Por que cada vez mais casais estão dormindo separados:f12 bet dono
"Eu não conseguia me concentrar no meu trabalho. Ficava cansada o dia todo. Você pode aguentar isso por algumas noites, mas no longo prazo não consegue sobreviver", disse Cecilia à BBCf12 bet donosua casaf12 bet donoLondres, onde mora há alguns anos.
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"Não foi uma decisão fácil. Partiu um pouco o nosso coração. Mas quando percebemos que poderíamos dormir separados, fiquei feliz", acrescenta.
Cecília e o companheiro,f12 bet dono43 anos, adotaram uma prática chamada "divórcio do sono".
"O divórcio do sono geralmente é algo que, inicialmente, é feito temporariamente. Mas depois os casais percebem que na verdade dormem melhor quando estão sozinhos", diz Stephanie Collier, psiquiatra do Hospital McLean, nos Estados Unidos.
"Normalmente os motivos têm a ver com a saúde... ocorrem porque a pessoa ronca, tem as pernas inquietas, é sonâmbula ou vai muito ao banheiro por motivos médicos. Então eles se mexem, rolam e isso incomoda o parceiro", disse ela à BBC.
"É uma tendência que definitivamente está se tornando mais popular", diz ela.
Um fenômeno crescente entre os 'millennials'
No final do ano passado, a atriz americana Cameron Díaz disse ao podcast Lipstick on the Rim que ela e o marido não dormiam mais no mesmo quarto.
"E acho que precisamos normalizar quartos separados", disse ela.
Embora a revelação tenha gerado milharesf12 bet donoreações nas redes sociais — e levado a diversos artigos na imprensa — o caso da estrelaf12 bet donoHollywood não é isolado.
De acordo com um estudof12 bet dono2023 da Academia Americanaf12 bet donoMedicina do Sono (AASM), maisf12 bet donoum terço dos entrevistados nos Estados Unidos disseram dormir ocasionalmente ou regularmentef12 bet donoquartos separadosf12 bet donoseus parceiros, com o objetivof12 bet donomelhorar a qualidade do sono.
A pesquisa revela que a tendência se acentua entre os millennials (geração que tem atualmente entre 28 e 42 anos, aproximadamente), onde cercaf12 bet donometade (43%) respondeu que dorme separado do parceiro.
Entre as demais faixas etárias, os millennials são seguidos pela Geração X (nascida entre 1965 e 1980), com 33%; depois a Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012), com 28%; e por fim os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964), com 22%.
“Embora não se saiba exatamente por que as gerações mais jovens têm maior probabilidadef12 bet donofazê-lo, existem algumas hipóteses. Uma delas é que há menos estigmaf12 bet donotorno da ideiaf12 bet donodormir separadamente. É uma mudança cultural. Eles pensam: 'Se eu dormir melhor, me sinto melhor. Então, por que não?’”, diz Collier.
Os especialistas concordam que existem diversas vantagens para os casais que decidem dormirf12 bet donoquartos separados.
"A principal é que podem ter um sono regular e profundo. E dormir bem é essencial para o bem-estar geral", diz Collier.
"Se uma pessoa não consegue pegar no sono, isso afeta tudo, desde af12 bet donoimunidade até ao seu funcionamento corporal. Além disso, você fica com raiva mais rápido e é menos paciente. Você pode até desenvolver algum tipof12 bet donodepressão", acrescenta.
A psiquiatra acredita que o "divórcio do sono" também pode ajudar a manter um relacionamento mais saudável.
"Sabemos que os casais, quando não estão bem descansados, podem discutir mais, ficar mais irritados e perder a empatia", afirma.
Ao longo da história, a prática foi mudando.
Alguns historiadores sugerem que a "cama matrimonial" (ou camaf12 bet donocasal) é um conceito moderno e que af12 bet donoutilização aumentou com a revolução industrial, quando as pessoas passaram a viverf12 bet donoáreas mais populosas.
Mas antes do século 19, era comum os casais dormirem separados.
"E quanto maior o nível socioeconômico, mais comum isso era. Você pode ver como os membros da realeza dormiam", diz Pablo Brockmann, especialistaf12 bet donosono da Faculdadef12 bet donoMedicina da Universidade Católica do Chile.
