Por que Nicarágua virou refúgio para ex-presidentes acusadosapostas no sportingbetcorrupção:apostas no sportingbet

O atual presidente do país, Laurentino Cortizo, negou categoricamente a acusaçãoapostas no sportingbetMartinelli.

Mas o asilo concedido pela Nicarágua levou a um tensionamento das relações diplomáticas entre os dois países, com declaraçõesapostas no sportingbetambos os lados.

A Chancelaria nicaraguense anunciouapostas no sportingbetdecisãoapostas no sportingbetconceder asilo a Martinelliapostas no sportingbet7apostas no sportingbetfevereiro e solicitou ao Panamá um salvo-conduto para que o ex-presidente pudesse viajar a Manágua para se refugiar.

O governo panamenho rejeitou a petição dois dias depois, no entanto, considerando que a situação jurídicaapostas no sportingbetMartinelli, condenado, impede que ele possa se beneficiarapostas no sportingbetum asilo desse tipo.

O governo panamenho advertiu com "consequências diplomáticas" caso Martinelli use a embaixada nicaraguense para realizar ações ou declarações que impactem a política doméstica panamenha, já que seriam consideradas "uma interferência nos assuntos internos" do país.

Martinelli concedeu entrevistas criticando abertamente o governo panamenho diretoapostas no sportingbetseu refúgio.

A Nicarágua respondeu que o asilo político "deve ser respeitado como um direito humanitário", e que o Panamá deve agirapostas no sportingbetacordo com as convenções internacionais e permitir a saídaapostas no sportingbetMartinelli.

Esta não é a primeira vez que Manágua se dispõe a receber e proteger ex-líderes estrangeiros que têm pendências com a justiça.

Dois dos exemplos mais recentes e conhecidos são os ex-presidentes salvadorenhos Mauricio Funes e Salvador Sánchez Cerén, acusadosapostas no sportingbetcorrupçãoapostas no sportingbetseu paísapostas no sportingbetorigem e que estão na Nicarágua há anos.

Mas por que o país centro-americano virou um refúgio para políticos fugitivos da justiça e o que está por trás dessa política do governoapostas no sportingbetOrtega?

Tradição histórica

O casoapostas no sportingbetMartinelli é apenas o mais recenteapostas no sportingbetuma longa tradição da Nicaráguaapostas no sportingbetoferecer refúgio a estrangeiros perseguidos pela justiçaapostas no sportingbetseus países.

Durante o governoapostas no sportingbetAnastasio Somoza, milharesapostas no sportingbetopositores foram forçados ao exílio. Mas após o triunfo da Revolução Sandinistaapostas no sportingbet1979, o país se transformou e começou a acolher líderes políticosapostas no sportingbetoutras nacionalidades.

"Por razõesapostas no sportingbetsolidariedade e simpatia ideológica, a Nicarágua torna-se então algo como a 'segunda Cuba' da América Latina", compara o historiador nicaraguense Mateo Jarquín.

"O governo sandinista recebeu muitas pessoasapostas no sportingbetmovimentosapostas no sportingbetesquerda que não podiam voltar a seus países, e passa a ser como um santuário para a esquerda latino-americana", diz à BBC News Mundo, serviçoapostas no sportingbetespanhol da BBC, o acadêmico, queapostas no sportingbetabril publicará um livro sobre essa época da história nicaraguense.

Muitos desses refugiados participaramapostas no sportingbetfato da construção desse "projeto revolucionário" inicial trabalhando no governo nicaraguense ou treinando a polícia, por exemplo.

Depois, durante suas décadas à frente do governo, Ortega acolheu desde guerrilheiros do grupo argentino Montoneros até membros das Farc colombianas e da organização basca ETA.

Na décadaapostas no sportingbet80, também se refugiaram na Nicarágua o traficante colombiano Pablo Escobar e o italiano Alessio Casimirri, condenado pelo assassinato do ex-primeiro-ministro italiano Aldo Moro e que vive no país centro-americano desde então.

E, mais recentemente, o país ofereceu refúgio e nacionalidade aos ex-presidentes salvadorenhos Funes e Sánchez Cerén.

Por quê?

Alguns dos políticos acolhidos nos últimos anos por Ortega, no entanto, afastam-se notavelmente do perfil esquerdista dos refugiados que tradicionalmente chegaram à Nicarágua.

É o casoapostas no sportingbetdois funcionários próximos ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, que está sendo julgado nos Estados Unidos por tráficoapostas no sportingbetdrogas. Ou o mais recenteapostas no sportingbettodos, Martinelli, o ex-presidente conservador panamenho.

“Os líderes políticos das direitas latino-americanas costumam procurar outros países, mais próximosapostas no sportingbetseu espectro ideológico. O casoapostas no sportingbetMartinelli é algo sui géneris", sublinha Adalberto Santana, pesquisador da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) e especialistaapostas no sportingbetexílios latino-americanos.

“No caso dele, é provável que não queira ficar longe da região. Além disso, na Nicarágua ele pode ter a proteçãoapostas no sportingbetum regime que não poderá receber fortes pressões do atual governo do Panamá", dizapostas no sportingbetentrevista à BBC Mundo.

