As descobertas que estão mudando o que sabemos sobre os neandertais:pré aposta esporte
Os crânios estavam todos fragmentados, mas seus chifres ou galhadas estavam relativamente intactos. Alguns foram encontrados pertopré aposta esporterestospré aposta esportefogueiras.
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"Mais pré aposta esporte 0,5 gols": o que isso significa
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Por que isso é importante no futebol brasileiro?
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Conclusão
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3rdpessoa singular,
ele/ela, Ele /a.
As cavernas do Valepré aposta esporteLozoya, a cercapré aposta esporteuma horapré aposta esportecarro ao norte da capital espanhola, Madri, eram conhecidas desde o século 19, mas a Des-Cubierta só foi encontradapré aposta esporte2009, durante uma pesquisapré aposta esporteoutras cavernas na encosta da montanha.
À medida que os pesquisadores escavavam lentamente as camadas no seu interior, começou a surgir uma imagem impressionante do local.
Eles afirmam que os crânios têm um significado que vai além dos simples detritos da caça e coleta. Na verdade, eles acreditam que os crânios eram simbólicos — talvez um santuário que abrigava os troféus da caçada.
Se os pesquisadores estiverem certos, isso levanta uma perspectiva é tentadora. Os neandertais teriam sido capazespré aposta esporteformar conceitos simbólicos complexos — comportamentos característicos da nossa espécie.
Será que podemos realmente sugerir que os neandertais, espéciepré aposta esportehominídeo que se extinguiu há cercapré aposta esporte40 mil anos, desenvolveram rituais baseados nos crânios das suas presas?
Outras descobertas demonstram diversos aspectos dapré aposta esportecultura e algumas até sugerem que os neandertais produziam formas do que podemos chamarpré aposta esportearte. Mas as respostas ainda estão longepré aposta esporteserem claras.
Entrar na mente dos povos antigos é um dos grandes desafios da arqueologia, que dirá na mentepré aposta esporteuma espécie diferente da nossa.
Desde que foram identificados os primeiros restospré aposta esporteneandertais no século 19,pré aposta esporteformapré aposta esportevida e pensamento é uma questão fundamental que intriga os pesquisadores. E, apesar dos imensos avanços da arqueologia alcançados nos últimos 160 anos, a resposta para estas questões ainda é difícil e, às vezes, problemática —pré aposta esporteparte, devido aos nossos próprios preconceitos.
Os neandertais sempre representaram um contraste filosófico para o Homo sapiens — ou seja, para nós mesmos.
Inicialmente, eles eram a única outra espéciepré aposta esportehominídeo conhecida na Terra. E, mesmo com a descobertapré aposta esporteoutras espécies antigas, eles mantiveram um lugar especial como "os outros", uma espéciepré aposta esporteespelho com o qual nos comparávamos. E essas comparações, até pouco tempo atrás, eram todas a nosso favor.
O fatopré aposta esporteos neandertais terem desaparecido há cercapré aposta esporte40 mil anos, depoispré aposta esporteterem sobrevivido no oeste da Eurásia por centenaspré aposta esportemilharespré aposta esporteanos, era considerado uma evidênciapré aposta esporteque houve algo que fez com que eles "merecessem"pré aposta esporteextinção (no sentido científico e, talvez, também moral).
Conscientemente ou não, os pesquisadores procuravam provaspré aposta esporteque os neandertais eram menos bem-sucedidos — uma versão beta da humanidade, destinada a ser substituída pela nossa espécie superior. E um dos elementos mais óbviospré aposta esporteque eles se concentravam refletia exatamente o que acreditávamos que distinguia nossa espéciepré aposta esportetodas as outras formaspré aposta esportevida no planeta Terra: a cognição.
Mas o que é a cognição? Em poucas palavras, é a forma como pensamos — nossos processos e habilidades mentais, desde a soluçãopré aposta esporteproblemas até a nossa imaginação. E ela também inclui a atribuiçãopré aposta esportesignificados simbólicos a ações, objetos ou lugares.
Se a equipepré aposta esportepesquisa que está escavandopré aposta esporteDes-Cubierta estiver certa, os neandertais aparentemente eram capazespré aposta esporteatingir pelo menos algumas dessas formas superiorespré aposta esportecognição.
É claro que os neandertais não estão aqui para que a gente possa perguntar o que eles pensavam — e tampouco podemos viajar no tempo para observá-los. O que temos é a arqueologia e a ciência do século 21 para nos ajudar a reconstruir, ao máximo possível, a vida dos nossos parentes extintos.
