5 razões pelas quais é tão difícil renovar a política brasileira:sports pokerstars

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A forma como o sistema e as regras estão estruturados, dizem especialistas, tendem a beneficiar quem já faz política e dificultar a entrada dos novatos.

"As estruturas dos partidos são completamente engessadas, hierárquicas e prontas para eleger certas figuras e talvez para trazer um (único) novo nome", afirma a cientista social e antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, professora da Universidade Federalsports pokerstarsSanta Maria, dizendo ser otimistasports pokerstarsrelação às novas gerações e formas distintassports pokerstarscandidaturas que estão aparecendo.

Já para o cientista político e professor do Insper Carlos Melo, "algum grausports pokerstarsrenovação sempre tem".

"A questão é se vai ser significativa para renovar a cara do sistema", observa Melo, que não aposta numa mudança significativasports pokerstarsimediato, mas acredita que o país está vivendo um processosports pokerstarstransformação da política - os resultados, contudo, só poderão ser mensurados, segundo ele, talvez daqui a quatro ou oito anos.

A BBC News Brasil ouviu especialistas e jovens que dizem querer mudar a política para apontar as principais dificuldadessports pokerstarsmudar a cara e as práticas do sistema político no país. Cinco foram as razões mais citadas para explicar por que isso é tão difícil:

1. Estrutura dos partidos políticos

Como candidaturas avulsas ou independentes não são permitidas no Brasil, para disputar uma eleição é obrigatório estar filiado a um partido político pelo menos seis meses antes do pleito.

Apesarsports pokerstarsser relativamente fácil se associar a um partido, as siglas tendem a dar mais oportunidades e a serem mais receptivas aos novatos que são potenciais puxadoressports pokerstarsvotos, como artistas ou atletas.

"É muito difícil você entrar num partido se não for para trabalhar dentrosports pokerstarsuma lógica muito pré-determinada. Muitas vezes a lógica é perpetuar o partido e os mesmos poderes, as mesmas redes. Geralmente redes masculinas, com algumas exceções é claro, mas redessports pokerstarshomens brancos", afirma Pinheiro-Machado.

A professora diz que ainda é muito raro que partidos invistamsports pokerstarscandidaturas femininas,sports pokerstarsespecialsports pokerstarsmulheres negras.

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Legenda da foto, Jovens, emsports pokerstarsmaioria integrantessports pokerstarsmovimentos e coletivos, que se filiam a partidos tentam ganhar espaço e ter voz

Alguns partidos estão abrindo as portas para candidatossports pokerstarsmovimentos políticos nascidos nos últimos anos, como Agora!, RenovaBR, Movimento Brasil Livre (MBL) e Livres. Mas isso não significa que os mais jovens vão ter voz e força nessas legendas.

Por isso, Pedro Duarte, vice-presidente da juventude do PSDB, defende que mais jovens se filiem a partidos tradicionais e que participemsports pokerstarsforma mais ativa da vida partidária na tentativasports pokerstarsabrir espaço para caras novassports pokerstarsorganizações onde a estruturasports pokerstarspoder está consolidada e há pouca alternância no comando.

2. Financiamentosports pokerstarscampanha

Alémsports pokerstarsnão terem as portas abertas, diz Carlos Melo, os partidos se transformaramsports pokerstarsimportantes financiadoressports pokerstarscampanha e tendem a patrocinar quem já está no poder.

Desde 2014, quando o Supremo Tribunal Federal proibiu a doaçãosports pokerstarsempresas para partidos e candidatos, o financiamento eleitoral ficou restrito às contribuiçõessports pokerstarspessoas físicas - que podem doar até 10% da renda declarada no ano anterior à eleição - e ao fundo partidário, que ésports pokerstarsR$ 888,7 milhões neste ano.

