O chef gaúcho que perdeu restaurantes nas enchentes e foi cozinhar para centenasmrjack.bet e confiaveldesabrigados:mrjack.bet e confiavel

Desde que as águas do Rio Guaíba começaram a subir e venceram a resistência do sistemamrjack.bet e confiavelproteção da capital gaúcha, há duas semanas, seus dois restaurantes foram invadidos pela enxurrada.

Os dois ficam no Quarto Distrito, uma das regiõesmrjack.bet e confiavelPorto Alegre mais afetadas pelas enchentes.

“A subida lá foi lenta e gradativa. A gente ia recebendo fotos enviadas pelos vizinhos e eles iam dizendo: ‘Está subindo’,‘Aqui faltam uns dois centímetros’ ou ‘Começou a entrar água’. E aquilo vai te gerando uma ansiedade para saber se tu vai ter perda”, contou Both à BBC News Brasil.

Both trabalhou durante 13 anos como bancário até abandonar o setor financeiro e se dedicar àmrjack.bet e confiavelverdadeira vocação: a culinária. Em 2015, ele se formoumrjack.bet e confiavelgastronomia.

No iníciomrjack.bet e confiavelsua carreira, trabalhoumrjack.bet e confiaveldiversas posiçõesmrjack.bet e confiavelrestaurantes gaúchos. Saiumrjack.bet e confiavelassistentemrjack.bet e confiavelcozinha a dono dos seus próprios restaurantesmrjack.bet e confiavelmenosmrjack.bet e confiavel10 anos.

Até que vieram as inundações.

Prejuízomrjack.bet e confiavelR$ 100 mil

“A área (onde os restaurantes estão) ficou completamente inacessível e, até hoje, pra chegar lá só é possívelmrjack.bet e confiavelbarco. A gente precisava ajudarmrjack.bet e confiavelalguma maneira”, contou.

Ele estima que o prejuízo preliminar com o alagamentomrjack.bet e confiavelseus dois estabelecimentos sejamrjack.bet e confiavelpelo menos R$ 100 mil.

“Eu estava enlouquecendo com essa situação. Eu precisava ajudar e fazer alguma coisa”, complementou.

Both disse que após se dar conta da dimensão da tragédia, passou a procurar locais onde ele pudesse ajudar com o que mais sabe fazer: cozinhar.

No sábado (04/05), bateu à porta da Sogipa, um dos clubes mais tradicionaismrjack.bet e confiavelPorto Alegre. Localizado próximo a uma das áreas mais afetadas da cidade, o clube abriu suas portas para receber doações e desabrigados.

Com a chegada das primeiras vítimas das chuvas, alimentar esse contingente passou a ser uma das tarefas mais importantes.

“Eu me ofereci como cozinheiro para ajudar o pessoal a fazer essa alimentação. Ao ver os resgates, eu sabia que havia muita gente a ser alimentada”, disse.

Há duas semanas, Both é o “chef” da cozinha do abrigo montado pelo clube.

Ele coordena o trabalhomrjack.bet e confiaveloutros cozinheiros, nutricionistas e outros voluntários sem experiênciamrjack.bet e confiavelalimentação que, como ele, decidiram ajudar os desabrigados.

'Dias caóticos', fake news e cansaço

Both conta que os primeiros dias como responsável pela cozinha do abrigo foram os mais difíceis.

“Os primeiros dias foram mais caóticos. A quantidademrjack.bet e confiavelpessoas abrigadas era muito grande. A gente estava com mais ou menos 500 ou 600 pessoas por turno. E agora, começou a reduzir. A gente está servindomrjack.bet e confiaveltornomrjack.bet e confiavel250 pessoas”, conta.

Parte dos desabrigados que foram às instalações da Sogipa ou voltaram às suas nos últimos dias na esperançamrjack.bet e confiavelque o nível da água baixasse ou foram realocadosmrjack.bet e confiaveloutros abrigos espalhados por Porto Alegre e pelo interior do Estado.

Both contou, logo nos primeiros dias, que chegou a ficar maismrjack.bet e confiavel12 horas ininterruptas no abrigo.

