'Agora que somos adultos podemos contar dos abusos sexuais que sofremos na Igreja Católica':pix futebol bets

Miguel Hurtadopix futebol betsRomapix futebol betsfevereiropix futebol bets2019

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Miguel Hurtadopix futebol betsRoma,pix futebol betsfevereiropix futebol bets2019. Ele levou 20 anos para conseguir contar os abusos que sofreu

A perseverança tornou seu caso um dos mais emblemáticospix futebol betsabuso da Espanha.

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Recentemente, a Defensoria Pública espanhola publicou um relatório elaborado por uma comissão independente sobre a pedofilia na Igreja Católica no país. É o primeiro do gênero e inclui a históriapix futebol betsMiguel.

O relatório estima que 1,13% da atual população adulta espanhola tenha sofrido abusos cometidos por monges.

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Os dados contradizem a versão da Igreja, que durante anos afirmou que o país era uma exceção ao restante do mundo.

E embora a instituição tenha inicialmente reagido ao relatóriopix futebol betsforma fragmentada e sem um consenso claro, recentemente a Conferência Episcopal Espanhola anunciou que os bispos trabalharam "no primeiro rascunho do plano abrangentepix futebol betsreparação para as vítimaspix futebol betsabusos".

A Conferência Espanholapix futebol betsReligiosos (CONFER), porpix futebol betsvez, agradeceu,pix futebol betsum comunicado, o trabalho realizado pela Defensoria Pública, comprometendo-se a estudar as recomendações do relatório e pedindo desculpas às vítimas.

A investigação oficial espanhola foi feita apóspix futebol bets2022 vários partidos políticos solicitarem a criaçãopix futebol betsuma comissão para analisar o tema.

Entre os argumentos estava o fato de, ao contráriopix futebol betspaíses vizinhos, como França e Portugal, epix futebol betsmuitos outros, a Espanha não ter investigado formalmente os abusos cometidos pela Igreja.

A BBC conversou com Hurtado para falar sobre o relatório, mas também sobrepix futebol betshistória, seu ativismo e sobre o complexo processo que as vítimaspix futebol betspedofilia dentro da Igreja Católica devem enfrentar para denunciar e fazer justiça.

O abuso

Abadiapix futebol betsMonserrat,pix futebol betsCatalunha.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A Abadiapix futebol betsMonserrat, situada no entornopix futebol betsBarcelona

"O que eu pensava era: se aconteceu comigo, pode ter acontecido com outros. Temos que encontrar uma maneirapix futebol betsdetê-los."

Miguel tinha 17 anos quando chegou a essa conclusão.

Seu agressor foi o monge Andreu Soler, que liderava há maispix futebol bets40 anos um grupopix futebol betsjovens escoteiros na emblemática Abadiapix futebol betsMontserrat, um ícone da cultura catalã.

Eles tinham se conhecido havia alguns anos, naquele grupo, e o monge foi aos poucos tornando-se um guia espiritualpix futebol betsquem o jovem Miguel tinha bastante confiança.

Tanta que confessoupix futebol betsangústia ao saber que era homossexual.

"Eu disse a ele que era gay, que estava aceitando isso, que meus pais não sabiam e que estava preocupado com como contar a eles."

A partir daquele momento, o comportamento do monge começou a deixar Miguel confuso.

Por um lado, era um homem respeitado pela comunidade, carismático, muito preocupado com o bem-estar dos jovens e que, além do mais, demonstrou interessepix futebol betsouvi-lo e o orientava.

Mas, por outro lado, era um homempix futebol bets65 anos que procurava ficar sozinho com ele à noite e que lhe disse que se "trabalhassem juntos, os impulsos homossexuais poderiam ser curados".

"Para mim ele era uma figura paterna e seu discurso era: assim como me interesso pelo seu bem-estar e procuro te dar conselhos sobre família, sobre amigos, também dou conselhos sobre educação sexual."

Mas esses conselhos passaram a incluir toques que foram subindopix futebol betsnível.

