'Diziam que, no máximo, eu ia cozinhar para marido rico', diz chef no comando do 'Hell's Kitchen':aviator aposta betano
"Na hora, o peguei pelo dólmã (o uniforme usado por cozinheiros) e o jogueiaviator aposta betanocima da chapa. Nunca fariaaviator aposta betanonovo, porque ignorância só gera ignorância. Hoje, me acalmaria e o chamaria para conversar."
Esse tipoaviator aposta betanopreconceito vem sendo debatido dentro e fora das redes sociais após mulheres participantes do MasterChef Profissionais, uma competiçãoaviator aposta betanoculinária exibida pela Band, reclamaremaviator aposta betanoatitudes machistas por parte dos concorrentes.
Em um momento do programa, por exemplo, Dayse Paparoto, que sagrou-se a vencedora do programa na última terça-feira, 13aviator aposta betanodezembro, participavaaviator aposta betanouma prova com dois homens emaviator aposta betanoequipe quando sentiu-se ignorada por Ivo Lopes, seu colegaaviator aposta betanotime.
Dayse protestou: "Tá, então, eu fico aqui só olhando, é isso? Você quer fazer o legume, o cordeiro, o tomate... Quer fazer tudo". Ouviuaviator aposta betanovolta que "deveria pegar uma vassoura e varrer o chão". Dayse tinha trabalhado sob seu comandoaviator aposta betanoum restauranteaviator aposta betanoSão Paulo antesaviator aposta betanoos dois participarem do programa.
As declarações provocaram alguma polêmica na mídia brasileira e nas redes sociais. Ivo foi eliminado do programa na semanaaviator aposta betano29aviator aposta betanonovembro, por decisão dos jurados do programa.
"É complicado julgar, porque é tudo editado, mas a Dayse não deveria ter ficado quieta depois disso", avalia Dahoui.
"Deveria ter dito: 'Vai você, que eu vou fazer isso aqui!'. Uma mulher na cozinha não pode sair chorando ou ficar reclamando da forma como falam com ela. Precisa ter atitude e personalidade para conquistar seu espaço."
Foi assim, diz Dahoui, que ela conseguiu tornar-se um dos nomes mais respeitados do ramo atualmente no Brasil. "Quando entroaviator aposta betanouma cozinha, vou lá e façoaviator aposta betanotudo. Quando o cara vê, já estou mandando no fogão."
A chef já abriu sete restaurantesaviator aposta betanoSão Paulo e no Rioaviator aposta betanoJaneiro ao longo da carreira - permanece à frenteaviator aposta betanotrês, depoisaviator aposta betanovender os outros quandoaviator aposta betanofilha nasceu, há 11 anos - e é a primeira mulher a comandar o reality-showaviator aposta betanoculinária Hell's Kitchen - Cozinha Sob Pressão, programaaviator aposta betanoorigem britânica produzidoaviator aposta betanomais 13 países e exibido no Brasil pelo SBT.
"O mundo é um lugar machista, e a cozinha profissional não é diferente. Veja que,aviator aposta betanopleno 2016, sou a primeira mulher a ocupar esse posto", afirma Dahoui.
"Até agora, os chefs à frente desses programas sempre eram homens maus e fortes e mulheres fofas. Até mesmo a Paola (Carosella), uma chef nota mil, é a boazinha, a que chora ali no MasterChef."
'A chef estáaviator aposta betanoTPM'
Dahoui,aviator aposta betano48 anos, teveaviator aposta betanolidar com o descréditoaviator aposta betanorelação às mulheresaviator aposta betanocozinhas profissionais logo que começou, na França, para onde foi aos 23 anos, após decidir trabalhar com gastronomia.
"Sempre olharam torto para mim. Riam na minha cara quando eu dizia que queria ser chef. Falavam que eu nunca ia conseguir e que, no máximo, ia cozinhar para marido rico. Fizeramaviator aposta betanotudo para eu desistir - e eu não caí."
