Como a ciência explica misteriosa 'paralisia do sono':aposta ganha net
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Composer(s) | Graeme Revell |
Series | Call of Duty |
Engine | IW 2.0 |
Platform(s) | Microsoft Windows Xbox 360 mobile Mac OS X |
Fim do Matérias recomendadas
Fiqueiaposta ganha netpânico, até que, cercaaposta ganha net15 segundos depois, consegui me mover.
Só mais tarde descobri o nome do que havia acontecido comigo: paralisia do sono.
É uma condição noturna surpreendentemente comum, na qual parte do seu cérebro acorda, enquanto o seu corpo permanece temporariamente paralisado.
Depois daquele primeiro e assustador episódio, a paralisia tornou-se frequente — um episódio a cada duas ou três noites.
Quanto mais acontecia, menos assustadora ela se tornava, até que passou a ser pouco mais do que um inconveniente.
Mas a paralisia do sono pode ser algo muito mais sério. E, para algumas pessoas, ela é acompanhadaaposta ganha netterríveis alucinações.
Conversei com uma pessoa afetada pela condição, que pediu para ser identificada apenas pelo primeiro nome. Victoria tem 24 anosaposta ganha netidade e se lembra do que aconteceu com ela certa noite, quando tinha apenas 18 anos.
"Acordei e não conseguia me mover", ela conta. "Vi essa figura parecida com um gremlin escondida atrás da minha cortina. Ela pulou sobre o meu peito. Achei que tivesse entradoaposta ganha netoutra dimensão. E o mais assustador era que eu não conseguia gritar. Era tudo tão vívido, tão real."
Outras pessoas têm alucinações com demônios, fantasmas, alienígenas, intrusos ameaçadores e até parentes mortos.
Elas veem partes dos seus próprios corpos flutuando no ar ou cópias clonadasaposta ganha netsi próprias,aposta ganha netpé ao lado da cama. Alguns veem anjos e acreditam, mais tarde, que tiveram uma experiência religiosa.
Pesquisadores acreditam que essas alucinações possam ter alimentado a crença nas bruxas na Europa, no início da Idade Moderna, e talvez até expliquem alguns relatos atuaisaposta ganha netabdução por alienígenas.
Os cientistas acreditam que a paralisia do sono provavelmente tenha existido desde o surgimento dos seres humanos.
Existem diversas descrições detalhadasaposta ganha netepisódios ao longo da história da literatura. Mary Shelley, por exemplo, aparentemente se inspirouaposta ganha netuma pintura ilustrando um episódioaposta ganha netparalisia do sono para escrever uma cena no livro Frankenstein.
Mas a paralisia do sono só começou a ser estudada recentemente.
"Foi um fenômeno ignorado... mas, nos últimos 10 anos, o interesse vem aumentando", afirma o pesquisador do sono Baland Jalal, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
Em 2020, Jalal conduziu o que pode ter sido o primeiro teste clínico sobre diferentes formasaposta ganha nettratamento da paralisia do sono.
Jalal é um dos poucos cientistas do sono que estão investindo tempo e energia na pesquisa dessa condição.
Eles esperam elaborar um quadro mais detalhado das suas causas e efeitos — e descobrir o que a condição pode nos contar sobre os mistérios do cérebro humano como um todo.
Até recentemente, havia pouco consenso sobre a experiência da paralisia do sono. Os estudos eram esporádicos e havia pouca consistência entre os métodos.
Até que,aposta ganha net2011, o psicólogo clínico Brian Sharpless realizou a análise mais abrangente já realizada sobre a incidência da condição. Na época, ele trabalhava na Universidade Estadual da Pensilvânia e, atualmente, é professor visitante do St. Mary’s Collegeaposta ganha netMaryland, ambos nos Estados Unidos.
O psicólogo também é um dos autores do livro Sleep Paralysis: Historical, Psychological and Medical Perspectives ("Paralisia do sono: perspectivas históricas, psicológicas e médicas",aposta ganha nettradução livre).
Sua análise incluiu dadosaposta ganha net35 estudos realizados ao longoaposta ganha netcinco décadas. Coletivamente, eles envolveram maisaposta ganha net36 mil voluntários.
Sharpless concluiu que a paralisia do sono é mais comum do que se pensava anteriormente.