"Quando ele me beijoupix futebol betslíngua fiquei petrificado. Cerrei os dentes com muita força porque não queria que ele fizesse isso comigo. Não estava gostando do que estava acontecendo e fiqueipix futebol betschoque. Não consegui reagir."

Logo ficou claro.

"A barreira da negação que tive durante tantos meses ruiu. Entendi que o que o monge estava fazendo não era partepix futebol betsuma tentativapix futebol betsfornecer educação sexual, mas sim um abuso."

"O que aconteceu foi que ele tirou proveito dessa informação confidencial para começar a abusar sexualmentepix futebol betsmim."

A denúncia

Miguel Hurtadopix futebol betsMadri

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Miguel dedica-se hoje a combater a práticapix futebol betscrimes sexuais contra menores

A primeira pessoa para quem Miguel contou sobre o abuso foi outro monge, que notou que ele estava estranho e resolveu perguntar o que estava acontecendo.

O monge foi empático e compreensivo no início, mas quando Miguel quis levar adiantepix futebol betsdenúncia e saber quais poderiam ser os próximos passos, deparou-se com o sigilo.

"Ele tinha uma atitude mais defensiva. Era como se tivesse sido uma brincadeirapix futebol betscriança. Uma brincadeira sem importância, que você dá um tapinha na mão para que não volte a acontecer e pronto."

Miguel logo entendeu que a igreja não tinha vontadepix futebol betslevar o caso à polícia, nempix futebol betsavisar seus pais ou os dos outros jovens, e muito menospix futebol betsencontrar outras vítimas.

"Fiquei muito, muito chocado porque não esperava por isso. Uma pessoa falhar é difícil. Mas ter uma segunda pessoa e a instituição falhando com você é muito mais difícil."

O próximo passo foi contar a seus pais, já que eram seus representantes legais.

Ao saber, a mãepix futebol betsMiguel decidiu enviar uma carta ao abade principal queixando-se do ocorrido epix futebol betsque nenhuma providência tinha sido tomada.

"O abade respondeu dizendo que o agressor havia sido transferido para um mosteiro no interior da Catalunha e que não haveria mais esse tipopix futebol betsproblema."

"Ele foi caloroso, carinhoso, mostrou-se preocupado com o meu bem-estar e recomendou que a minha mãe não denunciasse, que era melhor que tratassem internamente porque senão teriam que procurar um advogado para o agressor."

Naquele momento ficou claro, para Miguel, o acobertamento institucional.

"Eles tiveram a reação habitual. A princípio, a negação, fingindo que nada está acontecendo e, quando a denúncia atinge um certo nível e não há como contê-la, resolvem o problema deslocando o agressor para outro lugar dentro da redepix futebol betsinstituições da mesma Igreja Católica."

Mas para Miguel já estava claro que o que tinha acontecido era um crime e ele queria denunciar às autoridades espanholas. O problema era convencer seus pais.

"Meus pais tinham medo das consequências, tinham medo da hostilidade social, tinham medo que ninguém acreditassepix futebol betsmim. Eles estavam com medopix futebol betsque a abadia contratasse uma boa equipepix futebol betsadvogados, que nos destruiria judicialmente."

"Houve um choque e eles não me apoiaram na horapix futebol betsfazer a denúncia. Na época eu era dependente financeiramente e meus pais não iam me apoiar. Tentei virar a página, focar nos estudos e seguir com a vida."

A gota d'água

A capa do livropix futebol betsmemórias escrito pelo monge que abusoupix futebol betsMiguel Hurtado

Crédito, Abadiapix futebol betsMonserrat

Legenda da foto, O livropix futebol betsmemórias escrito pelo monge que abusoupix futebol betsMiguel Hurtado

Miguel entregou-se por completo aos estudospix futebol betsmedicina e teve um alto desempenho acadêmico.

A intenção era esquecer o abuso até quepix futebol bets2002, quando ele tinha 20 anos, surgiu o escândalopix futebol betspedofilia na Igreja Católicapix futebol betsBoston, nos Estados Unidos.

