O relatoapostas nos eua apostas on linevítimaapostas nos eua apostas on linejesuíta espanholapostas nos eua apostas on lineinternato na Bolívia: 'Me tirava da cama e carregava nos braços para abusarapostas nos eua apostas on linemim':apostas nos eua apostas on line
Ela mostrava uma reportagem intitulada "Diárioapostas nos eua apostas on lineum padre pederasta", publicada pelo jornalista Julio Núñez no jornal espanhol El País, no finalapostas nos eua apostas on lineabrilapostas nos eua apostas on line2023.
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Fim do Matérias recomendadas
A publicação incluía as anotações pessoais do sacerdote jesuíta Alfonso Pedrajas, conhecido como "padre 'Pica'". Ele foi diretor do Colégio Juan 23 na cidadeapostas nos eua apostas on lineCochabamba, na região central da Bolívia.
Pablo é boliviano e morou no internato na décadaapostas nos eua apostas on line1980.
"O maior fracasso pessoal: sem dúvida, a pederastia", escreveu o sacerdote no seu diário. "Prejudiquei muita gente (85?), muitos."
Pedrajas conta no seu diário que informou sobre os abusos a sete superiores provinciais e a uma dezenaapostas nos eua apostas on lineclérigos bolivianos e espanhóis.
Um deles recomendou que ele não se sentisse um "pecador arrependido", pois eram "casos isolados". Outro aconselhou que ele não abusasseapostas nos eua apostas on linemenores. Ninguém o denunciou, nem o afastou das vítimas.
"Contei muitas vezes", insistiu o jesuíta no seu diário.
Pablo seguiu seu primeiro impulso e disse à esposa que não, que, com ele, aquilo não havia acontecido. Mas, quando seu irmão fez a mesma pergunta, ele sentiu que já não poderia mais escapar do fantasma do padre "Pica".
Uma toneladaapostas nos eua apostas on linecocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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Depoisapostas nos eua apostas on linecinco mesesapostas nos eua apostas on lineresistência, Pablo contou a verdade àapostas nos eua apostas on lineesposa. Pedrajas havia abusado dele dos 11 aos 13 anosapostas nos eua apostas on lineidade.
"Eu pensava que fosse o único, que só havia acontecido comigo", afirma ele. Mas a publicação do diárioapostas nos eua apostas on linePedrajas, um ano atrás, gerou um verdadeiro escândalo.
A Procuradoria do departamentoapostas nos eua apostas on lineCochabamba abriu uma investigação contra 23 religiosos da Companhiaapostas nos eua apostas on lineJesus. E o papa Francisco enviou para a Bolívia seu principal assessor na gestãoapostas nos eua apostas on linecasosapostas nos eua apostas on linepedofilia na Igreja Católica, Jordi Bertomeu.
O presidente da Bolívia, Luis Arce, condenou as "condutas aberrantes" dos indicados e pediu ao Sumo Pontífice que concedesse à justiça boliviana o acesso a "todos os arquivos, processos e informações referentes a estas denúncias".
Embora fosse a parte acusada, a Companhiaapostas nos eua apostas on lineJesus ofereceu um "canalapostas nos eua apostas on lineouvidoria" para as vítimas.
"Pedimos perdão pela dor ocasionada", disse na época o responsável máximo pelos jesuítas na Bolívia, Bernardo Mercado.
"Os abusos provocaram uma ferida profunda nas vítimas e as denúncias não podem ser ignoradas, embora o sacerdote envolvido nos fatos tenha falecido."
Pedrajas morreuapostas nos eua apostas on linecâncer,apostas nos eua apostas on line2009.
No mêsapostas nos eua apostas on lineabril, um ano depois da publicação do diário, Pablo entrou para a Comunidade Bolivianaapostas nos eua apostas on lineSobreviventesapostas nos eua apostas on lineAbuso Sexual Eclesial – a associaçãoapostas nos eua apostas on linevítimas que exige justiça e reparação pelos crimes cometidos por sacerdotes jesuítasapostas nos eua apostas on lineCochabamba, além da condenação à estrutura eclesiástica que encobriu os delitos.
O grupoapostas nos eua apostas on linevítimas garante que existem maisapostas nos eua apostas on line400 pessoas prejudicadas no Colégio Juan 23, instituição fundadaapostas nos eua apostas on line1966 e que teve seu internato fechadoapostas nos eua apostas on line2008.