Quase 8% dos adultos afirmaram ter passado pela experiênciaaposta ganha netalgum momento da vida. Este índice é muito maior entre estudantes universitários (28%) e pacientes psiquiátricos (32%).
"Realmente, não é tão incomum", afirma Sharpless.
A explicação e o tratamento
Depois da experiência com a condição, algumas pessoas buscam explicações sobrenaturais ou até paranormais. Mas, na verdade, Jalal explica que a causa é muito mais simples.
À noite, o nosso corpo passa por quatro estágiosaposta ganha netsono. O último estágio é o chamado movimento rápido dos olhos (REM, na siglaaposta ganha netinglês). É neste estágio que sonhamos.
Durante o sono REM, o cérebro paralisa os músculos, provavelmente para evitar que você atue fisicamente nos seus sonhos e acabe se machucando. Mas, às vezes (os cientistas ainda não sabem exatamente o motivo), a parte sensorial do cérebro sai prematuramente do sono REM.
Com isso, você acorda. Mas a parte inferior do cérebro ainda estáaposta ganha netREM, explica Jalal, e continua enviando neurotransmissores para paralisar seus músculos.
"A parte sensorial do cérebro fica ativa", segundo Jalal. "Você está acordando mental e sensorialmente — mas, fisicamente, você ainda está paralisado."
Quando eu tinha pouco maisaposta ganha net20 anosaposta ganha netidade, eu sofriaaposta ganha netparalisia do sono a cada duas ou três noites, mas o impacto sobre a minha vida, mesmo naquela época, era pequeno.
Era apenas uma história interessante para contar para a família e os amigos. E, neste particular, minha experiência era comum.
"Para a maioria das pessoas, é algo peculiar que faz parte das suas vidas", afirma Colin Espie, professoraposta ganha netmedicina do sono da Universidadeaposta ganha netOxford, no Reino Unido.
"É um pouco como o sonambulismo", segundo ele. "A maioria das pessoas sonâmbulas nunca consulta um médico. É uma curiosidade familiar, um temaaposta ganha netconversa."
Mas, para uma minoria infeliz, a condição é mais desafiadora. A pesquisaaposta ganha netSharpless concluiu que 15% a 44% das pessoas que sofremaposta ganha netparalisia do sono passam por "estresse clinicamente significativo", devido à condição.
Os problemas costumam surgir como consequência da forma como reagimos à paralisia do sono, mais do que da condiçãoaposta ganha netsi. Os pacientes passam o dia obcecados para saber quando poderá surgir o próximo episódio.
"Ela pode gerar ansiedade no início e no final da noite", explica Espie. "Você cultiva uma redeaposta ganha netpreocupaçãoaposta ganha nettorno dela. Sua pior expressão é tornar-se uma espécieaposta ganha netataqueaposta ganha netpânico."
Nos casos mais sérios, a paralisia do sono pode ser um sinalaposta ganha netnarcolepsia latente — uma condição do sono mais séria, na qual o cérebro é incapazaposta ganha netregular os padrõesaposta ganha netsono e vigília, fazendo com que a pessoa adormeçaaposta ganha netmomentos inadequados.
Os médicos afirmam que a paralisia ocorre com mais frequência quando a pessoa dorme pouco, o que fragmenta a arquitetura do sono. Alguns pacientes também costumam sofrer mais quando dormemaposta ganha netbarriga para cima, embora a explicação para este fenômeno seja desconhecida.
O tratamento mais comum da paralisia do sono é educacional. Os pacientes simplesmente aprendem a ciência por trás da condição e são tranquilizados, sabendo que não há perigo.
Às vezes, pode-se utilizar alguma formaaposta ganha netmeditação. O objetivo é reduzir a ansiedade dos pacientes na horaaposta ganha netir dormir e treiná-los a permanecer calmos quando surgir a paralisia do sono.
Em casos mais sérios, pode-se considerar o usoaposta ganha netmedicamentos, incluindo inibidores seletivos da recaptaçãoaposta ganha netserotonina (SSRIs, na siglaaposta ganha netinglês), normalmente empregados para o tratamento da depressão, mas que apresentam o efeito colateralaposta ganha netsuprimir o sono REM.