Agora, ele chega ao local por volta das 7h30 para supervisionar a distribuição do café-da-manhã e já passa a trabalhar nas demais refeições do dia.

Depois disso, ele se certifica quemrjack.bet e confiavelequipe já colocou o feijão que será servido mais tardemrjack.bet e confiavelmolho e se as carnes a serem servidas no almoço e no jantar já foram temperadas e preparadas.

Ele disse que tenta sair antes do cansaço tomar conta.

Both contou que uma das primeiras coisas que fez ao assumir o comando da cozinha foi introduzir conceitosmrjack.bet e confiavelgestão do ramomrjack.bet e confiavelrestaurantes na gestão dos alimentos.

A primeira medida foi organizar o estoquemrjack.bet e confiaveldoações que abastece o abrigo e orientar os demais voluntários sobre como evitar o desperdíciomrjack.bet e confiavelalimentos.

A cozinha usa os alimentos doados por pessoas e empresas.

Ao todo, são quatro refeições por pessoa todos os dias: café-de-manhã, almoço, lanche da tarde e jantar.

Ele disse que uma das suas principais preocupações desde que assumiu o comando da cozinha do abrigo foi tentar elaborar cardápios que garantissem uma comida saborosa apesar das circunstâncias, um desafio pelo qual ele, diz, não imaginava que fosse ter que enfrentar emmrjack.bet e confiavelcarreira.

“(Na faculdade) eu não fazia ideia que um dia eu ia cozinharmrjack.bet e confiavelum abrigo para a pessoas que perderam tudo dentro da cidade”, disse.

Ao longo das últimas semanas, Both contou que já foi possível observar os sinaismrjack.bet e confiavelcansaçomrjack.bet e confiavelsi mesmo e nos voluntários.

“O pessoal está bem cansado. A gente vê isso no olhar caído, nos bocejos”, relatou.

E para piorar o cansaço físico, Both conta que ainda precisa lidar com o cansaço mentalmrjack.bet e confiavelmeio à catástrofe.

“O que mais pegou, mesmo, foi o cansaço mental. Foi chegarmrjack.bet e confiavelcasa, ligar a televisão e ver os locais que tu conhecia, ver que eles estão completamente alagados enquanto as redes sociais ficam te bombardeando com uma centenamrjack.bet e confiavelinformações”, contou.

Para lidar com essa fadiga mental, Both adotou uma postura radical.

“Desliguei minhas redes sociais”, relatou.

Um dos motivos que fez com que o empresário, cozinheiro e vítima das inundações tomasse essa decisão, segundo ele, foi a circulação desenfreadamrjack.bet e confiavelnotícias falsas sobre as inundações.

Uma “fake news”,mrjack.bet e confiavelparticular, o afetou mais, disse ele. Trata-semrjack.bet e confiaveluma postagem que circuloumrjack.bet e confiavelredes sociais que dizia que doações estariam deixandomrjack.bet e confiavelser realizadas porque os governos estrariam barrando o enviomrjack.bet e confiavelmercadorias sem nota fiscal.

“A gente estava aqui sofrendo... se matando para alimentar as pessoas enquanto tinha gente dizendo por aí que haveria pessoas que não seriam alimentadas porque as doações não estavam chegando”, lamentou Both.

Apesar do cansaço físico e mental, Both disse à BBC News Brasil que não pretende parar. Ao menos por enquanto.

“Eu aguento aqui enquanto precisaremmrjack.bet e confiavelmim. Não tenho data para pararmrjack.bet e confiavelser voluntário”, disse.

Desde o início da entrevista, a equipemrjack.bet e confiavelvoluntários da cozinha diminuiu o ruído das conversas paralelas. Alguns prestavam atenção ao que Both dizia.

A entrevista termina e Both cumprimenta a equipemrjack.bet e confiavelreportagem enquanto tira o microfone que está preso na golamrjack.bet e confiavelsua camisa. De repente, um som irrompe o silêncio da cozinha onde a entrevista acontecia.

A equipemrjack.bet e confiavelvoluntários que o assistia,mrjack.bet e confiavelrepente, inicia uma salvamrjack.bet e confiavelpalmas. Contido, ele agradece.