freebetmodo indiscriminado", afirma Emma Pierson, PhDwinline freebetciências da computação pela Universidadewinline freebetStanford e uma das autoras do estudo.
A pesquisadora diz que a principal contribuição dele é mostrar como a mobilidade é um fator decisivo para a disseminação do novo coronavírus. "Medidas preventivas como usar máscaras, lavar as mãos e manter o distanciamento continuam essenciais. Mas é importante pensar essas medidas conjuntamente com a mobilidade, já que ela pode ter impactos dramáticos. O objetivo é fornecer análises mais detalhadas para sustentar decisões políticas mais equânimes e efetivas."
Os pesquisadores também analisaram a eficácia dessa medida quando ela é aplicadawinline freebetcada semana do período estudado. E concluíram que o timing (avaliação do momento) é elemento primordial para a eficácia das medidaswinline freebetlimitação da ocupação. "Há dois fatores que realmente importam: quando você começa a fazer essa limitação e com que intensidade", complementa Pierson.
Desigualdades socioeconômicas
Os dadoswinline freebetmobilidade também mostraram como desigualdades raciais e socioeconômicas intensificam a disseminação da covid-19 entre populaçõeswinline freebetcor e mais pobres. Nas cidades estudadas, os bairros com menos brancos apresentaram riscos maioreswinline freebetinfecção.
Outro dado aponta que mercados e merceariaswinline freebetbairros mais pobres receberam, por hora, um númerowinline freebetvisitantes 59% maior do que daqueles situadoswinline freebetregiões mais ricas. E os mais pobres também permaneceram uma médiawinline freebettempo 17% superior. Tudo isso dobra o risco dessa população ser contaminada pelo coronavírus nesses estabelecimentos,winline freebetcomparação aos mais ricos.
Os autores do estudo afirmam que essas diferenças são explicadas por alguns fatores. Um deles é que minorias raciais e populações mais pobres têm menos possibilidadeswinline freebetreduzir os seus deslocamentos (por não terem empregos que permitam home office) e menos flexibilidadewinline freebethorário para ir a esses comércios. Outro é que aqueles situadoswinline freebetbairros mais pobres tendem a ter uma área menor e serem mais lotados.
Os pesquisadores concluem o estudo apontando algumas medidas para reduzir a disseminação da covid-19winline freebetbairros mais vulneráveis. Alémwinline freebetlimitar a ocupação máxima, eles sugerem a criaçãowinline freebetcentros emergenciaiswinline freebetdistribuiçãowinline freebetalimentos (para reduzir a lotaçãowinline freebetmercados e mercearias), a ampliaçãowinline freebettestagens gratuitas, suportes governamentaiswinline freebetrenda e locaiswinline freebettrabalho adequados (com boa ventilação e distanciamento quando possível). "Este estudo pode oferecer uma visão otimista, já que essas intensidadeswinline freebetdeslocamentos podem ser mudadas", afirma Pierson.
Questionada sobre por que o estudo focou somentewinline freebetáreas nos arredores das estaçõeswinline freebetmetrô das metrópoles pesquisadas, a pesquisadora afirma que essas áreas abrangem uma população que equivale a quase um terço da população total dos Estados Unidos, o que pode oferecer um bom parâmetrowinline freebetanálise. "Um bom próximo passo seria pesquisar dadoswinline freebetmobilidadewinline freebetpopulações das áreas rurais", conclui.
Avaliações
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil consideram que o estudo publicado na Nature traz um quadro amplo sobre as dinâmicaswinline freebetdisseminação do coronavírus. "Os modelos adotados permitem avaliar os impactos das medidaswinline freebetrestrição, acompanhar a dinâmica da pandemia e planejarwinline freebetforma adequada as medidas restritivas. Ele combina uma base grandewinline freebetdadoswinline freebetmobilidade e um modelo epidemiológico robusto", diz Bernardo Lanza, docente do Departamentowinline freebetDemografia da Universidade Federalwinline freebetMinas Gerais (UFMG).
