Imagens mostram avanço do garimpo ilegal na Amazôniabet 365 cblol2019:bet 365 cblol
A atividade foi monitoradabet 365 cbloltrês das terras indígenas brasileiras que mais sofrem com garimpos ilegaisbet 365 cblolouro: a Kayapó, a Munduruku (ambas no Pará) e a Yanomami (em Roraima e no Amazonas). Somados, os três territórios ocupam uma área equivalente à do Estadobet 365 cblolSão Paulo e abrigam alguns dos trechos mais preservados da Amazônia brasileira.
A BBC comparou fotosbet 365 cblolgarimpos - identificados pela BBC ou por grupos que monitoram a atividade - feitas no início do ano e nas últimas semanas. Nos três territórios monitorados houve um aumento das manchas que indicam a açãobet 365 cblolgarimpeiros. O fenômeno ocorreu tantobet 365 cblolgarimpos antigos, alguns criados há maisbet 365 cbloluma década, quantobet 365 cblolgarimpos recentes.
Uma ferramenta permite contrastar as fotografias, arrastando para a direita ou para a esquerda as setas no centro da imagem. As diferenças na coloração das imagens se devem a fatores climáticos ou ao usobet 365 cblolfotos feitas por satélites diferentes, com graus distintosbet 365 cblolresolução.
As fotografias foram enviadas a dois especialistasbet 365 cblolimagensbet 365 cblolsatélite: o geólogo Carlos Souza Jr., do Imazon, e o geógrafo Marcos Reis Rosa, da Arcplan. Ambos confirmaram se tratarbet 365 cblolfocosbet 365 cblolgarimpobet 365 cblolexpansão. Algumas frentesbet 365 cblolgarimpo retratadas ocupam áreas tão extensas quanto dezenasbet 365 cblolcamposbet 365 cblolfutebol.
Procurados pela BBC, o Ministério do Meio Ambiente, a Funai e a Polícia Federal não se pronunciaram sobre o avanço da atividade nem sobre as críticas à atuação dos órgãos até a publicação da reportagem.
Ouro yanomami
Em junho, a BBC publicou uma reportagem mostrando que o ouro se tornoubet 365 cblol2019 o segundo produto mais exportado por Roraima, embora o Estado não tenha nenhuma mina operando legalmente.
Autoridades investigam se o metal vem sendo extraído ilegalmente do território yanomami, onde, segundo indígenas, ao menos 10 mil garimpeiros estariam operando atualmente.
Coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sonia Guajajara diz que indígenasbet 365 cbloldiferentes partes da Amazônia têm relatado "um aumento absurdo nas invasões"bet 365 cblolgarimpeiros desde o início do governo Bolsonaro.
Ela afirma que declarações do presidentebet 365 cbloldefesa da extraçãobet 365 cblolminériosbet 365 cblolterras indígenas estão estimulando os garimpeiros. Enquanto era deputado federal e quando concorria à Presidência, Bolsonaro disse várias vezes ser favorável à exploração econômica desses territórios para melhorar as condiçõesbet 365 cblolvida das comunidades indígenas.
Em abril, ao receber um grupobet 365 cblolindígenasbet 365 cblolRoraima favoráveis à mineração, o presidente afirmou que "o índio não pode continuar sendo pobrebet 365 cblolcimabet 365 cblolterra rica".
A Constituiçãobet 365 cblol1988 prevê a exploração mineralbet 365 cblolterras indígenas desde que ela seja regulamentada por leis específicas. Como as leis jamais foram aprovadas, a atividade é ilegal.
Desde 1996, tramita no Congresso um projetobet 365 cblollei para regulamentar a mineraçãobet 365 cblolterras indígenas. O governo Bolsonaro tenta agora destravar a pauta.
Segundo Sônia Guajajara, porém, a grande maioria das comunidades indígenas brasileiras é contrária à regulamentação da atividade por temer seus impactos sociais e ambientais.
No fimbet 365 cblol2018, a Rede Amazônicabet 365 cblolInformação Socioambiental Georreferenciada (Raisg), que reúne oito ONGs ambientalistas latino-americanas, publicou um relatório sobre ameaças à Amazônia. O documento identificou garimpos ilegaisbet 365 cblol18 terras indígenas no Brasil.
Em alguns territórios, balsas reviram o leito dos riosbet 365 cblolbuscabet 365 cblolmetais preciosos. Em outros, além das balsas, há frentesbet 365 cblolgarimpo com escala quase industrial, onde retroescavadeiras e dragas cavam crateras na mata. É o casobet 365 cblolboa parte dos garimpos da região do Tapajós, no Pará, onde imagensbet 365 cblolsatélite mostram grandes "cicatrizes" abertas na floresta. .
Além da derrubadabet 365 cblolárvores, a atividade provoca assoreamentobet 365 cblolrios, desvia cursos fluviais e cria lagos artificiais que servem como criatóriosbet 365 cblolmosquitos. Não por acaso, a malária é comumbet 365 cblolzonasbet 365 cblolgarimpo na Amazônia.
Em algumas áreas reviradas pelas máquinas, os danos são permanentes, sem possibilidadebet 365 cblolregeneração completa.
