PIB sobe 1,4% no 2º tri: por que economia cresce, desemprego cai, mas percepção do brasileiro segue negativa?:betesporte entrar na conta
Trata-sebetesporte entrar na contamais um resultado positivo para a atividade econômica, após uma altabetesporte entrar na conta1% do PIBbetesporte entrar na contajaneiro a março,betesporte entrar na contarelação ao trimestre anterior (o dado foi revisado,betesporte entrar na conta0,8% divulgado anteriormente).
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E isso apesarbetesporte entrar na contao segundo trimestre ter sido marcado pelas enchentes no Rio Grande do Sul, que tiveram início no fimbetesporte entrar na contaabril.
Na semana passada, o IBGE também informou que a taxabetesporte entrar na contadesemprego no trimestre encerradobetesporte entrar na contajulho recuou para 6,8%, com 7,4 milhõesbetesporte entrar na contadesocupados. Este é o menor nívelbetesporte entrar na contadesemprego registrado para o período desde o início da série histórica do instituto,betesporte entrar na conta2012.
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Diante das repetidas surpresas positivas na atividade, economistas têm revisado para cima suas projeções para o PIBbetesporte entrar na conta2024.
Segundo o boletim Focus do Banco Central, os analistas começaram o ano esperando um avançobetesporte entrar na conta1,6% para a economia este ano e, no levantamento mais recente (de 2/9), a mediana das projeções já estavabetesporte entrar na contaquase 2,5%.
Após a divulgação do PIB nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo deve elevarbetesporte entrar na contaprojeção para o crescimento da economia no ano, dos atuais 2,5%, para algo como 2,7% ou 2,8%, o que pode levar a uma projeção mais altabetesporte entrar na contareceitas no Orçamento do próximo ano.
Essa melhora no desempenho da economia, no entanto, não parece estar chegando à percepção das pessoas.
A pesquisa AtlasIntelbetesporte entrar na contaavaliação do governo Luiz Inácio Lula da Silva mais recente (divulgadabetesporte entrar na conta28/8) mostrou, por exemplo, que para 47% dos entrevistados a situação atual da economia é ruim, contra 33% que consideram boa. Outros 21% acham que a situação econômica está "normal".
O resultado é similar à pesquisa divulgada pela Genial Quaestbetesporte entrar na contajulho, que mostrou que para 36% dos entrevistados a economia do Brasil piorou nos últimos 12 meses, ante 28% que avaliam que melhorou e 32% que dizem que ficou igual.
Mas o que explica essa discrepância entre os dados e a percepção da população? Conversamos com três economistas e um cientista político sobre isso.
Destaques do PIB do 2º trimestre
Na ponta da oferta, os destaques do PIB do segundo trimestre foram as altas do setorbetesporte entrar na contaserviços (1%) e da indústria (1,8%), enquanto a agropecuária registrou quedabetesporte entrar na conta2,3%, semprebetesporte entrar na contarelação ao trimestre anterior.
Já na ponta da demanda, as maiores altas ficaram por conta do investimento (2,1%) e do consumo das famílias (1,3%), enquanto o consumo do governo cresceu 1,3%.
No setor externo, a alta das importações (7,6%) superou a das exportações (1,4%), também um sinal da demanda interna aquecida.
Para Rodolfo Margato, vice-presidentebetesporte entrar na contapesquisa econômica da XP Investimentos, o mercadobetesporte entrar na contatrabalho aquecido – com desempregobetesporte entrar na contabaixa e rendabetesporte entrar na contaalta – é o principal motivo por trás do bom desempenho do setorbetesporte entrar na contaserviços e do consumo das famílias no segundo trimestre.
"Eu também destacaria a recuperação do mercadobetesporte entrar na contacrédito, com um aumento das concessõesbetesporte entrar na contacrédito tanto para pessoas físicas, quanto para pessoas jurídicas, alémbetesporte entrar na contaum recuo, ainda que moderado, do comprometimentobetesporte entrar na contarenda das famílias com serviços da dívida", diz o economista.
A melhora das condiçõesbetesporte entrar na contacrédito também contribuiu para a retomada dos investimentosbetesporte entrar na contaativos fixos, que caíram 3% no anobetesporte entrar na conta2023, mas avançaram 3,8% betesporte entrar na conta no primeiro trimestre e voltaram a crescerbetesporte entrar na contaabril a junho.
"Além da melhora do crédito, essa recuperação do investimento se deve também a uma recuperação da fabricaçãobetesporte entrar na contacaminhões, que por questões regulatórias havia contraído bastante ano passado."
Em 2023, a produçãobetesporte entrar na contacaminhões despencou quase 40%,betesporte entrar na contameio à migração do setor para um padrãobetesporte entrar na contamotor menos poluente (o Euro 6), mas mais caro. Diante da perspectiva da mudança, o mercado antecipou comprasbetesporte entrar na conta2022, o que elevou fortemente a produção naquele ano, derrubando no seguinte.
