Algumas pessoas são mais propensas a se tornarem viciadas?:360bet

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"A mensagem é: 'Se você é fraco o suficiente para desenvolver um problema com o nosso produto, é devido à360betpersonalidade, não tem nada a ver conosco."

Mas essa personalidade adictiva existe na realidade? Existem pessoas que realmente são mais propensas a desenvolver dependência?

Muitos psiquiatras e especialistas360betdependência afirmam que não há evidências científicas que sustentem essa ideia. Eles também alertam que este é um conceito prejudicial, pois indica que as pessoas têm pouco ou nenhum controle sobre a dependência.

Eles ressaltam que há algumas relações entre certos traços360betpersonalidade e a adicção, mas que elas são muito mais complexas do que o indicado frequentemente pela expressão "personalidade adictiva".

Sintoma360betoutros problemas

Pessoas fazem protesto contra morte360betjovem que usava opioides

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Legenda da foto, A crise dos opioides causou a morte360betmais360betmeio milhão360betpessoas entre os anos 1999 e 2020 nos Estados Unidos
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O renomado professor360betdependência comportamental Mark Griffiths, da Universidade Nottingham Trent, no Reino Unido, descreve a "personalidade adictiva" como um "completo mito".

"Para haver algo como a personalidade adictiva, o que você está dizendo é que existe uma característica que prevê a adicção e somente a adicção", afirma Griffiths.

"Não há evidências científicas360betque haja uma característica que preveja a adicção e somente a adicção."

A personalidade adictiva "é uma forma360betpensar preto no branco sobre algo que é muito complexo", diz o psiquiatra Anshul Swami, especialista360betsaúde mental e dependência do Hospital Nightingale,360betLondres.

"Não existe um tipo360betpersonalidade [que preveja a adicção], e não há dois dependentes iguais.”

Isso não quer dizer que certas características360betpersonalidade não estejam associadas "à aquisição, desenvolvimento e manutenção360betcomportamentos adictivos", afirma Griffiths.

O neuroticismo, por exemplo, costuma ser associado a muitas formas360betdependência. O neuroticismo é um dos Cinco Grandes traços360betpersonalidade. Ele define até que ponto uma pessoa reage a ameaças percebidas e situações360betestresse.

Pessoas altamente neuróticas são ansiosas e propensas a ter pensamentos negativos.

Segundo uma análise360bet175 estudos, os transtornos360betabuso360betsubstâncias são associados a altos níveis360betneuroticismo e baixos níveis360betconscienciosidade (até que ponto uma pessoa demonstra autocontrole). E pesquisas concluíram que vícios360betcomportamento, como a compulsão por compras e a dependência da internet e360betexercícios físicos, também são associados ao neuroticismo.

"Se você for neurótico, você é muito ansioso", afirma Griffiths.

Para ele, "as pessoas tendem a adotar comportamentos adictivos ou usar substâncias como forma360betgerenciar seus traços neuróticos. A maioria das dependências é questão360betlidar [com as situações], e elas são sintomas360betoutros problemas subjacentes, como a depressão ou o neuroticismo."

Mas Griffiths afirma que não existem pesquisas que demonstrem que todas as pessoas com dependência sofrem360betneuroticismo.

"Posso encontrar muitas pessoas que são neuróticas e não são adictos", diz ele.

"O neuroticismo é associado à adicção, mas não é um traço profético."

Hamilton sugere que, quando o assunto é dependência360betsubstâncias, pode ser "diabolicamente difícil" descobrir o que vem primeiro.

"O que você vê são altos índices360betdepressão ou ansiedade entre as pessoas que se tornam dependentes360betdrogas. Mas passa a ser a questão do ovo e da galinha", afirma.

"Foi o neuroticismo que levou a pessoa para a droga ou a360betdependência360betcocaína por um longo período360bettempo prejudicou o seu estado360betespírito?"

Para Swami, as dependências "têm muitas nuances e fatores".