O cérebro e seu uso
Os neandertais estão entre os nossos parentes mais próximos conhecidos. Nosso último ancestral comum viveupré aposta esportealgum momentopré aposta esporte550 mil a 800 mil anos atrás, o que é um período realmente muito recentepré aposta esportetermospré aposta esporteevolução.
Somente por isso, já deveríamos esperar que os neandertais fossem muito parecidos conoscopré aposta esportediversos aspectos, incluindo o poder cerebral. Os crânios dos neandertais, por exemplo, indicam que seu cérebro tinha pelo menos o mesmo volume do nosso.
Mas a mente envolve muito mais do que apenas o tamanho do cérebro. Os cérebros dos neandertais podiam ser grandes, mas, aparentemente, eram um pouco diferentes.
Seu formato geral — que deduzimos a partir do formato interno do seu crânio — era diferente. Isso pode indicar possíveis funções cerebrais distintas, devido à formapré aposta esporteque as diferentes regiões do cérebro parecem estar relacionadas com funções específicas, como o pensamento analítico e a memória.
Também podemos encontrar indicações genéticas. Pesquisas recentes descobriram, por exemplo, que alterações minúsculaspré aposta esportedois genes ligados ao desenvolvimento neurológico tiveram impactos importantes no cérebro humano.
Uma delas, denominada NOVA1, afeta o crescimento e a atividade elétrica dos neurônios. Já outra, TKTL1, parece aumentar significativamente a quantidadepré aposta esporteneurônios e o númeropré aposta esportedobras do cérebro. Os neandertais tinham versões levemente diferentes desses genes.
E, quando os pesquisadores inseriram um gene NOVA1pré aposta esporteneandertalpré aposta esportecélulas-tronco humanas para fazer crescer os chamados "minicérebros" (na verdade, conjuntospré aposta esportecélulas diferenciadas), eles descobriram que o gene alterou o crescimento dos neurônios e as conexões entre eles,pré aposta esportecomparação com a nossa espécie.
Da mesma forma, a versão neandertal do TKTL1 — diferente da nossapré aposta esporteapenas um aminoácido — pode ter levado a espécie a desenvolver um neocórtex menor que o dos seres humanos modernos. E o neocórtex é a parte do cérebro relacionada às funções cognitivas superiores, como o raciocínio e a linguagem.
Mas alguns pesquisadores sugerem que milhõespré aposta esporteseres humanos modernos também podem carregar a "versão neandertal" deste gene, o que levanta novas dúvidas sobre a diferença entre os nossos cérebros e os dos nossos parentes.
Os ossos e o DNA são a única formapré aposta esporteexplorar como realmente teria sido a mente dos neandertais.
Pesquisas recentes sobre apré aposta esporteaudição, por exemplo, sustentam a ideiapré aposta esporteque os neandertais se comunicavam pela voz napré aposta esportevida diária. E a arqueologia, que é o instrumento mais próximopré aposta esporteuma máquina do tempo que temos disponível, pode nos mostrar o que eles realmente faziam e sobre o que eles provavelmente falavam.
Os avanços da arqueologia nas últimas três décadas produziram uma espéciepré aposta esporterenascimento da nossa compreensão, minando inevitavelmente os preconceitospré aposta esporteque os neandertais,pré aposta esportealguma forma, eram inferiores a nós.
Embora haja uma perspectiva crescente das capacidades cognitivas dos neandertais, alguns pontos pareçam ser exclusivos da nossa espécie, como a elaboraçãopré aposta esporteprojetospré aposta esportemanufatura mais extensos e complicados.
Acredita-se, por exemplo, que a produçãopré aposta esportearcos e flechas tenha sido inventada pelo Homo sapiens na África, pelo menos 80 mil anos atrás. E que este processo tenha sido introduzido na Eurásia por algumas populações há 55 mil anos.
Mas, do uso da pedra e da tecnologia da cola até as técnicaspré aposta esportecaça, aos poucos descobrimos cada vez mais sobre os neandertais — e as diferenças entre as duas espécies parecem cada vez menores. Atualmente, são relativamente poucas as áreaspré aposta esporteque ainda observamos diferenças claras.
Os entalhes e o uso das cores
Uma facetapré aposta esportecomportamento na qual os pesquisadores vêm procurando diferenças há muito tempo é a capacidadepré aposta esportepensamento abstrato, estético e simbólico dos neandertais.
