'Tenha fé', 'Seja guerreiro' e outras frases para não dizer a quem está com uma doença grave:rico slot

Homem visitando mulherrico slothospital

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Algumas falas ditas a quem está com uma doença grave podem afetar o bem-estar do paciente, dizem especialistas

A seguir, pacientes e especialistasrico slotcuidados paliativos ou luto ouvidos pela BBC News Brasil explicam por que esses comentários podem ser danosos — e como é possível dar apoio e acolhimento numa situação dessas.

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A expressão "20 gols asiáticos" é um termo utilizado no mundo futebolístico para deseverar uma aposta que marca muitos gols, mas não está rico slot {k0} condições mais eficientes do ponto fora dos jogos onde marcam menores Gol.

  • A origem da expressao
  • A expressão "20 gols asiáticos" é origem do Japão e se refere ao fato rico slot que, na cultura japonesa uma quantidade dos gols marcados por um jogador não são importantes para a qualidade nos góis.

  • A diferença entre gols asiáticos e gols ocidentais
  • Os gols asiáticos são mais valorizado por sua especificidade e utilidade para o tempo.

  • Exemplos rico slot jogos que marcam 20 gols asiáticos
  • Algons exemplares rico slot jogadores que marcam 20 gols asiáticos include:

    Jogador Gols Média rico slot gols
    Lionel Messi 829 28.2
    Cristiano Ronaldo 772 22,3
    Neymar Jr. 687 21.5
    Luis Suárez 598 20.6

    Os jogadores que têm a certeza rico slot serem melhores, mas também são considerados por sua habilidade técnica e capacidade para decidir nos jogos.

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    Resumo, "20 gols asiático" é uma expressão útil para descrever um jogador que marca muitos gols e mais qualidade. A expressação está disponível como fonte do Jalão:

Fim do Matérias recomendadas

'Meu amigo teve essa mesma doença' ou 'E eu, que sofri com…'

A médica Ana Claudia Quintana Arantes, que se especializourico slottemas relacionados ao envelhecimento, aos cuidados paliativos e à morte, tem o hábitorico slotvisitar os pacientesrico slothorários menos convencionais — ou, como ela mesmo define, "em horários impróprios".

"Faço isso porque gostorico slotentrarrico slotcontato com os profissionaisrico slotenfermagemrico slottodos os períodos, bem como com as visitas que estão no quarto", diz ela.

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Arantes é autora dos livros A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver e Histórias Lindasrico slotMorrer, lançados pela Editora Sextante.

"Nesses momentos, a gente se depara com as mais diversas situações. Há sempre aquele paciente que está cansado, abatido, teve um dia difícil, com notícias ruins, e tem aquela visita que chega tarde e não vai embora nunca."

"Quanto mais grave a doença ou mais jovem o paciente, maiores são as chancesrico slotele ouvir coisas absolutamente desnecessárias e inadequadas", diz.

Arantes conta a históriarico slotuma paciente com câncer grave e que recebeu uma visita nada agradável.

"O horáriorico slotvisitas terminava às 22h e a amiga dela chegou às 21h40. Entrou no quarto sem bater e logo disse: 'Ah, você não sabe, acabeirico slotvir do pilates. Nossa, a aula foi tão puxada… Pelo menos estou fortalecendo os meus músculos e tenho muito mais disposição pra fazer minha pós-graduação'."

"A visitante nem perguntou se a amiga estava bem e não sabia falarrico slotoutra coisa que não fosse dela própria", diz a médica.

Ao saber do pedidorico slotentrevista da BBC News Brasil, Arantes perguntou a alguns pacientes que ela acompanha quais são as frases que geram maior incômodo neles.

Além da faltarico slotsensibilidade citada no exemplo anterior, alguns indivíduos mencionaram que são bombardeados com comparações descabidas.

"'Nossa, você quebrou o fêmur? E eu, que já fraturei os doisrico slotuma só vez?'; 'Ah, você tem diabetes? E minha mãe, que tem diabetes, colesterol alto e hipertensão?'; 'Caramba, você acabourico slotfazer cirurgia na vesícula? Tenho um conhecido que precisou operar a vesícula, a amígdala, a tireoide e o apêndice'", exemplifica a médica.

