As mulheres que se rebelam contra vendacasas de apostas com aposta gratismeninas para casamentos no México:casas de apostas com aposta gratis
“Do contrário, a família dela teria discriminado ele, e perguntado por que não pagava, se ele era pobre... Esse é o costume aqui”, revela.
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Fim do Matérias recomendadas
Pode-se pensar que a vendacasas de apostas com aposta gratismeninas e adolescentes para casamentos são casos isolados — e só acontecemcasas de apostas com aposta gratispaíses distantes. Mas o “aqui” a que Claudia se refere é La Montañacasas de apostas com aposta gratisGuerrero, uma região no sul do México, onde povos indígenas realizam há muitos anos esta prática, com basecasas de apostas com aposta gratisseus hábitos e costumes.
La Montaña sobrevive como podecasas de apostas com aposta gratismeio à pobreza extrema e à faltacasas de apostas com aposta gratisoportunidades sufocante. Claudia, na verdade, teve que pedir dinheiro emprestado e viajar com parte da família para o norte do México para trabalhar no campo durante vários meses para pagar a quantia que os sogros do filho pediram.
Estas vendas para casamento afetam principalmente jovens adolescentes, mas foram registrados casos, inclusive,casas de apostas com aposta gratismeninascasas de apostas com aposta gratis9 e 10 anos.
Em algumas comunidades, no entanto, a situação está começando a mudar, e as mulheres estão começando a poder decidir sobre o seu próprio futuro.
Até R$ 91 mil
Chegar a Itia Zuti, comunidade do municípiocasas de apostas com aposta gratisMetlatónoc, onde Claudia mora, não é uma tarefa fácil.
São cercacasas de apostas com aposta gratissete horascasas de apostas com aposta gratiscarrocasas de apostas com aposta gratisChilpancingo, capitalcasas de apostas com aposta gratisGuerrero, por uma estrada repletacasas de apostas com aposta gratiscurvas que cortam as montanhas da região — e na qual você percorre dezenascasas de apostas com aposta gratisquilômetros sem ver uma viva alma.
Para um estrangeiro, entrar na comunidade também não é simples, sem antes consultar as autoridades locais. E muito menos para falar sobre um tema — a vendacasas de apostas com aposta gratismeninas e adolescentes —, que é complexo e incômodo para muitos moradores, que se comunicam principalmente na língua mixteca.
Benito Mendoza sabe bem disso. Ele é facilitador das oficinas e palestras sobre os direitos das mulheres que a ONG Yo Quiero, Yo Puedo (eu quero, eu posso,casas de apostas com aposta gratisespanhol) realiza na região desde 2015, com o objetivo, entre outros,casas de apostas com aposta gratiserradicar esta prática e o casamento infantil forçado.
“Estávamos dando uma palestracasas de apostas com aposta gratisuma escola, e quando um adulto ouviu uma menina dizer que tinha o direitocasas de apostas com aposta gratisescolher livremente com quem se casar, eles ficaram alvoroçados e 'nos convidaram a sair' da comunidade”, ele recorda, destacando que muitos moradores chegam a estas oficinas sem ter consciênciacasas de apostas com aposta gratisque esta prática viola os direitos das mulheres.
Tradicionalmente, muitas meninas eram vendidas a homens mais velhos — às vezes, até estranhos —, para os quais acabavam realizando tarefas domésticascasas de apostas com aposta gratistrocacasas de apostas com aposta gratisuma quantia paracasas de apostas com aposta gratisfamília, que podia variar entre R$ 6 mil e R$ 91 mil.
Quanto mais jovem for a menina, maior costuma ser o pagamento. E, quando são vendidas, elas geralmente vão pararcasas de apostas com aposta gratisuma casa onde não vão ter qualquer independência econômica, por não poder estudar nem trabalhar.
Hoje, alguns jovens se conhecem previamente —casas de apostas com aposta gratismuitos casos, por meio da internet fraca e cara que chega à comunidade —, e concordamcasas de apostas com aposta gratisse casar, mas os pais continuam a negociar,casas de apostas com aposta gratisgeral, um acordo financeiro.
