Índios se aliam a antigos inimigos contra planosvaidebet wikipédiaBolsonaro na Amazônia:vaidebet wikipédia

Encontro no Xingu

Crédito, Lucas Landau/Rede Xingu +

Legenda da foto, Indígenas se apresentam durante encontro que reuniu representantes 14 etnias evaidebet wikipédiaquatro reservas extrativistas na Terra Indígena Menkragnoti, no Pará

A região, que ocupa partes do Pará evaidebet wikipédiaMato Grosso, tem área equivalente à do Rio Grande do Sul e é um dos últimos trechos preservados da Amazônia emvaidebet wikipédiaporção oriental. Dados do boletim Sirad-X, porém, indicam que a região perdeu 68,9 mil hectaresvaidebet wikipédiafloresta – equivalente à áreavaidebet wikipédiaSalvador – entre janeiro e junho deste ano. O boletim é produzido pela Rede Xingu+, que organizou a assembleia e agrega 24 organizações ambientalistas e indígenas da região.

vaidebet wikipédia 'Um vaidebet wikipédia só inimigo: o governo do Brasil'

"Hoje nós temos um só inimigo, que é o governo do Brasil, o presidente do Brasil, e as invasõesvaidebet wikipédianão indígenas", diz à BBC News Brasil Mudjire Kayapó, um dos líderes presentes. "Temos brigas internas, mas, para lutar contra este governo, a gente se junta", ele afirma.

A organização do encontro envolveu uma logística complexa. Indígenas deixaram suas aldeias rumo às cidades mais próximas, onde foram recolhidos por ônibus fretados.

Mapa Xingu
Legenda da foto, Mapa com as terras indígenas e unidadesvaidebet wikipédiaconservação na bacia do Xingu, no Pará evaidebet wikipédiaMato Grosso;vaidebet wikipédiavermelho, a Terra Indígena Menkragnoti, onde ocorreu o encontro

Único veículo jornalístico não indígena a cobrir o evento, a BBC News Brasil iniciou a jornadavaidebet wikipédiaSinop (MT). De lá, foram cercavaidebet wikipédiasete horasvaidebet wikipédiaônibus pela BR-163 e outras sete numa estradavaidebet wikipédiaterravaidebet wikipédiamata fechada até a aldeia, que tem cercavaidebet wikipédia500 moradores.

Já no interior da terra indígena, uma varavaidebet wikipédiaporcos-do-mato cruzou a pista à frente do ônibus. Avisados, caçadores kayapós foram ao local na manhã seguinte. Voltaram com três porcos, que acabaram assados e servidos aos visitantes junto com carnevaidebet wikipédiapaca.

O cardápio também oferecia arroz e feijão, incluídos para atender paladares mais sensíveis, alémvaidebet wikipédiapeixes pescados no Iriri servidosvaidebet wikipédiafolhasvaidebet wikipédiabananeira.

Os debates ocorreram na casa dos homens, construção no centro da aldeia, cercada por casas dispostasvaidebet wikipédiaum grande círculo. Conhecidas pelas delicadas pinturas corporais, as mulheres da aldeia raramente apareciam no encontro e passavam os dias entre as roças e suas casas – detalhe que gerou uma saia-justa com uma visitante ribeirinha (leia mais abaixo).

Missãovaidebet wikipédiapaz

Povo indígena mais numeroso do Xingu, com cercavaidebet wikipédia12 mil integrantes, os kayapós – que se autodenominam mebêngôkre – fizeram questãovaidebet wikipédiasediar o evento, o primeiro encontro da Rede Xingu+, numa aldeia indígena (as três assembleias bienais anteriores foramvaidebet wikipédiacidades).

Ao sediar a reunião, eles queriam selarvaidebet wikipédiavez a paz com os vizinhos. "Não vamos repetir o passado, vamos ter união daqui para a frente", discursou Kadkure Kayapó, um dos caciques da aldeia.

