Prego no pé, spray7 games é confiávelpimenta e beijo forçado: as torturas7 games é confiávelprisões do Pará segundo o Ministério Público:7 games é confiável

Cela7 games é confiávelprisão

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Segundo denúncia do Ministério Público Federal, presos relataram torturas7 games é confiávelsérie7 games é confiávelpresídios onde houve intervenção federal

7 games é confiável O Ministério Público Federal (MPF) fez uma série7 games é confiáveldenúncias7 games é confiáveltortura e maus-tratos ocorridos7 games é confiávelpresídios do Pará.

Segundo os procuradores, os crimes teriam sido cometidos principalmente por agentes federais que participam7 games é confiáveluma força-tarefa do Ministério da Justiça e Segurança Pública, pasta comandada por Sergio Moro.

Entre outras coisas, há relatos7 games é confiávelagressões generalizadas, alimentação imprópria, falta7 games é confiávelmedicamentos essenciais e proibição da entrada7 games é confiáveladvogados. O MPF também recebeu fotos e vídeos que mostram presos feridos, além7 games é confiávelsuperlotação e condições sanitárias precárias.

Após as denúncias, a Justiça afastou o coordenador da força-tarefa, Maycon Cesar Rottava. A operação se iniciou7 games é confiávelagosto, dias após um conflito entre facções criminosas deixar mais7 games é confiável50 pessoas mortas7 games é confiáveluma unidade7 games é confiávelAltamira.

Por outro lado, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, negou que haja tortura generalizada nas unidades que estão sob7 games é confiávelresponsabilidade.

"(O Depen) não reconhece as alegações7 games é confiáveltortura generalizada durante o emprego da Força-Tarefa7 games é confiávelIntervenção Penitenciária (FTIP)7 games é confiável13 unidades prisionais do Pará. O Depen defende a humanização da pena e repudia quaisquer atos7 games é confiávelmaus tratos", escreveu a entidade,7 games é confiávelnota.

Já o presidente Jair Bolsonaro (PSL), questionado ontem sobre as denúncias do MPF, não quis comentar o assunto e ainda criticou a imprensa: "Parem7 games é confiávelperguntar besteira", disse.

O governo do Pará, comandado por Helder Barbalho (MDB), afirmou "repudiar" as "infundadas narrativas" sobre torturas.

Em nota, o governo afirmou que "de todas as indicações para realização7 games é confiávelexames7 games é confiávelcorpo7 games é confiáveldelito, nenhum resultado enveredou para a constatação7 games é confiávellesões provocadas por maus tratos ou atos7 games é confiáveltortura."

Pregos, spray7 games é confiávelpimenta, arma calibre 12

Colhidos pelo MPF com presos, familiares e agentes penitenciários estaduais, os relatos7 games é confiáveltortura e maus-tratos nas unidades sob intervenção federal, entretanto, são numerosos e bastante contundentes.

No documento do MPF, um preso conta que, após agentes federais entrarem no local, os detentos ficaram nus das 7h30 até as 16h45. "Nesse período, passamos por tortura, pois estávamos no sol quente, espirravam spray na gente, quebraram muitos cabos7 games é confiávelvassoura nas nossas costas", disse.

O mesmo preso contou que viu agentes federais e também estaduais "pegando o cabo7 games é confiáveluma doze (arma7 games é confiávelcalibre 12) e introduzindo na bunda7 games é confiávelum rapaz".

Ele completa: "Foram dois agentes, ele (o preso) estava7 games é confiávelposição7 games é confiávelprocedimento, ou seja, com as mãos na cabeça. (Os agentes) tentaram primeiro introduzir no ânus dele um cabo7 games é confiávelenxada, mas não conseguiram, aí conseguiram com o cabo da 12; inclusive, eu vi esse rapaz saindo7 games é confiávelambulância e os médicos atendendo ele."

Outros detentos relataram ser frequente o uso7 games é confiávelsprays7 games é confiávelpimenta7 games é confiávelcelas e até diretamente nos internos. "O agente espirrou spray7 games é confiávelpimenta no rosto7 games é confiávelum preso e mandou o rapaz esfregar no rosto; quanto mais se passa a mão no rosto, mais se sente a dor."

Moro

Crédito, José Cruz/Agência Brasil

Legenda da foto, Sergio Moro comanda o ministério da Justiça e Segurança Pública, responsável pela força-tarefa nos presídios do Pará

Segundo os testemunhos colhidos pelos procuradores da República, agressões físicas ficaram frequentes dentro das cadeias após a intervenção.

"(O agente) pegou uma tábua com prego, levantou a cabeça do prego, e bateu com o prego no meu pé. Ele inseriu o prego no meu pé direito; me jogaram pra dentro do bloco com o pé ferido; no dia seguinte,7 games é confiávelvez7 games é confiáveleu ter atendimento médico, me torturaram, me deram muita porrada e spray (de pimenta), e jogaram7 games é confiávelvolta pra dentro do bloco novamente, sem atendimento."