Sabemos desde meados do século 19 que os antigos humanos que viveram pouco depois da extinção dos neandertais produziam pinturas espetacularespré aposta esporteanimais dentropré aposta esportecavernas, pequenas estátuas detalhadamente esculpidas e também enterravam seus mortos com objetos solenes, como contaspré aposta esporteconchas.
Apesarpré aposta esportemaispré aposta esporteum séculopré aposta esportedescobertas arqueológicas, ainda não encontramos nada verdadeiramente comparável entre os neandertais. Mas o que foi descoberto indica que suas vidas iam alémpré aposta esporteuma simples perspectiva baseada na sobrevivência.
Um exemplo são os entalhes ou incisões. Estudos microscópicos já demonstraram que muitos objetos encontrados, principalmentepré aposta esporteossos, foram raspados ou arranhados naturalmente. Mas outros foram elaboradospré aposta esporteforma claramente intencional.
Um desses objetos foi encontradopré aposta esporteLes Pradelles, na França: um pequeno pedaçopré aposta esporteosso da coxapré aposta esporteuma hiena, com uma sériepré aposta esportenove incisões paralelas com cercapré aposta esportecinco milímetrospré aposta esportecomprimento cada uma, datandopré aposta esportecercapré aposta esporte70 mil anos atrás.
Estudos microscópicos cuidadosos concluíram que uma única ferramentapré aposta esportepedra foi usada —e que o fabricante trabalhou da esquerda para a direita, aplicando cada vez mais pressão até a linha final, provavelmente porque mudou o ângulo ou a formapré aposta esportesegurar a ferramenta.
Na basepré aposta esporteduas das linhas, foram gravados outros conjuntospré aposta esportemarcas minúsculas, provavelmente com a mesma ferramenta.
Não se sabe ao certo o que significam as marcaspré aposta esporteLes Pradelles — foi sugerido que elas podem representar uma anotação ou algum tipopré aposta esporteregistro.
Mas existem outras interpretações, e pode haver também uma motivação estética. As marcas secundárias são tão pequenas que senti-las pode ter sido tão importante quanto vê-las.
O entalhe gráfico mais complexo já encontrado no contexto neandertal vempré aposta esporteum sítio arqueológico alemão chamado Einhornhöhle (que significa "caverna do unicórnio").
Neste caso, o osso datapré aposta esportecercapré aposta esporte51 mil anos atrás e vem do dedo do pépré aposta esporteum Megaloceros (cervo gigante). Algumas das suas extremidades foram alteradas, e o osso parece ter sido raspado ou talhado.
Um dos lados curvos do osso inclui 10 entalhes lineares individuais. Quatro deles correm paralelamente ao longo da basepré aposta esporteângulo diagonal, mas os outros seis são mais complexos. Dois conjuntospré aposta esportetrês entalhes se interseccionampré aposta esporteângulospré aposta esporte92 a 100 graus. O efeito é um padrão Chevron (de setas) repetitivo.
E embora, mais uma vez, seja impossível determinar algum significado preciso, parece ser mais do que um simples marcador ou registro.
Objetos entalhados — ou casos como o da cavernapré aposta esporteGorham,pré aposta esporteGibraltar, onde foi gravada uma "hashtag"pré aposta esporteuma parte elevada do próprio chãopré aposta esportepedra — são raros entre os artefatos neandertais. Há menospré aposta esporte10 exemplos claros desses objetos.
Mas existem mais evidênciaspré aposta esporteque os neandertais se interessavam pelas cores. Pigmentos minerais,pré aposta esportecores que variam do preto até o vermelho, laranja, amarelo e branco, foram encontradospré aposta esportemaispré aposta esporte70 sítios arqueológicos.
Em alguns casos, há quantidades significativas, como os maispré aposta esporte450 fragmentospré aposta esportepigmento encontrados nas camadaspré aposta esportePeechpré aposta esportel’Azé, na Dordonha, sul da França. E também há evidências claraspré aposta esporteque esses fragmentos eram processados e utilizados.
Alguns deles possuem marcaspré aposta esporteraspagem e polimento, enquanto outros apresentam vestígios que mostram que foram esfregados com objetos mais macios.
Os neandertais parecem, às vezes, ter até selecionado substâncias minerais específicas para determinar a intensidade dos pigmentos, alémpré aposta esportecombiná-los e misturá-los. Eles usavam vermelho e amarelo para produzir laranja, o que é um feito notável.
