Como bacalhau virou prato típico da Sexta-Feira Santa:bet365 apostas esportivas
“Quando o assunto é o ‘não se pode comer tal coisa’ e ‘é permitido consumir tais produtos’, a regra não é tanto baseada na questão econômica”, explica à reportagem o historiador André Leonardo Chevitarese, professor titular do Institutobet365 apostas esportivasHistória da Universidade Federal do Riobet365 apostas esportivasJaneiro (UFRJ) e autor do livro ‘Jesusbet365 apostas esportivasNazaré: O Que a História Tem a Dizer sobre Ele’, entre outros. “E o caso do bacalhau tem a ver com a colonização portuguesa.”
No início do ano bet365 apostas esportivas 2024, a propriedade global bet365 apostas esportivas cripto- moedas aumentou bet365 apostas esportivas {k0} 34%, passando bet365 apostas esportivas 432 milhões para 580 milhões. O número bet365 apostas esportivas detentores do Bitcoin aumentou bet365 apostas esportivas {k0} 33%, passando bet365 apostas esportivas 222 milhões para 296 milhões. Além disso, a propriedade do Ethereum aumentou bet365 apostas esportivas {k0} 39%, passando bet365 apostas esportivas 89 milhões para 124 milhões.
Essa adoção crescente decorre do aumento da aceitabilidade e integração do Bitcoin. O Bitcoin foi progressivamente sendo incorporado ao sistema financeiro tradicional, aumentando ainda mais sua adoção.
De acordo com um estudo, alguns dos principais fatores que estão impulsionando a adoção do Bitcoin incluem:
Aumento da aceitabilidade pública bet365 apostas esportivas {k0} todo o mundo
Melhorias na infraestrutura bet365 apostas esportivas pagamento
Utilização crescente no mercado bet365 apostas esportivas remessas transfronteiriças
Aumento das miuntes bet365 apostas esportivas investidores bet365 apostas esportivas {k0} mercados emergentes
Embora ainda existam desafios significativos à adoção elevada do Bitcoin, como escabilidade e problemas bet365 apostas esportivas segurança, a aceitação crescente à medida que se une à infraestrutura dos mercados financeiros tradicionais é um poderoso indicador bet365 apostas esportivas uma tendência contínua.
O Brasil tem sido um dos países-chave na adoção do Bitcoin na América Latina, junto com a Argentina e a Colômbia. Isso é atribuído à crescente insatisfação com as autoridades monetárias tradicionais do país e à crescente aceitação dos cidadãos bet365 apostas esportivas {k0} procurar alternativas. A taxa bet365 apostas esportivas inflação no Brasil tem sido historicamente alta, com o Real brasileiro tendo perdido a metade do seu valor bet365 apostas esportivas {k0} relação ao dólar estadunidense nos últimos cinco anos.
Por esses motivos, cada vez é mais provável que os países bet365 apostas esportivas {k0} desenvolvimento, populações desbanked e populações com alta inflação orientem para opções cripto-monetárias como o Bitcoin, para tentar proteger-se contra a agitação econômica bet365 apostas esportivas {k0} curso e lidar com problemas persistentes na estabilidade das moedas fiat.
Em resumo, à medida que estas tendências continuam a se intensificar e os mercados madurem, é possível que vejamos taxas mais altas bet365 apostas esportivas adoção do Bitcoin nos mercados emergentes bet365 apostas esportivas {k0} um futuro próximo.
“A chave para pensar essa questão, se não é econômica, tem a ver com a questão religiosa. Por isso é tão tensa essa questão. Nem todo cristão faz jejum ou abre mãobet365 apostas esportivascomer carne vermelha durante a Semana Santa. O que leva alguém a consumir ou não carne vermelha diz respeito a olhares, formasbet365 apostas esportivasse ler teologicamente o que vem a ser o sacrifíciobet365 apostas esportivasJesus na cruz”, completa ele.
É por isso que a abstinênciabet365 apostas esportivascarne suscita comentários que vão desde o “a Igreja Católica proibiu sem base bíblica” aos que defendem que regulamentações oriundasbet365 apostas esportivasdocumentos ou da tradição católica estariam, sim, ancoradas pelos ensinamentos dos livros sagrados, como contextualiza Chevitarese,bet365 apostas esportivas“simbologias teológicas do ato do sacrifíciobet365 apostas esportivasJesus”.
