As origens do capirote, o curioso gorro pontudo usado por penitentes espanhóis na Semana Santa:casino 365 bet365

E também à própria celebração da Páscoa, uma “festa viva” que evoluiu ao longo dos séculos, “e que, especialmente no sulcasino 365 bet365Espanha, tem um significado festivo, é uma curiosa combinaçãocasino 365 bet365viver a paixão e misturá-la com a ressurreição".

Do Domingocasino 365 bet365Ramos ao Domingocasino 365 bet365Páscoa, as ruas da Espanha se enchemcasino 365 bet365fiéis e curiosos que chegam para acompanhar as procissões da Semana Santa, nas quais as diferentes confrarias ou irmandadescasino 365 bet365penitentes caminham com imagens da paixãocasino 365 bet365Cristo.

Estas enormes esculturas, que costaleros carregam sobre os ombros, são acompanhadas por religiosos, músicos e dezenascasino 365 bet365penitentes, homens e mulheres que vestem longas túnicas e, na maioria das vezes, usam um capuz pontudo na extremidade.

Esta espéciecasino 365 bet365cone, feitocasino 365 bet365papelão e, mais recentemente, tambémcasino 365 bet365plástico, tem origemcasino 365 bet365uma das instituições mais sinistras da história do país: a Inquisição Espanhola.

O Santo Ofício

Os condenados por esta instituição, fundada por reis católicos no século 15 para manter a ortodoxia católicacasino 365 bet365seus territórios, eram obrigados a usar o capirote e uma pequena túnicacasino 365 bet365tecido simples chamada "sambenito" para identificá-los e constrangê-los durante os autoscasino 365 bet365fé.

“O autocasino 365 bet365fé era o grande teatro realizado pelos tribunais da Inquisição que tinha o objetivo,casino 365 bet365teoria,casino 365 bet365reincorporar os hereges à Igreja, mas que,casino 365 bet365essência, o que fazia era fazer as pessoas passarem vergonha pública, as manchava socialmente e excluía da sociedade, tanto o condenado como todos os seus descendentes", explica à BBC News Mundo o historiador José Martínez Millán, autor de La inquisición española ("A Inquisição Espanhola",casino 365 bet365tradução livre).

Durante três séculos, milharescasino 365 bet365pessoas foram condenadas na Espanha pelos tribunais religiosos da Inquisição, acusadascasino 365 bet365diferentes crimes, que podiam ir da blasfêmia até a heresia. Muitos destes condenados, sobretudo nos primeiros anos, acabavam na fogueira.

Mas antes, a Inquisição dava a eles a oportunidadecasino 365 bet365renunciar aos seus pecados e proclamarcasino 365 bet365conversão à fé católica. Aqueles que faziam isso, os chamados “penitentes”, obtinham a graçacasino 365 bet365serem estrangulados antescasino 365 bet365serem queimados na fogueira. Os condenados à morte que não se arrependiamcasino 365 bet365seus pecados eram queimados vivos.

Os autoscasino 365 bet365fé eram realizadoscasino 365 bet365praça pública, geralmente na primavera ou no outono, quando havia sido reunido um número suficientecasino 365 bet365réus. Era montada uma espéciecasino 365 bet365palco, onde se sentariam as autoridades eclesiásticas, seculares e os réus — havia, inclusive, um ensaio na véspera.

Semanas antes, eram contratados pintores e alfaiates para confeccionar os sambenitos e capirotes que seriam usados pelos condenados. Os desenhos e as cores usadas para pintá-los variavam dependendo da heresia.

Vestidos assim, os réus eram conduzidoscasino 365 bet365procissão, como formacasino 365 bet365humilhação pública, até o local onde era celebrado o autocasino 365 bet365fé.

Uma vez lida a sentença, os condenados à morte eram levados à fogueira, que costumava ficar nos arredores da cidade, para que as autoridades civis pudessem executar a sentença. Os demais eram obrigados a usar o sambenito durante toda a duraçãocasino 365 bet365sua pena.

Para não esquecer

Mas a provação não acabava por aqui.

Os sambenitos e os capirotes eram levados depois até a igreja paroquial para serem pendurados nas naves com os nomes dos condenados.

“A partircasino 365 bet365então, na missa, eles sempre tinham que se sentar debaixo do seu sambenito, assim como seus filhos ou netos, e a mancha perdurava por gerações, o que é uma das grandes crueldades da Inquisição”, destaca Martínez Millán, professorcasino 365 bet365história moderna na Universidade Autônomacasino 365 bet365Madri, na Espanha.

Quando uma pessoa queria, por exemplo, entrar na universidade ou pedir um títulocasino 365 bet365uma ordem militar, tinha que apresentar um certificadocasino 365 bet365limpezacasino 365 bet365sangue que comprovasse que, ao longocasino 365 bet365três gerações, ninguém havia sido condenado pela Inquisição.

Os sambenitos pendurados nas igrejas serviamcasino 365 bet365testemunho, e a única formacasino 365 bet365limpar o nomecasino 365 bet365alguém era o esquecimento — mas, como explica Martínez Millán, “o esquecimento não existia”.