A investigação que o jornal The Boston Globe publicoupix futebol betsdiversas reportagens mostrou não só que foram muitos os menores abusados ​​por monges, mas que a Igreja era responsável por proteger e acobertar os abusadores.

"Isso mexeu muito comigo. Os estímulos do noticiário, da TV, fizeram emergir e vir à tona o trauma reprimido. Fiquei muito mal. Não conseguia dormir."

Miguel procurou ajuda. Conhecia uma fundação que trabalhava com abuso sexual infantil e oferecia terapiapix futebol betsgrupo. Decidiu então contactar novamente a abadia para pedir uma indenização.

"Escrevi-lhes uma carta, muito nervoso, na qual os criticava pela forma como lidaram com os fatos. Eu disse a eles que estava mal, que precisavapix futebol betsterapia, que não achava que meus pais tinham que pagar por isso e que precisavapix futebol betsuma compensação financeira para pagar os custos disso."

Desta vez a instituição respondeu com uma carta do seu advogadopix futebol betsque solicitava uma reunião. Miguel compareceu na companhiapix futebol betsum advogado.

"Eles me fizeram explicar o abuso novamente. Acho que foi um confronto para comparar o que eu contava com o que escrevi e ver se o meu testemunho era crível."

"No final, a minha advogada e o advogado deles concordaram com uma compensação bem básica e baixa,pix futebol betscercapix futebol bets7.200 euros para despesas com terapia. Eles não quiseram pagar diretamente, por transferência bancária, para não deixar vestígios. Fizeram três pagamentospix futebol betsenvelopes com notaspix futebol bets500 euros."

O processo serviu para quepix futebol betsmãe se juntasse à causa.

"Quando a minha mãe viu que, ao pedir uma indenização, aquela mesma reação pastoral mudou e eles tomaram uma atitude tão hostil e legalista, mais típicapix futebol betsuma multinacional, ela percebeu que tinha sido enganada e usada."

Miguel finalmente sentiu-se apoiado pela família, e a terapia foi o primeiro passo para começar a superar o trauma do abuso sexual.

Nesse processo compreendeu que o seu agressor tinha sido uma figura paterna, algo que lhe faltava num momento fundamentalpix futebol betssua vida.

Com o passar do tempo, no entanto, ele quis verificar se a igreja havia cumprido a promessapix futebol betsisolar o agressor e decidiu procurá-lo online.

"Descobri que ele havia falecido. Mas também descobri que antespix futebol betsmorrer, a Abadiapix futebol betsMontserrat publicou um livropix futebol betssuas memórias com prólogopix futebol betsJordi Pujol, ex-presidente do governo catalão."

"Para mim isso foi a gota d'água, o último insulto, e percebi que tinha que fazer alguma coisa."

Era 2011, Miguel já tinha 29 anos e conhecia melhor a instituição que enfrentava.

As provas

Abadpix futebol betsMonserrat

Crédito, Miguel Hurtado

Legenda da foto, Imagem gravada com a câmera escondida por Miguel Hurtado na Abadiapix futebol betsMonserratpix futebol bets2015

A primeira coisa que Miguel fez foi colocarpix futebol betsação um plano para obter as provas que pudessem respaldar seu depoimento.

A essa altura ele sabia que o mais provável é que não acreditassem nele e que, pelo contrário, o desacreditassem.

Decidiu então contatar novamente os líderes da instituição católica. Enviou-lhes outra carta solicitando uma reunião, à qual decidiu comparecer com uma câmera escondida para registrar toda a conversa.

Ao longopix futebol betsvários anos, Miguel marcou diversas reuniões com autoridades católicas que sabiam do seu caso, e gravou-as.

"O monge Josep María Sanromá, a quem contei sobre meus abusos quando ocorreram, justificou-se dizendo que havia explicado ao abade da época o que havia acontecido e que foi o abade quem decidiu não fazer nada."