A BBC News Mundo (o serviçoapostas nos eua apostas on lineespanhol da BBC) conversou com algumas das vítimas, que interpretam a decisãoapostas nos eua apostas on linefechar o internato como uma manobra para encobrir os abusos cometidos no colégio.
Durante décadas, a Companhiaapostas nos eua apostas on lineJesus enviou para a Bolívia outros jesuítas envolvidosapostas nos eua apostas on linecasosapostas nos eua apostas on linepedofilia na Espanha. Um deles foi o padre Luis Tó, já falecido, que foi transferido depoisapostas nos eua apostas on lineter sido condenado a dois anosapostas nos eua apostas on lineprisãoapostas nos eua apostas on lineBarcelona, na Espanha, por abusarapostas nos eua apostas on lineuma meninaapostas nos eua apostas on lineoito anos.
Outro caso foi oapostas nos eua apostas on lineFrancesc Peris, hoje com maisapostas nos eua apostas on line80 anos. Ele reconheceu ter abusadoapostas nos eua apostas on lineinúmeros meninos duranteapostas nos eua apostas on linetrajetória como sacerdote, incluindoapostas nos eua apostas on linepassagem pela Bolívia, segundo revelou um delegado da Companhiaapostas nos eua apostas on lineJesus ao canalapostas nos eua apostas on linetelevisão TV3, da Catalunha, na Espanha.
Um ano depois da divulgação do diárioapostas nos eua apostas on linePedrajas, o procurador boliviano, Mario Durán, declarou que o Ministério Público investiga sete sacerdotes. Ele aguarda informações do Vaticano para comparar as evidências.
Pablo ainda não se sente preparado para revelarapostas nos eua apostas on lineverdadeira identidade. Mas ele conversou com a BBC News Mundo sobre os abusos sofridos no Colégio Juan 23, nas mãos do padre Pedrajas.
"Faço por mim próprio, pelos meus filhos e pelos meus pais, que confiaram naquela instituição educacional."
'Puxa, ganhamos na loteria!'
"O Juan 23 era uma instituição à frente do seu tempo. Ele propunha uma pedagogia totalmente diferente da oficial e dedicava prioridade máxima à leitura e à pesquisa.
Todos os anos, o colégio mobilizava seus educadores e ex-alunos para que visitassem todos os cantos do país, recrutando os alunos que tivessem o melhor desempenho acadêmico nos seus respectivos graus.
Cheguei ao Juan 23 por meio dessa rigorosa seleção. É claro que, para minha família, foi um prêmio, um orgulho para mim, para os meus pais e meus irmãos.
De toda a minha aldeia, eu fui o único a estudarapostas nos eua apostas on lineCochabamba. Para muitas famílias, era praticamente a única oportunidadeapostas nos eua apostas on linesair das aldeias, dos centrosapostas nos eua apostas on linemineração ou das comunidades para cursar a universidade.
Como os pais poderiam não se sentir escolhidos, premiados e até dizer: 'puxa, ganhamos na loteria'?
Os meus pais, por exemplo, tentaram me levar da minha pequena aldeia para outras capitais, mas as mensalidades eram proibitivas. Meu pai não ganhava o suficiente para me pagar um internatoapostas nos eua apostas on lineOruro, La Paz ou mesmoapostas nos eua apostas on lineCochabamba."
O início dos abusos
"Eu tinha 11 anos quando cheguei ao colégio.
Nós nos levantávamos às sete horas da manhã e as atividades duravam até às 22h30, mais ou menos. Às 23 horas, todos nós precisávamos estar nos dormitórios. Este foi o ritmo dos dois primeiros anos.
Foi a primeira vezapostas nos eua apostas on lineque fiz quatro refeições por dia: café da manhã, almoço, chá e jantar. Era também a primeira vezapostas nos eua apostas on lineque eu tinha acesso a lençóis, piscina, camposapostas nos eua apostas on linefutebol e quadrasapostas nos eua apostas on linebasquete e voleibol.
Quem não se sentiria feliz com tudo isso? Era um sonho!
Mas, ao mesmo tempo, iam acontecendo coisasapostas nos eua apostas on lineque eu não gostava e nem podia expressar por uma dualidade muito forte, muito feia.
Naquela época, havia dormitórios comuns: um para todos os meninos e outro para as meninas. E, no meio, havia um pequeno quarto onde morava o diretor Alfonso Pedrajas.
