Por que o Brasil continuou um só enquanto a América espanhola se dividiugrupo vip apostas esportivasvários países?:grupo vip apostas esportivas

Maiores distâncias, diferentes estilosgrupo vip apostas esportivasadministração

Uma das causas tem a ver com a distância geográfica entre as cidades das antigas colônias e a forma como as duas possessões eram administradas por suas respectivas metrópoles.

Ainda que a colônia portuguesa tivesse dimensões continentais, a maior parte da população se concentravagrupo vip apostas esportivascidades costeiras, enquanto o interior permanecia praticamente inexplorado, lembra à BBC News Brasil o historiador mexicano Alfredo Ávila Rueda, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

"É verdade que, hoje, o Brasil é um país enorme, com maisgrupo vip apostas esportivas8 milhõesgrupo vip apostas esportivaskm². Mas, na prática, na época da independência, as principais cidades se concentravam no litoral. As distâncias entre as cidades eram, assim, menores do que na América Espanhola. O interior era praticamente território que não era controlado pela Coroa portuguesa", diz.

Já a América Espanhola era formada por quatro grandes vice-reinados: Nova Espanha, Peru, Rio da Prata e Nova Granada, com poucos vínculos - senão comerciais - entre si. Cada um deles respondia à Coroa e tinha vida própria.

Ou seja, eram administrados localmente. Além disso, foram criadas capitanias que tinham governos independentes desses vice-reinados, como as da Venezuela, Guatemala, Chile e Quito, acrescenta Ávila Rueda.

"A administração espanhola se deugrupo vip apostas esportivastornogrupo vip apostas esportivasduas 'sub-metrópoles': México e Peru. Isso não aconteceu no Brasil, onde a administração era muito mais centralizada", explica o historiador mexicano.

Diferenças entre as elites

Outra causa está relacionada à formação e à representatividade das elites nas duas colônias, na opinião do historiador brasileiro José Murilogrupo vip apostas esportivasCarvalho.

No Brasil, a elite era muito mais homogênea ideologicamente do que a espanhola, diz ele.

Carvalho argumenta que isso se deveu à tradição burocrática portuguesa. Portugal nunca permitiu a criaçãogrupo vip apostas esportivasuniversidades emgrupo vip apostas esportivascolônia. Escolas superiores só foram criadas após a chegada da corte,grupo vip apostas esportivas1808. Assim, os brasileiros que quisessem e pudessem ter formação universitária tinham que viajar a Portugal, sobretudo à cidadegrupo vip apostas esportivasCoimbra.

"Diantegrupo vip apostas esportivasum pedido para se criar uma escolagrupo vip apostas esportivasMedicinagrupo vip apostas esportivasMinas Gerais, no século 18, a resposta da Corte foi: agora pedem uma faculdadegrupo vip apostas esportivasMedicina, daqui a pouco vão pedir uma faculdadegrupo vip apostas esportivasDireito e,grupo vip apostas esportivasseguida, vão querer a independência", exemplifica o historiador brasileiro.

Quando se formavam, esses ex-alunos voltavam ao Brasil e acabavam ocupando cargos importantes na administração da colônia. Ou seja, um desembargadorgrupo vip apostas esportivasPernambuco formadogrupo vip apostas esportivasCoimbra tinha grandes chancesgrupo vip apostas esportivasconhecer um desembargador do Riogrupo vip apostas esportivasJaneiro também diplomado na mesma universidade, ougrupo vip apostas esportivaster conhecidosgrupo vip apostas esportivascomum, o que, na opiniãogrupo vip apostas esportivasCarvalho, favoreceu um sentimentogrupo vip apostas esportivasunidade na colônia.

"Esses estudantes luso-brasileirosgrupo vip apostas esportivasCoimbra tinham organização própria. Envolveram-se no mesmo ensino que os portugueses e foram absorvidos pela burocracia da Corte, sendo enviados a todos os pontos do império português - do Brasil à África. Portugal tinha uma população muito pequena à época e não havia gente suficiente para administrar seu império. Acabou dependendo dos brasileiros treinados lá", diz.

"Eles formaram grande parte da elite política brasileira até cercagrupo vip apostas esportivas1850, como ministros, conselheirosgrupo vip apostas esportivasEstado, deputados e senadores", acrescenta.

