Por que o papa Francisco vai distribuir 'salvo-condutos ao céu'zebet instagram2025:zebet instagram
A indulgência é uma maneirazebet instagramgarantir esse benefício divinozebet instagramvida — ou seja, um salvo-conduto para o paraíso. "Na realidade existe um pagamento da pena ligada ao pecado cometido", explica à BBC News Brasil a vaticanista e historiadora do catolicismo Mirticeli Medeiros, pesquisadora na Pontifícia Universidade Gregoriana,zebet instagramRoma.
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"Por exemplo: na confissão com um sacerdote a pessoa tem o pecado perdoado mas, principalmentezebet instagramrelação aos pecados mortais, existe uma dívida que fica. Esta, caso não exista a intervençãozebet instagramuma indulgência plenária, será reparada somente no purgatório", esclarece ela.
Antes do céu, uma escala no purgatório
"Quando há o pecado, esse pecado pode ser absolvido da reconciliação, na confissão. Isso coloca a pessoa no que a Igreja chamazebet instagramestadozebet instagramgraça", explica à BBC News Brasil o vaticanista Filipe Domingues, diretor do Lay Centre,zebet instagramRoma, e professor na Pontifícia Universidade Gregoriana, tambémzebet instagramRoma.
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"Já a indulgência se refere à culpa, que é uma coisa um pouco mais abstrata. O pecado deixa uma marca no espírito e isso,zebet instagramalguma forma, teriazebet instagramser purificado na eternidade. Aí entra aquela ideia meio medieval e um pouco alegórica do que é o inferno, o purgatório e o céu", comenta ele.
Dessa forma, seria preciso "uma purificação antes da elevação completa junto a Deus", pontua Domingues. "Com as indulgências, a Igreja permite que a purificação seja feita na Terra. É uma limpeza da alma mais profunda que permitiria que a alma, se morrer logo depois, vá para o céu imediatamente."
O vaticanista contudo entende que essa é uma "visão um pouco instrumental" dos recursos — e que hoje se pode interpretar tudo issozebet instagramforma mais ampla, pensando no desenvolvimento da fé e da piedadezebet instagramcada um ezebet instagramgestos que impliquemzebet instagramfazer o bem. "O que a Igreja faz é criar instrumentos para que haja esse processozebet instagrampurificação, esse caminho", ressalta. "Para ampliar a possibilidadezebet instagramque todos cheguem a essa libertação eterna que é viver no Reino dos Céus."
Segundo a doutrina consolidada no Catecismo da Igreja Católica, atualmente o purgatório não é entendido como um lugar, mas como o "estado dos que morrem na amizadezebet instagramDeus, com a certezazebet instagramsua salvação eterna, mas que ainda têm necessidadezebet instagrampurificação para entrar na felicidade do céu".
O catecismo diz que há maneiras terrenaszebet instagramajudar nesse processo. Vivos podem fazer orações e realizar boas açõeszebet instagrammemória dos que morreram. E as indulgências também estão elencadas como uma dessas ferramentas.
Reparação instantânea da culpa
Para aqueles que creem, os declarados anoszebet instagramJubileu são oportunidades raras dessa remoção instantânea da culpa. "A indulgência é uma manifestação concreta da misericórdiazebet instagramDeus, que transcende os limites da justiça humana e as transforma", diz comunicado do Vaticano sobre o eventozebet instagram2025. "A indulgência permite libertar o coração do fardo do pecado, para que a reparação devida possa ser dadazebet instagramtotal liberdade."
"Concretamente, essa experiênciazebet instagrammisericórdia passa por algumas ações espirituais que são indicadas pelo papa", resume o texto.
Em documento publicadozebet instagrammaio pela Penitenciária Apostólica do Vaticano foram detalhadas as normas para se alcançar a indulgência durante o Jubileuzebet instagram2025.
A condição preliminar para obtê-la é estar "verdadeiramente arrependido, excluindo qualquer apego ao pecado" e "movido por um espíritozebet instagramqualidade", "purificado pelo sacramento da penitência", participando da eucaristia e dedicando constantemente orações ao papa.
O documento esclarece que o "tesouro" da "pleníssima indulgência", com "remissão e perdão dos pecados" pode valer tanto para aquele que cumprir as exigências como para "as almas do purgatório sob a formazebet instagramsufrágio".