"Com o abade Josep María Soler, nomeado quando eu tinha 18 anos, tive duas conversas. Ele disse que meu agressor negou os fatos. Mas na décadapix futebol bets70 ouviram-se histórias, rumorespix futebol betscomportamentos sexuais inadequados quando ele era responsável por um grupopix futebol betsjovens que se reuniam nos finspix futebol betssemana para irem a um retiro católico."

"Ele disse que não sabia se medidas haviam sido tomadas ou não, mas que quando eu, décadas depois, expliquei o que havia acontecido comigo, ele não foi pegopix futebol betssurpresa."

"E a justificativa que ele me deu sobre o livro foi que ele não sabia, como abade, que havia sido publicado. Que a editora atuavapix futebol betsforma independente, mas que ele se comprometeria a retirá-lopix futebol betscirculação e a destruir todos os exemplares."

Com estas gravações, Miguel conseguiu obter provaspix futebol betsque os líderes católicos sabiam dos abusos que ele havia sofrido e que mesmo assim não denunciaram às autoridades.

Mas faltava um último passo: devolver o dinheiro que lhe tinham dadopix futebol betsmaneira não oficial para a terapia e assim provar que as transações haviam ocorrido.

"Aproveitei para devolver o dinheiro e dizer que era dinheiro sujo, que eu não queria e que tinham me usado. Eu gravei enquanto devolvia."

"E no final eu disse a eles que tinham me pedido insistentemente para ficar calado, mas que nessa situação já não podia garantir que o faria. Ele me pediu novamente para ficarpix futebol betssilêncio porque o abade da época, quando eu era menor e o abuso ocorreu, já era muito velho e isso o perturbaria e o afetaria muito."

Foi nessa época que Miguel começou a contar seu caso, sob anonimato, a alguns meiospix futebol betscomunicação locais.

Contar tudo

Miguel Hurtadopix futebol betsmeio a microfonespix futebol betsimprensa

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Legenda da foto, Miguel Hurtadopix futebol betsconversa com a imprensapix futebol betsfevereiropix futebol bets 2019, no Vaticano

"Agora que somos adultos empoderados podemos contar a história do abuso sexualpix futebol betsmenores na Igreja Católica espanhola", diz Hurtado.

Em 2019, aos 37 anos, Miguel contoupix futebol betshistória ao jornal espanhol El País. Nomeou seu agressor e aqueles que supostamente o encobriram, apoiado pelas provas que reuniu.

No mesmo ano, colaborou com o documentário Examepix futebol betsConsciência, que expõe o casopix futebol betspedofilia na Igreja Católica espanhola e foi distribuído pela Netflix.

"O que me motivou foi que na minha escalapix futebol betsvalores, na minha escala ética e moral, não era aceitável que uma instituição, por mais poder, prestígio ou influência que tivesse, se comportasse daquela forma."

"Eles se comportaram como uma organização mafiosa, criminosa. Da porta para fora, faziam um discurso sobre os valores cristãos humanistas, cuidado dos vulneráveis, a defesa dos direitos das crianças. Da porta para dentro, cometeram mil e um crimes. Eu sabia que, eticamente, tinha que relatar o que havia acontecido e que era importante que a verdade fosse conhecida."

Depoispix futebol bets20 anos tentando,pix futebol betsdiversas maneiras, Miguel só precisou fazer uma denúncia pública.

"Era a única ferramentapix futebol betspoder que eu tinha. Quando tive a primeira crise, consultei uma advogada e ela explicou que,pix futebol betsacordo com a legislação aplicável na época, o meu caso expirava três anos depois da maioridade, ou seja, aos 21 anos. Legalmente eu não poderia fazer nada. As portas da justiça estavam fechadas. E foi isso que aconteceu na maior parte dos países."

Maspix futebol betsestratégia valeu a pena. Ele fez parte do grupopix futebol betsativistaspix futebol betstodo o mundo que participou do primeiro encontro anti-pedofilia organizada pelo papa Franciscopix futebol betsRoma,pix futebol betsfevereiropix futebol bets2019.