Em outro episódio daquela época, Dahoui almoçava com a equipe quando percebeu que a comida estava muito apimentada. Como ninguém mais na mesa demonstrava algum incômodo, não comentou na nada. "Na verdade, tinham colocado pimenta no meu prato. Depois, até vieram me cumprimentar dizendo eu tinha sido guerreira", relembra.
Dahoui voltou ao Brasilaviator aposta betano1996, quando abriu o primeiro bistrô Ruella, inspirada pela experiência francesa. Mas ser a dona do cardápio não a blindou contra atitudes assim.
"Quando voltei ao Brasil, meus colaboradores tinham muita dificuldadeaviator aposta betanome respeitar, porque, para eles, receber ordensaviator aposta betanouma mulher era muito difícil, ainda maisaviator aposta betanouma tão jovem."
Certa vez, chamou a atençãoaviator aposta betanoum garçomaviator aposta betanoseus restaurantes, porque ele estava conversando no caixaaviator aposta betanocostas para o salão, mas ele não lhe deu ouvidos. Dahoui reclamouaviator aposta betanonovo e o ouviu dele: "Ih, a chef estáaviator aposta betanoTPM hoje".
A chef retrucou na mesma hora: "Sou mulher e, pelo menos, tenho essa desculpa. E você que é homem e não pode usar isso para justificaraviator aposta betanofaltaaviator aposta betanoprofissionalismo?". "Nunca mais se repetiu", diz Dahoui.
'Mulher feliz incomoda'
Dahoui diz não ter testemunhado no Hell's Kitchen alguma situaçãoaviator aposta betanopreconceito explícito. Acredita que, com a mudançaaviator aposta betanocomando - ela substituiu o chef Carlos Bertolazzi, que estrelou a atração até a terceira temporada - e novo slogan ("lugaraviator aposta betanomulher é onda ela quiser, até na cozinha"), não há espaço para esse tipoaviator aposta betanocomportamento.
Mas houve um momentoaviator aposta betanoque notou uma pitadaaviator aposta betanomachismo na cozinha do programa. Neste reality show, homens e mulheres ficamaviator aposta betanoequipes separadas por boa parte da temporada. "Quando os times se uniram, os homens reclamaram, porque achavam que estava bom trabalharaviator aposta betanouma cozinha só deles", diz ela.
"Uma mulher pulandoaviator aposta betanofelicidade incomoda, dizem que ela está com fogo. Um homem pulando está 'amarradão'. Se uma mulher grita, ela está com TPM. Se é um homem, ele é machão. São cenas diárias e cotidianas."
Dahoui dá como exemplo seus próprios restaurantes. "Quando contrato uma mulher, sempre querem que ela faça a sobremesa e a salada ou que lave a louça ou faça a faxina. E olha que eles tem como chefe uma mulher que já provou ser capaz, tem sete restaurantes sem nunca um deles ter falido", comenta.
"Trabalhar na cozinha é árduo, exige ficaraviator aposta betanopé por oito horas, lidar com faca, aguentar o calor. E demanda força física, algo que homens têm mais do que mulheres. Mas nós temos força suficiente. Precisamos nos esforçar mais, mas damos conta."
A chef diz que, ao flagrar algum preconceito naaviator aposta betanocozinha, puxa a pessoaaviator aposta betanolado para conversar. "Falo para ele: 'Pensa naaviator aposta betanomãe. Tem filhas? Pensa nelas'. Explico a funçãoaviator aposta betanocada pessoa da equipe e lembro que todos temosaviator aposta betanofazeraviator aposta betanotudo. Hoje, sou proprietária, mas comecei lavando louça. Se conversamos sobre o assunto, as coisas vão mudando", diz.
"Temosaviator aposta betanopararaviator aposta betanoquestionar se esse preconceito existe. Está mais do que provado. Precisamos é falar sobre isso. E, ao se deparar com machismo, a mulher deve parar, respirar e dizer: 'Acreditaaviator aposta betanomim, porque eu vou fazer um bom trabalho e você vai adorar'."