Por que preço do azeitesortudo 777oliva é recorde – e não deve cair :sortudo 777
No varejo, os preços estão ainda mais salgados: consumidores relatam nas redes sociais encontrar o azeitesortudo 777embalagenssortudo 777500 ml a R$ 30 ou até R$ 40 nos supermercados.
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Fim do Matérias recomendadas
Segundo levantamento da empresasortudo 777inteligênciasortudo 777mercado Horus, a partir do acompanhamentosortudo 777maissortudo 77740 milhõessortudo 777notas fiscais por mês, o preço médio do azeite virgem nos supermercados brasileiros estavasortudo 777R$ 20sortudo 777julhosortudo 7772021, subindo a R$ 25sortudo 777igual mêssortudo 7772022 e a R$ 30 este ano.
Trata-sesortudo 777uma altasortudo 77750% do preço médio do produtosortudo 777dois anos, comparado a uma inflação acumuladasortudo 77715% neste período, segundo o IPCA do IBGE (Índice Nacionalsortudo 777Preços ao Consumidor Amplo, do Instituto Brasileirosortudo 777Geografia e Estatística).
E aos amantes do azeite, uma má notícia: não há perspectivasortudo 777melhora nos preços do produto à frente.
Com estoques globais nas mínimas históricas, projeções ruins para a próxima safra na Europa e a expectativasortudo 777avanço das mudanças climáticas, os preços altos devem ser o "novo normal", dizem analistas ouvidos pela BBC News Brasil.
Por que o preço do azeite explodiu
Em agosto, o preço do azeite na região da Andaluzia, na Espanha – país responsável por maissortudo 77740% da produção global do óleo – estásortudo 7778,20 euros (R$ 44,60) por quilo, mais do que o dobro (+116%) dos 3,80 euros por quilosortudo 777igual mêssortudo 7772022 e recorde histórico.
Uma toneladasortudo 777cocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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Na Itália, os preços do azeite estãosortudo 777altasortudo 77798%sortudo 777relação ao ano passado e, na Grécia, o avanço ésortudo 777114%, segundo levantamento da empresasortudo 777inteligênciasortudo 777mercado e preçossortudo 777commodities Mintec.
Os três países, alémsortudo 777Portugual, produzem juntos 66%sortudo 777todo o azeite do mundo, segundo dados do Conselho Oleícola Internacional (IOC, na siglasortudo 777inglês), organização que reúne os países produtoressortudo 777azeitona e azeitesortudo 777oliva.
"Para explicar a alta nos preços do azeite é preciso voltar à safra passada", diz Kyle Holland, analistasortudo 777óleos vegetais da Mintec, à BBC News Brasil.
"Os principais países exportadoressortudo 777azeite tiveram um períodosortudo 777crescimento [das azeitonas, os frutos das oliveiras] muito, muito seco. As árvores não tiveram umidade suficiente e muitas delas não produziram nenhum fruto", relata Holland.
A Espanha, por exemplo, produz normalmente entre 1,3 e 1,5 milhãosortudo 777toneladas métricassortudo 777azeite por ano, observa o analista – cada tonelada métrica equivale a 1.000 quilos.
Mas, na safra 2022/2023, estima-se que o país tenha produzido apenas 610 mil toneladas do óleo, segundo Holland.
'Senhor, mandai-nos chuva!'
A situação dos olivais da Espanha é tal que,sortudo 777maio, o bispo Sebastián Chico Martínez, da cidadesortudo 777Jaén, na Andaluzia, liderou uma procissão religiosa onde os fiéis clamaram aos céus por chuva – a provínciasortudo 777Jaén tem maissortudo 77760 milhõessortudo 777oliveiras e produz 40%sortudo 777todo o azeite espanhol.
Uma procissão pedindo chuva não acontecia na região desde 1949, segundo a imprensa local.
"Sem água, não há azeitona, e sem azeitona, a província sofre", disse o bispo à época, segundo o jornal espanhol El País.
Com a fraca safra, os estoquessortudo 777azeite na Espanha eram estimados pela Mintecsortudo 777205 mil toneladassortudo 777junho, um baixo patamar sem precedentes.
"Não estamos falando apenas do azeitesortudo 777alta qualidade, massortudo 777todo o azeite que está nas mãos dos produtores. Então há uma preocupaçãosortudo 777que, com o passar do ano e até que comece a próxima safra [em outubro], os estoquessortudo 777azeite possam chegar a zero na Espanha", diz Holland.