Eu diria que todo mundo sabia e observava que ele era a autoridade.
Naquela época, estavamapostas nos eua apostas on linevoga a corrente da Teologia da Libertação e os movimentos que procuravam derrubar as ditaduras. E ele era uma autoridadeapostas nos eua apostas on linenível ideológico.
Como era a primeira vezapostas nos eua apostas on lineque eu me separava dos meus pais, realmente foi difícil. Eu choravaapostas nos eua apostas on linesilêncio na minha cama, todas as noites.
E não era o único. Eu ouvia outro e mais outro.
Como era criança, eu não conseguia distinguir bem as coisas, sobretudo quando começaram as visitas do diretor ao dormitório. Eu pensava que acontecia somente comigo.
Os abusos começaram cercaapostas nos eua apostas on linetrês ou quatro meses depois que entrei no colégio. Naquela época, eu dizia ao meu pai que queria ir embora. Uma vez, ele chegou a dizer: 'isto é demais para você, você não está se acostumando. Vamos embora.'
Quando ele foi falar com o diretor, não sei exatamente o que ele disse, mas meu pai prometeu que voltariaapostas nos eua apostas on lineum tempo adequado para me visitar – e nunca mais voltou."
As visitas do diretor
"Lembro que, uma noite, obviamente quando todos já estavam dormindo, incluindo eu mesmo, senti que alguém começou a tocar no meu corpo, nas minhas partes íntimas.
Lembro que, na primeira vez, fiquei muito sobressaltado. Ele parouapostas nos eua apostas on lineme tocar e se foi.
Mas, depois – não sei se no dia seguinte ou depoisapostas nos eua apostas on linedois ou três dias –, ele me chamou para o seu quarto, dizendo que queria falar comigo.
Quando fui, ele começou a me tocar outra vez, começou a tirar a roupa, a me fazer tocá-lo. Eu, com a surpresa, não sei como chamar isso, lembro que seu quarto estava praticamente na penumbra, com uma lamparina ao lado da cama.
Li certa vez que existe uma situaçãoapostas nos eua apostas on linediferençaapostas nos eua apostas on linepoderes... Um diretor com formação e um meninoapostas nos eua apostas on line11 anos é realmente uma situaçãoapostas nos eua apostas on linemuita assimetria, muita desigualdade. Você não sabe como agir, não sabe como reagir. Eu não sabia exatamente o que estava acontecendo comigo.
Quando voltei ao dormitório, ninguém me disse nada, ninguém dizia nada. E, outras vezes, também a altas horas da noite, quando eu estava dormindo, ele me tirava da cama e me levava nos braços para o seu quarto. Lá, ele começava novamente com os toques, com a felação que me obrigava a fazer.
Como poderia contar isso a um colega? Ou ao meu pai? Ou talvez devesse ter contado. É, mais uma vez, o que digo a mim mesmo: nessa idade...
Além disso, toda a minha família estava a maisapostas nos eua apostas on line200 kmapostas nos eua apostas on linedistância. Não havia telefone e uma carta levava duas a três semanas para chegar à minha aldeia.
Quando precisava ligar com urgência, era preciso ir até outra província para ligar pelo sistemaapostas nos eua apostas on linetelefonia rural.
Eu estava totalmente sozinho e indefeso. A quem iria contar? Sem contar a vergonha que sentia por tudo aquilo que estava acontecendo."
Faltaapostas nos eua apostas on linesono e quedaapostas nos eua apostas on linerendimento escolar
"Não sei exatamente como definir, mas o que mais me lembro é do nojo.
Tenho até dificuldadeapostas nos eua apostas on linefalar. Estava cheioapostas nos eua apostas on linepelos. A única palavra que me ocorre é que era asqueroso, até porque o cheiro era horrível...
E eu também tinha muito medo, muito medoapostas nos eua apostas on lineperder aquela oportunidade.
No segundo ano, um ex-aluno que havia saído muito tempo antes e trabalhava no colégio também tentou abusarapostas nos eua apostas on linemim.
Ele se aproximouapostas nos eua apostas on lineuma ocasião e me levou para o banheiro. Eu primeiro me assustei, comecei a socar a porta e saí. Ele nunca mais tentou, mas não tinha mais caraapostas nos eua apostas on linefalar comigo.
