Pouca flexibilidade do corpo está associada com morte precoce, aponta estudo:blaze apostas ao vivo

Todos passaram por avaliaçõesblaze apostas ao vivoflexibilidade. Após um acompanhamento médioblaze apostas ao vivo12 anos, 302 participantes do estudo haviam morrido.

Após uma sérieblaze apostas ao vivoajustes estatísticos — e a exclusão dos óbitos por covid-19 ou causas externas, como episódiosblaze apostas ao vivoviolência e acidentes — os autores concluíram que a flexibilidade está "inversamente associada" à mortalidade.

Em outras palavras, os participantes com uma baixa flexibilidade corporal,blaze apostas ao vivoacordo com um teste realizadoblaze apostas ao vivoconsultório, tendem a morrer mais cedoblaze apostas ao vivocomparação com aqueles que apresentam uma boa amplitudeblaze apostas ao vivomovimentos.

Segundo os dados compilados no estudo, homens e mulheres com baixos índicesblaze apostas ao vivoflexibilidade tinham 1,87 e 4,78 vezes mais riscoblaze apostas ao vivomorrer, respectivamente, quando comparados aos participantes que obtiveram bons resultados nessa avaliação.

Mas o que realmente significa ser flexível? E é preciso prestar mais essa atenção neste aspecto durante a atividade física?

A elasticidade diminui com o tempo

O médico Claudio Gil Araújo, autor principal da pesquisa recém-publicada e diretor da Clinimex, explica que a flexibilidade "é uma das pouquíssimas variáveis que a gente começa a perder logo depoisblaze apostas ao vivonascer".

"Uma criançablaze apostas ao vivo2 anos chega praticamente ao picoblaze apostas ao vivoflexibilidade. Depois, a tendência é só piorar", compara ele.

Além disso, a flexibilidade não é um conceito único, que vale para o corpo inteiro. Uma pessoa pode ter um ombro muito flexível e um quadril totalmente rígido, pontua o especialista.

"Vemos isso, inclusive,blaze apostas ao vivoatletas profissionais. Nadadores, por exemplo, têm muita flexibilidade nos ombros e nos tornozelos, mas praticamente não usam o tronco. Já para ginastas, o tronco é fundamental para realizar movimentos bonitos."

No estudo, a equipe definiu a flexibilidade como "a amplitude máximablaze apostas ao vivomovimentoblaze apostas ao vivouma determinada articulação".

Ou seja, o quanto determinada junta do corpo — como tornozelos, punhos e joelhos — é capazblaze apostas ao vivose dobrar, abrir, esticar e mexer.

Para avaliar esse atributo dos pacientes, a equipe usou o chamado Flexitest, um método desenvolvido pelo próprio Araújo durante o doutorado na Universidade Federal do Rioblaze apostas ao vivoJaneiro (UFRJ) nos anos 1980.

Em suma, o teste avalia 20 movimentos realizados por sete articulações diferentes — tornozelo, joelho, quadril, tronco, punho, cotovelo e ombro.

Para cada um deles, o profissionalblaze apostas ao vivosaúde atribui uma notablaze apostas ao vivozero a quatro.

Não há nenhum aparelho ou tecnologia envolvidos no exame. O especialista precisa apenas analisar no próprio consultório cada uma das juntas do paciente, algo que leva poucos minutos, segundo Araújo.

"A nota dois é a média, dada para a maioria das pessoas. Um representa uma amplitude um pouco menor, e três, um pouco maior", detalha o médico.

"O zero é raro, porque significa que aquele indivíduo não possui praticamente nenhuma mobilidade naquela articulação. Já o quatro é algo muito acima, uma flexibilidade dignablaze apostas ao vivointegrantes do Cirque Du Soleil."

Todas essas notas são somadas para obter o resultado final, que representa um índice globalblaze apostas ao vivoflexibilidade do corpo.

Esse número pode ser comparado aos valores esperados para cada faixa etária e indica se a pessoa está acima, abaixo ou dentro da média.

Relação entre flexibilidade e longevidade

Mas o que a flexibilidade tem a ver com a longevidade?

Afinal, por que os participantes do estudo que eram "rígidos" viveram proporcionalmente menosblaze apostas ao vivocomparação com os "flexíveis"?

Araújo diz que a forma como a pesquisa foi feita não permite avaliar os mecanismos e estabelecer uma relaçãoblaze apostas ao vivocausa e efeito entre as duas coisas — embora seja possível fazer algumas especulações.

"As pessoas que são mais rígidas têm menos mobilidade e autonomia, perdem independência e caem com maior frequência", observa ele.