“Com a chegada do crime organizado, até pessoascasas de apostas com aposta gratisfora da comunidade passaram a comprar meninas. Elas saem então do seu entorno, e você as perdecasas de apostas com aposta gratisvista, o que pode fazer com que acabem sendo vítimascasas de apostas com aposta gratisoutros fenômenos, como o tráficocasas de apostas com aposta gratismulheres, a exploração infantil, a violência física e sexual…” alerta a psicóloga Karina Estrada, assistente social da Yo Quiero, Yo Puedo.
A venda é vista como salvação econômica para muitas famílias que vivemcasas de apostas com aposta gratissituaçãocasas de apostas com aposta gratispobreza e sobrevivem do cultivocasas de apostas com aposta gratismilho, feijão ou banana para consumo próprio. Não são poucos os que optam por migrar para o norte do México e para os Estados Unidos devido à total ausênciacasas de apostas com aposta gratisoportunidadescasas de apostas com aposta gratistrabalho na cidade.
O municípiocasas de apostas com aposta gratisMetlatónoc foi, na verdade, durante anos o mais pobre do México. Hoje, 97,7% dacasas de apostas com aposta gratispopulação vive na pobreza (e 67,8% na pobreza extrema) no estadocasas de apostas com aposta gratisGuerrero, que também é um dos mais pobres do país e que, durante décadas, foi uma das principais áreascasas de apostas com aposta gratiscultivocasas de apostas com aposta gratispapoula, utilizada para produzir heroína.
Nos últimos anos, no entanto, o preço desta flor despencou após a chegada do fentanil, um opioide sintético, ao mercadocasas de apostas com aposta gratisdrogas americano. As comunidades que sobreviviam do cultivo da papoula viram desaparecercasas de apostas com aposta gratisprincipal — e praticamente única — fontecasas de apostas com aposta gratisrenda.
Mas, além da faltacasas de apostas com aposta gratisrecursos econômicos, outro fator que perpetua esta prática na região é a questão dos estereótiposcasas de apostas com aposta gratisgênerocasas de apostas com aposta gratisrelação às mulheres.
“Não se concebe que as mulheres possam fazer algo alémcasas de apostas com aposta gratisreproduzir ou cuidar da casa. Quando se decide quem vai à escola, os pais mandam acimacasas de apostas com aposta gratistudo os filhos homens”, explica Georgina García, psicóloga da ONG Yo Quiero, Yo Puedo.
Devido a estas crenças arraigadas, as próprias jovens chegam a normalizarcasas de apostas com aposta gratisvenda, atribuindo seu valor à quantia que é paga por elas. Foram registrados, inclusive, casoscasas de apostas com aposta gratismulheres que deram seus filhos homens, pois não conseguem obter benefícios econômicos a partir da venda deles.
García lembra que uma mulher disse a ela que “se eliminassem a venda, tirariam o seu valor e tudo seria tirado dela, porque é a única razão pela qual existem na comunidade”.
As mulheres da mudança
Mas algumas mulheres da comunidade não pensam da mesma forma — e lideram um movimentocasas de apostas com aposta gratismudança, lenta mas constante, graças ao apoio imprescindívelcasas de apostas com aposta gratissuas famílias.
Norma* faz parte da primeira geraçãocasas de apostas com aposta gratismulheres dacasas de apostas com aposta gratisfamília que não foi vendida.
“Quando me juntei com meu marido, meu pai disse que não me venderia, porque quando você faz isso, eles podem te maltratar ou prejudicar. Ele fez muito bem”, ela explica com um sorriso.
Ela garante que o não pagamento facilitaria, se fosse necessário, abandonar o lar conjugal para voltar à casa da família sem maiores problemas.
“Mas uma vez que eles pagam por você, você não consegue escapar do seu marido, e eles te forçam a ficar”, diz ela.
As supostas vantagens e desvantagens desta prática são certamente contraditórias porque, ao mesmo tempo, Norma afirma que "o pressuposto é que os homens que pagam devem respeitar as esposas; mas quando não se paga, dizem que isso dá a eles o direitocasas de apostas com aposta gratissair com outras pessoas ou não dar atenção à esposa".
Dado o quão profundamente arraigada esta prática está, erradicá-la na comunidade não vai ser fácil. Na verdade, sócasas de apostas com aposta gratisfalar sobre isso já é complicado — e Norma pede para não ser fotografada.
“Quem cobra pelas meninas pode retaliar”, responde a mãe dela, presente na entrevista.