Quais são as vantagens?
Seema Khosla, pneumologista e porta-voz da Academia Americanaf12 bet donoMedicina do Sono (AASM), concorda com este ponto.
"Sabemos que dormir mal pode piorar o seu humor, e aqueles que estão privadosf12 bet donosono são mais propensos a discutir com seus parceiros. Pode haver algum ressentimentof12 bet donorelação à pessoa que causa a interrupção do sono, o que pode impactar negativamente os relacionamentos", observou ela, quando a AASM lançou uma pesquisa sobre o "divórcio do sono".
"Ter uma boa noitef12 bet donosono é importante tanto para a saúde como para a felicidade, por isso não é surpresa que alguns casais optem por dormir separados para o seu bem-estar geral."
Para Cecília, dormirf12 bet donoum quarto diferente do atual companheiro "mudouf12 bet donovida".
"É muito mais confortável. O fatof12 bet donopoder dormir melhor, ou ter mais espaço na cama, poder se mexer sem incomodar ninguém" diz.
"Além disso, você não precisa acordar na mesma hora que seu parceiro. Você realmente acorda quando quer ou precisa."
E as desvantagens?
A desvantagem mais óbvia é que isso requer uma cama extra e muito provavelmente um quarto extra — algo que para muitos casais nem sequer é uma alternativa.
Mas mesmo que isso seja uma possibilidade, esta decisão também pode ter alguns efeitos negativos. Muitos casais, dizem os especialistas, preocupam-sef12 bet donoperder a intimidade.
"Acho que alguma coisa mudou na conexão que tenho com o meu companheiro", reconhece Cecília.
"O relacionamento e a intimidade sofrem. Mas não é nada tão sério. Acho que as vantagens são maiores", diz.
Collier explica que para muitas pessoas que trabalhamf12 bet donotempo integral, o momentof12 bet donoque se conectam com o parceiro é justamente quando vão dormir.
"Portanto, uma das soluções é otimizar o tempo que passam juntos", afirma.
Brockmann, entretanto, diz que este "divórcio do sono" não é algo que funciona para todos os casais.
"Existem certos benefícios biológicosf12 bet donodormir juntos. Para muitos, uma conexão é gerada no sono. Isso é primitivo na espécie humana. A mãe e o filho, por exemplo, costumam gerar esse vínculo durante a amamentação e têm ciclosf12 bet donosono semelhantes para que ambos descansem."
"Alguns estudos mostram que há casais que dormem juntos há anos e que conseguem aprofundar as fases do sono por estarem ligados. Com isso você melhora a qualidade do sono", afirma o sonologista.
Porém, se um casal decidir tentar o "divórcio do sono", existem algumas recomendações que devem ser seguidas, dizem os especialistas.
"Isso não funciona quando uma pessoa quer e a outra não, porque isso pode levar ao ressentimento", diz Collier.
"Algumas pessoas não querem dormir sozinhas e isso faz com que se sintam mal. Então eles têm que pensarf12 bet donoum acordo igualitário, uma decisão que ambos concordem."
Brockmann concorda.
"Para quem tem o problema, seja ronco, sonambulismo ou pernas inquietas, pode ser difícil. Porque tem gente que não gosta [de dormirf12 bet donocama separada]...f12 bet donogeral os homens relutam mais", afirma.
Os estudos existentes indicam que a tendência é crescente, pelo menosf12 bet donoalguns países.
No Reino Unido, a National Bed Federation descobriu que,f12 bet dono2020, quase umf12 bet donocada seis (15%) casais britânicos que vivem juntos agora dormem separados — com quase novef12 bet donocada 10 (89%) delesf12 bet donoquartos separados.
Uma pesquisa realizada pelo The Sleep Councilf12 bet dono2009 revelou que menosf12 bet donoumf12 bet donocada 10 casais (7%) tinha camas separadas. "Isto sugere que a taxaf12 bet donosono separado praticamente duplicou na última década", concluiu a National Bed Federation.
Quando se trataf12 bet donoquem dorme onde, parece que cada vez mais pessoas nos relacionamentos estão priorizando uma boa noitef12 bet donosono.
*Cecília é pseudônimo porque a entrevistada preferiu não divulgarf12 bet donoidentidade.