"É um círculo vicioso, uma bolablaze apostas ao vivoneve: esse sujeito deixablaze apostas ao vivorealizar atividades porque tem medoblaze apostas ao vivocair e se machucar. A inatividade física, porblaze apostas ao vivovez, prejudica a flexibilidade, que piora cada vez mais."

Aliás, a escolha da faixa etária dos 46 aos 65 anos para o estudo teve um propósito claro.

"Costumo brincar que, até os 45 anosblaze apostas ao vivoidade, ainda estamos na 'garantiablaze apostas ao vivofábrica'. Mesmo se fizermos alguma coisa erradablaze apostas ao vivotermosblaze apostas ao vivosaúde, dificilmente morreremos", conta Araújo.

"Geralmente, pagamos a contablaze apostas ao vivoum estiloblaze apostas ao vivovida ruim na quinta ou na sexta décadablaze apostas ao vivovida. Por isso, escolhemos esse público para avaliar as questõesblaze apostas ao vivoflexibilidade. É na meia idade que as coisas começam a dar errado."

O fisiologista do exercício Bruno Gualano, que não esteve envolvido com a pesquisa recém-publicada no Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, avalia que a longevidade pode ser influenciada por outros atributos físicos que vão além da flexibilidade.

"Quando um indivíduo treina a parte aeróbica, ao fazer caminhada, corrida, bicicleta, ou trabalha a força, com a famosa musculação, ele também melhora a flexibilidade. É algo que vemblaze apostas ao vivobônus", aponta o especialista, que é professor do Centroblaze apostas ao vivoMedicina do Estiloblaze apostas ao vivoVida da Faculdadeblaze apostas ao vivoMedicina da Universidadeblaze apostas ao vivoSão Paulo (USP).

Segundo o pesquisador, existe uma "plausibilidade biológica" por trás da relação entre os exercícios aeróbicos oublaze apostas ao vivoforça com o aumento da expectativablaze apostas ao vivovida.

"Mas ainda não temos uma lógica muito clara entre um eventual aumento da flexibilidade e uma melhorablaze apostas ao vivoíndices globaisblaze apostas ao vivosaúde", pontua Gualano.

"Será que os indivíduos que apresentam maior flexibilidade também já não são fisicamente mais ativos? E será que esse nívelblaze apostas ao vivoatividade física os predispõe a uma longevidade ampliada? Será que não há outras variáveis que podem estar por trás dessa correlação?"

Para o professor da USP, a comprovação do papel da flexibilidade na expectativablaze apostas ao vivovida só poderia ser consolidado com um estudo controlado e randomizado.

"Seria necessário dividirblaze apostas ao vivoforma aleatória um grupoblaze apostas ao vivovoluntários com características parecidas. Uma parte faria treinosblaze apostas ao vivoflexibilidade, enquanto a outra parcela não passaria por essas sessões. Depoisblaze apostas ao vivoalgum tempo, os resultados dos dois grupos poderiam ser comparados para checar se houve alguma diferença", diz Gualano.

"Claro que fazer uma pesquisa dessas não é uma coisa trivial e envolve muito tempo e dinheiro."

Araújo lembra que o estudo recém-publicado reúne dados compilados desde 1994 — e, portanto, só foram incluídas variáveis quantificadas a partir do início do trabalho, como idade, sexo e índiceblaze apostas ao vivomassa corporal (IMC) dos participantes.

"Nos últimos 30 anos, a formablaze apostas ao vivorecomendar exercícios físicos mudou muito. Treinos resistidos,blaze apostas ao vivomusculação, eram praticamente contraindicados para quem tinha doenças cardíacas até o início dos anos 2000", lembra o especialista.

"Não haveria como ter registradoblaze apostas ao vivoforma sistemática o padrãoblaze apostas ao vivoexercícios aeróbicos, resistidos eblaze apostas ao vivoflexibilidadeblaze apostas ao vivotodos os indivíduos, que entraram no estudoblaze apostas ao vivoperíodos diferentes, como nos anos 1990, no início dos 2000 e até recentemente,blaze apostas ao vivo2021."

Dá para melhorar a flexibilidade?

Para Gualano, um exercício específicoblaze apostas ao vivoflexibilidade, como sessõesblaze apostas ao vivoalongamento, por exemplo, "vai ter como resultado a melhora da capacidadeblaze apostas ao vivose alongar e ter mobilidade".