Um dos resultados do evento foi a criaçãovaidebet wikipédiaum conselho entre as organizações participantes para unificar demandas e agilizarvaidebet wikipédiaarticulação política. Os kayapós também buscavam fortalecer alianças com outros grupos num momentovaidebet wikipédiaque o próprio povo está dividido.

Doto Takakire

Crédito, Lucas Landau/Rede Xingu +

Legenda da foto, Um dos anfitriões do evento, Doto Takakire aponta trechos desmatados nas bordas da bacia do Xingu

Em duas das quatro terras indígenas da etnia, alguns líderes têm permitido a açãovaidebet wikipédiagarimpeiros e madeireiros. A situação é mais grave na Terra Indígena Kayapó, onde os rios Fresco e Branco foram contaminados por mercúrio e desfigurados por balsas e retroescavadeiras usadas pelos garimpeiros.

Em julho, uma reportagem da BBC News Brasil mostrouvaidebet wikipédiaimagensvaidebet wikipédiasatélite o avanço do garimpo na região desde o início do ano.

Assédiovaidebet wikipédiagarimpeiros

Para Doto Takakire, um dos anfitriões do evento, a proposta do governovaidebet wikipédialiberar a mineraçãovaidebet wikipédiaterras indígenas tornou alguns líderes mais suscetíveis ao assédiovaidebet wikipédiagarimpeiros, que oferecem dinheirovaidebet wikipédiatroca da permissão para atuar nos territórios.

"Depois que eles (líderes indígenas) pegam o dinheiro fácil, viciam e não querem mais trabalhar. É algo humano: acontece com indígenas e não indígenas", afirma.

O garimpo é hoje proibidovaidebet wikipédiaterras indígenas. A liberação da atividade, tratada pelo governo Bolsonaro como prioritária, depende da aprovaçãovaidebet wikipédiauma lei pelo Congresso.

Outra causa para o aumento do garimpo, segundo Takakire, foi a diminuição nas multas aplicadas pelo Ibama, órgão responsável por combater crimes ambientaisvaidebet wikipédiaterras indígenas. Até o meiovaidebet wikipédiaagosto, o númerovaidebet wikipédiaautuações do órgão caiu 30%vaidebet wikipédiarelação à média dos últimos três anos para o mesmo período.

Indígenas

Crédito, Lucas Landau/Rede Xingu +

Legenda da foto, Líderes indígenas prometeram cooperar entre si para expulsar invasoresvaidebet wikipédiaseus territórios e debateram estratégias para gerar renda às comunidades sem desmatar

Em entrevista à BBC, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que a redução no númerovaidebet wikipédiamultas não indica um afrouxamento do combate a ilícitos. Segundo Salles, o Ibama tem buscado embasar mais suas autuações para que os infratores não consigam se livrar das cobranças, priorizando a qualidade e não a quantidadevaidebet wikipédiamultas.

Divisões causadas pelo garimpo

Líderes indígenas favoráveis ao garimpo não foram convidados para o encontro, decisão que foi questionada por alguns dos presentes.

"Aqui só temos parentes que lutamos pelo meio ambiente, pela terra, pela água, mas não tem nenhum parente que quer o agronegócio ou o garimpo nas aldeias. Vamos ficar só debatendo entre nós?", questionou Oé Kayapó, representante da Associação Floresta Protegida (AFP).

Ela cobrou dos participantes convencer os ausentes a abandonar atividades destrutivas. "Vamos continuar brigando pela preservação do território enquanto outros brigam para ter garimpo e arrendamentovaidebet wikipédiaterra? Isso nos enfraquece, não dá para continuar assim", afirma.

Organizadores disseram que os grupos divergentes não foram convidados para evitar conflitos.

Tramitam na Câmara dos Deputados propostas legislativas que permitiriam atividades agropecuáriasvaidebet wikipédialarga escalavaidebet wikipédiaterras indígenas.

Defensores das iniciativas, que também têm o respaldo do governo Bolsonaro, dizem que as medidas buscam garantir melhores condiçõesvaidebet wikipédiavida às comunidades.