As comparações, diz ela, "não chegam a invalidar a experiência do outro, mas mostram como quem está falando essas coisas não olha para o amigo ou familiar doente."

"Não importa quantos ossos você quebrou. O que importa naquele momento é a dor daquela pessoa, não se alguém que você conhece passou por uma experiência pior ou melhor", argumenta ela.

Arantes também desencoraja o usorico slotexemplos e histórias similares, independentemente do final que elas tiveram.

"Quando eu estava grávida, tive pressão alta. Daí pessoas próximas vieram me contarrico slotcasosrico slotgestantes com o mesmo quadro que morreram, perderam o bebê, tiveram um AVC…"

"Para que isso? Você já está numa condição delicada e ouvir histórias assim não ajudarico slotnada."

O médico Rodrigo Castilho, presidente da Academia Nacionalrico slotCuidados Paliativos, também avalia que trazer histórias semelhantes ou fazer comparações do tipo não trazem quaisquer benefícios.

"A gente não pode comparar. Cada ser humano é único e deve ser tratado como tal."

'Tenha fé' ou 'Pense positivo'

Mulher com Bíblia na frenterico slotcama do hospital

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Impor uma nova fé a alguém que está com uma doença grave representa um 'sequestro espiritual', diz médica

Outro ponto sensível nessas relações com indivíduos diagnosticados com doenças graves envolve a religião — ou ainda o que alguns podem chamarrico slotuma certa positividade tóxica.

Não raro, durante visitasrico slothospitais ou mesmorico slotconversas pelo telefone, as pessoas fazem comentários baseados apenas nas próprias crenças — sem se preocupar com a fé do outro, apontam os especialistas.

Ao ser questionado sobre o assunto, Castilho se lembrarico slotuma história que testemunhou num hospital.

"Um líder espiritual muito bem intencionado chegou para um paciente, que estava frágil, e perguntou se poderia fazer uma oração. Daí ele impôs as mãos e começou a dizerrico slotvoz alta que Deus iria libertar, tirar todo mal e fazer o sujeito levantar da cama. Terminada a reza, ele simplesmente foi embora."

"Logo depois, fui conversar com esse paciente. Perguntei se estava bem e o que estava sentindo. Ele me respondeu que só pedia a Deus para que fosse embora sem sofrimento."

Para o médico, exemplos como esse mostram uma faltarico slotsintonia. Afinal, o líder religioso queria trazer algo positivo, um valor que ele considerava importante para aquele momento. No entanto, nesse exemplo, a pessoa que era alvo das rezas ansiava por algo completamente diferente.

A médica Tânia Maria Alves, coordenadora do Ambulatóriorico slotLuto do Institutorico slotPsiquiatria do Hospital das Clínicasrico slotSão Paulo, entende que o costumerico slotfalarrico slotreligião num contexto desses tem a ver com incertezas que abalam todos os lados dessas relações.

"Estar diante da morte é algo que traz muitas incertezas: quando ela vai ocorrer? O que acontece depois? O que serárico slotmim?", lista a psiquiatra. "São questões muito angustiantes. E uma forma que temosrico slotlidar com elas é a religião. Cada sistemarico slotcrenças e doutrinas monta um corporico slotrespostas sobre o que são vida e morte."

"Então esses comentários são tentativasrico slotresponder às angústias existenciais, para as quais não temos respostas definitivas", complementa.

Arantes classifica a imposiçãorico slotcrenças e doutrinas a um paciente com uma doença grave como um "sequestro espiritual".

"Isso é uma violência sem precedentes. Dizer coisas como 'tenha fé', 'pense positivo' ou 'aceite determinada figura religiosa no seu coração' traz uma percepçãorico slotque aquela pessoa é insuficiente e atravessa uma situação difícil por culpa própria ou faltarico slotuma conexão com o espiritual", afirma.