Segundo Murilogrupo vip apostas esportivasCarvalho, essa formação da elite brasileiragrupo vip apostas esportivasPortugal acabou por favorecer a obediência à figura real e a crença nas virtudes do poder centralizado.

Entre 1772 e 1872, passaram pela Universidadegrupo vip apostas esportivasCoimbra 1.242 estudantes brasileiros.

Por outro lado, na América Espanhola, durante esse mesmo período, 150 mil estudantes se formaramgrupo vip apostas esportivasuniversidades locais, diz Carvalho. Havia pelo menos 23 universidades na colônia, três delas apenas no México. Só a Universidade do México formou quase 40 mil estudantes.

Dessa forma, argumenta o historiador, quando os movimentosgrupo vip apostas esportivasindependência na América Espanhola começaram a ganhar força, no século 19, eles surgiram coincidentemente nos locais onde havia universidades. E praticamente todos esses locais com universidades acabaram dando origem a um país diferente.

Ávila Rueda contesta, contudo, essa última hipótese. "Essas universidades eram, emgrupo vip apostas esportivasmaioria, reacionárias...aliadas à Coroa espanhola", diz.

"A Universidade do México, por exemplo, era muito reacionária, a tal ponto que,grupo vip apostas esportivas1830 (após a independência do México), o governo mexicano decidiu fechá-la porque acreditava que não seria possível reformá-la", acrescenta.

Neste sentido, o historiador mexicano diz acreditar que a livre circulaçãogrupo vip apostas esportivasimpressos (jornais, livros e panfletos) na América espanhola, que não era permitida na América portuguesa (a proibição só foi revertidagrupo vip apostas esportivas1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil), teve papel muito mais importante na construçãogrupo vip apostas esportivasidentidades regionais do que propriamente as universidades.

"Já na América portuguesa, tudo o que era consumido vinhagrupo vip apostas esportivasPortugal, o que gerava esse vínculo muito forte com a metrópole", lembra.

Mas fato inconteste era que, na América espanhola, os nascidos na colônia, os chamados criollos, a elite local (grandes proprietáriosgrupo vip apostas esportivasterras, arrendatáriosgrupo vip apostas esportivasminas, comerciantes e pecuaristas) eram desprezadosgrupo vip apostas esportivasrelação aos nascidos na Espanha, os Peninsulares.

Até 1700, quando a Espanha era governada pela dinastia dos Habsburgo, as colônias tinham bastante autonomia.

Mas tudo mudou com as reformas borbônicas feitas pelo rei espanhol Carlos 3º. Naquele momento, a Espanha precisava aumentar a extraçãogrupo vip apostas esportivasriquezagrupo vip apostas esportivassuas colônias para financiar a manutençãogrupo vip apostas esportivasseu império e guerras nas quais estava envolvido.

Com isso, a Coroa decidiu expandir os privilégios dos peninsulares - colonos nascidos na Espanha -, que passaram a ocupar os cargos administrativos anteriormente destinados aos criollos.

Ao mesmo tempo, as reformas realizadas pela Igreja Católica reduziram os papéis e os privilégios do baixo clero, que também era formado emgrupo vip apostas esportivasmaioria por criollos.

Napoleão invade Portugal...e a família real portuguesa foge para o Brasil

Outro motivo que explica a manutenção da unidade do Brasil, senão o mais importante, foi a fuga da família real portuguesa paragrupo vip apostas esportivasentão maior colônia,grupo vip apostas esportivasacordo com os historiadores.

Em 1808, com a invasãogrupo vip apostas esportivasPortugal por Napoleão Bonaparte, o príncipe regente João fugiu para o Riogrupo vip apostas esportivasJaneiro, transferindo não somente a corte, mas toda a burocracia do governo: arquivos, biblioteca real, tesouro público e cercagrupo vip apostas esportivas15 mil pessoas. O Riogrupo vip apostas esportivasJaneiro virou, então, a sede político-administrativa do império. A presença do reigrupo vip apostas esportivasterritório brasileiro serviu como fontegrupo vip apostas esportivaslegitimidade para que a colônia se mantivesse unida.