Para a economista Monicawinline freebetBolle, o estudo inova ao trazer análises com mais nuances (fora da lógica "tudo ou nada"): "Ele oferece um meio termo que permite preservar os sistemaswinline freebetsaúde e a saúde das pessoas, sem ter impactos econômicos tão fortes ou restritivos como ocorreu com o lockdown."
Na avaliação dela, o estudo evidencia que limitar a ocupação máxima é a melhor formawinline freebetcalibrar as medidas sanitárias que funcionaram até agora.
"É fundamental ver quantas pessoas compartilham um único espaço ao mesmo tempo. Para evitar aglomerações é melhor receber 100 visitaswinline freebetcinco dias do quewinline freebetum só. Enquanto não houver vacinas, nenhum país vai poder reabrir os comércios com 100% da lotação", afirma Bolle, que também é pesquisadora-sênior do Peterson Institute for International Economics (PIIE).
Na opiniãowinline freebetPaulo Lotufo, docentewinline freebetepidemiologia na Faculdadewinline freebetMedicina da Universidadewinline freebetSão Paulo (USP), o estudo trabalha com um volume muito grandewinline freebetdados, o que deixa algumas informações sem detalhamento.
"Não fica claro se os restaurantes analisados estavam funcionandowinline freebetlocais abertos ou fechados e como era esse funcionamento. Mas isso é fruto da opção dos pesquisadores por um estudo com uma grande amplitude, que permite uma generalização sobre o processo. Para ter um conhecimento mais detalhado, é preciso analisar um volume menorwinline freebetdados, cidade por cidade."
Para o médico Márcio Sommer, a limitação máxima não deve ser dada por uma porcentagem, mas, sim, pela relação entre númerowinline freebetpessoas e a metragem quadrada do estabelecimento. Ele também frisa que as chanceswinline freebetcontaminação não dependem apenas do tipowinline freebetestabelecimento, mas tambémwinline freebetcomo ele se adapta para reduzir os riscos.
"A discussão deixawinline freebetser abrir ou não abrir e passa a ser: como reabrir oferecendo poucos riscos? Não se trata apenaswinline freebetuma decisão individual, maswinline freebetadaptação do projeto dos comércios ewinline freebetfiscalização pelas autoridades. É uma discussão social. A única formawinline freebetcontrolar essa cadeiawinline freebettransmissão é fazer intervenções sempre no coletivo: na comunidade, com a comunidade e pela comunidade", pondera o integrante do Centrowinline freebetPesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP.
Além do grande bancowinline freebetdados, todos os especialistas entrevistados pela BBC News Brasil consideraram a inserçãowinline freebetfatores socioeconômicos e raciais outro ponto forte do estudo.
"As pessoas não são homogêneas e têm diferentes capacidadeswinline freebetisolamento e distanciamento. Alguns grupos podem precisar circular mais do que outros e frequentar locaiswinline freebetmaior risco", lembra Bernardo Lanza.
"Quando a covid-19 atinge uma pessoa, ela interage não só com as comorbidades, mas também com o contexto socioeconômicowinline freebetque ela vive. É uma somawinline freebetfatores que não dá para separar;winline freebettermoswinline freebetpesquisa ewinline freebetintervençãowinline freebetpolítica pública, é fundamental ter esse olhar mais completo", complementa Monicawinline freebetBolle.
Realidade brasileira
Como as autoridades brasileiras podem utilizar esse estudo para traçar estratégias mais direcionadas contra a covid-19 no país?
Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, o primeiro passo é considerar algumas diferenças entre as realidades dos Estados Unidos e do Brasil. "Existem contextos sociais diferentes entre os mais pobres dos dois países. Nas favelas brasileiras, mais pessoas costumam dividir uma casa, o que reduz o potencialwinline freebetdistanciamento delas", pondera Sommer.
