Tim Vickery: União entre pobres e classe média é a única esperança contra a barbárie no Brasil:estatisticas para apostas futebol

Crédito, Eduardo Martino

Compreendo a lógica. Dr. Varella está vendo e convivendo com um sistema superlotado operando à beira do colapso. Quer dar um poucoestatisticas para apostas futebolfôlego ao sistema. Mas entendo que ele está enxergando sob o pontoestatisticas para apostas futebolvista técnico, quando na verdade o assunto é uma questão política.

Um sistemaestatisticas para apostas futebolsaúde funcional não é um luxo. Tampouco o são o sistema educacional ou a infraestuturaestatisticas para apostas futeboltransporte. São todos eles fatores que reduzem o custoestatisticas para apostas futebolfazer negócios e tornam o país mais competitivo.

Um serviço excelente deixa todosestatisticas para apostas futebolsituação melhor - serve ao propósito do bem comum. E, politicamente, o caminho para chegar lá é por meioestatisticas para apostas futeboluma aliança entre os pobres e a classe média. Vou além: nas circunstâncias atuais, talvez a única esperança contra a barbárie e o autoritarismo seja uma aliança entre os pobres e a classe média. E essa aliança se fazestatisticas para apostas futeboltornoestatisticas para apostas futebolum Estadoestatisticas para apostas futebolbem-estar.

Crédito, Daniel Castellano / SMCS

Legenda da foto, Escolaestatisticas para apostas futebolCuritiba,estatisticas para apostas futebolfotoestatisticas para apostas futebol2017; 'Há um atalho relativamente fácil para melhorar o ensino público no Brasil: a exigênciaestatisticas para apostas futebolque os filhosestatisticas para apostas futebolcandidatos a cargos políticos estudem no sistema estatal', opina colunista

Não tem jeito: o fardo do imposto vai cairestatisticas para apostas futebolcima da classe média. Fundamental, então, que a classe média receba algoestatisticas para apostas futeboltroca. A vantagem disso é que ela vai exigir uma melhora na qualidade dos serviços.

Um SUS somente para os pobres será, quase inevitavelmente, um serviço emergencial,estatisticas para apostas futebolpoucos recursos. Um sistema educacional também. Colocando a classe média lá dentro, o quadro é capazestatisticas para apostas futebolmudar: ela tem o hábitoestatisticas para apostas futebolexigir mais e os meios para exercer pressão. O nível, então, subiria para todos.

Acredito, por exemplo, que existe um atalho relativamente fácil para melhorar o ensino público no Brasil: a exigênciaestatisticas para apostas futebolque os filhosestatisticas para apostas futebolcandidatos a cargos políticos estudem no sistema estatal. Com certeza a qualidade iria subir bem rápido.

Esse processo é dependenteestatisticas para apostas futebolum projeto político que,estatisticas para apostas futebolprol do bem comum, alinha os interesses da classe média com aqueles dos menos favorecidos.

No Brasil, isso é sempre uma tarefa difícil, por motivos óbvios e históricos. Uma aliança assim é uma tentativaestatisticas para apostas futebolconstruir uma ponte sobre um abismo enormeestatisticas para apostas futeboltermosestatisticas para apostas futebolexperiências e expectativas. Há um legado poderoso da escravidão,estatisticas para apostas futebolmãoestatisticas para apostas futebolobra barata,estatisticas para apostas futebolserviço doméstico. Talvez, então, a postura mais natural da classe média tradicional diante dos pobres seja um sentimentoestatisticas para apostas futebolmedo.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'Quando cheguei ao Brasil,estatisticas para apostas futebol1994, fiquei chocado ao ver como a sociedade ficava atrásestatisticas para apostas futebolgrades'

Outro dia ouvi uma discussãoestatisticas para apostas futebolpai e filho sobre as eleições. O pai, apavorado, gritava que um voto para certos candidatos teria um fim desastroso para a família; "eles vão tirar a nossa casa, você vai ver. Eles vão tirar a nossa casa!"

"Eles" - essa multidão desconhecida! Às vezes acho que elementos da sociedade brasileira estão paradosestatisticas para apostas futebol1791 e acabaramestatisticas para apostas futebolouvir a notícia sobre Toussaint L'Ouverture e aestatisticas para apostas futebolrebeliãoestatisticas para apostas futebolescravos no Haiti. E o medo é bem capazestatisticas para apostas futebollevar a classe média a alinhar os seus interesses com a parcelaestatisticas para apostas futebolcima, a enxergar a massa da população como um problemaestatisticas para apostas futebolordem e botar féestatisticas para apostas futebolmedidas autoritárias.

Só que não é necessário ir muito longe no passado para ver como funcionava. Quando cheguei ao Brasil,estatisticas para apostas futebol1994, fiquei chocado ao ver como a sociedade ficava atrásestatisticas para apostas futebolgrades. Na minha inocência, não esperava encontrar uma arquitetura urbana tão agressiva.

Eu me perguntava: quando começou essa épocaestatisticas para apostas futebolgrades? A resposta: começou na metade da década anterior, justamente depoisestatisticas para apostas futebol20 anosestatisticas para apostas futebolgoverno militar.

A repressão, então, só piorou o problema. Sugiro que muito melhor que se isolar com grades é se juntar para criar um sistemaestatisticas para apostas futebolque todos se orgulhemestatisticas para apostas futebolfazer parte.

*Tim Vickery é colunista da BBC News Brasil e formadoestatisticas para apostas futebolHistória e Política pela Universidadeestatisticas para apostas futebolWarwick.

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