"Isso pode ser importanteblaze apostas ao vivoalgumas condições específicas e garantir a realizaçãoblaze apostas ao vivoatividades cotidianasblaze apostas ao vivoindivíduos que têm pouca flexibilidade, estão 'encurtados' e apresentam dificuldade para fazer tarefas como amarrar o próprio tênis."

No entanto, o pesquisador teme que dar foco num atributo físico específico — como a flexibilidade — pode complicar ainda mais as coisasblaze apostas ao vivoum cenárioblaze apostas ao vivoque o sedentarismo reina absoluto.

"Em termosblaze apostas ao vivosaúde pública, precisamos levarblaze apostas ao vivoconta que o tempo das pessoas é escasso para a práticablaze apostas ao vivoatividade física. O Brasil tem uma das populações mais inativas do mundo", aponta ele.

Gualano acredita que modelosblaze apostas ao vivotreinamento para a população geral que lidam com várias capacidades ao mesmo tempoblaze apostas ao vivovezblaze apostas ao vivofocarblaze apostas ao vivouma só questão podem ser mais eficazes.

"Os treinosblaze apostas ao vivoforça, por exemplo, também trabalham a amplitude dos movimentos e isso vai melhorar o índiceblaze apostas ao vivoflexibilidadeblaze apostas ao vivoum indivíduo", afirma o fisiologista.

"Será que precisamosblaze apostas ao vivoum treinamento específicoblaze apostas ao vivoflexibilidade? O meu palpite seria que não."

Araújo tem outra perspectiva. "Um dos conceitos mais clássicos do treinamento físico é o da especificidade. Para melhorar 'algo', é preciso treinar esse 'algo'", pontua o pesquisador.

Ele diz que há vários exemplos disso, especialmente quando pensamosblaze apostas ao vivoesportes e outras atividades físicas.

Um triatleta, modalidade predominantemente aeróbica, precisa fazer natação, corrida e ciclismo, porque o efeitoblaze apostas ao vivoum treino no outro é pequeno, explica Araújo.

Já corredoresblaze apostas ao vivolonga distância e halterofilistas são fisicamente muito ativos, mas costumam ser menos flexíveis que a população geral.

Porblaze apostas ao vivovez, bailarinas são muito flexíveis, mas provavelmente não se sobressaem tanto assimblaze apostas ao vivoatributos como as capacidades aeróbica e força, diz Araújo.

"Na população geral que se exercitablaze apostas ao vivoforma correta, as capacidades aeróbica,blaze apostas ao vivoforça,blaze apostas ao vivoflexibilidade eblaze apostas ao vivoequilíbrio são trabalhadas, e pode haver alguma associaçãoblaze apostas ao vivoresultados favoráveis. Mas somente porque cada um desses aspectos é exercitado, e não porque os outros três são treinados", argumenta ele.

Araújo vê a necessidadeblaze apostas ao vivopersonalizar as recomendaçõesblaze apostas ao vivoexercício conforme a aptidão físicablaze apostas ao vivocada um.

"Por que eu preciso oferecer um prato feito para todo mundo? Deveríamos inverter essa moeda e adaptar a atividade às necessidades individuais."

Atualmente, diversas entidadesblaze apostas ao vivosaúde, como a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), indicam pelo menos 150 minutosblaze apostas ao vivoatividade física aeróbicablaze apostas ao vivointensidade moderada a vigorosa por semana — algoblaze apostas ao vivotornoblaze apostas ao vivo30 minutos diários durante cinco dias da semana.

O exercício considerado "moderado a vigoroso" é aquele que gera um aumento nos batimentos cardíacos e na respiração, mas não chega a ser extenuante.

São atividades que deixam alguém ofegante, mas não impedemblaze apostas ao vivoconversar com alguém próximo.

Outro aspecto importante das orientações das autoridadesblaze apostas ao vivosaúde envolve os treinosblaze apostas ao vivoforça, que trabalham os músculos.

Segundo a OMS, o Ministério da Saúde e outras entidades da área, é importante fazê-los ao menos duas vezes por semana.

Por fim, as evidências também apontam para a necessidadeblaze apostas ao vivointerromper os chamados "comportamentos sedentários prolongados", como ficar horas na televisão, no celular ou no computador.

A cada uma hora sentado, é importante levantar e mexer o corpo por cercablaze apostas ao vivotrês a cinco minutos.

Vale lembrar aqui que o sedentarismo é encarado hoje como um dos maiores vilões da saúde e está relacionado a uma sérieblaze apostas ao vivodoenças —blaze apostas ao vivoobesidade a câncer.

A OMS estima que um terço dos adultos e 81% dos adolescentes não praticam atividade física suficiente.