Lanza lembra que o Brasil tem o InfoGripe, uma basewinline freebetdados importante organizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "Ela permite acompanharwinline freebetforma adequada a dinâmica da pandemia no nível local e, sendo combinada com informaçõeswinline freebetoutros estudos, nos ajuda a ter um planejamento mais adequadowinline freebetmedidas. O custo da pandemia descontrolada é muito maior do que owinline freebetrestrições e limitações", afirma o demógrafo.
Os especialistas também consideram que o país precisa repensar a reaberturawinline freebetcomércios. "Nós nunca saímos da primeira onda. Temos hoje um recrudescimento com transmissão comunitária persistente e estamos perdendo o timing. A boa hora para agir é agora, quando o crescimentowinline freebetinternações hospitalares por covid ainda não está muito grande. Depois que a doença chega, só podemos fazer controlewinline freebetdanos", avalia Sommer, que também é mestrewinline freebetsaúde pública pela USP.
Para ele, o estudo incentiva a busca por várias estratégias que podem ser aplicadas simultaneamente. "Pequenas e médias empresas não sobrevivem funcionando só com 20% dawinline freebetcapacidade máxima. É preciso pensar soluções individualizadas e combinadas para cada tipowinline freebetestabelecimento: investirwinline freebetentrega, limitar o fluxowinline freebetclientes, ampliar o horáriowinline freebetfuncionamento, ocupar mais espaços públicos."
Os médicos defendem um maior usowinline freebetáreas públicas ao ar livre, já que espaços abertos são mais seguros do que os fechados. Nesse contexto, algumas medidas possíveis envolvem uma utilizaçãowinline freebetruas, parque e praças.
"A pandemia é uma oportunidadewinline freebetvoltar a fazer,winline freebetforma controlada e com um fluxo menorwinline freebetpessoas, atividades que nos acostumamos a fazerwinline freebetlugares fechados. A gente pode fechar ruas que tenham muitos restaurantes e bares e colocar alguns mesas desses estabelecimentoswinline freebetforma espaçada nas vias públicas. Isso oferece menos riscos e não diminui tanto o númerowinline freebetclientes", aponta Sommer.
Essa também é a opiniãowinline freebetPaulo Lotufo: "No Brasil, precisamos melhorar as praças e os parques públicos e torná-los mais atrativos. Muitas vezes, a quantidadewinline freebetmesas para as pessoas utilizarem é mínima, o que impede um uso maior desses espaços. Não faz sentido reabrir parques depoiswinline freebetshoppings e academias. A gente acabou reabrindo lugares com pouca ventilação e sem muito controle."
Outro aspecto importante é que o Brasil apresenta maiores desigualdades sociais, o que torna o cenário mais complexo. Para Monicawinline freebetBolle, a limitação da capacidade máxima tem uma repercussão considerável no país, onde é grande o contingentewinline freebetpessoas empregadas nos setoreswinline freebetserviços e comércio.
A economista não acredita que haverá o mesmo nívelwinline freebetaumento do desemprego visto no começo da pandemia no país, mas considera muito provável parte das pessoas que foram readmitidas no terceiro setor devem perder a renda novamente, qualquer que seja a porcentagemwinline freebetlimitação.
"A abertura ilimitada também foi feita na Europa. Ela acreditou que podia reabrir tudo sem maiores restrições, e nisso surgiu o espaço para o coronavírus se reinstalar. Mas no Brasil há muito mais gente vulnerável e pobre, o que faz tudo mais exacerbado. Daí a importânciawinline freebetmedidas como o auxílio emergencial."
Para ela, este quadro torna o planejamentowinline freebetestratégias ainda mais necessário. "O estudo mostra que existe uma sintonia fina que pode ser feita. Mas isso tem um timing, e as autoridades precisam ajustar essa sintonia às circunstânciaswinline freebetcada região. Vai haver segunda onda no Brasil, e é preciso agir antes do vírus", diz a pesquisadora, que também é diretora do Programawinline freebetEstudos Latino Americanos da Universidade Johns Hopkins.
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