Além disso, as suas denúncias encorajaram outras vítimas a contar suas histórias e, diante das evidências, a igreja decidiu convocar uma comissão independente para uma realizar uma investigação interna.

"Em setembropix futebol bets2019 os resultados foram publicados e o que a comissão independente disse foi que o meu agressor tinha sido um predador sexual. Que ele abusoupix futebol betspelo menos 12 crianças ao longopix futebol bets30 anos. E não só isso, mas não foi o único casopix futebol betsabuso sexual ocorridopix futebol betsMontserrat."

Miguel decidiu, então, passar a dedicar seu ativismo à questão da imprescritibilidade dos crimes sexuais contra menores, pois acredita que a prescrição legal tem sido a grande aliada dos abusadores e daqueles que os acobertam.

Dessa ideia surgiu a campanha "Abuso não prescreve" na plataforma Change.org.

"Consegui 560 mil assinaturas e demorou muito para que os políticos se interessassem. Maspix futebol bets2021, foi finalmente aprovada uma lei que ampliou o prazopix futebol betsprescrição para 17 anos, para que as vítimas tenham mais 17 anos para denunciarpix futebol betscasos ocorridos após a entrada da leipix futebol betsvigor."

Embora o prazo tenha sido prorrogado, esses crimes continuam a prescrever na Espanha. E por isso ele buscou aconselhamentopix futebol betsoutros países que legislaram a favor da imprescritibilidade. A ideia era fornecer elementos para o relatório da Defensoria Pública que começou a ser elaboradopix futebol bets2022.

"Há outros países como Peru, Equador, Chile e Colômbia que já aprovaram a imprescritibilidade total. Os ativistas espanhóis continuam a lutar para que os prazospix futebol betsprescrição sejam completamente eliminados. É uma luta muito dura e muito longa porque os políticos não estão dando muito apoio."

O relatório

O Defensor Público Ángel Gabilondo no momento da entrega do relatório ao Congresso

Crédito, EPA

Legenda da foto, O Defensor Público Ángel Gabilondo no momento da entrega do relatório ao Congresso

Em marçopix futebol bets2022, o Congresso espanhol solicitou à Defensoria Pública a criaçãopix futebol betsuma comissão independente, a ser presidida pelo próprio Congresso, que preparasse um relatório sobre as denúnciaspix futebol betsabusos sexuais na Igreja Católica espanhola.

No dia 27pix futebol betsoutubro, um ano e sete meses após essa atribuição, o defensor Ángel Gabilondo apresentou ao Congresso um materialpix futebol bets779 páginas intitulado "Relatório sobre abusos sexuais no âmbito da Igreja Católica e o papel dos poderes públicos. Uma resposta necessária".

A comissão recebeu o testemunhopix futebol bets487 vítimas, que estão anônimas no texto.

Além disso, como parte da investigação, foi realizado um estudo com uma amostrapix futebol bets8.000 pessoas residentespix futebol betsEspanha.

O objetivo foi tentar quantificar a magnitude do problema e, com base nos dados recolhidos, concluiu-se que 1,13% da atual população adulta sofreu abusos na Espanha por partepix futebol betsreligiosos católicos.

"A mídia, ao extrapolar os dados, deu númerospix futebol bets230 mil vítimaspix futebol betspedofilia por partepix futebol betsreligiosos na Espanha e aproximadamente 400 milpix futebol betsabusos sexuaispix futebol betsinstituições católicas", explica Miguel.

O cardeal Juan José Omella, presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) e arcebispopix futebol betsBarcelona, ​​rejeitou esses números,pix futebol betspostagem empix futebol betsconta no X (antigo Twitter).

Disse que "os números extrapolados por alguns meiospix futebol betscomunicação são mentiras e têm a intençãopix futebol betsenganar" e prometeu: "Não nos cansaremospix futebol betspedir perdão às vítimas epix futebol betstrabalhar pela cura delas".