"O rei era um herdeiro legítimo do poder. Temos dificuldadegrupo vip apostas esportivasentender a importância disso hoje, mas naquela época a figuragrupo vip apostas esportivasDom João 6º como monarca tinha muita força", diz à BBC News Brasil o historiador americano Richard Graham, professor emérito da Universidade do Texas e considerado um dos maiores especialistasgrupo vip apostas esportivashistória da América Latina nos Estados Unidos.

Carvalho explica que a "transferência trouxe para o Brasil toda a burocracia portuguesa. Portugal passou a ser uma dependência. Desenvolveu-se, portanto, um focogrupo vip apostas esportivaslegitimidade política no país".

"Se Dom João não tivesse vindo para o Brasil, o país teria se divididogrupo vip apostas esportivascinco ou seis países. Os lugaresgrupo vip apostas esportivasmaior desenvolvimento econômico, como Pernambuco e Riogrupo vip apostas esportivasJaneiro, teriam conseguidogrupo vip apostas esportivasindependência", assinala.

Enquanto isso, o rei espanhol é forçado a abdicar do trono...

Na Espanha, contudo, essa fontegrupo vip apostas esportivaslegitimidade foi questionada após a invasãogrupo vip apostas esportivasNapoleão. Ele forçou o rei espanhol, Carlos 4º e seu filho, Fernando 7º, a abdicar do trono a favorgrupo vip apostas esportivasseu irmão, José Bonaparte (mais tarde José 1º da Espanha).

Na colônia, a notícia caiu como uma bomba. Aqueles que viviam na América Espanhola já não sabiam mais a quem obedecer. Surgiram juntas administrativas, muitas das quais no começo governavamgrupo vip apostas esportivasnomegrupo vip apostas esportivasFernando 7º, recusando-se a receber ordensgrupo vip apostas esportivasjuntas semelhantes formadas na Espanha (após a invasãogrupo vip apostas esportivasNapoleão, o governo espanhol foi divididogrupo vip apostas esportivasinúmeras juntas administrativas).

Quando Napoleão foi derrotado, esses líderes locais já tinham experiênciagrupo vip apostas esportivasautogoverno. Reconduzido ao tronogrupo vip apostas esportivas1814, Fernando 7º não garantiu a autonomia deles e tentou usar a força para restabelecer a submissão das colônias.

Esse fato aliado à política discriminatória por parte da Coroa Espanholagrupo vip apostas esportivasrelação aos nascidos nas Américas fez com que eles se rebelassem, inspirados pelos ideais iluministas espalhados pelas revoluções americana e francesa.

Com o apoiogrupo vip apostas esportivasoutras castas, eles travaram lutas sangrentas contra a Espanha por independência, entre 1809 a 1826.

Por outro lado, quando Napoleão foi derrotado, Dom João 6º elevou o Brasil à condiçãogrupo vip apostas esportivasReino Unido a Portugal. Também permaneceu no Riogrupo vip apostas esportivasJaneiro até que as cortes exigissem seu retorno a Lisboa,grupo vip apostas esportivas1820, e aceitasse uma constituição liberal.

Dom João 6º deixou seu filho, Pedro, como príncipe regente no Brasil, egrupo vip apostas esportivas1822, Pedro tornou o Brasil independente, coroando a si mesmo como Dom Pedro 1º. O Brasil ganhou então a independência como uma monarquia constitucional.

Temor social

Preocupações econômicas e sociais também contribuíram fortemente para assegurar a unidade do Brasil.

Segundo Graham, fazendeiros e homens ricos das cidades acabaram aceitando uma autoridade central por dois motivos: a ameaçagrupo vip apostas esportivasdesordem social e o apelogrupo vip apostas esportivasuma monarquia legítima.

Um possível desmembramento do Brasilgrupo vip apostas esportivasdiferentes países poderia colocargrupo vip apostas esportivasxeque o firme controle social desejado pelos proprietáriosgrupo vip apostas esportivasterras e escravocratas. Inicialmente, eles achavam que conseguiriam manter o respeito e a obediência, mas revoltas populares provaram o contrário, na prática. No Haiti, por exemplo, a independência significou o fim da escravidão.