Para o historiador Jarquín, a variedadeapostas no sportingbetpensamentos desses refugiados "mostra como o sandinismo mudou,apostas no sportingbetrelação aapostas no sportingbetmutação ideológica, e como as divisõesapostas no sportingbet'esquerda e direita' na América Central são hojeapostas no sportingbetdia superficiais e irrelevantes".

Sobre os motivos por trás desta aberturaapostas no sportingbetOrtega para acolher líderes estrangeiros, Jarquín acredita que o presidente busca "entender-se com todos os setores da elite política centro-americana, o que é muito importante para a estabilidadeapostas no sportingbetseu governo e para uma eventual sucessão dinástica".

"O que Ortega quer é ficar bem com todo mundo. Para o seu futuro e pelo acessoapostas no sportingbetseu governo ao sistema centro-americano, que é uma importante viaapostas no sportingbetfinanciamento para o regime (através do Banco Centro-Americanoapostas no sportingbetIntegração Econômica, o BCIE)."

Já o ex-embaixador da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA), Arturo McFields, diz que "essas pessoas refugiadas têm capital político e conexões dentro e foraapostas no sportingbetseus países, o que seria útil para Ortega e para lhe abrir portas que foram fechadas".

"Ela também quer garantir opções para o seu futuro e o daapostas no sportingbetfamília, caso chegue o momentoapostas no sportingbetque possam precisarapostas no sportingbetasilo pelos crimes contra a humanidade cometidos (...). Realmente são fichas que ele poderia usar para se beneficiar", diz o ex-diplomata, queapostas no sportingbet2022 denunciou que considera uma "ditadura" no país centro-americano e pediu a libertação dos opositores presos.

Nacionalidade nicaraguense

O fatoapostas no sportingbeta Nicarágua não permitir a extradiçãoapostas no sportingbetseus cidadãos é outra das chaves do interesse pelo país para essas pessoas. Depoisapostas no sportingbetconseguir o asilo político, elas costumam receber a nacionalidade nicaraguense para evitarapostas no sportingbetexpulsão para outros Estados onde seriam julgados ou deveriam cumprirapostas no sportingbetpena.

O jornal nicaraguense Confidencial publicouapostas no sportingbet2023 que, nos dois anos anteriores, o governo havia concedido nacionalidade a 130 estrangeiros, entre os quais estavam fugitivos da justiça, acusadosapostas no sportingbetcorrupção e aliados políticosapostas no sportingbetOrtega.

Vários desses processos foram feitos "violando as leis migratórias", denunciou o artigo.

Diante dessa políticaapostas no sportingbetabertura para os estrangeiros, o veículoapostas no sportingbetimprensa nicaraguense questionou o paradoxo que é o mesmo presidente ter retirado a nacionalidade e tornado apátridas, no ano passado, maisapostas no sportingbet300 nicaraguenses críticos ao governo, entre os quais há escritores, jornalistas, políticos e líderes sociais.

A BBC News Mundo solicitou uma entrevista com o Ministério do Interior nicaraguense, dentro do qual está a Direção Geralapostas no sportingbetMigração e Estrangeiros, para saber mais detalhes sobre esses processosapostas no sportingbetconcessãoapostas no sportingbetasilo e nacionalidade, mas não obteve resposta.

A vice-presidente do país e esposaapostas no sportingbetOrtega, Rosario Murillo,apostas no sportingbetagosto passado defendeu, no entanto, a nacionalização dessas pessoas e atacou novamente os nicaraguenses apátridas e forçados ao exílio.

"Há irmãosapostas no sportingbetoutros países que defenderam o povo e que hoje são família nicaraguense. E nós (ficamos) orgulhososapostas no sportingbetque tantos irmãos do mundo queiram fazer parte desta família (...)"

"As pessoas que faltaram à Nicarágua estão fora, graças a Deus, porque eles mesmos se foram e porque o povo também decidiu que não pertencem à família deste país", disse Murillo.

Tanto McFields como Félix Maradiaga, cientista político e pré-candidato às eleições presidenciaisapostas no sportingbet2021, respectivamente, fazem parte do grupoapostas no sportingbetnicaraguenses destituídosapostas no sportingbetsua nacionalidade.

Do exílio forçado, eles criticam com indignação o tratamento diferente do governo quando se trataapostas no sportingbetconceder ou retirar a cidadania do país.

"É um atoapostas no sportingbetdupla moral que destituiapostas no sportingbetnacionalidade personalidades proeminentes e decentes e que ao mesmo tempo oferece refúgio e até nacionalidade a pessoas com históricos criminais comprovados", questiona Maradiaga, acadêmico e ex-diretor do Institutoapostas no sportingbetEstudos Estratégicos e Políticas Públicas da Nicarágua.

"Dói quando este governo falaapostas no sportingbetdireitos humanos, porque muitas pessoas estão morrendo fora da Nicarágua,no exílio, sem poder verapostas no sportingbetpátria ou se despedirapostas no sportingbetseus familiares", concorda McFields.

"Nós, que somos nicaraguenses e não cometemos crimes, não podemos voltar. E uma pessoa que cometeu, é convidada para a Nicarágua e protegida. É um ato cruel", concluiu.