'Máquinaaposta ganha netcontar histórias'
Os episódios mais dramáticos e memoráveis da paralisia do sono normalmente são acompanhadosaposta ganha netalucinações vívidas. Normalmente, essas visões noturnas causam medo, mas os cientistas também acreditam que elas possam nos contar histórias fascinantes sobre o cérebro humano.
Quando entramosaposta ganha netparalisia do sono, o córtex motor do cérebro começa a enviar sinais para o corpo, dizendo para que ele se mova. Mas os músculos estão paralisados,aposta ganha netforma que o cérebro não recebe sinaisaposta ganha netretorno.
"Existe uma incongruência... o indivíduo está partido, decomposto", afirma Jalal.
Como resultado, o cérebro "preenche a lacuna" e criaaposta ganha netprópria explicação por que os músculos não conseguem se mover. É por isso que tantas alucinações incluem uma criatura sentada no peito ou segurando o corpo da pessoa.
Este processo reforça a ideia comum entre os cientistas evolucionistasaposta ganha netque o cérebro humano é uma "máquinaaposta ganha netcontar histórias".
Nós lutamos para aceitar o fatoaposta ganha netque grande parte do mundo é aleatória e, com isso, nosso cérebro imagina narrativas dramáticas,aposta ganha netum esforço para encontrar significadoaposta ganha netalgo corriqueiro.
Christopher French, chefe da unidadeaposta ganha netpesquisa sobre psicologia anomalística da Universidade Goldsmiths,aposta ganha netLondres, passou maisaposta ganha netuma década conversando com pessoasaposta ganha nettodo o mundo que sofreram essas alucinações e registrando o que elas diziam.
"Existem temas comuns, mas também há muitas idiossincrasias, muita variabilidade", afirma French.
Algumas alucinações sãoaposta ganha netdifícil explicação e até, simplesmente, bizarras.
Ao longo dos anos, French registrou visõesaposta ganha netum gato preto com aparência sinistra e um homem sendo estrangulado por plantas. Mas outras alucinações são muito mais comuns e parecem ser fortemente influenciadas pela cultura local.
Na Terra Nova, no Canadá, é comum ver uma "bruxa velha" sentada sobre o peito. Já os mexicanos relatam um "homem morto" deitado sobre o peito e,aposta ganha netSanta Lúcia, no Caribe, as pessoas falamaposta ganha netkokma — as almas das crianças não batizadas — estrangulando-as durante o sono.
Os turcos descrevem o karabasan, uma criatura misteriosa e fantasmagórica, enquanto os italianos costumam ter alucinações com bruxas.
Tudo isso fortalece a ideiaaposta ganha netque os seres humanos são animais predominantemente sociais e fortemente influenciados pela cultura e pelas expectativas.
De fato,aposta ganha netuma sérieaposta ganha netestudos, Baland Jalal comparou os sintomas da paralisia do sono na Dinamarca e no Egito, entre voluntários com idade e distribuiçãoaposta ganha netgênero similares. Ele encontrou um abismo cultural nas formasaposta ganha netmanifestação da paralisia do sono.
Os egípcios sofreram paralisia do sono com muito mais frequência do que os dinamarqueses (44% contra 25%) e apresentaram maior propensão a apresentar explicações sobrenaturais. Os voluntários egípcios que acreditavamaposta ganha netfantasmas e demônios também passaram mais tempo paralisadosaposta ganha netcada episódio.
A teoriaaposta ganha netJalal é que o medo do sobrenatural aumenta o medo das pessoasaposta ganha netrelação à paralisia do sono. E essa ansiedade torna o fenômeno mais comum — uma demonstração da relação íntima entre o nosso corpo e a nossa mente.
"Quando você tem estresse e ansiedade, aaposta ganha netarquitetura do sono ficará mais fragmentada,aposta ganha netforma que você tem maior propensão a sofrer paralisia do sono", afirma ele.
"Digamos que aaposta ganha netavó diga, 'a criatura tem esta aparência, ela vem à noite e ataca você'", prossegue ele. "E, devido a esse medo, [você fica] hiperdesperto, os centrosaposta ganha netmedo do seu cérebro estão hiperalertas. E eis que, durante o sono REM, [você] sente, 'oh, algo está errado, não consigo me mover, a criatura está aqui'."
"Parece que a cultura realmente pode criar este efeito surpreendente", conclui Jalal.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future