Após fala que gerou crise, Lula volta a dizer que Gaza sofre 'genocídio':bet presidential
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez novas declarações na sexta-feira (23/02) sobre a ofensivabet presidentialIsrael contra o Hamas na Faixabet presidentialGaza.
Em evento no Museubet presidentialArte Moderna do Riobet presidentialJaneiro, Lula afirmou "ser favorável à criação do Estado palestino livre e soberano".
"Quero dizer mais: o que o governobet presidentialIsrael está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças", declarou.
E neste domingo (25), o assessor especial da Presiência para assuntos internacionais, Celso Amorim, dissebet presidentialentrevista ao jornal Folhabet presidentialS. Paulo que o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, não deverá receber um pedidobet presidentialdesculpasbet presidentialLula.
"[Netanyahu] vai ficar pedindo. Se é que ele está insistindo mesmo. Não sei se ele faz isso por demagogia interna ou por qualquer outra razão, mas certamente se ele está esperando isso não vai receber. Não posso falar pelo presidente, mas eu não vejo nada, não vejo razão para o presidente se desculpar."
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Fim do Matérias recomendadas
No domingo passado (18),bet presidentialviagem a Adis Abeba, na Etiópia, Lula fez declarações sobre o conflito que reverberaram nos últimos dias.
O presidente brasileiro afirmou na ocasião que o que estava ocorrendobet presidentialGaza não era "uma guerra, mas um genocídio" — comparável a "quando o Hitler resolveu matar os judeus",bet presidentialreferência ao Holocausto.
"Não tentem interpretar a entrevista que dei na Etiópia, leiam a entrevista. Leia a entrevistabet presidentialvezbet presidentialficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministrobet presidentialIsrael", disse Lula no Rio.
"Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio."
No dia seguinte às falas na Etiópia, o líder brasileiro foi declarado persona non grata pelo governobet presidentialBenjamin Netanyahu.
Persona non grata é uma expressãobet presidentiallatim cujo significado literal é algo como "pessoa não agradável" ou "não bem-vinda". Na diplomacia, a expressão se aplica a um representante estrangeiro que não é mais bem-vindobet presidentialmissões oficiaisbet presidentialdeterminado país.
O embaixador do Brasilbet presidentialIsrael, Frederico Meyer, foi convocado pelo governo Netanyahu para prestar esclarecimentos sobre as declaraçõesbet presidentialLula.
Na segunda-feira (19), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, reuniu-se com o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine.
As convocaçõesbet presidentialembaixadores por governos são uma formabet presidentialpaíses manifestarem insatisfação. No entanto, essas reuniões costumam acontecerbet presidentialgabinetes. O governo brasileiro viu a reunião no memorial do Holocausto como uma formabet presidentialinsulto ao país.
Nas redes sociais, Israel Katz, ministro das Relações Exterioresbet presidentialIsrael, afirmou na segunda (19),bet presidentialtexto escritobet presidentialportuguês, que a declaraçãobet presidentialLula foi um "grave ataque antissemita que profana a memória dos que foram mortos no Holocausto".
A decisãobet presidentialdeclarar Lula persona non grata foi anunciada por Katz após encontro com o embaixador Frederico Meyer no Yad Vashem, o memorial oficialbet presidentialIsraelbet presidentialJerusalém para lembrar as vítimas do Holocausto.
Na terça (20), Katz postou novamente um textobet presidentialportuguês nas redes sociais.
"Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros", escreveu Katz, dirigindo-se a Lula.
Depois, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, fez fortes críticas à reação do governo israelense às falasbet presidentialLula.
Após sairbet presidentialuma reunião no Riobet presidentialJaneiro (RJ) ligada ao G20, Vieira acusou a chancelaria israelense, representada por Katz,bet presidentialdistorcer declarações,bet presidentialmentir ebet presidentialusar "linguagem chula e irresponsável".
Essas atitudes representariam uma "vergonhosa página da história da diplomaciabet presidentialIsrael", disse o ministro brasileiro na terça.
"As manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu,bet presidentialontem ebet presidentialhoje, são inaceitáveis na forma, e mentirosas no conteúdo", afirmou Vieira.
"Uma chancelaria dirigir-se dessa forma a um chefebet presidentialEstado,bet presidentialum país amigo, o presidente Lula, é algo insólito e revoltante."
"Em maisbet presidential50 anosbet presidentialcarreira, nunca vi algo assim", disse Vieira.
O ministro brasileiro afirmou ainda acreditar que a postura do governo Netanyahu não corresponde ao "sentimento" da população israelense e atenderia a um esforço para "tirar proveito" da situação na política doméstica.
Seria também uma "cortinabet presidentialfumaça" para encobrir "o real problema do massacrebet presidentialcursobet presidentialGaza".
