A ciência do vício: por que você nem sempre gosta das coisas que deseja?:bob site de apostas
"Isso fazia ele ficar muito, muito excitado sexualmente", conta Kent Berridge, professorbob site de apostasbiopsicologia e neurociência da Universidade of Michigan. B-19 sentia uma compulsão para se masturbar. E, com os eletrodos, ele se sentia atraído tanto por homens quanto por mulheres.
Quando os eletrodos foram removidos, o paciente protestou e reclamou.
Mas Robert Heath notou algo inesperado. Quando o médico pediu que B-19 decrevesse como os eletrodos o fizeram se sentir, ele esperava que o homem usasse palavras como "fantástico", "maravilhoso", "sensacional".
Só que não. Na verdade, ele não pareceu gostar nem um pouco da experiência.
O que então fez com que B-19 continuasse apertando o botão e, mais ainda, por que ele reclamou quando os eletrodos foram removidos?
Kent Berridge diz que é preciso começar reconhecendo que, apesarbob site de apostasB-19 não gostar das sensações produzidas pelos eletrodos, ainda assim ele queria ativar esses eletrodos.
Mas isso parece uma contradição.
Por muitos anos, psicólogos e neurocientistas acreditaram que não havia diferença real entre gostarbob site de apostasalgo e desejar algo. "Gostar" e "querer" (ou "desejar") parecem palavras sobre um mesmo fenômeno. Mas, quando eu quero uma xícarabob site de apostascafébob site de apostasmanhã, é por que eu gostobob site de apostascafé?
Junto a essa suposição -bob site de apostasque gostar é o mesmo que querer - havia outra. Na época, acreditava-se que o hormônio chamado dopamina era o responsável no cérebro tanto por querer, quanto por gostar.
E ainda: parecia haver provas suficientesbob site de apostasque a dopamina era essencial para o prazer.
Como acontece com os humanos, ratos adoram doces. Quando a dopamina era retiradabob site de apostasseus cérebros e coisas açucaradas eram colocadasbob site de apostassuas gaiolas, eles simplesmente deixavambob site de apostascorrer atrás desses alimentos.
Assim, acreditava-se que cortar a dopamina era sinônimobob site de apostascortar o prazer.
Mas a conclusão estava correta?
Kent Berridge encontrou outra maneira pesquisar o elo entre dopamina e prazer. Depoisbob site de apostasretirar a dopamina do cérebro dos ratos, ele alimentou estes animais com uma substância açucarada. "E, para nossa surpresa, os ratos ainda gostaram normalmente do sabor. O prazer ainda estava ali!"
Em outro experimentobob site de apostasseu laboratório, os níveisbob site de apostasdopamina nos ratos foram elevados, o que resultoubob site de apostasum enorme aumento no consumo - mas aparentemente sem nenhum aumento no prazer.
Você pode estar se perguntando como um cientista vestindo um jaleco pode saber se um roedor está ou não gostandobob site de apostasalgo.
Bem, a resposta é que ratos têm expressões faciais - como os humanos. Quando eles comem doces, eles lambem seus lábios. Quando algo é amargo, eles abrem a boca e cachoalham a cabeça.
Então, por que os ratos ainda gostavambob site de apostasuma comida que eles não pareciam mais desejar?
Kent Berridge tinha uma hipótese, mas ela era tão ousada que nem ele acreditava nela - pelo menos não por muito tempo. Será que querer uma coisa, e gostar dela, eram coisas ligadas a sistemas diferentes no cérebro?
E, ainda, será que a dopamina poderia não afetar o gostar - mas apenas o querer?
Por muitos anos, a comunidade científica manteve o ceticismo. Mas, agora, essa teoria se tornou amplamente aceita: a dopamina aumenta a tentação. Quando uma pessoa vai até a cozinha e vê a cafeteira, é a dopamina que faz com que ela passe um cafezinho.
É a dopamina que intensifica o desejo por comida se você estiver com fome, ou que faz o fumante sentir aquela fissura por um cigarro.