Soyla, uma jovem sorridentecasas de apostas com aposta gratis21 anos que acabacasas de apostas com aposta gratisanunciar que vai se casar com um rapaz que conheceu na comunidade, conta que está igualmente satisfeita por seus pais não cobrarem por ela.
“Estou feliz e orgulhosa porque pensaramcasas de apostas com aposta gratismim, que posso conseguir tudo o que quiser com o meu parceiro. Porque alguns casamentos pagos têm problemas, você não sabe como pode acabar, o homem começa a repreender (a mulher)... e então eles se divorciam", afirma.
Ela sabe que se casar nacasas de apostas com aposta gratisidade é uma raridade no povoado, mas reitera que foicasas de apostas com aposta gratisdecisão esperar. Assim como quando ela terminou o ensino médio aos 15 anos, e decidiu não continuar estudando, embora seus pais sempre terem dito que iriam apoiá-la.
No futuro, ela se vê se dedicando ao lar e à tecelagem artesanal, enquanto o marido trabalha no campo. Ela conta que quer ter filhos, e vai dar a eles a mesma oportunidade que seus pais deram a elacasas de apostas com aposta gratisescolher quando e com quem se casar.
A mãe dela, Cecilia, que acabacasas de apostas com aposta gratispreparar uma canjacasas de apostas com aposta gratisgalinha e umas tortilhas enormes, explicacasas de apostas com aposta gratisdecisão.
“Muitos vendem as filhas, mas as consequências são para elas. Alguns dizem: 'Levanta cedo, faz comida, lava minha roupa, foi para isso que te comprei'... Isso reforçou minha decisãocasas de apostas com aposta gratisnão vender Soyla.”
Jaime, o pai da jovem, lembra que ela pediu a ele que a deixasse crescer — e não tivesse a responsabilidadecasas de apostas com aposta gratiscuidar do lar conjugal tão nova.
“E fiz isso, também porque tinha a capacidadecasas de apostas com aposta gratiscontinuar sustentando ela. Muitos não conseguem, e é aí que mandam (as filhas)casas de apostas com aposta gratisbuscacasas de apostas com aposta gratismarido”, diz ele.
“Esse negóciocasas de apostas com aposta gratisvender me parece errado, porque quando meus outros dois filhos homens se casarem, eles podem virar para mim e pedir dinheiro para as noivas. Mas pelo menos não vão jogar na minha cara que vendi minha filha por tanto, por que não quero pagar agora ou que estou pechinchando”, enfatiza.
Algumas das consequências destas vendas e casamentoscasas de apostas com aposta gratismenorescasas de apostas com aposta gratisidade — o México é o oitavo país com a maior taxacasas de apostas com aposta gratiscasamento infantil no mundo, segundo a ONU — são o abandono escolar por partecasas de apostas com aposta gratismuitas jovens, e as elevadas taxascasas de apostas com aposta gratisgravidez entre adolescentes.
“A educação sexual aqui é um tabu total. Há quem entenda a questão da gravidez na adolescência e, quando os filhos se casam, os trazem aqui para que planejem. Mas são uma minoria. Vemos muitos casoscasas de apostas com aposta gratisgestaçãocasas de apostas com aposta gratismeninas entre 14 e 16 anos”, diz Celia Ortiz, enfermeira do pequeno centrocasas de apostas com aposta gratissaúde comunitário, que não conta com um médico.
“São elas que geralmente planejam. Até que o sogro intervém, porque como elas são compradas, quem manda é a família dele”, ela acrescenta, antescasas de apostas com aposta gratiscontinuar caminhando pelas ruas da comunidade sob um Sol escaldante para vacinar os cães contra raivacasas de apostas com aposta gratisalgumas moradias.
“Tem que ser assim, as pessoas não vão ao centro médico.”
Opiniões divididas
Emboracasas de apostas com aposta gratiscomunidades como esta se saiba que a vendacasas de apostas com aposta gratismeninas é muito comum, é impossível quantificar o númerocasas de apostas com aposta gratiscasos que acontecem no México.
Um dado a levarcasas de apostas com aposta gratisconsideração seria o do Censo Demográficocasas de apostas com aposta gratis2020, que concluiu que 4% dos adolescentes entre 12 e 17 anos no México estavam ou estiveramcasas de apostas com aposta gratisalgum tipocasas de apostas com aposta gratisunião conjugal, principalmente nos estadoscasas de apostas com aposta gratisChiapas, Oaxaca, Guerrero e Yucatán.