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Legenda da foto, Alémsports pokerstarsdoaçãosports pokerstarspessoa física, campanhasports pokerstars2018 vai ser financiada pelos fundos eleitoral e partidário

No ano passado, deputados e senadores aprovaram o fundão eleitoral no valorsports pokerstarsR$ 1,7 bilhão. Tanto os recursos do fundo partidário quanto os do Fundo Especialsports pokerstarsFinanciamentosports pokerstarsCampanha, nome oficial do fundão eleitoral, têm seu destino decidido pelos partidos.

"Esses recursos tendem a ser distribuídos pela cúpula dos partidos e a fortalecer quem já está no poder", afirma Melo, salientando que nem sempre os partidos são transparentes e democráticos.

Apesarsports pokerstarsa minirreforma partidária aprovada no ano passado ter estabelecido um teto para os gastossports pokerstarscampanha, disputar uma eleiçãosports pokerstarsforma competitiva ainda é considerado caro.

"Acho que os partidos são muito pouco dispostos a financiar novos candidatos", completa Rosana Pinheiro-Machado.

3. Força dos que já têm mandatos

Tanto Pinheiro-Machado quanto Melo apontam que, na lógicasports pokerstarsprivilegiar quem já está no poder, o sistema político dá especial atenção aos donossports pokerstarsmandatos ousports pokerstarscargos que conseguem usar a máquina pública.

"Imagina um jovem que vai disputar com alguém que já tem sede física, assessores e redesports pokerstarsrelacionamento com prefeitos, vereadores", diz o professor, salientando a condiçãosports pokerstarsdesvantagem dos que não têm "um aparelho" funcionando a seu favor.

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Legenda da foto, Donossports pokerstarsmandato saemsports pokerstarsvantagem na disputa eleitoral

Melo afirma ainda que são poucos os partidos que têm líderes carismáticos como Lula ou "chefões" como Valdemar da Costa Neto (PR) e Roberto Jefferson (PTB), que conseguem se manter fortessports pokerstarssuas respectivas legendas mesmo sem mandato.

Ainda assim, Pinheiro-Machado diz que, apesarsports pokerstarsser difícil, é possível romper com esse sistema.

"Sou otimistasports pokerstarsrelação às novas gerações e às novas formassports pokerstarscandidaturas que estão começando a se colocar na jogada;sports pokerstarspessoas que vieram dos novíssimos movimentos atésports pokerstarscandidaturas ativistas, e mesmosports pokerstarsgrupos mais ao centro e à direita", diz.

"Há grupos que estão pensando tambémsports pokerstarsamplas redessports pokerstarsrenovação política esports pokerstarsformaçãosports pokerstarslideranças muito voltadas para questões técnicas."

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Legenda da foto, A professora Rosana Pinheiro-Machado está otimista com as candidaturassports pokerstarspessoassports pokerstarsmovimentos esports pokerstarsativistas

4. Tom do discurso político

Apesar das dificuldades impostas pelo sistema, os novatos também podem acabar criando dificuldades para si mesmos. Jovens ou neófitos na política nem sempre conseguem fugir do discurso tradicional e impor um tom realmente novo.

Os especialistas, no entanto, são otimistas sobre a nova geração. Para Carlos Melo, há pessoas propondo novos tipossports pokerstarsorganização mais horizontal e coletiva. E, principalmente, com um discurso que não desqualifica seus opositores. "Um novo jeitosports pokerstarsfazer política está germinandosports pokerstarsalguma forma", diz.

Pinheiro-Machado acha que os mais jovens com menossports pokerstars20 anos já conseguem fugir do discurso convencional porque fazem partesports pokerstars"uma geração completamente avessa ao sistema político".

Ela admite, no entanto, que esta turma ainda deve demorar a assumir o poder. Enquanto isso, muitos dos que dizem querer mudar a política a partir das eleiçõessports pokerstars2018 "falam mais do mesmo".

5. Disposição do eleitor

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Legenda da foto, Para o professor Carlos Melo, na ausência do novo, o eleitor prefere votar branco ou nulo

A aparente pequena disposição do eleitorsports pokerstarsmudar o sistema também é citada pelos pesquisadores como um dos fatores que dificulta essa renovação. Tamanha insatisfação com a política tem refletido no índice significativosports pokerstarseleitores que prefere votarsports pokerstarsninguém.