Em outro ponto da denúncia, um detento relata: "Estavam fazendo a gente se beijar, homens como homens, isso aconteceu com seis presos; eram agentes federais que faziam isso; chamavam os presos lá na frente e faziam os presos se beijar na frente do resto."

"Os agentes federais doaram todas as nossas roupas e objetos, como fogão, ventilador, tomada, extensão, sandália, pulseira, cordão, eles foram todos despejados numa espécie7 games é confiávellixão,7 games é confiávelmodo que os populares da redondeza pegaram. Nós vimos os agentes federais ficando com nossas alianças, relógios, pulseiras, cordão, dinheiro", conta um interno.

Segundo testemunhos7 games é confiávelparentes e membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a força-tarefa federal também está evitando medicar presos com HIV e tuberculose.

De acordo com a denúncia do MPF, os presos "não estão recebendo assistência à saúde, mesmo alguns estando feridos, com balas7 games é confiávelborracha, ou lesionados7 games é confiávelrazão da violência física dos agentes federais. (Também) sofrem privação7 games é confiávelmedicação e tratamento, inclusive presos com deficiência, HIV e tuberculose."

'Campo nazista'

Além dos presos e parentes, o MPF também ouviu membros da OAB que conseguiram entrar nas casas7 games é confiáveldetenção. Em um áudio, uma advogada comparou a situação7 games é confiáveluma das unidades sob intervenção a um campo7 games é confiávelconcentração nazista.

"Eu já chorei — e eu sou advogada — mas eu já chorei nessa cela aqui que eu estava, não sei nem o que dizer pra vocês. Tem gente baleada, eles são agredidos todo dia, eles estão há 30 dias com uma roupa só, descalços e carecas, aqui parece campo nazista, sabe? Todo mundo quer ser transferido das cadeias porque não tão aguentando o regime que está tendo aqui."

No mês passado, os procuradores que investigam o caso também conversaram com agentes penitenciários da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe). Eles contaram ter sofrido com o uso constante7 games é confiávelspray7 games é confiávelpimenta, além7 games é confiávelterem presenciado abusos e agressões contra presos.

"Os agentes federais disseram que tinham autorização para 'invadir' qualquer casa penal e 'fazer qualquer coisa'; tivemos alergia e bolhas no corpo com o spray7 games é confiávelpimenta, uma colega servidora saiu7 games é confiávellá com nariz sangrando; a gente sentia o spray7 games é confiávelpimenta no ar, sendo que com os presos o spray é disparado diretamente (no rosto)", contou uma servidora.

Pessoas na frente do presídio onde mais7 games é confiável50 pessoas forma mortas no Pará

Crédito, EPA

Legenda da foto, Ao menos 58 pessoas foram mortas7 games é confiávelguerra7 games é confiávelfacções dentro7 games é confiávelpresídio no Pará

"Os sprays7 games é confiávelpimenta são jogados7 games é confiáveldias seguidos,7 games é confiávelmomentos distintos, sem qualquer prévia reação dos presos."

Ela completa: "Os agentes federais dizem que nós não podemos chamar os presos7 games é confiável'senhor', mas7 games é confiável'vagabundo'; lá há idosos7 games é confiável60 a 80 nos, há idosos sequelados7 games é confiávelAVC. Somos orientados a falar que todas as necessidades médicas estão sendo atendidas, mas desconhecemos isso."

"É muito parecido com cena7 games é confiávelholocausto,7 games é confiávelcampo7 games é confiávelconcentração, é muito degradante. são agressões generalizadas, graves, e com a conivência do poder público, do Estado. Parece que fizeram uma seleção7 games é confiávelpsicopatas, e deram o direito a eles se regozijarem nos presos - o que a gente vê é a banalização do mal", completou a agente.

Intervenção federal

A intervenção federal7 games é confiável13 presídios do Pará ocorre desde agosto. A operação foi um pedido do Estado ao governo federal depois que um massacre7 games é confiáveluma unidade prisional7 games é confiávelAltamira deixou 58 mortos.

Segundo o governo, os assassinatos ocorreram durante uma briga entre duas facções criminosas que dividiam a detenção: Comando Classe A e Comando Vermelho.

Em nota, o governo do Pará "reafirma seu compromisso com as ações estratégicas desenvolvidas pela Força Tarefa, cuja composição conta com abnegados servidores penitenciários advindos7 games é confiável20 Estados brasileiros, com formação técnica rigorosa e criteriosa, visando o estabelecimento7 games é confiávelprocedimentos7 games é confiávelretomada do controle estatal das unidades prisionais."

Já o Depen, da gestão Bolsonaro, também negou os crimes. "Reafirmamos a confiança e o compromisso do trabalho realizado pelas forças tarefas7 games é confiávelintervenção. Em 40 dias7 games é confiávelatuação, foram realizados mais7 games é confiável40 mil procedimentos. Entre 23.155 entrega7 games é confiávelmedicações, 10.235 procedimentos7 games é confiávelenfermagem, 1.963 atendimentos médicos, 875 exames7 games é confiáveltuberculose, 500 atendimentos odontológicos."

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