Além da produçãobetesporte entrar na contacaminhões, a construção civil – puxada pelo mercado imobiliário e por obrasbetesporte entrar na containfraestrutura dos governos regionais – também contribuiu para o bom desempenho do investimento no trimestre, observa Margato.
Já a queda no agro vem depoisbetesporte entrar na contauma altabetesporte entrar na conta11,1%betesporte entrar na contajaneiro a março (o dado foi revisadobetesporte entrar na conta5,9% divulgados antes) e refletebetesporte entrar na contagrande medida a sazonalidade do setor, que costuma concentrar a maior partebetesporte entrar na contasua produção no primeiro trimestre.
Projeçõesbetesporte entrar na contaalta para o PIBbetesporte entrar na conta2024
Um dos fatores que surpreendeu este ano foi o fatobetesporte entrar na contaas enchentes do Rio Grande do Sul não terem tido um impacto tão negativo sobre os dados gerais da economia brasileira betesporte entrar na conta quanto inicialmente esperado, observa Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileirobetesporte entrar na contaEconomia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).
"O governo respondeu rapidamente [às enchentes no Sul] com políticas e o resto do país continuou crescendo forte", diz Matos.
A economista começou o ano esperando altabetesporte entrar na conta1,4% para o PIBbetesporte entrar na conta2024 – após avançobetesporte entrar na conta2,9%betesporte entrar na conta2023 – e agora projeta um crescimentobetesporte entrar na conta2,3% para este ano.
Outro elemento surpreendente é o mercadobetesporte entrar na contatrabalho, avalia Margato, da XP, que elevoubetesporte entrar na contaprojeção para o PIB este anobetesporte entrar na conta1,8% no início do ano, para 2,7%.
"Acredito que poucos economistas imaginavam uma taxabetesporte entrar na contadesemprego abaixobetesporte entrar na conta7%betesporte entrar na contameadosbetesporte entrar na conta2024 e a massabetesporte entrar na contarenda [soma dos rendimentosbetesporte entrar na contatoda a população ocupada no país] deve crescer entre 6,5% e 7% até o fechamentobetesporte entrar na conta2024, muito acima da nossa estimativabetesporte entrar na conta4,5% feita no início do ano", destaca.
Ele observa que a alta da renda vem tanto do reajuste do salário mínimo no início do ano, quantobetesporte entrar na contacorreções acima da inflação que vêm sendo obtidas por diversas categorias nas negociações salariais.
Para Leonardo Costa, do ASA (antiga ASA Investments), a resiliência do setorbetesporte entrar na contaserviços – grande empregador da economia brasileira atual – também é uma das surpresas da economiabetesporte entrar na conta2024.
O ASA começou o ano projetando uma altabetesporte entrar na conta2,2% para o PIBbetesporte entrar na conta2024 e havia revisadobetesporte entrar na contaestimativa para 2,5% antes da divulgação do PIB do segundo trimestre.
"O setorbetesporte entrar na contaserviços sofreu bastante com a pandemia, estava patinando, andandobetesporte entrar na contalado", lembra.
"Mas, no ano passado, já foi bastante forte, com as pessoas após a pandemia com um desejo maior por consumir serviços e ter experiências, o que vemos pelos shows lotados, por exemplo. Imaginávamos que isso ficaria mais restrito a 2023, mas 2024 ainda mostra demanda forte."
Silvia Matos, do Ibre-FGV, observa ainda que a atividade este ano também teve um forte impulso fiscal – isto é, a partirbetesporte entrar na contagastos do governo.
O maior impulso vem dos R$ 90 bilhõesbetesporte entrar na contaprecatórios (dívidas da União já reconhecidas pela Justiça, sem possibilidadebetesporte entrar na contanovos recursos) que começaram a ser pagos no fim do ano passado, após o Supremo Tribunal Federal declarar inconstitucional medida que postergava o pagamento dessas dívidas para 2027.
Também o Bolsa Família turbinado, com benefício mínimobetesporte entrar na contaR$ 600, e o reajuste do salário mínimo acima da inflação – que impacta aposentadorias e benefícios sociais como o Benefíciobetesporte entrar na contaPrestação Continuada (BPC, salário mínimo pago a idosos e pessoas com deficiênciabetesporte entrar na contabaixa renda) – ajudaram a impulsionar a capacidadebetesporte entrar na contaconsumo das famílias este ano.
Matos diz ainda que era esperada uma desaceleração no agro este ano, após a safra recordebetesporte entrar na conta2023, mas que essa perdabetesporte entrar na contaritmo não foi tão forte quanto antecipado. Também o cenário internacional foi menos adverso do que o previsto.