“Ou seja: eu não discutiria questões econômicas, mas pensariabet365 apostas esportivassimbologias”, conclui ele.
E aí há algumas questões que precisam ser levadasbet365 apostas esportivasconta: a prática do jejum, o simbolismo do peixe, o prazerbet365 apostas esportivascomer carne vermelha e, por fim, a disseminação do bacalhau no mundo lusitano.
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“Tudo começa, na verdade, com o jejum”, afirma à BBC News Brasil a vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadorabet365 apostas esportivashistória do catolicismo na Pontifícia Universidade Gregorianabet365 apostas esportivasRoma. “Desde os primeiros séculos do cristianismo tal prática é observada, mas sem focarbet365 apostas esportivasum alimento específico. Até porque, na era primitiva do cristianismo, havia essa preocupaçãobet365 apostas esportivasromper com as práticas judaicasbet365 apostas esportivasalguns aspectos, embora a influência, do pontobet365 apostas esportivasvista cultural, fosse mais que evidente. É na Idade Média que se começa a desenhar tal preceito.”
Chevitarese ressalta que desde os primeiros cristãos já havia uma reflexão sobre “pensar o sacrifíciobet365 apostas esportivasJesus” experimentando alguma formabet365 apostas esportivasabstinência.
“A ideiabet365 apostas esportivasjejuar,bet365 apostas esportivaster uma ascese, representaria, sob muitos aspectos, uma austeridade, um autocontrole diante dos prazeres humanos, semprebet365 apostas esportivasdimensão ao sacrifício feito por Jesus na cruz”, pontua.
O historiador, teólogo e filósofo Gerson Leitebet365 apostas esportivasMoraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, ressalta que essa ideiabet365 apostas esportivasjejum, no catolicismo, está ligada ao sacramento da penitência, ou seja, um sacrifício feito para a remissão dos pecados. “No catolicismo, é um conceito que trabalhabet365 apostas esportivasmodo muito forte com a ideiabet365 apostas esportivasreconciliação.”
Ora, a quaresma é, por assim dizer, o momento perfeito para a ocorrência dessa experiência religiosa. “Porque é um períodobet365 apostas esportivasperdão,bet365 apostas esportivasreconstrução. E é dentro dessa lógica toda que aparece a abstinência da carne, como um símbolo dessa vida que pede para ser reconciliada”, acrescenta Moraes.
Afinal, a simbologia está na narrativa: a quaresma é o percurso que resulta na Páscoa. E a Páscoa, a festa da ressurreição, seria o ápice dessa históriabet365 apostas esportivasrenovação, essa possibilidadebet365 apostas esportivasque cada um se torne um novo ser humano.
Moraes aponta que essa práticabet365 apostas esportivasabstinência não costuma ser seguida por cristãos protestantes, evangélicos oubet365 apostas esportivasoutras denominações. Segundo ele, a raiz dessa diferença está justamente na questão dos sacramentos — se para os católicos, são sete, incluindo a penitência ou arrependimento dos pecados, protestantes têm apenas dois: batismo e eucaristia.
Peixe
Mas se a ideia é jejuar, por que o peixe seria permitido?
São muitas as explicações que, somadas, resultam numa unânime permissão. Em primeiro lugar, é preciso lembrar como peixes eram importantes no contexto do Jesus histórico, ou seja, no dia a dia daquelas comunidades do Oriente Médiobet365 apostas esportivascercabet365 apostas esportivas2 mil anos atrás.
Não à toa, os primeiros seguidoresbet365 apostas esportivasJesus são apresentados, nos evangelhos, como pescadores. “Ele tinha entre os discípulos, pescadores. É lógico que o peixe é um alimento importante na cultura judaica. Mas não há uma relação explícita, direta, [disso com a ideia da troca da carne pelo peixe]”, diz Moraes.