Votos brancos e nulos crescem a cada pesquisasports pokerstarsintençãosports pokerstarsvotos e, segundo o Datafolha, atingiram neste mês patamares recordes. A depender do cenário, o númerosports pokerstarspessoas que declara votar branco ou nulo variasports pokerstars17% a 28% na pesquisa Datafolhasports pokerstarsjunho, feita com maissports pokerstars2 mil pessoassports pokerstars174 municípios.

"São votossports pokerstarsprotesto,sports pokerstarsnegação da política. A fasesports pokerstarsque a gente está ésports pokerstarsum mau humor terrível", avalia Carlos Melo.

sports pokerstars Como, então, mudar a política sports pokerstars ?

A BBC News Brasil perguntou a jovens que dizem querer mudar a política como pretendem renovar o sistema. A maioria defendeu uma mudança completasports pokerstarspessoas, práticas e ideias.

Há, contudo, posições contraditóriassports pokerstarsrelação os novos movimentos.

Para João Francisco Maria, da Rede e do movimento Agora!, o momento ésports pokerstarstransição. "O sistema velho está morrendo, os partidos vão morrer. Mas a gente tem que ocupar esses espaços, hackear a política, ocupar as instituições políticas, ocupar os partidos, ocupar o Parlamento para, dentro dele, ir ajudando para fazer essa transição e a construção do novo."

Já Felipe Rigoni, do Movimento Acredito e do Instituto RenovaBR, diz ser "impossível fazer política sem partido político". Ele acredita que movimentossports pokerstarsrenovação politica que estão aparecendo tendem a se integrar com as legendas tradicionais.

É com a participação dos movimentos, afirma Rigoni, que os partidos vão se renovar e "tornar-se o que devem ser: o elo entre o cidadão e o governo".

Porsports pokerstarsvez, Camila Moreno, do diretório nacional do PT, é crítica a muitos dos movimentos que pregam a renovação. "Acho que muitos desses novos movimentos estão ligados à política tradicional. Eles são a ideia da velha política num novo corpo", diz. Ela acreditasports pokerstarsmudança porque acha que os jovens "não estão satisfeitos com o que já foi conquistado".

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Legenda da foto, Alunos da primeira turma da Escola Comum, que pretende formar lideranças políticassports pokerstarsSão Paulo

Para o vice-presidente do PSDB, Pedro Duarte, "não é uma tarefa fácil, e ninguém nunca disse que seria fácil". "Certamente há uma resistência da velha guarda, mas a gente não pode fazer um discurso muito simples, muito bobo dos novos contra os velhos. Existe muita gente boa que é considerada da velha guarda", avalia.

Para Fábio Osterman, do Movimento Livres, "não existe um só caminho". "Acho que a gente precisa ter esforços concatenados da sociedade civil com a sociedade política."

"Está cada vez mais claro que a gente precisa ter uma mudança geracional, que essa velha guarda que está no poder tem feito o possível para barrar. A gente precisasports pokerstarsuma nova geraçãosports pokerstarspolíticos que acreditem a politica serve para servir o cidadão, e não se servir do cidadão", opina Osterman.

Há quem,sports pokerstarsvezsports pokerstarsse lançar na política, aposte na formaçãosports pokerstarsnovos nomes. A professora Rosana Pinheiro-Machado faz parte do grupo que criou a Escola Comum, que capacita jovens liderançassports pokerstarsáreas periféricas com aulas aos sábados,sports pokerstarsSão Paulo.

"O que a gente não quer é formar aquele estudantesports pokerstarsmovimento estudantil que repete as mesmas coisas como mesmo tomsports pokerstarsvoz. A gente quer formar políticossports pokerstarsraiz, voltados para as comunidades locais, mas que saibam pensarsports pokerstarsforma intelectual e livre", explica.