Outro problema é a poluição com mercúrio, usado por garimpeiros para facilitar a aglutinaçãobet 365 cblolgrãosbet 365 cblolouro. Quando despejado nos rios, o mercúrio contamina peixes e quem se alimenta deles, alojando-sebet 365 cbloltoda a cadeia alimentar.
A intoxicação pela substância pode provocar danos neurológicos e malformaçãobet 365 cblolbebês. Em 2016, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Socioambiental (ISA) revelou que,bet 365 cblolalgumas aldeias yanomami, o índicebet 365 cblolpessoas contaminadas por mercúrio chega a 92%.
O garimpo também é associado ao aumentobet 365 cblolconflitos,bet 365 cblolprostituição ebet 365 cbloldoenças nas áreas indígenas onde se instala.
Em maio, o líder yanomami Davi Kopenawa afirmoubet 365 cbloluma conferência sobre mudanças climáticas na Universidade Harvard (EUA) que Bolsonaro quer "que os garimpeiros continuem até estragar nossos rios".
"Queria que o governo tomasse as providências para a retirada dos invasores do garimpo da terra demarcada e homologada", afirmou.
Fragilização dos órgãos ambientais
Para o engenheiro florestal Paulo Barreto, pesquisador associado do Imazon, o desmatamento na Amazônia tem sido estimulado não só pelas declaraçõesbet 365 cblolBolsonaro, mas também pela fragilização dos órgãos fiscalizatórios.
"Criou-se um climabet 365 cblolvale tudo, e as pessoas acham que não serão punidas se desmatarem", ele afirma à BBC.
Por ordem do ministro do Meio Ambientel, Ricardo Salles, o orçamento anual do Ibama - principal agência ambiental federal - foi reduzidobet 365 cblolR$ 89 milhões neste ano, um quarto do valor total.
Salles diz que a redução foi um contigenciamento (suspensão temporária) exigidabet 365 cblolvários órgãos do governo, e que o Ibama está remanejando recursos para não prejudicar suas operaçõesbet 365 cblolcampo.
Em entrevistas, o ministro tem rejeitado a avaliaçãobet 365 cblolque houve um afrouxamento no combate a crimes ambientais.
Para ambientalistas, porém, Salles vem minando o órgão não só com cortes, mas também com seus posicionamentos. No iníciobet 365 cbloljulho, madeireiros incendiaram um caminhão-tanque do Ibamabet 365 cblolRondônia. Duas semanas depois, o ministro viajou ao Estado e se reuniu com madeireiros, a quem chamoubet 365 cblol"pessoasbet 365 cblolbem que trabalham neste país".
"O que acontece hoje no Brasil, infelizmente, é o resultadobet 365 cblolanos e anos e anosbet 365 cbloluma política pública da produçãobet 365 cblolleis, regras,bet 365 cblolregulamentos que nem sempre guardam relação com o mundo real", disse Salles na reunião, segundo a Folhabet 365 cblolS. Paulo. "O que estamos fazendo agora é justamente aproximar a parte legal do mundo real que acontecebet 365 cbloltodo o paísbet 365 cblolnorte a sul."
Bolsonaro já se queixou várias vezes do Ibama e se comprometeu a acabar com o que considera uma "indústria da multa" promovida pelo órgão.
Em 2012, o próprio Bolsonaro foi multadobet 365 cblolR$ 10 mil pelo Ibama por pescarbet 365 cbloluma áreabet 365 cblolproteção ambientalbet 365 cblolAngra dos Reis (RJ). A multa foi anuladabet 365 cbloldezembrobet 365 cblol2018, poucos dias antesbet 365 cblolBolsonaro assumir a Presidência.
Nesta semana, o presidente voltou a ser criticado por ambientalistas ao contestar práticas do Instituto Nacionalbet 365 cblolPesquisas Espaciais (Inpe), órgão federal responsável por monitorar o desmatamento na Amazônia.
Segundo Bolsonaro, a divulgaçãobet 365 cblolinformações pelo órgão pode dificultar negociações do Brasil com outros países - como as relacionadas ao acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Líderes europeus têm expressado preocupação quanto ao aumento do desmatamento no Brasil e às açõesbet 365 cblolBolsonaro no setor ambiental.
Em abril, uma carta publicada na revista Nature e assinada por 607 cientistas e duas organizações indígenas criticou o governo Bolsonaro por "trabalhar no sentidobet 365 cbloldesmantelar as políticas contra o desmatamento". Segundo o documento, "a nova administração do Brasil ameaça direitos dos indígenas e as áreas naturais que eles protegem".
Aumento do desmatamento
Algumas semanas antes da críticabet 365 cblolBolsonaro ao Inpe, o ministro do Gabinetebet 365 cblolSegurança Institucional da Presidência, general Augusto Heleno, disse que os índicesbet 365 cbloldesmatamento da Amazônia são "manipulados".
No início do mês, o Inpe divulgou que houve um aumentobet 365 cblol88% no índicebet 365 cbloldesmatamento da Amazôniabet 365 cbloljunhobet 365 cblolcomparação com o mesmo mêsbet 365 cblol2018.
Um portavoz do órgão associou o resultado ao aumento nas grilagensbet 365 cblolterra e nas atividades agrícolas e minerárias na região.
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