Quando uma célula se torna uma pessoa? O consenso científico sobre a polêmica dos embriões:cbet plataforma de jogos
A decisão trouxe à tona questionamentos sobre a definiçãocbet plataforma de jogos"pessoa" ou "criança", o que poderá ter ramificações legais futuras para os médicos praticantescbet plataforma de jogosFIV e seus pacientes. Mas o consenso médico e científico afirma que embriões são células capazescbet plataforma de jogoscriar vidas humanas e não, vida real.
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"Qualquer pessoa com olhos (talvez com a ajudacbet plataforma de jogosum microscópio) pode reconhecer que um óvulo fertilizado no congeladorcbet plataforma de jogosuma clínica não é o mesmo que um bebê", afirma o porta-voz da Sociedade Americanacbet plataforma de jogosMedicina Reprodutiva, Sean Tipton. "A Suprema Corte do Alabama pode desejar que eles fossem iguais, mas eles nitidamente não são."
O que dizem os especialistas americanos
Outras agências e organizações americanas também entraram na discussão.
O Colégio Americanocbet plataforma de jogosGinecologistas e Obstetras publicou uma declaração sobre a decisão, dizendo:
"O resultado desta ação certamente irá afetar o acesso ao tratamentocbet plataforma de jogosfertilidadecbet plataforma de jogostodo o país, já que cada vez mais legislativos estaduais criam políticas baseadas na definição ideológica e não científica do que é uma pessoa."
A União Americanacbet plataforma de jogosLiberdades Civis do Alabama também publicou uma declaração:
"A Suprema Corte do Alabama excedeu gravementecbet plataforma de jogosatuação ao classificar embriões congelados, óvulos unicelulares fertilizados, como crianças. A Justiça cruzou uma fronteira fundamental ao atribuir personalidade a algo criadocbet plataforma de jogoslaboratório que existe fora do corpo humano."
Diferentes definiçõescbet plataforma de jogosoutras partes do mundo
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Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
A determinaçãocbet plataforma de jogosquando as pessoas começam a existir e o que deve ser definido como embrião vem sendo alterada nos Estados Unidos ecbet plataforma de jogosoutras partes do mundo, à medida que avança a tecnologia.
Um artigocbet plataforma de jogosperspectiva publicadocbet plataforma de jogos2023 na revista Cell discute a ética da pesquisa embriônica. Seus autorescbet plataforma de jogosÁustria, Espanha, EUA, Holanda e Reino Unido propõem uma definição legal.
Eles definem o embrião como "um grupocbet plataforma de jogoscélulas humanas sustentadas por elementos que atendem às funções uterinas e extraembriônicas que, combinadas, têm o potencialcbet plataforma de jogosformar um feto".
Os pesquisadores propõem essa definição devido às novas tecnologias, que permitem a formaçãocbet plataforma de jogosembriões sem fertilização – seres que podem nunca ter sido embriões.
Pouco depois do nascimento da ovelha Dolly (o primeiro mamífero clonado),cbet plataforma de jogosjulhocbet plataforma de jogos1996, alguns países começaram a alterar suas definições.
A Holanda, a Bélgica, a Alemanha e outros baseiam suas novas definições na "potencialidade".
Em vezcbet plataforma de jogosdefinir o embrião como vida humana, esses países consideram que o zigoto, que é uma única célula e o iníciocbet plataforma de jogosum embrião, "é capazcbet plataforma de jogosgerar um ser humano" e não um ser humano no seu estado final.
Mas a Espanha segue uma visão um pouco diferente. O país define o embrião como "uma fase do desenvolvimento embriônico", fase essa que começa no útero.
As definições do que é um embrião são ligeiramente diferentes, mas a decisão da Suprema Corte do Alabamacbet plataforma de jogosque um embrião congelado é uma criança não tem precedentes.
"A decisão do Alabama é baseadacbet plataforma de jogosuma visão idiossincrática do embrião que é muito marginal", segundo Nicolas Rivron, do Institutocbet plataforma de jogosBiotecnologia Molecular da Academia Austríacacbet plataforma de jogosCiências,cbet plataforma de jogosViena. Ele é o principal autor do artigocbet plataforma de jogosperspectiva publicado pela revista Cell.
Rivron explica que a biologia define o embrião como um grupocbet plataforma de jogoscélulas que, potencialmente, pode formar um feto.
"A definição legalcbet plataforma de jogosembrião é diferente da definição biológica porque não tem a intenção cbet plataforma de jogosdescrever o embrião cientificamente, mas sim protegê-lo", prossegue ele.
"As definições legais deveriam se basearcbet plataforma de jogosinformações da visão científica, mas elas são elaboradas com basecbet plataforma de jogosconsiderações que variam ao redor do mundo, enraizadascbet plataforma de jogoscrenças filosóficas, éticas, sociais ou culturais."
Onde surge a pessoa?