Já indígenas contrários temem que as medidas abram o caminho para o arrendamentovaidebet wikipédiasuas terras para grandes produtores rurais, o que ameaçaria seus modosvaidebet wikipédiavida.

Eles debateram no encontro alternativas econômicas ao agronegócio e à mineração. Foram compartilhadas experiências bem-sucedidas e dificuldadesvaidebet wikipédiainiciativas que buscam gerar renda sem derrubar a floresta, como o artesanato e o processamentovaidebet wikipédiafrutos nativos.

Garimpo

Crédito, Planet Labs

Legenda da foto, Usovaidebet wikipédiaretroescavadeiras ampliou os danos causados por garimpeirosvaidebet wikipédiarios da Terra Indígena Kayapó, no Pará

Tradução simultânea

O encontro, que durou três dias, reuniu etnias com vários idiomas distintos e teve duas línguas oficiais. Todas as falasvaidebet wikipédiakayapó eram traduzidas para o português, e vice-versa.

Alguns visitantes compreendiam o kayapó por falarem idiomas do mesmo tronco linguístico, o macro-jê, enquanto os demais recorriam ao português, que a maioria dos grupos fala como segunda língua. Além dos múltiplos idiomas, ouviam-se os cantosvaidebet wikipédiaararas domesticadas, que vez ou outra pousavam sobre a casa dos homens.

O discurso que causou mais comoção foi feito por Bepto Xikrin, liderança da Terra Indígena Trincheira Bacajá, no Pará.

Ele contou que, desde o início do ano, cercavaidebet wikipédia400 garimpeiros e madeireiros estavam atuando no território. Bepto disse que as comunidades estavam assustadas e não sabiam como agir. De pronto, dois caciques kayapós se levantaram e prometeram enviar guerreiros para expulsar os invasores, recebendo aplausosvaidebet wikipédiatodos.

Outro momento simbólico foi a apresentaçãovaidebet wikipédiacantos e danças dos convidados, no último dia. Para a primeira exibição, os kayapós convocaram representantes do povo panará: justamente um dos grupos com que eles guerrearam mais intensamente no passado.

Com os corpos pintadosvaidebet wikipédiajenipapo, os quatro panarás entoaram um canto gutural, saltando conforme o ritmo. Aplausos calorosos dos kayapós sugeriam que as rivalidades entre os grupos podem ter ficado para trás.

Kayapós e panarásvaidebet wikipédiaencontro na Terra Indígena Menkragnoti

Crédito, Lucas Landau/Rede Xingu+

Legenda da foto, Encontro pôs frente a frente líderesvaidebet wikipédiagrupos que guerrearam no passado, como os panarás (representados no encontro pelos dois homens à direita, e os kayapós (à esq.)

'Morreu todo mundo'

No relatório que embasou a demarcação da Terra Indígena Panará, a Funai diz que o primeiro embate entre os dois povos ocorreuvaidebet wikipédia1922, quando os kayapós atacaram uma aldeia panará. Os panarás contra-atacaram no ano seguinte, alimentando um ciclovaidebet wikipédiarevides que se estenderia até 1968, quando um massacre alterou o equilíbriovaidebet wikipédiaforças na região.

O antropólogo americano Stephan Schwartzman, que viveu entre os panarás, narrou o episódio num artigovaidebet wikipédia1992. Ele diz que, antes do grande ataquevaidebet wikipédia1968, os kayapós já vinham usando armasvaidebet wikipédiafogo obtidas dos brancos na guerra contra os panarás, que, ainda sem contato com o mundo exterior, respondiam com flechas.

Naquele ano, conta Schwartzman, os kayapós "fizeram questãovaidebet wikipédiajuntar o maior número possívelvaidebet wikipédiaarmas e munição, inclusive obtendo munição com o missionário que morava com eles na época". Os kayapós subiram o rio Iriri até a aldeia Sonkanasan, dos panarás, incendiando todas as casas e matando 26 pessoas.