Comecei a ter problemasapostas nos eua apostas on linesono. De fato, não sei dizer o que era, mas me davam uns frascos na enfermaria para que eu pudesse tomar remédio.
Quando você sabe que este tipoapostas nos eua apostas on linecoisa pode acontecer, você fica um ou dois dias sem dormir. De repente, não acontece nada. Qual é aapostas nos eua apostas on lineopção? Você tem que prosseguir.
Acredito que nenhum dos colegas que sofreram o mesmo que eu tenha conseguido dormir com tranquilidade enquanto estivemos ali.
Meu rendimento escolar foi prejudicado, mas o medoapostas nos eua apostas on lineregressar à minha aldeia como fracassado era maior.
Meus pais e irmãos disseram para todo mundo que eu estava indo estudar longe porque era o melhor aluno. E voltar para lá não era uma opção, você não podia ser suspenso porque o castigo era ir embora.
O colégio era chamadoapostas nos eua apostas on line"Pequena Nova Bolívia", pois ele formava pessoas que iriam proporcionar a mudança para uma Bolívia diferente.
Mas como você consegue se sentir fatorapostas nos eua apostas on linemudança, se, no local onde você vive, fizeram você se sentir pouco menos do que lixo? Esta dicotomia foi uma luta interna para todos nós que sofremos esses abusos."
O abraço
"No meu caso, os abusos ocorreram principalmente durante os dois primeiros anos.
Lembro que, certa vez, eu e mais três ou quatro colegas nos escondemos no sótão do dormitório e conversamos sobre essas coisas. Ninguém disse: 'aconteceu comigo'. Todos nós dizíamos: 'aconteceu com tal pessoa'.
Provavelmente, todos nós que estávamos ali éramos vítimasapostas nos eua apostas on lineabuso.
No dia seguinte, uma professora nos chamou e perguntou por que estávamos falando daquelas coisas. Nós dissemos o mesmo, que havíamos ouvido que tal pessoa havia sido levada à noite, mas nunca disseram nada, nunca fizeram nada.
Quando via o diretorapostas nos eua apostas on linedia, eu fugia. Mas, quando fiquei um pouco maior, nós não tínhamos contato. Imagino que ele próprio se cuidava.
No terceiro ano, os quartos ficavamapostas nos eua apostas on lineoutro lugar. Os maiores estavam muito longe dos dormitórios dos pequenos,apostas nos eua apostas on lineforma que nunca vi isso acontecer com outra pessoa.
Um dia, no meu último ano do colégio, o diretor me deu um abraço muito forte e pediu que o ajudasse, porque ele estava doente e não conseguia lidar com tudo aquilo. Lembro que tive vontadeapostas nos eua apostas on linelhe dar um empurrão, eu queria me livrar do seu abraço.
Sempre pensei que,apostas nos eua apostas on linealgum momento, eu poderia me vingar. Eu guardava um rancor, uma raivaapostas nos eua apostas on lineme lembrarapostas nos eua apostas on linetudo isso. E aconteceu na pior época da minha vida, quando eu estava afastado da minha família.
Houve um anoapostas nos eua apostas on lineque ele foi retirado do colégio, entre 1983 e 1984, e levado para as minas. Eles nos disseram que ele iria conhecer a realidade dos mineiros, mas depois soubemos que ele havia sido castigado, ou tentaram castigá-lo, por todos estes fatos.
De qualquer forma, ele retornou ao colégio.
Alguns meses antesapostas nos eua apostas on lineme formar, ele me chamou naapostas nos eua apostas on linesala e me convidou a entrar para os jesuítas.
Foi a única vezapostas nos eua apostas on lineque conversamos. Nunca consegui encará-lo e dizer: 'pois você fez isto'. Simplesmente respondi que não aceitava e que seguiria meu próprio caminho."
'Até que enfim!'
"Saí do colégio quando eu tinha 17 anos.
Alguns colegas me perguntavam por que nunca mais voltei. Realizei meu sonho (e dos meus pais)apostas nos eua apostas on lineser bacharel e terminar foi como dizer 'até que enfim!'
Lembro que havia uma possibilidadeapostas nos eua apostas on linecontinuar estudando na universidade, por meioapostas nos eua apostas on lineum programaapostas nos eua apostas on linevoluntariado dos próprios jesuítas. A condição era que precisávamos fazer um anoapostas nos eua apostas on linevoluntariado, mas eu respondi que não.