Margato cita também a possibilidade – já discutida há algum tempo pelos economistas –betesporte entrar na contaque a capacidade potencialbetesporte entrar na contacrescimento da economia brasileira tenha aumentado nos últimos anos, graças a reformas como a trabalhista, da Previdência e mudanças microeconômicas feitas para melhorar o ambientebetesporte entrar na contanegócios.
Por que população está insatisfeita?
Para Margato, da XP, a resposta pode estar na inflação – o que faz sentido, considerando que 63% dos entrevistados na pesquisa Genial Quaestbetesporte entrar na contajulho avaliavam que o poderbetesporte entrar na contacompra dos brasileiros é hoje menor do que um ano atrás, contra 21% que diziam ser maior e 14% que consideravam igual.
"É verdade que a inflação corrente está relativamente bem comportada, ainda que a nossa projeção sejabetesporte entrar na conta4,4% para [o IPCA, índice oficialbetesporte entrar na containflação do país] esse ano, mas nos últimos anos a inflação foi alta, especialmente após o choque da pandemia", diz o economista da XP.
"Períodosbetesporte entrar na containflação alta acabam diminuindo o poderbetesporte entrar na contacompra das famílias e, mesmo com uma recuperação nos períodos seguintes, aquelas marcas da inflação alta ficam."
Silvia Matos, do Ibre-FGV, observa ainda que, embora emprego e renda estejam crescendo, muitos dos empregos que estão sendo criados não sãobetesporte entrar na contaqualidade – o que fica evidente pela taxabetesporte entrar na containformalidade da economia brasileira ainda próxima a 40%.
"Empregos e salários crescem, mas parece que não crescem o tanto que as pessoas esperariam, e há também muita volatilidadebetesporte entrar na contarenda entre informais e trabalhadores por conta própria", diz Matos.
"Há um certo desencantamento, que leva as pessoas a quererem soluções mágicas, porque parte da sociedade tem uma frustração, mesmo com o crescimento."
Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, observa que essa dissonância entre economiabetesporte entrar na contacrescimento e percepção negativa da população não ocorre só no Brasil, mas tambémbetesporte entrar na contaoutros países, como os Estados Unidos.
Segundo ele, isso está relacionado com a polarização políticabetesporte entrar na contaambas as sociedades e também com a prevalência das redes sociais como principal formabetesporte entrar na contaa população se informar atualmente.
"A radicalização alimenta leituras muito distintasbetesporte entrar na contarelação ao desempenho do governo e dos eventos políticos", diz Cortez.
"Então, a despeito do desempenho do governo na economia, há uma rejeição pessoal ao presidente Lula que dificulta essa transmissão entre melhoria do crescimento econômico e popularidade."
Com as redes sociais, as pessoas acabam consumindo produtos e informações para reafirmar suas leituras do mundo, diz o cientista político, o que é reforçado pelo algoritmo e faz com que a ideiabetesporte entrar na contalivre informação vá perdendo força.
"A política da rede social é a política encurtada – a pessoa não vê o debate, ela vê o corte – e aí esse arsenalbetesporte entrar na containformação que chega na cabeça do eleitor nem sempre ajuda a entender a relaçãobetesporte entrar na contacausalidade que é chave para a ideiabetesporte entrar na contapremiar [os governantes] pelo bom desempenho do governo. As redes sociais são perversas nesse sentido."
E o que esperar para a economia à frente?
Os três economistas ouvidos pela BBC News Brasil são unânimes na avaliaçãobetesporte entrar na contaque, apesar do desempenho surpreendente da economia no primeiro semestre, a atividade deve perder força na segunda metade do ano ebetesporte entrar na conta2025.
Segundo Silvia Matos, do Ibre-FGV, houve uma concentraçãobetesporte entrar na contaestímulos no início do ano, com os precatórios, o aumento do salário mínimo e a antecipação do 13º dos aposentados.
Além disso, há uma piora nas condições financeiras, com aumento dos jurosbetesporte entrar na contamercado e desvalorização cambial, o que torna o ambiente menos propício ao investimento e ao consumo.
Leonardo Costa, do ASA, e Rodolfo Margato, da XP, preveem ainda que o Banco Central deve reiniciarbetesporte entrar na contabreve o aperto monetário, elevando gradualmente a taxa básicabetesporte entrar na contajuros para manter a inflação na meta (que ébetesporte entrar na conta3% para este ano, com margembetesporte entrar na contatolerânciabetesporte entrar na conta1,5 ponto percentual), diante da resiliência da economia, da piora do câmbio e do aumento da percepçãobetesporte entrar na contarisco.
"A gente imagina que o BC voltará a subir jurosbetesporte entrar na contasetembro, começando com 0,25 ponto percentual e um ciclo totalbetesporte entrar na conta1,5 ponto, levando a Selic dos atuais 10,5% para 12% no começo do ano que vem. Com isso, o PIB do ano que vem desacelera", diz Costa, que vê uma altabetesporte entrar na conta1,5% para o PIBbetesporte entrar na conta2025.