Uma sobrevivente descreveu a chacina ao antropólogo. "Morreu todo mundo, meu pai e tios... Mataram meu marido... Mataram meu irmão mais velho, Peyati, meu filho Yosuri, meu irmão Kyotiswa, mataram minha mãe... Mataram meu sobrinho Nasu, era menino, mataram Sotare, que era adulto, mataram Kyititu... e o velho Kosu, mataram... Os Txurracamãe (kayapós) massacraram esse pessoal, por isso estou com raiva."

Encontro no Xingu
Legenda da foto, Líderes kayapós discursam na casa dos homens durante a assembleiavaidebet wikipédiapovos xinguanos, na Terra Indígena Menkragnoti

Os sobreviventes deixaram a aldeia e se embrenharam na mata. Anos depois, outra tragédia se abateu sobre o grupo quando o território panará foi cortado pela BR-163, uma das estradas com que a ditadura militar pretendia integrar a Amazônia ao resto do país.

Para tirá-los do caminho e evitar conflitos ainda mais graves, o governo enviara à região uma missão chefiada pelos irmãos Cláudio e Orlando Villas Boas, que já tinham contatado vários grupos indígenas Brasil afora.

Tentativas infrutíferasvaidebet wikipédiacontato duraram vários anos, até que,vaidebet wikipédia1972, enquanto os operários se aproximavam da aldeia panará, uma epidemiavaidebet wikipédiagripe se espalhou pela comunidade. "Morreram tantas pessoas que os sobreviventes não foram suficientes ou não tinham força suficiente para enterrá-las, e os urubus comeram os mortos apodrecendo no chão", narra Schwartzman.

Famintos e doentes, os cercavaidebet wikipédia200 remanescentes foram levados para o Parque Indígena do Xingu, ao sul. Em 1997, os panarás conseguiram regressar a uma partevaidebet wikipédiaseu território original às margens da BR-163. Desde então, com a demarcação da área, a população do grupo triplicou.

Aliança contra os brancos e Bolsonaro

Dois líderes panarás presentes disseram à BBC que os conflitos com os kayapós foram superados.

"Nós matamos os kayapó, os kayapó nos mataram, nós brigamos com os kayabi, mas não sabíamos ainda o que estava acontecendo sobre o branco, não sabíamos dessa ameaça ainda", diz Sinku Panará emvaidebet wikipédialíngua, traduzido por João Paulo Denófrio, doutorandovaidebet wikipédiaAntropologia pela Universidade Federal do Riovaidebet wikipédiaJaneiro (UFRJ).

"Então esfriamos a cabeça, nos reconciliamos, voltamos a conversar uns com os outros e não vamos mais brigar. Porque existe um interesse comum para que lutemos juntos, para que os não indígenas não matem a todos nós", ele afirma. Sinku diz que a vitóriavaidebet wikipédiaBolsonaro encorajou uma aproximação ainda maior entre grupos indígenas que eram inimigos.

Terra Menkragnoti
Legenda da foto, Aldeia kayapó nos limites da Terra Indígena Mekragnoti, onde visitantes precisam se identificar antesvaidebet wikipédiaseguir viagem

"Os outros presidentes tinham uma preocupação um pouco maior com as nossas terras (...). Este que chegou agora (Bolsonaro), ele não está preocupado com isso, ele está preocupadovaidebet wikipédiaacabar com o que a gente tem e acabar com a gente. Por isso estou com o coração cheio, por isso estamos conversando uns com os outros."

Sinku diz estar preocupado "com as árvores, com a água, com o peixe, com os não indígenas que querem entrar na nossa terravaidebet wikipédiabusca dessas coisas". "Não quero estragar a água com garimpo, com mineração, não quero matar os peixes. Por isso que vim aqui: para fazer esta fala."

Vários outros líderes expressaram receios semelhantes. Grupos que habitam áreas no sul da bacia,vaidebet wikipédiaMato Grosso, disseram temer a contaminação dos rios por agrotóxicos usadosvaidebet wikipédiafazendas vizinhas.