A médica sugere que, caso você queira transmitir algorico slotsua espiritualidade para alguém querido que está numa situaçãorico slotameaça à vida, procure fazer por contra própria, no particular, sem necessariamente falar disso para o resto do mundo.

"E, claro, você pode perguntar para o paciente se a religião é algo importante para ele. Daí, se houver abertura, é possível questionar se há alguma oração ou ritual que a pessoa se identifique e que gostariarico slotdizer ou fazerrico slotcompanhia."

"Essa é uma maneira respeitosarico slotse aproximar da dimensão da espiritualidade do outro", emenda ela.

'Você é um guerreiro' ou 'Vai vencer essa luta/batalha'

O usorico slottermos bélicos e militares é algo muito frequente na horarico slotfalarmos sobre doenças graves.

É o caso, por exemplo, da "luta contra o câncer", "do paciente que venceu a batalha contra as sequelas do AVC" ou "dos guerreiros que lidam diariamente com a esclerose múltipla".

As fontes ouvidas pela BBC News Brasil avaliam que essas frases não fazem sentido no contexto da saúde — e na maioria das vezes, segundo eles, não estão alinhadas com as expectativas dos pacientes.

"Esses termos podem não estarrico slotsintonia com o momentorico slotvida ou os valores daquela pessoa e vão ser prejudiciais", diz Castilho.

Seguindo essa lógica, um indivíduo que se curou do câncer — e, portanto, "venceu a guerra" — é celebrado como um vitorioso.

Mas como fica a situaçãorico slotquem morreurico slotdecorrência dessa enfermidade? Não parece justo considerar essa pessoa como uma "perdedora" ou "derrotada"...

Quando algum paciente ouve frases do tipo, Arantes tem a resposta na ponta da língua.

"Costumo sugerir que eles digam: 'Olha, precisorico slotpaz para atravessar essa fase. Eu não luto, não sou treinado para isso. Estou apenas vivendo. A guerra não é uma coisa boa para ninguém. Nem para mim, nem para o câncer. O que preciso agora é buscar uma maneirarico slotconviver com o tumor, para que ele fique quietinho, sem me incomodar'", diz.

Mulher beijando homem deitado com máscararico slotrespiração

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Termos bélicos estãorico slotdescompasso com anseios da maioria dos pacientes, dizem profissionaisrico slotsaúde

'Por que você não tenta esse outro tratamento?'

A comunicadora Giulia Gamba tem esclerose múltipla — uma condição que afeta a comunicação entre o cérebro e o corpo — e é diretora executiva da Crônicos do Dia a Dia — uma associação que reúne indivíduos com doenças crônicas.

Ela conta que pacientes são bombardeados com indicaçõesrico slottratamentos vindos das mais variadas fontes.

"O que tentamos fazer nessas situações é adotar uma abordagem que não afasta quem faz a sugestão, mas, ao mesmo tempo, mostra a importânciarico slotseguir uma medicina baseadarico slotevidências", pondera ela.

"Temos diversos gruposrico slotWhatsApp com pacientes e fazemos uma moderação acirrada, pois as pessoas sempre compartilham dicas e terapias que não são necessariamente as mais indicadas."

Arantes observa que as sugestõesrico slottratamento alternativos englobam coisas antigas — e supostamente "naturais" — até as tecnologias avançadas — que não necessariamente estão indicadas.

"Os pacientes recebem dicas que vão desde garrafadas, pílulas e óleos feitosrico slotplantas até aparelhosrico slotressonância bioenergética que só estão disponíveis na Áustria", exemplifica.

Arantes diz: "Sempre lembro aos meus pacientes que tudo com potencialrico slotcura também possui um potencialrico slottoxicidade. Além disso, esses outros tratamentos podem interagir com as medicações convencionais e afetar o funcionamentorico slotórgãos."

"Outra coisa importante: os médicos conhecem os tratamentos que prescrevem e sabem como lidar com os possíveis efeitos colaterais decorrentes da prescrição que fazem", diz. "Já arico slotvizinha ourico slottia geralmente não têm ideia do que fazer caso o tratamento que elas indicaram gere alguma complicação."

