Tim Vickery: Resposta à tragédia da Chapecoense mostra que quase todas as terras são países do futebol:jogos de cartas gratis buraco
Seria natural,jogos de cartas gratis buraco1921, Graciliano enxergar o esporte como uma atividade dos grã-finos locais, imitando um hábito que começou com a elite britânica. O futebol se codificou nas escolas dos ricos da Inglaterra, procurando formar pessoas com uma mentalidadejogos de cartas gratis buracoequipe para administrar o império.
Sem se aprofundar nas características do jogo, não tinha como o escritor prever como o futebol era feito sob medida para a multidão: não precisajogos de cartas gratis buracoequipamento caro, pode ser jogadojogos de cartas gratis buracoquase qualquer espaço, todos os biotipos têm lugar no time.
Mas essa simplicidade esconde uma realidade complexa - afinal, a gamajogos de cartas gratis buracomovimentos no futebol é extensa.
Um homem com uma bola pode passá-la a qualquer distância, direção e altura que quiser. Aliás, nem precisa passar. Pode driblar.
Futebol, então, pode ser interpretadojogos de cartas gratis buracomuitas maneiras diferentes. Com frequência, a opção escolhida é cultural. O futebol sul-americano, por exemplo, vai além do vigor físico, mais característico dos britânicos.
Virou uma atividade mais artística, cheiajogos de cartas gratis buracofintas e piruetas, perfeita para o jogador com centrojogos de cartas gratis buracogravidade baixo. A maneira como se joga diz muito sobre quem você é.
Estrangeiro?
O outro equívocojogos de cartas gratis buracoGraciliano Ramos foi o excessojogos de cartas gratis buraconacionalismo e negaçãojogos de cartas gratis buracoque o Brasil, especialmente naquela época, tratava-sejogos de cartas gratis buracoum paísjogos de cartas gratis buracoimigrantes.
Depois que o Brasil atingiu excelência e predominância no esporte, esse mesmo nacionalismo começava a se manifestarjogos de cartas gratis buracouma outra forma. Não era mais "uma coisa estrangeira". O Brasil, se dizia, era "o país do futebol". Era que nem bossa nova, muito natural. Bastava o craque tupiniquim acordarjogos de cartas gratis buracoum estadojogos de cartas gratis buracograça e o triunfo estava garantido.
Interessante ver como, depois da última Copa, o jornalismo esportivo no Brasil está lutando para achar uma nova linguagem. Os mitos heroicos da escolajogos de cartas gratis buracoNelson Rodrigues não servem tanto quanto antes.
Sugiro que um passo importante neste processo é a necessidadejogos de cartas gratis buracoser honesto sobre o passado. Cito um exemplojogos de cartas gratis buracoprecisamente 80 anos atrás.
Em dezembrojogos de cartas gratis buraco1936, houve três clássicosjogos de cartas gratis buracoFlamengo x Fluminense. É um momento fundamental na história do futebol brasileiro.
O Riojogos de cartas gratis buracoJaneiro ainda era a capital, com a novidade glamourosajogos de cartas gratis buracose ter a rádio transmitindo os jogos pelos quatro cantos do país.
Por que três Fla-Flus? Porque esses clubes já eram profissionais. Houve uma rixa. Botafogo e Vasco da Gama ainda jogaram um torneio só para amadores.
O aspecto profissional muda muito. Abre espaço para jogadores mais pobres. E transforma o esportejogos de cartas gratis buraconegócios. Cria a necessidadejogos de cartas gratis buracouma torcidajogos de cartas gratis buracomassa, muito além do quadro social - e elitizado -jogos de cartas gratis buracoclubes como Flamengo e Fluminense.
Toque popular
Sob a presidênciajogos de cartas gratis buracoJosé Bastos Padilha, o Flamengo já estava se esforçando para adquirir um toque popular. E quando o seu amigo Mario Filho comprou O Jornal dos Sports, ele ganhou o aliado perfeito.
Filho usou esses três clássicos para mudar o perfil do evento. Anunciou uma competição das torcidas.
"Haverá", escreveujogos de cartas gratis buraco15jogos de cartas gratis buracodezembro, "nas archibancadas, nas geraes, nas cadeiras, o duelo das torcidas - gritos, hurras, cartazes, hymnos, alleguas. Tentaremos portanto introduzir no Brasil o que se faz nos Estados Unidos".
Filho só poderia estar pensandojogos de cartas gratis buracobeisebol,jogos de cartas gratis buracolonge o esporte norte-americano mais popular da época. Quem diria? O "jeito brasileirojogos de cartas gratis buracotorcer" seria também algo importado!
Duas semanas depois, Mario Filho comemorou o sucesso da iniciativa.
"O football no Brasil," escreveu no Jornal dos Sports de 29jogos de cartas gratis buracodezembro, "conseguiu dar o primeiro passo na 'americanização' da torcida que está agora pronta a se organizar definitivamente como fator preponderantejogos de cartas gratis buracoestímulo aos bandos a que correspondem".
Podemos concluir, então, que tanto o esporte quanto a maneirajogos de cartas gratis buracoassisti-lo são frutosjogos de cartas gratis buracoum diálogo com o mundo.
Assim, "o país do futebol" não faz tanto sentido. País com a seleção historicamente mais bem-sucedida, perfeito. Mas, como a resposta global para a tragédiajogos de cartas gratis buracoChapecoense está mostrando, quase todas as terras são países do futebol.
*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formadojogos de cartas gratis buracoHistória e Política pela Universidadejogos de cartas gratis buracoWarwick
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