Embora o Brasil tenha conseguidogrupo vip apostas esportivasindependênciagrupo vip apostas esportivasPortugal sem recorrer à luta militar generalizada, os líderes regionais procuravam maior liberdadegrupo vip apostas esportivasrelação à capital, o Riogrupo vip apostas esportivasJaneiro, diz Graham.

Mas, com o tempo, eles perceberam que essa vontadegrupo vip apostas esportivasreivindicar um autogoverno regional ou a independência completa do governo centralizado poderia enfraquecergrupo vip apostas esportivasautoridade, não somente sobre os escravos, mas também sobre as classes inferioresgrupo vip apostas esportivasgeral. Ou seja, temiam a desordem social.

"É importante lembrar que o Brasil era um paísgrupo vip apostas esportivasescravos. Eles compunham grande parte da população. Era muito perigoso que as classes dominantes começassem a brigar entre si e colocassemgrupo vip apostas esportivasriscogrupo vip apostas esportivaslegitimidade", destaca Graham.

"Essa classe dominante temia que esses escravos pudessem aproveitar-segrupo vip apostas esportivassuas divisões internas para se rebelar", acrescenta.

Na América Espanhola, por outro lado, diz o historiador americano, "as elites (...) aprenderam que poderiam lidar muito bem com uma população irrequieta. Todos os países hispano-americanos tomaram medidas que objetivavam terminar com a escravidão, possivelmente para diminuir o perigo da revolta escrava. Mestiços (e alguns mulatos, como na Venezuela), tinham o comandogrupo vip apostas esportivasforças militares e eram frequentemente recompensados com possegrupo vip apostas esportivasterras tomadas dos monarquistas", diz.

Estatísticas sobre o comérciogrupo vip apostas esportivasescravos embasam tal hipótese.

Entre 1500 e 1866, a América Espanhola recebeu 1,3 milhãogrupo vip apostas esportivasescravos trazidos da África. No mesmo período, desembarcaram no Brasil 4,9 milhões, segundo dados da The Trans-Atlantic Slave Trade Database, um esforço internacionalgrupo vip apostas esportivascatalogaçãogrupo vip apostas esportivasdados sobre o tráficogrupo vip apostas esportivasescravos - que inclui, entre outros, a Universidadegrupo vip apostas esportivasHarvard.

O levantamento foi possível porque os escravos eram uma mercadoria, registrada na entrada e saída dos portos, sobre a qual incidia cobrançagrupo vip apostas esportivasimpostos. Nenhum outro lugar do mundo recebeu tantos escravos.

Fragmentaçãogrupo vip apostas esportivasvários países

Mas por que as fronteiras dos países recém-independentes na América Espanhola não se mantiveram as mesmas das dos quatro vice-reinados? Ou seja, por que houve tanta fragmentação?

Explica Ávila Rueda: "Na época colonial, o conceitogrupo vip apostas esportivasfronteira era distinto do dos Estados modernos. O que havia era um sistemagrupo vip apostas esportivasjurisdição, nãogrupo vip apostas esportivasfronteiras. E as diferentes jurisdições às vezes se sobrepunham umas às outras".

Ele cita o caso do vice-reinadogrupo vip apostas esportivasNova Espanha (território que compreende parte dos Estados Unidos, México e América Central).

"Em termosgrupo vip apostas esportivasgoverno, o vice-rei tinha controle sobre praticamente todo o território, salvo as regiões mais ao norte, que eram independentes neste sentido. Mas, a nível fiscal, o governo do México tinha controle sobre essas regiões. Jágrupo vip apostas esportivasrelação a questões jurídicas, a gestão era totalmente diferente".

"Assim, houve conflitos bélicos muito fortes para delimitar essas fronteiras no século 19, inclusive após a independência", acrescenta.

Ávila Rueda lembra que, com a abdicaçãogrupo vip apostas esportivasFernando 7º, ocorre um processogrupo vip apostas esportivasque os territórios provinciais passam a lutar por "mais autonomia".

"Julgamos o passado a partir do nosso pontogrupo vip apostas esportivasvista atual. Achamos que o vice-reinadogrupo vip apostas esportivasNova Espanha se manteve como um país unido, que é o México atual. Mas nos esquecemos que depois da independência, surgiu o império mexicano, que incluía a atual América Central. Posteriormente, com a dissolução do império mexicano, se estabeleceram a federação mexicana e a federação centro-americana, que mais tarde se desintegrariagrupo vip apostas esportivasoutros países", diz.