'Veja a loucura que está acontecendo'
Tomy Rohde, um agricultor andaluz popular nas redes sociais, também expressousortudo 777junho seu temorsortudo 777esgotamento dos estoques espanhóissortudo 777azeite nos próximos meses.
"De setembro a outubro costuma haver meio milhãosortudo 777toneladassortudo 777azeite na reserva, porque a Espanha, alémsortudo 777produzir quase metade do azeite do mundo, e da melhor qualidade que existe, também importa ao mesmo tempo que exporta", disse Rhode,sortudo 777vídeo publicado nas redes.
"O ritmosortudo 777saída mensalsortudo 777azeite das cooperativassortudo 777prensa e envase é maior do que sabemos que temossortudo 777azeite produzido este ano", acrescentou.
"Assim, acontece algo que nunca aconteceu na história: não sabemos se vamos chegar a setembro-outubro com azeite na Espanha. Veja a loucura que está acontecendo."
Proibiçãosortudo 777exportação na Turquia e nova safra ruim
Com os problemas climáticos nos principais países produtores da Europa, o mercado se voltou para produtores alternativos, como Tunísia, Turquia, Marrocos e Argélia.
No entanto, diante da escassez global, a Turquia anunciousortudo 777agosto a proibição da exportaçãosortudo 777azeitesortudo 777oliva até novembro, quando começa a próxima colheita, com objetivosortudo 777controlar a altasortudo 777preços no mercado interno.
"Isso aumentou a pressão sobre o mercado, tornando mais difícil agora obter o óleo dos países alternativos", diz Holland, da Mintec.
Mas as perspectivas negativas para os preços do azeite não param por aí, alerta o analista.
"O clima continua pouco favorável na Espanha e na maioria dos países europeus. Então a expectativa para a próxima safra espanhola – que vaisortudo 777outubro até fevereiro – ésortudo 777que ela seja novamente muito fraca, com alguns agentes do mercado falandosortudo 777uma produção máximasortudo 777700 mil toneladas métricas, novamente abaixo da média histórica."
Efeitos para o Brasil
O Brasil é o segundo maior importadorsortudo 777azeite do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e à frentesortudo 777Japão, Canadá, China e Austrália – os seis países e a União Europeia (um blocosortudo 777países) representam juntos quase 80% das importações globais do produto, segundo o Conselho Oleícola Internacional.
Ainda conforme o organismo internacional, o país importava antes da crise atual pouco maissortudo 777100 mil toneladas métricassortudo 777azeite por ano, ou cercasortudo 777100 milhõessortudo 777litros.
A produção nacionalsortudo 777azeite deve chegar a pouco maissortudo 777705 mil litrossortudo 7772023, segundo dados do Ibraoliva (Instituto Brasileirosortudo 777Olivicultura), entidade que reúne os produtores brasileirossortudo 777azeitonas e azeitesortudo 777oliva.
Assim, apesarsortudo 777crescente, a produção nacionalsortudo 777azeite não chega a 1% do consumo local do produto, o que torna o mercado brasileiro bastante suscetível às variaçõessortudo 777preços globais.
"Até julho, foram importadas 39 mil toneladassortudo 777azeitesortudo 777oliva extra virgem, isso representa menos 20%sortudo 777relação a igual período do ano anterior", diz Rita Bassi, presidente da Oliva (Associação Brasileirasortudo 777Produtores, Importadores e Comerciantessortudo 777Azeitesortudo 777Oliveira), entidade que reúne as principais empresas do setor, como Gallo, Andorinha, Borges, Cocinero, Cargill, entre outras.
"Além da importação menor, o preço médiosortudo 777importação esse ano está 34% maior, então obviamente não tem como não ter um aumentosortudo 777preço no produto", diz a executiva.
"As empresas estão fazendo todos os esforços para não colocar no preço todo esse problema mundial. Elas estão segurando [reajustes], mas obviamente não dá para fazer isso nasortudo 777totalidade e durante muito tempo", acrescenta.
Segundo a presidente da associação, uma das estratégias das empresas para se adaptarem ao cenáriosortudo 777preços mais altos tem sido oferecer aos consumidores embalagens menores, a preços mais acessíveis.
Bassi alerta, porém, para um problema decorrente da altasortudo 777preços: o aumento da vendasortudo 777azeites adulterados no país.