Pesquisas indicam que as dependências podem ser influenciadas pela genética e por uma ampla variedade360betfatores ambientais, incluindo a pressão dos colegas, exposição precoce a substâncias e abusos físicos ou sexuais.

Um estudo360bet2018 concluiu que o antigo retrovírus HK2, que fica próximo do gene envolvido na liberação da substância dopamina, é mais frequentemente encontrado360betdependentes360betdrogas.

Os pesquisadores concluíram que pessoas que sofrem360bettranstornos360betabuso360betsubstâncias apresentam360betduas a três vezes mais chance360better o HK2 integrado360betseu genoma, indicando uma forte associação com a dependência.

Swami ressalta que este estudo não fornece nenhuma evidência360betque algumas pessoas possuem uma "personalidade mais adictiva" do que outras.

"Esta descoberta preliminar sobre o HK2 não explica por que cada vez mais pacientes desenvolvem dependência mais tarde na vida", afirma.

"Se eles tivessem [o HK2], e ele fosse associado ou causador [da dependência], certamente ela se expressaria mais cedo."

O gênero é outro fator360betrisco para o desenvolvimento360betdependência. Nos Estados Unidos, 11,5% dos homens e meninos sofrem com o abuso360betsubstâncias,360betcomparação com 6,4% das mulheres e meninas.

As razões são várias, segundo Hamilton.

"Os homens, principalmente os adolescentes, tendem a correr mais riscos e ser mais impulsivos", afirma.

A impulsividade é outra característica associada à adicção. Mas Hamilton alerta que a subnotificação pode ser significativa, já que a quantidade360betmulheres que buscam tratamento é menor, por questões relacionadas ao cuidado dos filhos e à estigmatização.

Pesquisas mostram que o ambiente e a criação360betuma pessoa também influenciam bastante o risco360betdesenvolver dependência.

Um estudo concluiu que usuários360betopioides têm 2,7 vezes mais chance360better um histórico360betabuso na infância, seja sexual, físico ou ambos, do que não usuários.

Pessoas que sofreram quatro experiências adversas na infância, como abuso físico, sexual ou emocional, ou a perda360betum dos pais, apresentam três vezes mais chance360betdesenvolver problemas com álcool na idade adulta, segundo um estudo360bet2022.

"Fatores psicossociais, como a violência, abuso sexual e negligência emocional apresentam forte associação com a adicção", observa Swami.

"Muitas pessoas vão dizer: 'Tenho histórico360betadicção, é por causa da minha genética'. Mas, quando você se aprofunda no histórico clínico, você percebe que houve muita bebida, negligência, abuso, trauma e privações", ele explica.

"Isso é passado360betgeração360betgeração e vem à tona na forma360betadicção."

Apesar da falta360betevidências científicas, a expressão "personalidade adictiva" continua sendo amplamente utilizada.

"Precisamos ter cuidado com a linguagem, pois as pessoas a internalizam", afirma Ian Hamilton.

"A ideia da personalidade adictiva tira toda a esperança360betvocê. Ela diz que 'este é o caminho pelo qual você deve seguir e que você não tem controle sobre ele'."

Anshul Swami concorda que o conceito é irreal e "fatalista".

"Ele impede que as pessoas assumam a responsabilidade, tomem para si o problema e encontrem soluções construtivas para melhorar", afirma.

Para Mark Griffiths, muita gente com dependência vai usar a ideia da personalidade adictiva como "justificativa para o seu comportamento". Segundo ele, "quando alguém diz 'tenho personalidade adictiva', o que está dizendo, na verdade, é 'nunca vou conseguir me curar'."

"As adicções são doenças biológicas, psicológicas e sociais muito complexas, como qualquer outra doença do planeta", afirma Swami.

"Todo mundo está procurando uma resposta simples, mas ela não existe."

A BBC tentou obter um comentário da empresa Purdue Pharma, mas a farmacêutica foi reestruturada após um processo360betfalência.

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