Tim Vickery: Onde foi parar a elegância?:liverpool real madrid unibet

Crédito, Eduardo Martino

Passei, então, a enviar a mensagem visual que eu estava querendo. Claro, nem todos vão gostar. O ex-jogador Afonsinho, por exemplo, opinou que eu era "um estandarte todo engomadinho parecido com o tal que anda a rifar o Brasilliverpool real madrid unibet'xepaliverpool real madrid unibetfeira'".

É mentira. Juro que iria lutar por um preço justo.

Existem outros, felizmente, que parecem curtir um pouco os meus "looks". Confesso, porém, que há momentosliverpool real madrid unibetque o meu esforçoliverpool real madrid unibetme vestir à minha maneira faz com que eu me sinta um tipoliverpool real madrid unibetET, totalmente fora do padrão comum, sendo considerado "um lorde inglês" que caiuliverpool real madrid unibetparaquedas. Como explicar isso?

Crédito, Tânia Rêgo/Agência Brasil

Legenda da foto, Músicos celebram Dia do Choro e aniversárioliverpool real madrid unibet120 anosliverpool real madrid unibetPixinguinha, no Rio,liverpool real madrid unibet2017; colunista elogia estilo inspirado nos sambistas originais: 'impecáveis e afiados'

Tem uma coisa estranha aqui, uma tradição brasileira perdida. Basta olhar para fotos dos sambistas originais - Sinhô, Donga, Pixinguinha, o jovem Cartola. São impecáveis - com camisas com golaliverpool real madrid unibetverdade, gravata imaculada. São estilosos e, para pegar emprestado uma expressão inglesa, bem afiados.

Fico fascinado assistindo a um documentário local chamado Imagens do Estado Novo. É um espanto ver como os brasileiros se vestiam por voltaliverpool real madrid unibet80 anos atrás. Getúlio Vargas e as autoridades normalmente aparecem com terno do tipo transpassado.

E as cenas dos populares mostram uma quantidade enormeliverpool real madrid unibethomensliverpool real madrid unibetpaletó. Levandoliverpool real madrid unibetconsideração que a lã daquela época era muito menos fina que hojeliverpool real madrid unibetdia, e portanto mais pesada para usar, trata-seliverpool real madrid unibetum grauliverpool real madrid unibetformalidade impressionante.

O que mudou, então?

Tenho uma conclusão negativa. Parece óbvio que as obras da humanidade criaram um ambiente urbano que aumentou bastante o calor. Vejo as roupasliverpool real madrid unibet80 anos atrás e penso que colocando esse pano todo hojeliverpool real madrid unibetdia,liverpool real madrid unibetlugares sem ar-condicionado, as pessoas iam desmaiarliverpool real madrid unibetmassa. As temperaturas mais altasliverpool real madrid unibethojeliverpool real madrid unibetdia exigem menos formalidade.

Também tenho uma conclusão positiva. Para muita gente, morreu a obrigaçãoliverpool real madrid unibetse vestirliverpool real madrid unibetuma certa maneira. E fazer uma coisa por obrigação não é saudável.

A faltaliverpool real madrid unibetobrigação, talvez, junto ao excessoliverpool real madrid unibetcalor, acabou levando as pessoas para uma concepção mais próxima à dos americanos -liverpool real madrid unibetque conforto é rei.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Jazzista Miles Davis: 'Talvez a sociedade não esperasse tanta elegância deles - mas eles evoluíram, conquistaram, ganharam gosto e conhecimento'

Essa linha do pensamento tem os seus méritos. Mas pode ser interpretadaliverpool real madrid unibetuma forma exagerada. Na minha humilde opinião, falando do homem brasileiro, definitivamente está sendo interpretadaliverpool real madrid unibetuma forma exagerada. Fora do ambienteliverpool real madrid unibetpraia, entendo chinelos e camisa regata como um crime contra a estética.

Na conquista do conforto, perdeu-se um outro valor. Porque a faltaliverpool real madrid unibetobrigação deveria ser libertária, no sentidoliverpool real madrid unibetabrir os caminhos para a criatividade e autoexpressão. Essa oportunidade é perdida se todos andamliverpool real madrid unibetchinelo e camisa regata.

E tem o outro extremo. Também é perdida se a pessoa busca se afirmar somente atrásliverpool real madrid unibetuma marca conhecida e cara. A roupa não representa um valorliverpool real madrid unibetsi. É uma ferramenta que a pessoa tem disponível para se expressar. A gola, por exemplo, forma a moldura para o rosto. O terno dá uma silhueta boa para o corpo.

O objetivo saudável, acredito eu, é a roupa como símbololiverpool real madrid unibetdesenvolvimento da pessoa, na buscaliverpool real madrid unibetadquirir bom gosto e criar uma identidade própria. Por isso, adoro as imagens dos sambistas originais,liverpool real madrid unibetMiles Davis e outros músicos do jazz histórico, dos modernistas britânicos. Todas mostram um certo ar desafiador.

Talvez a sociedade não esperasse tanta elegância deles - mas eles evoluíram, conquistaram, ganharam gosto e conhecimento. E a roupa é como um símbolo exterior da autoestima interior - e por isso, já estou pensando no meu figurino para a próxima apresentação no Redação SporTV.

*Tim Vickery é colunista da BBC News Brasil e formadoliverpool real madrid unibetHistória e Política pela Universidadeliverpool real madrid unibetWarwick.

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