Os grandes autoscasino 365 bet365fé deixaramcasino 365 bet365ser celebrados na segunda metade do século 18, quando começaram a ser organizados dentro das instituições da Inquisição, no que veio a se chamar "autillos".

Um deles inspirou aquela que é possivelmente a pintura mais famosa que existe sobre a Inquisição, o quadro Autocasino 365 bet365fé da Inquisição,casino 365 bet365Franciscocasino 365 bet365Goya.

No centro da obra, vestido com um capirote e sambenito adornados com chamas, um condenado ouvecasino 365 bet365sentença com os olhos baixos e atitude resignada, enquanto uma multidãocasino 365 bet365clérigos, autoridades e figuras não identificadas gera uma atmosfera sufocante. Ao lado do palco, outros três condenados, que também usam capirote, aguardam acasino 365 bet365vez.

Não está claro, no entanto, como este conecasino 365 bet365papelão passou da Inquisição para as celebrações da Semana Santa.

Irmandadescasino 365 bet365penitentes

Os historiadores acreditam, no entanto, que as irmandadescasino 365 bet365penitentes adotaram o capirote, que pelo seu formato também simbolizava a tentativacasino 365 bet365se aproximarcasino 365 bet365Deus, por tê-los visto naqueles penitentes condenados.

As primeiras irmandades que se formaram no século 15, depoiscasino 365 bet365São Vicente Ferrer pregar a penitência, e que saíamcasino 365 bet365procissão, eram muito diferentes das que conhecemos hoje.

A penitência envolvia autoflagelação, por isso estes homens chicoteavam as próprias costas despidas com cordas e correntescasino 365 bet365um espetáculo sangrento.

Nesta época, “o culto à Vera Cruz (a Verdadeira Cruz) e ao sanguecasino 365 bet365Cristo começa a ser reivindicado, por isso se começa a levarcasino 365 bet365procissão uma sériecasino 365 bet365imagens que geralmente costuma sercasino 365 bet365um crucificado”, explica Manuel Jesús Roldán.

Este crucificado da Vera Cruz se estende por toda a Espanha e América Latina.

Os penitentes eram anônimos, cobriam o rosto com uma máscara e usavam uma túnica simplescasino 365 bet365tecido barato, geralmente branca.

Os historiadores concordam que a primeira destas irmandades a adotar o capirote no final do século 16 é a Irmandade da Hiniesta, se Sevilha, que tem uma origem medieval e continua existindo até hoje.

“A Irmandade da Hiniesta adapta aquele conecasino 365 bet365papelão à máscara que seus penitentes usavam, e passa a diferenciar dois tiposcasino 365 bet365'irmãos': o ‘irmãocasino 365 bet365sangue’, que se autoflagelava e usava a máscara caída para trás, e o ‘irmãocasino 365 bet365luz’, que estava encarregadocasino 365 bet365carregar uma vela e usar o capirote", diz Roldán, autorcasino 365 bet365Historiascasino 365 bet365la Semana Santa que nunca te contaron ("Histórias da Semana Santa que nunca te contaram",casino 365 bet365tradução livre).

No século 17, a maior parte das confrarias da Espanha já utilizava este cone, dando outra aparência aos penitentes, que a essa altura passaram a ser chamadoscasino 365 bet365nazarenos.

Cada confraria adotou uma cor. Muitas escolheram o roxo, que era o penitencial; mas algumas, o vermelho, pelo simbolismo sacramental; outras, o verde, pelo culto à Vera Cruz; e outras mantiveram o branco ou adotaram o preto, que virou moda no fim do século 18.

Desde então, as irmandades e procissões estiveram à beiracasino 365 bet365desaparecer com a chegadacasino 365 bet365Carlos 3° ao trono. “A penitência era algo que entravacasino 365 bet365conflito com as ideias do Iluminismo, por isso era proibido autoflagelar-se publicamente na rua, cobrir o rosto com máscara e sair à noite”, explica Manuel Jesús Roldán.

Após a Guerra da Independência e o retorno do absolutismo, as irmandades voltaram àcasino 365 bet365atividade. Mas a penitência, que já era considerada uma coisacasino 365 bet365séculos passados, nunca foi resgatada.

Hoje, as procissões da Semana Santa na Espanha vão muito além da religião — e fazem partecasino 365 bet365uma cultura popular "que tem um significado festivo, identitário, que se conecta com o retorno a cada ano a uma data, a um povo conhecido, a um sentimentocasino 365 bet365cidade e uma formacasino 365 bet365compreender a vida que mantém viva esta festa", afirma Roldán.

O historiador lembra que algumas interpretações as associam ao importante substrato da cultura clássica romana que existe na Espanha, onde no fimcasino 365 bet365março se celebravam as festas da primavera.

“Embora as procissões sejam muito sérias e rigorosas, também têm aquele significado festivo tradicional”, argumenta Roldán.

“Por isso, é difícil fazer quem écasino 365 bet365fora entender que aqueles que se vestemcasino 365 bet365nazarenos não são apenas senhores presos ao passado, mas também podem ser jovens, idosos, mulheres, homens, pessoascasino 365 bet365esquerda,casino 365 bet365direita... tem até ateus!”