Cumpridas essas premissas, o fiel precisa realizar ao menos uma das três tarefas ao longo do anozebet instagram2025: participarzebet instagramuma "sagrada peregrinação" — e o documento prevê que esta pode ser a Roma, à Terra Santa ou a outras "circunscrições eclesiásticas" designadas por bispos levando "em conta as necessidades dos fiéis"; visitar,zebet instagramforma piedosa, lugares sagrados; realizar "obraszebet instagrammisericórdia e penitência" — que vão desde participaçãozebet instagramencontroszebet instagramformação a ações concretas como "darzebet instagramcomer aos famintos" ou "visitar os presos", entre outras.
Polêmica medieval
Por definição, indulgência significa disposição para perdoar culpas ou erros. É sinônimozebet instagrambenevolência, clemência e complacência.
A questão das indulgências se tornou uma polêmica na Idade Média, culminando com a reforma protestante no início do século 16 porque, na época, a Igreja Católica vendia o benefício como se estivesse loteando terrenos no céu.
"[Isso] criou uma visão distorcida da prática [das indulgências]", comenta Ribeiro Neto.
A historiadora Medeiros diz que "na época, era pedido aos fiéis grandes somas para adquirir" essa purificaçãozebet instagramvida. Essas cobranças foram especialmente praxe, conta ela, quando a Igreja estava precisando arrecadar fundos para terminar a construção da atual basílicazebet instagramSão Pedro, inauguradazebet instagram1626.
"O tema é espinhoso e já passou por inúmeras transformações na história da Igreja, gerando certa polêmica até hoje", comenta à BBC News Brasil o historiador e teólogo Gerson Leitezebet instagramMoraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
No Concíliozebet instagramTrento, sériezebet instagramreuniões da cúpula do catolicismo ocorridas entre 1545 e 1563 para combater a reforma protestante, o tema estevezebet instagramdiscussão. "O concílio afirmou que derivazebet instagramCristo a concessão das indulgências e que a Igreja Católica teria autoridade para concedê-las", conta Moraes. "É bem verdade que o mesmo concílio reconheceu os abusos que vinham ocorrendo com a vendazebet instagramindulgências e proibiu lucros resultantes dessa concessão."
Historicamente, àquela altura a questão havia "ido muito longe" no seio do catolicismo, conforme explica o professor, "com uso indevido daquilo que deveria ser usado com parcimônia". "Havia um abuso e a Igreja Católica fez seus revisionismos, reconhecendo alguns excessos e continuando a prática sem aquela carga negativa que acompanhou a cisão da cristandade no século 16", conclui o teólogo.
"Para que a indulgência tenha valor, ela precisa ser acompanhada por gestos que demonstrem o arrependimento e a real conversão do pecador", contextualiza Ribeiro Neto. "Ela não é válida sem a confissão sacramental e alguns gestos precisos estabelecidos com esta finalidade. Doar dinheiro para obraszebet instagramcaridade da Igreja era, tradicionalmente, um dos principais gestos que permitiam ganhar a indulgência."
"Contudo, pelos desvios óbvios que esta prática comportava, foi sendo abandonada", conta o sociólogo. "Importante notar que aquele que 'comprava' a indulgência sem se arrepender e procurar ter um comportamento melhor pagava mas não levava, pois não cumpria a condição maior que era o arrependimento sincero."
A "reforma agrária" dos hebreus
Segundo informações do Vaticano, o Jubileu 2025 será o 28º da história do catolicismo. A ideiazebet instagramum ano especial para que os fiéis visitassem as igrejaszebet instagramRoma e reforçassem seus laçoszebet instagramfé surgiu por bula publicada pelo papa Bonifácio 8º (1235-1303)zebet instagram1300.
Ele dizia que os romanos que visitassem as basílicaszebet instagramSão Pedrozebet instagramSão Paulo pelo menos 30 vezes naquele ano iriam receber a indulgência. Para os cidadãoszebet instagramfora da cidade, bastavam 15 visitas.
A medida acabou criando uma espéciezebet instagramturismo religioso — segundo dados do Vaticano, pelos menos 2 milhõeszebet instagramcatólicos foram a Romazebet instagram1300, motivados pela promessa do salvo-conduto para o céu. Sabe-se que o pintor Giotto di Bondone (1267-1337), comissionado para pintar afrescoszebet instagramigrejaszebet instagramRoma, foi um deles. Acredita-se também que o escritor Dante Alighieri (1265-1321) também tenha participado desse primeiro Jubileu.