Em uma postagem publicadacbet plataforma de jogos2013 no blog da Biblioteca Públicacbet plataforma de jogosCiências (que oferece acesso livre a publicaçõescbet plataforma de jogosciência e medicina online), a geneticista Ricki Lewis traçou um cronograma do desenvolvimento do embrião e apresentoucbet plataforma de jogosprópria opinião sobre onde pode começar a vida humana.
Para Lewis, "a capacidadecbet plataforma de jogossobreviver fora do corpocbet plataforma de jogosoutra pessoa define um limite tecnológico prático para definir quando começa a vida humana sustentável. Ter um genoma funcional, camadascbet plataforma de jogostecidos, corda dorsal, batimentos cardíacos... nada disso importa se o organismo não puder sobreviver onde sobrevivem os seres humanos."
Richard Paulson, diretor do Departamentocbet plataforma de jogosFertilidade da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, escreveucbet plataforma de jogosum editorial para a publicação da Sociedade Americanacbet plataforma de jogosMedicina Reprodutiva (F&S Reports) que "o conceito que diz 'a vida começa na concepção' não é científico, nem faz partecbet plataforma de jogosnenhum ensinamento religioso tradicional [antigo]".
Paulson prossegue: "Os autores da Bíblia (ecbet plataforma de jogosoutros textos religiosos) não sabiam nada sobre óvulos, esperma ou fertilização. Foi somente depois que a ciência médica revelou as etapas básicas do desenvolvimento embriônico que,cbet plataforma de jogosmeados do século 20, alguns grupos religiosos se apropriaram da ideiacbet plataforma de jogosque a vida humana deve 'começar' na fertilização."
Quais são as práticas atuaiscbet plataforma de jogosdestruiçãocbet plataforma de jogosembriões não utilizadoscbet plataforma de jogosFIV?
Nos procedimentoscbet plataforma de jogosFIV, existem muitas vezes embriões excedentes ou supernumerosos. Os pacientes precisam decidir se seus embriões devem ser armazenados, doados ou destruídos.
"Em FIV, como na natureza, apenas uma pequena proporção dos óvulos fertilizados consegue ser implantada e crescer, mesmo quando criamos as condições ideais para uma gravidez bem sucedida", explica a médica especialistacbet plataforma de jogosfertilidade Sue Ellen Carpenter, da clínica Bloom Fertilitycbet plataforma de jogosAtlanta, na Geórgia (EUA).
"Para mim, os embriões ocupam um espaço moral exclusivo. Eles são vidacbet plataforma de jogospotencial e, por isso, exigem respeito e cuidados especiais."
No caso analisado pela Suprema Corte do Alabama, uma paciente entrou no berçário criogênicocbet plataforma de jogos2020 e retirou os embriõescbet plataforma de jogosquestão do congelador. Quando ela os derrubou acidentalmente no chão, os embriões "queimaramcbet plataforma de jogospele por congelamento", segundo a decisão da corte.
A clínica do Alabama não destruiu os embriões congelados dos três casais intencionalmente. Mas outros embriões coletados para FIV são rotineiramente destruídos por clínicas quando não atendem aos critérioscbet plataforma de jogostransferência para implante no útero ou se os pacientes conseguirem conceber e não desejarem ter mais filhos.
Muitas vezes, esses embriões são destruídos sem qualquer cerimônia.
Um estudocbet plataforma de jogos2019 coletou dadoscbet plataforma de jogos703 questionárioscbet plataforma de jogosclínicascbet plataforma de jogos65 países diferentes sobre a práticacbet plataforma de jogosdescarte dos embriões não utilizados que os pacientes não planejam ou não podem utilizar. Os resultados revelaram que a maior parte dos médicos descarta os embriõescbet plataforma de jogosuma "latacbet plataforma de jogoslixo" específica.
Em um artigocbet plataforma de jogos2022 publicado na revista Obstetrics & Gynecology, autorescbet plataforma de jogosdiversas universidades americanas comentaram sobre preocupações suscitadas pela decisão da Suprema Corte americana no caso Dobbs x Jackson Women's Health. A decisão reverteu o caso Roe x Wade, que concedia o direito federal ao aborto no país.
Os pesquisadores observam que a perda embriônica é "parte rotineira da natureza":
"Quando a nova legislação sobre o aborto define uma pessoa a partir do momento da fertilização, ela abre as portas para a regulamentaçãocbet plataforma de jogosembriões no laboratóriocbet plataforma de jogosFIV. Podem ser promulgadas leis que impossibilitem a criopreservaçãocbet plataforma de jogosembriões, devido ao potencialcbet plataforma de jogosperda embriônica."
Os pesquisadores questionam se pacientes poderiam ser forçados a dar prosseguimento a novas transferênciascbet plataforma de jogosembriões, mesmo se não desejarem ter mais filhos ou se seria exigido um pagamento pela armazenagem "perpétua" dos embriões.
Estas e outras questões permanecem sem resposta, após a decisão tomada pela Suprema Corte do Alabama. Em vista disso, diversas clínicascbet plataforma de jogosfertilidade do Estado já deixaramcbet plataforma de jogosfornecer tratamentoscbet plataforma de jogosFIV.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.