Da autoflagelação à 'farra' do chocolate, a origem dos rituais que marcam a Páscoa cristã:joguinho das frutas
Com o surgimento do cristianismo, esta tradição passou a ser associada também à ressurreição, ao renascimento dos homensjoguinho das frutasfé.
A partirjoguinho das frutasentão, os devotos começaram a pintar os ovosjoguinho das frutasgalinha para festejar. Os monarcas europeus também doavam ovos ricamente decorados para celebrarem a Páscoa.
O consumojoguinho das frutasovosjoguinho das frutaschocolate foi a transformação mais recente desta tradição. A partir do século 17, quando o cacau começou a chegar ao Velho Continente, a fabricaçãojoguinho das frutaschocolates estendeu-se também ao costume pascal. Os confeiteiros franceses foram os primeiros a preparar os ovosjoguinho das frutaschocolate como acontece ainda hoje.
E se para alguns este gesto tem se transformadojoguinho das frutasalvojoguinho das frutasespeculações comerciais que poderiam ofuscar ou até mesmo cancelar o significado original da celebração, o italiano Roberto Cipriani, um dos mais importantes sociólogos do mundojoguinho das frutasmatériajoguinho das frutasreligiões, vê a trocajoguinho das frutasovosjoguinho das frutasPáscoa como algo positivo.
"Ainda que as pessoas não tenham uma consciência plena, não tenham lido a Bíblia nem participadojoguinho das frutascatequeses preparatórias para a Semana Santa, e mesmo que prevaleçam costumes como viajar no feriado ou preparar determinadas refeições, como a carnejoguinho das frutascordeiro no almoçojoguinho das frutasPáscoa na Itália, os elementos conectivos continuam presentes", dizjoguinho das frutasentrevista à BBC Basil.
Cipriani, autor da teoria da religião difusa, rebate as preocupaçõesjoguinho das frutasque a Páscoa esteja perdendo o valor entre católicos. "A data é, no mínimo, uma ocasião para as manter relaçõesjoguinho das frutasamizade,joguinho das frutassolidariedade e compartilhamento."
"Se eliminarmos tudo, os ovosjoguinho das frutaschocolate, o almoço especial no domingo, a trocajoguinho das frutasmensagensjoguinho das frutasBoa Páscoa, fica um vazio. O simbolismo ainda é forte. Quando você vê uma cruz, sabe o que significa".
Ritos paralelos
"As celebrações populares são ritos paralelos aos que a Igreja realiza dentro dos templos", explica o sociólogo.
De acordo com Cipriani, as festividades religiosas, especialmente durante a Semana Santa, eram as únicas ocasiõesjoguinho das frutasque estes gruposjoguinho das frutaspessoas podiam exprimir-sejoguinho das frutasforma alternativa ou até mesmo contraposta à Igreja oficial.
"Estas manifestações ganharam força após o Concíliojoguinho das frutasTrento, com o qual a Igreja Católica promoveu, entre os anosjoguinho das frutas1545 e 1563, medidas que tinham o objetivojoguinho das frutasreavivar a fé e a disciplina religiosa".
"Participarjoguinho das frutasprocissões carregando uma cruz ou jejuar são também ocasiõesjoguinho das frutaspenitência,joguinho das frutassofrimento, um modojoguinho das frutascompartilhar da dor e da mortejoguinho das frutasCristo."
"Mesmo que os sacerdotes também participem e façam preces durante as procissões numa tentativajoguinho das frutascontrastar ou ao menos contrabalançar o caráter laico destas manifestações, os protagonistas são sempre as confraternidades, as pessoas do povo que dão vida às celebrações".
Em algumas cidades italianas, as festividades mantêm as mesmas características há centenasjoguinho das frutasanos. Duas delas, Chieti e Orte, disputam o recordejoguinho das frutasprocissãojoguinho das frutasPáscoa mais antiga do país, ambas datadasjoguinho das frutas842. Nesta última, um vilarejo com cercajoguinho das frutas8 mil habitantes, na Sexta-feira da Paixão os peregrinos caminham durante a noite, descalços e com correntes amarradas ao tornozelo. Em Taranto, os fiéis se revezamjoguinho das frutasquase 40 horasjoguinho das frutasprocissão contínua.
Cultos sangrentos
Muitas destas tradições populares se mesclaram ao longo dos séculos. "No caso da Itália, por exemplo, a Espanha teve um papel decisivo durante o períodojoguinho das frutassua dominação, especialmente no sul do país,joguinho das frutaslocalidades como Sicília, Calábria e Campanha, com a introduçãojoguinho das frutasseus cultos exuberantes, ricos e muito atrativos".
É o caso dos ritosjoguinho das frutasautoflagelação, que ainda estão presentesjoguinho das frutasalgumas localidades da Calábria, comojoguinho das frutasVerbicaro e Nocera Terinese. Nestes dois vilarejos, durante a Semana Santa alguns devotos percorrem as ruas e igrejas da cidade chicoteando as próprias pernas até sangrarem. Durante o percurso deixam manchasjoguinho das frutassangue na fachada dos edifícios. Os espetáculos atraem católicos e TVs do mundo todo.
"Os episódiosjoguinho das frutasautoflagelação na celebração da Semana Santa acontecem também no México, no Peru e até nas Filipinas, onde alguns fiéis chegam a submeter-se a uma real crucificação".
Oficialmente, a Igreja é contrária a estas manifestações cruéis. "Masjoguinho das frutascerta forma aceita e tolera", afirma Cipriani.
Em nível global, as celebraçõesjoguinho das frutasPáscoa mais importantes para os católicos são a Via Crucis, quando o Papa se locomovejoguinho das frutasmeio aos fiéis com o papa móvel pelas ruasjoguinho das frutasRoma, do Vaticano ao Coliseu, e a missa do domingo, na praça São Pedro, transmitida pela TVjoguinho das frutasinúmeros países.
O sociólogo acrescenta que não vê no consumismo, nemjoguinho das frutasqualquer outro fenômeno, uma ameaça aos valores cristãos. "Conforme com a minha teoria da religião difusa, é improvável que o cristianismo, ou qualquer outra cultura milenar, possa desaparecerjoguinho das frutasum momento a outro. O motivo são as socializações, a educação, a transmissão através das gerações. Pode haver críticas, resistências, mas ainda assim, tudo procede", diz.
"O cristianismo, assim como o budismo, hinduísmo e islamismo, não vão terminar nos próximos 100 anos."