'Nossa, mas nem parece que você está doente…'

Gamba ainda lembra que nem toda doença tem sinais aparentes. Ao contar que tem esclerose múltipla, ela já ouviu: "Nossa, mas você parece tão normal…"

"Muitas pessoas entendem que alguém com esclerose múltipla, diabetes, dermatite atópica ou câncer deve se colocar num determinado lugar ou se encaixarrico slotcertas características", observa ela. "É como se a nossa condição viesse à frenterico slotqualquer outra característica."

A diretora-executiva da CDD destaca que, no caso da esclerose múltipla, cercarico slot80% dos pacientes convivem com a fadiga — um incômodo que na maioria das vezes não é tão aparente para quem está do ladorico slotfora.

"E muita gente relativiza esses sintomas, como se eles não fossem reais", diz Gamba.

Mulher e menina visitando homemrico slothospital

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Médicos sugerem que pacientes, amigos e familiares conversem sobre morte

'Não falerico slotmorte, isso atrai coisa ruim'

É inevitável que pessoas com doenças graves reflitam sobre o fim da vida — algo que pode incomodar quem estárico slotoutra situação.

"Quando o paciente chega nos momentos finais, é importante que ele comunique se gostariarico slotter acesso a recursos para prolongar a vida ou não, onde deseja morrer, o que quer falar para as pessoas mais próximas…", destaca Alves.

Castilho diz que "nossa sociedade ainda associa a morte com uma derrota, um fracasso".

"Todos nós sabemos que,rico slotdeterminado momento da vida, vai aparecer uma doença irreversível e progressiva. Esse é um processo natural, que acontece com 85% da população", calcula o médico. Os outros 15% morremrico slotforma súbita.

Para o médico, é importante que, com a aproximação dessa fatídica despedida, os desejos da pessoa que vai partir estejam alinhadas com as expectativasrico slottodos que a cercam.

"Se a morte fosse um fracasso, todos os nossos antepassados teriam falhado", diz. "Ainda vemos a morte como algo pornográfico, que precisa ser escondido. Não levamos crianças aos velórios. Ao falarrico slotmorte, algumas pessoas batem na madeira para espantar o azar. Precisamos mudar issorico slotnossa sociedade."

O que fazer (ou dizer) nessas situações?

Se existem certas frases que devem ser evitadas num contexto desses, os especialistas também apontam algumas outras coisas que podem significar um alento importante.

Os entrevistados pela BBC News Brasil foram unânimesrico slotafirmar a necessidaderico slotfazer uma escuta ativa.

"A pessoa precisa ouvirrico slotfato para entender quais as reais necessidades que o amigo ou o familiar tem", diz Gamba. "Muitas vezes, há uma busca por adivinhar o que o paciente precisa. Mas seria muito mais fácil perguntar diretamente para ele."

Castilho concorda: "Nesses momentos, não basta ter simpatia. É preciso desenvolver a empatia, se colocar no lugar do outro e estar disponível para ouvir".

Arantes destaca que esse apoio pode ser prático, ao auxiliar nas tarefas que ficaram para trás com uma internação, um procedimento ou uma rotina repletarico slotexames.

"Não adianta dizer coisas como 'conta comigo' ou 'se precisar, é só me ligar'. Você pode propor uma ajuda real, segundo as necessidades da pessoa", sugere.

"É o casorico slotfazer uma compra no supermercado, resolver coisas na farmácia, passar na padaria, dar caronas, jogar água nas plantas, preparar uma refeição para a família, levar o cachorro para passear…", complementa a médica.

Segundo a especialista, ser propositivo é a melhor maneirarico slotdemonstrar suporte a quem está com uma doença grave.

"Se você não consegue encontrar um tempo para ajudar uma pessoa que ama e que estárico slotapuros, há algo muito errado comrico slotagenda, comrico slotvida ou comrico slotcapacidaderico slotdefinir prioridades", conclui.