"A soja está muitovaidebet wikipédiacima do nosso limite (territorial)", diz Winti Khisetje, um dos líderes da Terra Indígena Wawi. Ele diz que têm aumentado os casosvaidebet wikipédiagripe, febre e coceiras na comunidade, o que ele atribui a agrotóxicos aplicados na região.

Segundo a ONG Greenpeace, nos sete primeiros mesesvaidebet wikipédia2019, o Ministério da Agricultura liberou 290 novos tiposvaidebet wikipédiaagrotóxico. É o número mais alto para este período do anovaidebet wikipédiapelo menos uma década.

O Ministério da Agricultura diz que a liberaçãovaidebet wikipédiamais agrotóxicos não tem provocado aumento no consumo. "Com a liberaçãovaidebet wikipédiamais moléculas, o produtor vem usando menos, porque está usando produtos melhores", dissevaidebet wikipédiajulho a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

Tema que dominou o noticiário nacional na semana do encontro, as queimadas na Amazônia não estiveram entre os assuntos principais do evento -vaidebet wikipédiaparte porque a maioria dos incêndios na região tem ocorrido foravaidebet wikipédiaterras indígenas e reservas extrativistas. Nessas áreas, as matas estão mais preservadas e, portanto, menos sujeitas à expansão do fogo.

Indígenas e ribeirinhos

O encontro também serviu para aproximar os kayapós e os demais indígenas xinguanosvaidebet wikipédiaoutra população com que se estranhavam no passado: os ribeirinhos.

Uma das representantes do grupo era a pescadora Rita Cavalcante da Silva,vaidebet wikipédia47 anos, que visitava uma terra indígena pela primeira vez.

"Eu imaginava, mas não tinha dimensão do que era realmente uma terra indígena. É muito bonito, muito organizado, muito tradicional", ela disse à BBC.

Ribeirinhas

Crédito, Lucas Landau/Rede Xingu +

Legenda da foto, A ribeirinha Rita Cavalcante da Silva (à esq.) visitava uma terra indígena pela primeira vez na vida

Moradora das margens do lago formado pela hidrelétricavaidebet wikipédiaBelo Monte,vaidebet wikipédiaAltamira (PA), Silva afirmou que ribeirinhos e indígenas têm culturas parecidas.

"Vivemos do rio, temos aquele contato com a terra, necessitamosvaidebet wikipédiaestar na terra, sobrevivemos do peixe, da mata. Isso criou vínculos fortes entre as duas populações", afirma.

Outra ribeirinha presente, Liliane Ferreira, 26 anos, da Reserva Extrativista Rio Iriri, diz que temia indígenas na infância.

Como muitos ribeirinhos, Ferreira tem sangue nordestino, bisnetavaidebet wikipédiamaranhenses que migraram para a Amazônia para trabalhar como seringueiros. Ela diz ter crescido ouvindo a avó contar históriasvaidebet wikipédiaíndios que raptavam mulheres e crianças ribeirinhas.

"Uma vez ela estava caçando tatu e tentaram pegar ela", conta Ferreira. "Quando diziam 'tem índio solto aí', eu ficava com medo."

Ela afirma que a desconfiança se dissipou conforme passou a lutar ao ladovaidebet wikipédiaindígenas por causas comuns. Mas isso não a impediuvaidebet wikipédiacutucar os anfitriões kayapós ao notar a fraca presença feminina no encontro.

"Eu perguntei: 'vem cá, por que suas mulheres não participam das reuniões?' Eles disseram que não pode, que só pode se os maridos permitirem. Achei curioso, porque, entre os ribeirinhos, nós estamos lá metidas no meio, não queremos sair da frente", diz Ferreira.

No fim do evento, quando os kayapós convocaram os demais participantes a se agrupar para gravar um vídeo, Ferreira titubeou. Primeiro ficou dentro da casa dos homens, até ser chamada insistentemente pelos indígenas e outros ribeirinhos.

No fim, juntou-se ao grupo e até acompanhou a dança kayapó na festavaidebet wikipédiaencerramento, que se esticaria até tarde da noite, agora com forró nordestino do repertório ribeirinho.

raya

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