"Naquele período específico da Idade Média existia, sobretudo entre as camadas populares, o desejozebet instagramviver uma vidazebet instagramreparação,zebet instagrammudançazebet instagramvida,zebet instagramrecálculozebet instagramrota", afirma Medeiros. "Esse pensar na morte constantemente, quando muita gente morriazebet instagramdoenças infecciosas, levou uma multidão a iniciar uma peregrinação a Roma para expiar os próprios pecados."
A ideiazebet instagramBonifácio era que o evento se repetisse a cada 100 anos. Contudo, a segunda edição acabaria ocorrendozebet instagram1350 — o papa Clemente VI (1291-1352) reduziu o intervalo para 50 anos.
Atualmente, Jubileus ordinários ocorrem a cada 25 anos. E extraordinários podem ser convocados a qualquer momento, por decisão do papa. Francisco, por exemplo, instituiu umzebet instagram2015, para comemorar o 50º aniversário do fim do Concílio Vaticano 2º, que modernizou a Igreja.
"[O evento] é considerado ano santo para o católico porque segundo a tradição, é um períodozebet instagramque há a possibilidadezebet instagramreceber algumas bençãos especiais e há um esforço maior para chegar às pessoas e levar a elas os sacramentos", diz o vaticanista Domingues. "Também oferece mais oportunidadeszebet instagramremissãozebet instagrampecados e reconciliação e penitência."
"Vive-se [nesses anos] a ideiazebet instagramoração,zebet instagramlouvor,zebet instagramagradecimento ezebet instagramconversão", explica ele.
Ribeiro Neto diz que existe "uma dimensão cósmica,zebet instagramreconciliação e harmonia entre o ser humano e toda a realidade que o circunda". "O Jubileu seria o tempozebet instagramque o coração humano pode se apaziguar e viver aquela paz que tanto procuramos e poucas vezes encontramos, por exemplo nas fériaszebet instagramum lugar paradisíaco", compara. "Dou este exemplo para sublinhar que o Jubileu não é um preceito criado por uma religião muito normativa, mas uma resposta religiosa a uma necessidade profundamente humana que encontramoszebet instagramtodos nós."
Mas as raízes do Jubileu estão no Antigo Testamento, portanto na ancestral sociedade judaica. Segundo o Vaticano, "entre os antigos hebreus, o Jubileu, chamadozebet instagramano do 'yobel', 'da cabra', porque a festa foi anunciada pelo somzebet instagramum cornozebet instagramcabra, era um ano declarado santo."
"Nesse período, a leizebet instagramMoisés prescrevia que a terra, da qual Deus era o único dono, regressasse ao antigo proprietário e os escravos readquirissem a liberdade. Geralmente ocorria a cada 50 anos", diz o comunicado da Igreja.
Essa norma aparece no livro do Levítico, o terceiro da Bíblia judaica, que provavelmente foi escrito entre os séculos 7 e 5 a.C. e está cheiozebet instagraminstruções e práticas rituais, morais e legais daquela sociedade.
Conforme explica o teólogo Moraes, a ideia era que toda a terra pertencia a Deus e, na formação daquela comunidade, tinham sido divididas por igual a todas as famílias. "Se um hebreu se visse obrigado a se desfazerzebet instagramsua terra por algum motivo, vendendo a outro, mais tarde ela devia retornar a ele ou a seus descendentes", detalha.
Na prática, então, era uma espéciezebet instagramarrendamento por 49 anos. No quinquagésimo, ano do Jubileu, o lote retornava ao proprietário original e o solo descansava por um ano.
"Os hebreus tinham convicçãozebet instagramque o monopólio da terra nas mãoszebet instagrampoucos seria contrário à vontadezebet instagramDeus. Concentraçãozebet instagramterra na Israel pré-Estado era algo condenável", analisa o teólogo.
Não há consenso, contudo, se essa descrição bíblica partezebet instagramuma prática que era vigente ou se apenas idealiza como a sociedade deveria ser organizada. "Nenhum trecho do Antigo Testamento dá a entender que ela foi colocadazebet instagramfuncionamento", diz Moraes. "Mas indica um ideal comunitário,zebet instagramterra comum."
Ao menos na teoria, a cada 50 anos deveria ocorrer uma reforma agrária eliminando as concentraçõeszebet instagramterra e redividindo tudo por igual.
Quando o papa Bonifácio 8º criou o Jubileu católico,zebet instagramqualquer forma, ele mirou nesses ideais ancestrais. De forma simbólica. "Era uma referência: criar uma grande celebraçãozebet instagramgrande relevância espiritual contínua e com uma ideiazebet instagramjustiça", resume Moraes.