"Houve um processogrupo vip apostas esportivasfragmentação na América Espanhola. Eventualmente, algumas dessas províncias formam confederações para ter força militar e se defendergrupo vip apostas esportivasoutros inimigos. Ou são unidas à força, como fez Simón Bolívar", acrescenta.

Graham concorda. "Se você vai se tornar independente da Espanha, por que continuaria a se submeter aos mandos e desmandosgrupo vip apostas esportivasBuenos Aires, por exemplo? A divisão por vice-reinos era burocrática. E as fronteiras atuais dos países da América Latina demoraram para ser consolidadas. Não era possível prevê-las antesgrupo vip apostas esportivas1810, pois resultaramgrupo vip apostas esportivasdisputas internas após a independência", explica.

Mas é importante lembrar que também houve na América Espanhola planosgrupo vip apostas esportivasunificação, que não avançaram.

Em 1822, Simón Bolívar e Joségrupo vip apostas esportivasSan Martín, duas das figuras mais importantes da descolonização da América Espanhola, reuniram-se na cidadegrupo vip apostas esportivasGuayaquil, no Equador, para discutir o futuro da América Espanhola.

Enquanto Bolívar era partidário da unidade das ex-colônias (ele forçou a unificação da Colômbia e da Venezuela) e a formaçãogrupo vip apostas esportivasuma federaçãogrupo vip apostas esportivasrepúblicas, San Martín defendia a restauração da monarquia, sob a formagrupo vip apostas esportivasgovernos liderados por príncipes europeus. A ideiagrupo vip apostas esportivasBolívar voltou a ser discutida no Congresso do Panamá,grupo vip apostas esportivas1826, mas acabou rejeitada.

E se Fernando 7º tivesse feito o mesmo que D. João 6º e transferido a corte às Américas, o mapa da América Latina seria diferente do que é hoje?

Em um artigo, o historiador americano William Spence Robertson, já falecido, cita a frasegrupo vip apostas esportivasum observador espanholgrupo vip apostas esportivas1821: "O México não aceitaria as leis que fossem sancionadasgrupo vip apostas esportivasLima; nem Lima aceitaria as leis que fossem sancionadas no México".

"A principal pergunta, portanto, é onde ele escolheria se estabelecer. Não acredito que o México permaneceria leal a um rei estabelecidogrupo vip apostas esportivasLima e nãogrupo vip apostas esportivasMadri", diz Graham.

"Mas certamente (se Fernando 7º tivesse se transferido às Américas) haveria menos divisões do que, na verdade, ocorreu", acrescenta.

Isso porque os reis oferecem legitimidade.

Tanto é que, na Argentina, quando um congressogrupo vip apostas esportivas1816 declarou a independência das "Províncias Unidas", Juan Martingrupo vip apostas esportivasPueryrredón, nomeado diretor dessa entidade, tentou, nos três anos seguintes,grupo vip apostas esportivasvão buscar alguém na Europa com vínculo real para se tornar rei das Províncias Unidades do Rio da Prata.

"A própria mulhergrupo vip apostas esportivasDom João, Dona Carlota Joaquina, tinha vontadegrupo vip apostas esportivasse tornar rainha do Prata", lembra Murilogrupo vip apostas esportivasCarvalho.

Já no México, quando as cortes espanholas se recusaram a reconhecer a independência mexicana e a permitir que um membro da realeza aceitasse o trono do império mexicano, Agustín Iturbide, um dos mentores da independência, forjou uma eleição ao fim da qual foi coroado imperador, como Agustín 1º.

No Peru, também foi aventada a possibilidadegrupo vip apostas esportivasum príncipe espanhol liderar uma monarquia independente.

Rebeliões no Brasil

Mas o processogrupo vip apostas esportivasunificação territorial no Brasil tampouco foi totalmente pacífico. Houve movimentosgrupo vip apostas esportivascaráter emancipacionistagrupo vip apostas esportivasMinas Gerais (1789), na Bahia (1798),grupo vip apostas esportivasPernambuco (1817).