"Isso tem levado ao crescente isolamento internacional do governo Netanyahu, fato refletido nas deliberaçõesbet presidentialandamento na Corte Internacionalbet presidentialJustiça. É este isolamento que o titular da chancelaria israelense tenta esconder", declarou Vieira, acrescentando que o Brasil reagiria "com diplomacia".
Maisbet presidential29,5 mil palestinos, incluindo civis, mulheres e crianças, morreram durante os mais recentes ataquesbet presidentialIsrael à Faixabet presidentialGaza. O país iniciou uma guerra contra o Hamasbet presidentialoutubro após a mortebet presidentialmaisbet presidential1.200 pessoas e o sequestrobet presidential253 refénsbet presidentialum ataque do grupobet presidentialIsrael.
Enquanto isso, no Brasil, parlamentaresbet presidentialoposição protocolaram na quinta (22) um pedidobet presidentialimpeachment contra Lula por conta das declarações.
Anteriormente, na terça, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pediu uma retrataçãobet presidentialLula pela fala sobre o Holocausto.
"Estamos certosbet presidentialque essa fala equivocada não representa o verdadeiro propósito do presidente Lula, que é um líder global conhecido por estabelecer diálogos e pontes entre as nações, motivo pelo qual entendemos que uma retratação dessa fala seria adequada, pois o foco das lideranças mundiais deve estar na resolução do conflito entre Israel e Palestina", disse Pacheco durante sessão na Casa.
As declarações
Durantebet presidentialviagem à Etiópia, Lula questionou a decisãobet presidentialalguns paísesbet presidentialsuspender verbas à agência da ONU que dá assistência aos palestinos, a UNRWA.
A suspensão havia acontecido porque Israel acusou funcionários da agênciabet presidentialenvolvimento com o Hamas. A denúncia desencadeou uma investigação interna, demissões e reações internacionais.
Lula afirmou que a ajuda humanitária aos palestinos não pode ser suspensa e disse que, se confirmado que houve erros na UNRWA, deve haver responsabilização.
“Quando eu vejo o mundo rico anunciar que está parandobet presidentialdar a contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente?”, disse o presidente no dia 18.
“E qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixabet presidentialGaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio?”, afirmou .
"O que está acontecendo na Faixabet presidentialGaza e com o povo palestino não existebet presidentialnenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus."
“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças. Se teve algum erro nessa instituição que recolhe o dinheiro, apura-se quem errou. Mas não suspenda a ajuda humanitária para o povo que tá há quantas décadas tentando construir o seu Estado”, disse o presidente.
Lula também reiterou que condena o Hamas e os ataques realizados pelo grupo.
"O Brasil condena o Hamas, mas o Brasil não pode deixarbet presidentialcondenar o que Israel está fazendo na Faixabet presidentialGaza", disse.
No sábado (17), Lula havia se encontrado com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh.
O Palácio do Planalto afirmou que o presidente brasileiro condenou ataques do Hamas durante a reunião e reiterou a necessidadebet presidentialpaz no Oriente Médio e necessidade da criaçãobet presidentialum Estado Palestino. Shtayyeh agradeceu a Lula pela solidariedade com o povo palestino, segundo o governo brasileiro.
A resposta do atual primeiro-ministrobet presidentialIsrael, Benjamin Netanyahu, veio inicialmente com a divulgaçãobet presidentialum comunicado criticando a falabet presidentialLula e a convocação do embaixador brasileirobet presidentialIsrael para uma reunião.
“A comparação entre Israel e o Holocausto dos nazistas ebet presidentialHitler está ultrapassando a linha vermelha”, afirmou Netanyahu no comunicado. "Israel luta porbet presidentialdefesa e garantia do seu futuro até a vitória completa."
Ele disse ainda que a "banalização do Holocausto é a uma tentativabet presidentialprejudicar o povo judeu e o direitobet presidentialIsraelbet presidentialse defender".
Na terça (20), o porta-voz do governo americano Matthew Miller afirmou que os Estados Unidos "obviamente" discordam das declaraçõesbet presidentialLula.
"Temos sido bem clarosbet presidentialque não acreditamos que um genocídio vem ocorrendobet presidentialGaza. Nós queremos ver o conflito encerrado assim que isso seja viável, queremos ver um aumento da assistência humanitáriabet presidentialuma forma sustentável para civis inocentesbet presidentialGaza, mas não concordamos como esses comentários", disse Miller, respondendo a um jornalista.
Por que a fala causou tanta controvérsia?
O genocídiobet presidentialmaisbet presidential6 milhõesbet presidentialjudeus durante a Segunda Guerra Mundial é um tema bastante sensível.