Um tipopré aposta esportepigmento preto — o dióxidopré aposta esportemanganês — pode ter servido também para acender o fogo. No mais, só o que podemos fazer é tentar adivinhar para o que eram usadas essas cores.
E foram descobertos alguns objetos "pintados" extraordinários. Eles incluem uma misturapré aposta esportelaranja combinado com pirita cintilante ("ouro dos tolos")pré aposta esporteuma concha, e um pigmento vermelho sobre a superfície externapré aposta esporteuma pequena concha fossilizada. Outra misturapré aposta esportepigmentos também foi encontrada sobre a garrapré aposta esporteuma águiapré aposta esporteKrapina, na Croácia.
Há ainda evidências impressionantes da cavernapré aposta esporteCombe Grenal, pertopré aposta esporteDomme, na Dordonha,pré aposta esporteque os neandertais que viveram ali aparentemente preferiam cores diferentes conforme o passar do tempo.
Os pigmentos encontrados no local (uma caverna que desabou) eram diferentes a cada camada. Embora não exista uma explicação óbvia para mudanças da disponibilidadepré aposta esportefontes minerais no local, há uma correlação aproximada com mudanças nos tipospré aposta esporteferramentaspré aposta esportepedra, que pode indicar diferentes tradições culturaispré aposta esporteuso dos pigmentos.
Nos últimos anos, surgiram novas indicaçõespré aposta esporteque os neandertais aplicavam pigmentos vermelhos às paredes das cavernas.
Estudospré aposta esportetrês cavernas espanholas, conhecidas há muito tempo por conterem pinturas pré-históricas, analisaram algumas das crostas que cobrem manchas vermelhas, uma linha vermelha e a impressãopré aposta esporteuma mão. Os resultados variarampré aposta esporte55 mil a 64 mil anos, muito alémpré aposta esportequalquer era aceita para a presençapré aposta esporteHomo sapiens na Península Ibérica.
Mais recentemente, fragmentospré aposta esportepigmento vermelho foram encontradospré aposta esporteuma dessas cavernas na Espanha (Ardales,pré aposta esporteMálaga),pré aposta esportecamadas contendo artefatospré aposta esportepedra típicos dos neandertais, que podem ser datados da mesma épocapré aposta esporteque o pigmento vermelho foi usado para colorir formaçõespré aposta esporteestalagmites.
Mas os pesquisadores ainda não encontraram a similaridade química entre o pigmento e as pinturas.
É muito difícil classificar algo feito pelos neandertais como "arte", já que esta definição é muito sujeita à interpretação.
Podemos considerar, por exemplo, que esses objetos são criações finalizadas e contêm informações simbólicas. Mas pode ser útil verificar o que eles realmente estavam fazendo com os materiais e falarpré aposta esporte“estética”.
O que os entalhes e os pigmentos dos neandertais têmpré aposta esportecomum é a intençãopré aposta esportealterar a percepção das superfícies, seja visualmente oupré aposta esporteforma táctil.
As garraspré aposta esporteKrapina, por exemplo, incluem minúsculas áreas polidas, como se tivessem sido esfregadas contra outros materiais rígidos, talvez umas contra as outras.
Uma interpretação é que elas podem ter sido usadas como colares, mas também é possível que as garras lustrosas e talvez pintadas tenham formado um chocalho, compondo uma experiência estética visual e sonora.
Mas essas conclusões exigem cuidado. Talvez nunca venhamos a saber se esses instrumentos foram feitos e guardados por indivíduos específicos ou se eram exibidos e utilizados por várias pessoas.
De qualquer forma, os neandertais parecem ter sido capazespré aposta esportecriar objetos materiais que, sem sombrapré aposta esportedúvida, envolviam a interação comunitária, como comprovou um anúncio espetacular feitopré aposta esporte2018, sobre uma caverna pertopré aposta esporteBruniquel, no sul da França.
As descobertas naquele local remontam a 1987, quando um adolescente fascinado por cavernas encontrou uma minúscula cavidadepré aposta esporteonde vinha uma brisa, como se a montanha estivesse respirando.
Depoispré aposta esportecavar e rastejar pacientemente por três anos, ele descobriu um sistemapré aposta esportegrandes câmaras, algumas com belas piscinas rasas. Uma delas, com cercapré aposta esporte300 metros, continha uma construção realmente notável.