No entanto, essas revoltas foram mais fomentadas por um sentimentogrupo vip apostas esportivasautonomia do que propriamente por um desejogrupo vip apostas esportivasruptura entre a colônia e a metrópole.

Um exemplo emblemático disso foi a chamada Inconfidência Mineira, liderada por Tiradentesgrupo vip apostas esportivasMinas Gerais (1789). Não havia nessa conspiração antimetropolitana nenhum desejogrupo vip apostas esportivaslibertaçãogrupo vip apostas esportivastodo o território.

Quando Dom Pedro 1º declarou a Independência do Brasil,grupo vip apostas esportivas1822, por exemplo, a maior parte das províncias do norte foram contra e permaneceram leais a Portugal, até defrontarem-se com uma força vinda do Riogrupo vip apostas esportivasJaneiro.

Ainda assim, como lembra Graham, "mesmos os grupos do sul que declaramgrupo vip apostas esportivasaliança a D. Pedro 1º,grupo vip apostas esportivasmeadosgrupo vip apostas esportivas1822, não significavam o triunfo do nacionalismo. Ao contrário, eles simplesmente preferiam o domínio dele, com a promessagrupo vip apostas esportivasautonomia local, ao domínio das cortes portuguesas, que ameaçava essa autonomia".

Ávila Rueda acrescenta ainda que, "como na América portuguesa não houve uma guerragrupo vip apostas esportivasindependência e sim uma continuidade com a transferência da corte, o governo do Riogrupo vip apostas esportivasJaneiro tinha mais força para suprimir essas rebeliões".

"Em contrapartida, o governo do México não tinha força suficiente para evitar o desmembramento da América Central. Tampouco o governogrupo vip apostas esportivasBuenos Airesgrupo vip apostas esportivasrelação a Uruguai ou Paraguai", acrescenta.

'Acordogrupo vip apostas esportivasinteresses'

Segundo a historiadora brasileira Lilia Schwarcz, "a independência do Brasil foi uma soluçãogrupo vip apostas esportivascompromisso entre as elites, no sentidogrupo vip apostas esportivasprimeiro evitar uma mudança estrutural na então colônia que se tornaria um país e evitar grandes conturbações sociais", diz.

"Houve um ajuste entre as várias elites locais no sentidogrupo vip apostas esportivaspreservar a escravidão, evitar o formatogrupo vip apostas esportivasuma revolução, inclusive sabendo do que havia ocorrido na América Espanhola e conseguir manter o país unificado", acrescenta.

Graham concorda. "O governo central não foi imposto às pessoas influentes ou até mesmo "vendido" a eles. Eles (a elite brasileira) o escolheram", assinala.

"Eles procuravam legitimidade porque, sem ela,grupo vip apostas esportivasautoridade local permanecia relativamente fraca. Eles desejavam fortalecer a hierarquia porque ela validaria agrupo vip apostas esportivasprópria posição local predominante. Para alcançar esses objetivos, eles construíram um estado central, simbolizado no imperador. A monarquia tinhagrupo vip apostas esportivasutilidade".

"A presença do imperador foi fundamental. As elites pretendiam que o imperador fosse uma espéciegrupo vip apostas esportivassímbolo a unificar as diferentes províncias e que,grupo vip apostas esportivasalguma maneira, ele fizesse uma passagem não tão convulsionada como no restante da América Espanhola. Sabemos que a história não foi bem assim, mas foi o que aconteceu no momento da independência", diz Schwarcz.

Por fim, a opção por um governo central, alémgrupo vip apostas esportivasafastar o espectrogrupo vip apostas esportivasuma anarquia social, também favorecia estender o poder dessas elites, uma vez que cabia a elas as indicações aos cargos públicos, como oficiais da Guarda Nacional, delegadosgrupo vip apostas esportivaspolícia e juízes.

"Eles vieram a considerar o governo central como apropriado e útil para fins pessoais", diz Graham.

Já no fim do século, com a unidade do Brasil já assegurada e a escravidão abolida, as elites já não precisavam mais "de um símbolo vivo do estado" para estabelecergrupo vip apostas esportivaslegitimidade.

O império acabou destronado pelo Exército, que proclamou a república quase sem disparar um único tiro.

Com ilustraçõesgrupo vip apostas esportivasCecilia Tombesi e Kako Abraham