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O relatório do defensor é o primeiro oficial sobre a questão no país, que também tem sido criticado pela demora na resposta a um fenómenopix futebol betsinteresse público epix futebol betsescala global.

O atraso é reconhecido no texto. "O nosso país está entre os últimos da Europa Ocidental a criar uma comissão e a produzir um relatório. Entre os países mais próximos, tanto a França (2021) quanto Portugal (2023) já o fizeram."

"Mas muito antes, mudandopix futebol betscontinente, vale lembrar que o Canadá criou uma comissão parlamentarpix futebol bets1989 e apresentou um primeiro relatóriopix futebol bets1992 (ampliadopix futebol bets2007), e os Estados Unidos os seguiram (2004)."

Miguel não estranha a demora.

"Durante 40 anos, a Espanha foi uma ditadura católica, onde o poder civil e o poder religioso eram irmãos siameses. Não se sabia onde começava um e terminava o outro, e havia uma enorme resistência por parte da imprensa e das autoridades civis na horapix futebol betsinvestigar esses acontecimentos."

Mas a Espanha enfim deu um primeiro passo e Miguel foi parte do processo. Na verdade, no relatório da Defensoria Pública, analisam seu caso e como seu ativismo conseguiu colocar o assunto na ordem do dia e obter a modificação do prazopix futebol betsprescrição.

"Consegui que uma equipe jurídica chilena muito poderosa, que redigiu a lei chilenapix futebol betsimprescritibilidade, escrevesse um documento técnico-jurídicopix futebol bets120 páginas recomendando uma leipix futebol betsimprescritibilidade na Espanha."

"Entreguei esse relatório à comissãopix futebol betsinvestigação da Defensoria Pública. Tive uma reunião com Ángel Gabilondo para explicar a medida."

Mas ele sente que não foi totalmente ouvido.

"Ao ler o relatório, verifica-se que as vítimaspix futebol betsmúltiplas ocasiões epix futebol betsmúltiplas formas pedem a imprescritibilidade, mas continuam a não nos ouvir e continuam a não incluí-la nas recomendações."

Miguel está dedicado a fazer essa mudança para contribuir,pix futebol betsalguma forma, para a proteção das novas gerações.

"O principal problema é que o abuso sexual infantil é sempre um abusopix futebol betspoder. E quanto maior a assimetria entre a criança e o adulto, mais difícil é denunciá-los e revelá-los sendo criança ou adolescente."

"Para poder contarpix futebol betshistória com segurança e não sofrer retraumatizações secundárias, é fundamental estar empoderado."

"Em muitas ocasiões, é preciso ter feito terapia. Você tem que contar a história para o círculo interno e encontrar um círculo que o proteja e ajude. Você tem que ser independente financeiramente. É preciso ter recursos pessoais e financeiros."

E essas condições que Miguel descreve são alcançadas, na maioria dos casos, somente anos depoispix futebol betsos abusos terem ocorrido.

"As evidências científicas nos mostram que são necessárias décadas para que as vítimas consigam denunciar estes acontecimentos. É por isso que existem campanhas muito ativaspix futebol betsgrande parte do mundo para ampliar ou eliminar o prazopix futebol betsprescrição para crimespix futebol betspedofilia."

A lutapix futebol betsMiguel é motivada pelo menor que ele era, que ninguém conseguiu protegerpix futebol betsser abusado, e que se tornou um adulto que teve que trabalhar incansavelmente para enfrentar seu trauma.

"Quando você fica mais velho, você vê o impacto que o abuso sexual teve empix futebol betsvida e compara como foi apix futebol betsvida e como poderia ter sido se você não tivesse sido abusado sexualmente."

"Você tem que lamentar a perda das múltiplas oportunidades que outras crianças dapix futebol betsidade desfrutaram, mas que você não pôde porque estava deprimido, angustiado, traumatizado, trancadopix futebol betsum quarto sem ver ninguém."