No entanto, dado que o Código Civil do país proíbe desde 2019 o casamento entre menorescasas de apostas com aposta gratis18 anos, e prevê desde o ano passado penas entre oito e 15 anoscasas de apostas com aposta gratisprisão como punição, as organizações consideram que as uniões informaiscasas de apostas com aposta gratisadolescentes aumentaram desde então, o que contribui para a subnotificação — e para que a realidade não seja refletida nas estatísticas.
Sentado na porta da delegacia municipal para enfrentar o calor sufocante, o comissário (líder comunitário)casas de apostas com aposta gratisItia Zuti, Félix Hernández, olha para a quadracasas de apostas com aposta gratisesportes completamente vazia, bemcasas de apostas com aposta gratisfrente à igreja do povoado.
É um homemcasas de apostas com aposta gratis65 anos, embora pareça mais velho. Ele tem problemascasas de apostas com aposta gratisaudição, não sabe ler nem escrever, e diz que não falar espanhol dificulta a negociaçãocasas de apostas com aposta gratismelhorias para a cidade, como a instalaçãocasas de apostas com aposta gratisum sistemacasas de apostas com aposta gratisdrenagem, reformar as estradas ou construir um mercado e um centrocasas de apostas com aposta gratissaúde bem equipado.
Quando visitamos o povoado, a comunidade estava sem eletricidade há três dias. Ele reconhece que aceitou o cargo — pelo qual não ganha um peso sequer — porque os poucos moradores que têm escolaridade acabam saindo da comunidade.
Ele admite que a vendacasas de apostas com aposta gratismeninas é uma questão “complicada”, que divide opiniões.
“Para mim é errado, mas quando você questiona as famílias das jovens, elas dizem que as sustentaram, e que só elas têm capacidadecasas de apostas com aposta gratisdecidir por suas filhas”.
Reconhece também que se uma jovem recorresse a ele com um problema no contextocasas de apostas com aposta gratisum casamento forçado, o seu papel, junto ao resto das autoridades locais, seria ocasas de apostas com aposta gratisaconselhar e, apenas no casocasas de apostas com aposta gratisnão haver solução para o conflito do casal, defender que a menina volte para a casa da família — e que os pais devolvam o dinheiro da venda.
Na verdade, embora tenha sido assinado um acordo nacasas de apostas com aposta gratiscomunidade para proibir a vendacasas de apostas com aposta gratismeninas, um mês antescasas de apostas com aposta gratisele assumir o cargo, o comissário admite que não sabia da existência deste documento.
“As leis existem, mas é importante fundamentá-las e harmonizá-las com a realidade das nossas comunidades. Sem levarcasas de apostas com aposta gratisconta o contexto na horacasas de apostas com aposta gratisaplicar as regras, encheríamos as prisõescasas de apostas com aposta gratispessoas indígenas”, pondera Martha Ramírez, chefe do Centro Coordenador do Instituto Nacional dos Povos Indígenas (INPI) da cidadecasas de apostas com aposta gratisTlapacasas de apostas com aposta gratisComonfort,casas de apostas com aposta gratisGuerrero.
Além disso, ela destaca, é importante não responsabilizar apenas as comunidades por esta prática.
“O Estado tem que garantir os direitos fundamentais das mulheres para terem uma vida livre e sem violência. Não se pode falarcasas de apostas com aposta gratiserradicar o casamento forçadocasas de apostas com aposta gratisum lugar onde as meninas não têm nem certidãocasas de apostas com aposta gratisnascimento, nem educação…”
Enquanto as coisas vão mudando pouco a pouco, Claudia, a mulher que acabou vendendo a filha na esperançacasas de apostas com aposta gratisque isso melhoria o relacionamento dela com o marido, reconhece que nada mudou — e que não descarta trazê-lacasas de apostas com aposta gratisvolta para casa, se os abusos contra a jovem, agora grávidacasas de apostas com aposta gratisdois meses, continuarem.
“O que eu tenho é uma tristeza muito grande porque ela mora longe da nossa comunidade. E estou preocupada que a irmã dela, que está completando 15 anos, também possa ir embora, mas ela me disse que quer ir para os Estados Unidos trabalhar e construir uma casa para mim. Que não quer se casar por enquanto."
*Os nomes foram alterados a pedido das entrevistadas.