A evidência mais impressionantebob site de apostasque a dopamina diz respeito a desejar, e não gostar, vem novamente dos ratinhosbob site de apostaslaboratório.
Em um experimento, Kent Berridge conectou um palitobob site de apostasmetal à gaiola que, quando tocado, gerava um pequeno choque elétrico. Um rato comum aprende, depoisbob site de apostasum ou dois toques, a ficar longe do palito. Mas, ao ativar o sistemabob site de apostasdopamina do rato, Berridge foi capazbob site de apostasfazer o roedor se interessar pelo palito.
Ele se aproximava, cheirava, tocava com suas patas ou focinho. E mesmo quando tomava um pequeno choque, ele voltava ciclicamente a cada 5 ou 10 minutos, até que o experimento foi encerrado.
Talvez isso explique os hábitosbob site de apostasconsumobob site de apostascafé. Eu, por exemplo, desejo e gostobob site de apostasuma xícarabob site de apostascafé durante a manhã. Mas, a xícarabob site de apostascafé da tarde - algo que eu não consigo resistirbob site de apostaspreparar - tem gosto amargo e não me traz prazer.
Eu quero o café, mas não gosto dele.
Foi assim que Kent Berridge literalmente transformou o entendimento científico sobre o desejo humano e a motivação.
Ele argumenta que desejar é mais fundamental que gostar. Em última instância, não importa para a continuidade dos nossos genes se nós gostamosbob site de apostassexo, ou se gostamosbob site de apostascomida. Muito mais importante é se queremos transar, ou se queremos comer.
A aplicação mais importante desta distinção entre desejar e gostar é a reflexão que ela nos oferece sobre o vício - sejabob site de apostasdrogas, álcool, jogosbob site de apostasazar e talvez atébob site de apostascomida.
Para quem tem vícios, querer ou desejar é algo desconectado do gostar.
O sistemabob site de apostasdopamina aprende que certos gatilhos - como ver uma máquinabob site de apostascafé - pode trazer recompensas. De alguma forma,bob site de apostasmaneiras que ainda não compreendemos completamente, o sistemabob site de apostasdopamina para a pessoa com vícios fica sensibilizado ao estímulo.
O desejo nunca vai embora e é desencadeado por diferentes ganchos ou gatilhos. Pessoas com víciobob site de apostasdrogas podem terbob site de apostasurgência ativada por uma seringa, ou uma colher, ou mesmo por estarbob site de apostasuma festa oubob site de apostasdeterminada esquina.
Esse desejo não termina - pelo menos não por muito tempo. Isso torna pessoas com víciobob site de apostasdrogas extremamente vulneráveis a recaídas. Eles querem usar drogasbob site de apostasnovo, mesmo quando elas trazem pouco ou nenhum prazer.
Para os ratos, a sensibilização à dopamina pode se estender por metadebob site de apostassuas vidas. A tarefa para pesquisadores, agora, é descobrir se eles conseguem reverter essa sensibilização nos ratos - e, espera-se, também nos humanos.
Mas retornemos ao Paciente B-19. Lembra que ele havia sido ligado a um "eletrodobob site de apostasprazer", continuou apertando o botão para ativá-lo e, mesmo assim, disse que não sentiu prazer nas coisas que sentiu como resultado?
Na época, o psiquatra Robert Heath se perguntou se o paciente não estava sendo incapazbob site de apostasexpressar seus sentimentos. Agora nós temos uma explicação mais convincente. É mais provável que B-19 genuinamente não tenha sentido prazer nas sensações que o botão despertou, mas ainda assim tivesse uma compulsão por apertar o botão no fim das contas.
Exatamente como acontece comigo, quando vou à cozinha para minha segunda xícarabob site de apostascafé.
David Edmonds apresenta o programa The Big Idea no BBC World Service. Clique aqui para ouvir,bob site de apostasinglês,bob site de apostasentrevista com Kent Berridgebob site de apostas12bob site de apostasdezembrobob site de apostas2020.
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