Quando voltei para a aldeia, eu vivia com a dicotomiaapostas nos eua apostas on lineme sentir orgulhoso e sujo, como se tivesse pagado com algo que era realmente asqueroso.
Se alguém tomasse conhecimento daquilo, como eu iria me sentir? Que cara eu iria fazer?
Minha autoestima foi por água abaixo. As pessoas me diziam: 'de onde surgiu essaapostas nos eua apostas on lineautoestima tão baixa e revoltante?' Eu não sabia a resposta.
É algo que você carrega inconscientemente e vai expressando com certos tiposapostas nos eua apostas on lineatitudes e decisões. É uma baixa autoestima misturada com desconfiança.
Em um trabalhoapostas nos eua apostas on lineequipe, por exemplo, eu sentia que ninguém poderia fazer melhor do que eu. Então, eu pensava que meu problema não eraapostas nos eua apostas on lineautoestima, masapostas nos eua apostas on linearrogância.
Reconhecer essas atitudes prepotentes me fez ver que tudo era uma espécieapostas nos eua apostas on linecouraça ou escudo para não mostrar minha baixa autoestima.
O fatoapostas nos eua apostas on lineque não conseguiríamos nos expressar era um dos poderes exercidos pelo perpetrador –apostas nos eua apostas on linesaber identificar como irá fazer e como irá agir. Ele se dava conta da fragilidade da criança, do seu estado absolutamente indefeso.
De fato, ele era psicólogo e lecionava psicologia no colégio. Isso deve tê-lo ajudado.
Agora que sou mais velho, penso: como pode haver uma estrutura que o tenha encoberto? Como pode ser que, nos seus diários, o perpetrador reconheça que abusou dos meninos e seus superiores responderem que foi um deslize?
Foi um ato sistemático por muitos anos e a proteçãoapostas nos eua apostas on linetoda a estrutura dos jesuítas também foi sistemática.
Era um segredo muito feio que eu precisava guardar. Acredito que tenha sido por isso que não tive forças para conversar sobre isso com ninguém depoisapostas nos eua apostas on lineme formar. Na verdade, eu achava que fosse o único."
O segredo
"Meus pais faleceram sem saberapostas nos eua apostas on linenada disso. A primeira vez que falei foi há pouco tempo, no ano passado, depois que saiu o diário e contei para a minha esposa.
No início, neguei. Mas, depois, pensei que uma das maiores traições que os jesuítas haviam cometido como instituição foi abusar da confiança que meus pais depositaram neles.
É claro que também foi uma traição contra mim como pessoa. Pelos meus filhos, isso não pode se repetir. Tudo isso me deu forças para falar.
Quando contei à minha esposa que fui uma das vítimas, senti muito amor, senti que ela me abraçava comapostas nos eua apostas on linealma e seu coração.
Toda vez que conto, sinto que libero um grande pesoapostas nos eua apostas on linecimaapostas nos eua apostas on linemim. É preciso trabalhar isso, talvez por toda a vida, no sentidoapostas nos eua apostas on lineliberar os sentimentos. Pouco a pouco, você vai se esvaziandoapostas nos eua apostas on linetoda essa raiva, toda essa dor.
Depoisapostas nos eua apostas on linefalar com a minha esposa, entreiapostas nos eua apostas on linecontato com a comunidadeapostas nos eua apostas on linesobreviventes.
É muito importante saber o que viveram outros colegas com quem convivi no colégio. Jamais me havia ocorrido que eles poderiam ter passado pela mesma situação. Poder falar disso faz parteapostas nos eua apostas on lineum princípioapostas nos eua apostas on linecura.
Tudo isso também mudou minha relação com Deus. Minha família e eu éramos muito católicos e acreditávamos muitoapostas nos eua apostas on linealgo maior do que nós. E eu estava certoapostas nos eua apostas on lineque os representantes desse algo maior estavam na Igreja.
Como você pode desconfiarapostas nos eua apostas on lineuma organização que diz representar o próprio Deus no qual você acreditou toda aapostas nos eua apostas on linevida?
Eu acreditoapostas nos eua apostas on lineDeus, mas penso maisapostas nos eua apostas on lineum Deus com quem posso conversar diretamente. Posso vê-lo no universo, na natureza, nas boas pessoas. Mas ir à igreja, não consigo.
Para mim, a Igreja deixouapostas nos eua apostas on lineser um interlocutor perante Deus."