O que parecia inicialmente ser algum tipopré aposta esporterepresa feitapré aposta esporteestalagmites caídas se revelou uma estrutura compostapré aposta esportepedaços arrancados, obviamente feita por seres humanos, que não deixaram vestígios, a não ser alguns pedaçospré aposta esporteossos queimados.
Em meados dos anos 1990, a datação por radiocarbono indicou uma idade bastante antiga, além do limitepré aposta esporte45 mil anos imposto pela técnica da época.
Somentepré aposta esporte2016, com a dataçãopré aposta esportedepósitospré aposta esportecalcita sobre as estalagmites usando um método diferente, que mede as proporçõespré aposta esporteurânio e tório na rocha, foi possível chegar à verdadeira idade dos anéis: 174 mil a 176 mil anos.
A única conclusão possível é que seus criadores tenham sido neandertais.
Bruniquel,pré aposta esportefato, é um local impressionante. Maispré aposta esporte400 seçõespré aposta esporteestalagmites que pesam, ao todo, cercapré aposta esporteduas toneladas foram selecionadas por tamanho e dispostaspré aposta esportedois anéis. O maior deles tem maispré aposta esporteseis metros. Duas pilhaspré aposta esporteestalagmites ficam na parte interna e outras duas, na parte externa.
Há muitas evidênciaspré aposta esportequeima, possivelmente para ajudar a quebrar as colunas. E é um trabalho cuidadoso:pré aposta esportealguns pontos, os anéis são compostospré aposta esportequatro camadas, às vezes com peças encostadas nelas. E,pré aposta esportealgumas regiões, há diversas peças dentro das paredes equilibradas umas sobre as outras, como se fossem colunas e barras minúsculas.
Bruniquel certamente contém algo que foi construído pelos neandertais, mas o que era aquilo? Parece improvável que tenha sido algum tipopré aposta esportemoradia ou espaço frequentado regularmente.
O sistemapré aposta esportecavernas, até o momento, não parece ter uma entrada perto da câmara, que ficapré aposta esporteum local profundo na montanha. É muito mais remoto do que outros locaispré aposta esportemoradia dos neandertais, que costumam ficar na entrada ou a poucas dezenaspré aposta esportemetros para dentro das cavernas.
A localização remota da câmara também significa que teria sido necessário haver iluminação permanente, o que significaria, alémpré aposta esporteum gasto extraordináriopré aposta esportetempo e energiapré aposta esporteuma época fria e sem abundânciapré aposta esporteárvores, um ambiente permanentemente cheiopré aposta esportefumaça.
E o mais surpreendente: até agora, não foram encontradas ferramentaspré aposta esportepedra.
Pegadaspré aposta esporteursos que usaram as cavernas muito tempo depois provavelmente apagaram as pegadas dos neandertais. Mas, se fosse um lugar ocupado, deveria haver ainda algum fragmento das suas vidas diárias.
E, exceto pelos 18 pontospré aposta esportefogueira e dos fragmentospré aposta esporteossos queimados, não foi encontrado até hoje nenhum artefato, tampouco outros vestígios dos seus frequentadores.
O local ainda está sendo estudado — e é possível que haja artefatos escondidos embaixo do pisopré aposta esportesedimentos que se formou à medida que a água gotejava lentamente para o interior da caverna. Na verdade, sinais magnéticos indicam que há braseiros ocultos embaixo do piso.
Mas, até o momento, é difícil ver que propósito prático os anéispré aposta esporteBruniquel poderiam ter. Talvez esta construção trabalhosa tivesse outro tipopré aposta esportesignificado para os neandertais que a conceberam.
Rituais fúnebres ou preparopré aposta esportealimento?
Vamos voltar ao mistério dos crâniospré aposta esporteCueva Des-Cubierta, na Espanha — outra demonstração da complexidade da interpretação dos vestígios incomuns deixados pelos neandertais.
A caverna tem 80 metrospré aposta esportecomprimento por 1 a 4 metrospré aposta esportelargura — e se formou há pelo menos meio milhãopré aposta esporteanos. Mas os depósitos arqueológicos datampré aposta esportecercapré aposta esporte50 mil a 135 mil anos atrás.