"Quando há um cenáriosortudo 777escassez da oferta e aumento do preço da matéria-prima, aparecem os oportunistas e a fraude aumenta muito", afirma a executiva.
"Portanto, recomendo aos consumidores: cuidado com a marca que você compra, evite marcas desconhecidas. Fique atento ao preço, pois milagres não existem. E tente aproveitar as promoções no varejo das marcas que você já conhece e confia."
Azeitesortudo 777alta, óleosortudo 777sojasortudo 777baixa
Enquanto o azeite fica cada vez mais caro, o oposto acontece com o óleosortudo 777soja, que registra quedasortudo 777preçossortudo 77737% no acumuladosortudo 77712 meses até julho, segundo o IBGE.
"Com a safra recorde, o preço do óleosortudo 777soja no mercado local vem baixando e puxando os demais [óleos vegetais] para baixo", diz Laura Pereira, especialistasortudo 777óleosortudo 777girassol e azeitesortudo 777oliva da Aboissa Commodity Brokers.
"Temos milho, girassol e canola, que são produtos mais premium, e mesmo eles têm acompanhado a variação do óleosortudo 777soja", observa a analista.
Segundo Pereira, essa combinaçãosortudo 777fatores pode levar os brasileiros a reduzirem o consumosortudo 777azeite, que já é baixo na comparação internacional.
Segundo o Conselho Oleícola Internacional, os brasileiros consomem 0,4 kgsortudo 777azeite por pessoa por ano, comparado a 11,5 kg na Grécia, 10,6 kg na Espanha e 7,5 kg na Itália, os maiores consumidoressortudo 777azeite per capita do mundo.
"Essa variação tão grande [de preços do azeite e do óleo], num paíssortudo 777terceiro mundo com uma culturasortudo 777consumosortudo 777soja, vai fazer com que a gente segmente mais [o consumosortudo 777azeite] entre as classes sociais", diz Pereira.
"Vamos ter mais gente consumindo óleosortudo 777soja", acredita a analista. "Mesmo para os óleossortudo 777milho, canola e girassol, já está havendo essa substituição. Se isso acontece com produtos que são mais próximossortudo 777preço [ao óleosortudo 777soja], imagina com o azeitesortudo 777oliva, que hoje está passando dos R$ 30 na gôndola."
Mudança climática e inflação globalsortudo 777alimentos
O caso do azeitesortudo 777oliva, afetado pela faltasortudo 777chuvas nos dois últimos anos na Europa, ilustra uma preocupação global crescente: a do impacto das mudanças climáticas sobre os preços mundiais dos alimentos.
Um estudo publicadosortudo 777junho pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Instituto Potsdamsortudo 777Pesquisasortudo 777Impacto Climático (PIK, na siglasortudo 777alemão) estimou que o aquecimento global pode aumentar a inflação mundialsortudo 777até 1,18 ponto percentual ao ano até 2035 e o preço dos alimentossortudo 777até 3 pontos percentuais ao ano neste mesmo horizontesortudo 777tempo.
"As mudanças climáticas futuras ampliarão a magnitude dos extremossortudo 777calor, ampliando também seus impactos potenciais sobre a inflação", alertam os autores do estudo.
Kyle Holland, da Mintec, avalia que, para o azeite, a altasortudo 777preços é possivelmente um caminho sem volta.
"As oliveiras resistem bem ao calor, mas nos períodos prolongadossortudo 777seca, quando a irrigação se torna mais difícil, elas sofrem", diz Holland.
"Muitos agentes avaliam que essa tendência vai continuar, então eles estão bastante preocupados que os preços não têm perspectivasortudo 777queda e que o nível atualsortudo 777preços talvez seja um 'novo normal'."
Vitor Manuel Ferreira Pires, o português donosortudo 777restaurantesortudo 777São Paulo, está atualmentesortudo 777Portugal e conta que já vê os efeitos da mudança climática nasortudo 777terra natal.
"Eu nascisortudo 777Portugal, morei aqui até os 17 anos e, este ano, me deparei com um verão com 42°C, realmente uma coisa que eu nunca tinha visto na minha vida", diz o empresário.
"Andei pelos campos, por olivais, por vinhas, e vi a situação aqui – realmente atrapalhasortudo 777muito a produção daquilo que a gente sempre fez: o vinho, o azeite, a cortiça. Uma sériesortudo 777coisas que são típicas do país estão se esvaindo, por causa do próprio homem. Então isso realmente me preocupa muito."