A falabet presidentialLula gerou uma forte reaçãobet presidentialinstituições judaicas, que afirmam que comparar a situação dos palestinos afetados pelos ataquesbet presidentialIsrael com o genocídiobet presidentialjudeus feito pelos nazista é uma formabet presidential"banalizar o Holocausto".
A Conib (Confederação Israelita do Brasil) emitiu uma notabet presidentialrepúdio à falabet presidentialLula, na qual defendeu as açõesbet presidentialIsrael.
"Os nazistas exterminaram 6 milhõesbet presidentialjudeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendobet presidentialum grupo terrorista que invadiu o país, matou maisbet presidentialmil pessoas, promoveu estuprosbet presidentialmassa, queimou pessoas vivas e defende embet presidentialcartabet presidentialfundação a eliminação do Estado judeu", diz o comunicado da entidade.
"Essa distorção perversa da realidade ofende a memória das vítimas do Holocausto ebet presidentialseus descendentes", afirmou.
O presidente do Museu do Holocaustobet presidentialJerusalém, Dani Dayan, afirmou que a falabet presidentialLula é "vergonhosa" e uma "combinaçãobet presidentialódio e ignorância".
Já ministros do governo defenderam Lula nas redes sociais.
"Todo meu apoio às preocupações do presidente Lulabet presidentialrelação ao conflito que vem cruelmente atingindo civis na Faixabet presidentialGaza, vítimas do governobet presidentialextrema-direitabet presidentialIsrael", escreveu Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) na rede social X.
"A fala do presidente Lula sobre o que está acontecendobet presidentialGaza é corajosa e necessária. Já são maisbet presidential20 mil mortos palestinos atravésbet presidentialataques promovidos por Israel. Que esse posicionamento incentive outros países a condenarem a desumanidade que estamos vendo dia após dia", disse Sônia Guajajara (Povos Indígenas), também no X.
O ministro da Secretariabet presidentialComunicação Social, Paulo Pimenta, porbet presidentialvez, acusou o governo isralensebet presidentialespalhar notícias falsas sobre a posiçãobet presidentialLula.
"Em nenhum momento o presidente fez críticas ao povo judeu, tampouco negou o holocausto. Lula condena o massacre da população civilbet presidentialGaza promovido pelo governobet presidentialextrema-direitabet presidentialNetanyahu [...]", escreveu Pimenta na rede X (antigo Twitter).
Como fica a relação diplomática entre Brasil e Israel?
O Brasil sempre teve relações diplomáticas amigáveis tanto com Israel quanto com autoridades palestinas, sendo defensor da solução do conflito através da convivênciabet presidentialdois Estados: Israel e um Estado palestino.
Após os ataques do Hamasbet presidentialIsrael, o Brasil condenou as ações do grupo. Desde então, o Brasil vem criticando também a contraofensiva israelense.
A posição oficial brasileira ébet presidentialfavorbet presidentialum cessar-fogo na região.
O Brasil também apoiou o caso da África do Sul contra Israel na Corte Internacionalbet presidentialJustiça no passado.
A África do Sul acusou Israelbet presidentialgenocídio contra os palestinos na ação, que foi autorizada a continuar pela Cortebet presidentialjaneiro.
O tribunal instruiu Israel a impedir os seus militaresbet presidentialcometerem atos que possam ser considerados genocidas, a prevenir e punir o incitamento ao genocídio e a permitir a assistência humanitária ao povobet presidentialGaza.
Mas o tribunal não chegou a apelar a Israel para que suspenda imediatamente as suas operações militaresbet presidentialGaza, como era desejo do país africano.
A convocação do embaixador brasileirobet presidentialIsrael para reunião após a falabet presidentialLula é vista por analistas como uma "medida drástica".
O ex-embaixador do Brasilbet presidentialLondres e diplomata Rubens Barbosa afirmou à GloboNews que a falabet presidentialLula foi "improvisada" e que o Itamaraty não compartilha dessa visão.
"É uma situação delicada. Eu não creio que esse incidente possa afetar as relações entre o Estadobet presidentialIsrael e o Estado brasileiro, porque há muitos interessesbet presidentialjogo, inclusive na áreabet presidentialDefesa", disse Barbosa à GloboNews.
Enquanto isso, a situaçãobet presidentialGaza continua dramática. A Organização Mundialbet presidentialSaúde disse que o hospital Nasser deixoubet presidentialfuncionar após um ataque israelense.
As Forçasbet presidentialDefesa Israelense disseram quebet presidentialoperação era “precisa e limitada” e acusou o Hamasbet presidential“usar cinicamente hospitais para o terror”.
Os esforços para chegar a um cessar-fogo entre Israel e o Hamas têm acontecido no Cairo, mas os mediadores do Qatar disseram que o progresso recente "não é muito promissor".