Após anospré aposta esportetrabalho árduo, os resultados iniciais começaram a surgirpré aposta esporte2012, incluindo a descobertapré aposta esportefragmentospré aposta esporteuma criança neandertal, compré aposta esporte3 a 5 anospré aposta esporteidade. Esta, por si só, já é uma descoberta significativa, pois cada novo fragmentopré aposta esporteesqueleto que acrescentamos ao registro desta espécie é precioso.
À medida que a escavação prosseguia, com a descobertapré aposta esportecrâniospré aposta esporteanimais e restospré aposta esportefogueiras, surgiu a noçãopré aposta esporteque Des-Cubierta pode ter sido algum tipopré aposta esportelocal usado para rituais fúnebres.
A equipepré aposta esporteescavação sugeriu que as descobertas podem representar oferendas fúnebres ou um santuáriopré aposta esportecaça. Mas, para outros pesquisadores, Des-Cubierta não apresenta indicadores claros além do comportamento "cotidiano".
Primeiramente, análises posteriores concluíram que os restos dos hominídeos, basicamente da mandíbula, eram originalmente da camada sobreposta à dos crânios dos animais. Em segundo lugar, não existe um padrão espacial óbvio para os crânios, exceto por alguns que estão pertopré aposta esporterestospré aposta esportefogueiras.
Em terceiro lugar, a camada onde foram encontrados os crânios e as fogueiras levou um tempo considerável para se formar. Ela tem cercapré aposta esportedois metrospré aposta esporteespessura, o que exigiria o uso ritualizado do espaço por um período muito longo.
Por fim, existe uma explicação mais "corriqueira": as marcaspré aposta esportecortes e esmagamento indicam que os cérebros, olhos e línguas foram retirados para servirpré aposta esportealimento.
Aparentemente, os animais caçados eram esquartejados inicialmentepré aposta esporteoutro local, talvez na parte externa da caverna e perto da entrada, enquanto os crânios e outros ossos eram levados para dentro, para serem processados nas fogueiras.
Depoispré aposta esporteretirar os pedaçospré aposta esportecarne do interior dos crânios, não havia razão para esmagá-los ainda mais. Talvez a natureza compacta da camada indique que eles foram preservadospré aposta esporteforma mais completa que o habitual.
Mas por que os neandertais se dariam ao trabalhopré aposta esportecarregar aqueles pesados crânios para dentro da caverna?
Sabemos por meiopré aposta esportedescobertaspré aposta esporteoutros sítios arqueológicos bem preservados que os neandertais separavam diferentes etapas das suas tarefas entre diversos lugares, pela área externa e dentro das cavernas.
Descobertas nos sítios arqueológicospré aposta esporteAbric Romaní, na Espanha, e Grotta Fumane, na Itália, mostram que, ao esquartejar aves e outros animais, diferentes partes do corpo — como asas ou crânios — às vezes eram processadaspré aposta esporteáreas separadas. Algo muito similar parece explicar o padrão encontradopré aposta esporteDes-Cubierta, respaldando a dedução cognitivapré aposta esporteque os neandertais organizavam cuidadosamente seu tempo e suas atividades.
Por isso, talvez a explicação para Des-Cubierta não envolva o usopré aposta esportecrânios como troféus. Mas isso não significa que a caça e os animais não tivessem importância social para os neandertais.
Uma possibilidade fascinante, cada vez mais explorada pelos pesquisadores, é que os neandertais talvez considerassem as criaturas àpré aposta esportevoltapré aposta esportetermospré aposta esporterelacionamento — e não como meros recursos.
Podemos observar algo similar na tendência demonstrada por alguns chimpanzés,pré aposta esportemanter pequenos animais como se fossempré aposta esporteestimação,pré aposta esportevezpré aposta esportecaçá-los, embora essas criaturas normalmente não sobrevivam por muito tempo.
Por isso, pode ter feito todo sentido para os neandertais — nossos parentes evolutivos mais próximos, muito curiosos e inteligentespré aposta esportediversos níveis — considerar suas presas e outros predadores como criaturas semelhantes, que faziam parte do seu universo social.
Talvez os crâniospré aposta esporteDes-Cubierta não fossem troféus. Mas apré aposta esportepresença no interior da caverna, ainda relativamente inteiros, poderia significar, para os neandertais, a representação daqueles animais incríveis e poderosos que dividiam o mundo com eles.
* Rebecca Wragg Sykes é arqueóloga paleolítica e autora do livro "Kindred: Neanderthal Life, Love, Death and Art" (“Parentesco: a vida, o amor, a morte e a arte dos neandertais”,pré aposta esportetradução livre).