O que há, lembra Chevitarese, é uma questão ortográfica. Peixe, no grego antigo, era ichthys. Os cristãos primitivos, naqueles temposbet365 apostas esportivasque eram perseguidos porbet365 apostas esportivasfé, decidiram usar o peixe como símbolo atribuindo à palavra um acrônimo: Iesous Christos Theou Yios Soter, que significa Jesus Cristo, Filhobet365 apostas esportivasDeus, Salvador.
“Assim, o consumo do peixe também passa por um conjuntobet365 apostas esportivassimbolismos, na experiência, na prática cotidianabet365 apostas esportivasmuitos cristãos”, argumenta o historiador. “As letras que compõem a palavra ichthys formam o sentido que está muito relacionado ao cristianismo”, afirma. “Este peixe é, por si só, simbolicamente algo que se remete a Jesus como salvador.”
Carne vermelha
OK, havia a prática do jejum, já disseminada. E havia o hábito do peixe, acrescido da simbologia toda. Mas qual o problema com a carne vermelha, afinal?
A teoria mesmo veio apenas no século 13, graças ao filósofo, teólogo e frade italiano São Tomásbet365 apostas esportivasAquino (1225-1274), um dos grandes pensadores do mundo medieval.
“Quando ele prescreveu uma orientação aos fiéis a respeito do jejum, apontou a carne como um dos alimentos mais prazerosos, juntamente com os laticínios”, conta Medeiros. “Fez isso porque o jejum era concebido como o atobet365 apostas esportivasse absterbet365 apostas esportivasalgo que mais se gostava, não necessariamente privar-sebet365 apostas esportivascarne. Mas a carne,bet365 apostas esportivassi, por satisfazer o prazer do paladar, estava muito associada à luxúria, aos pecados sexuais, comumente chamadosbet365 apostas esportivas‘pecados da carne’.”
“A teologia [da abstinênciabet365 apostas esportivascarne vermelha] foi trazida por Tomásbet365 apostas esportivasAquino”, concorda Chevitarese.
Medeiros atenta para a recorrênciabet365 apostas esportivasexemplos que confirmam essa ideia. Por exemplo, a regrabet365 apostas esportivasSão Bento, documento atribuído ao monge São Bentobet365 apostas esportivasNúrsia (480-547) e que rege a ordem beneditina. “Exigia que os monges só comessem carnebet365 apostas esportivascasobet365 apostas esportivasnecessidade extrema ou por questãobet365 apostas esportivassaúde”, afirma a estudiosa do catolicismo.
Ela conta que o tema foi muito debatidobet365 apostas esportivassínodos da Igreja ao longobet365 apostas esportivasséculos. “Foi colocadobet365 apostas esportivasquestão, inclusive, se a carne moída e o presunto poderiam ser consumidos no lugar da carne [em si] porque, uma vez triturados, teriam perdido suas propriedades ‘carnosas’”, exemplifica Medeiros.
“Por fim, na Idade Média, os fiéis observavam o chamado ‘jejum magro’, que previa a abstinênciabet365 apostas esportivascarnebet365 apostas esportivasvárias épocas do ano, incluindo na sexta-feira”, conta a pesquisadora. A regra atual constabet365 apostas esportivasdois documentos do Vaticano: o Códigobet365 apostas esportivasDireito Canônicobet365 apostas esportivas1917 e a Constituiçãobet365 apostas esportivas1966, do papa Paulo VI (1897-1978).
Não são poucos os artifícios retóricos que buscam explicar a diferença entre carnesbet365 apostas esportivasdiversos bichos,bet365 apostas esportivasmodo a autorizar o consumo do peixe e proibir obet365 apostas esportivasoutros animais, por exemplo. “Há o elemento do peixe como uma carne cujo sangue é frio,bet365 apostas esportivasdetrimento ao sangue quente da carne vermelha dos bovinos e do frango”, comenta Chevitarese.
As nuances não são muito claras tampouco na horabet365 apostas esportivasdefinir o que é um peixe ou não. Nesse sentido, a religião não necessariamente bebe nas fontes da ciência. “Na tradição judaica, o peixe seria o animal que tem escama e barbatana. Embora consideremos peixes muitos outros animais marinhos que não necessariamente tenham escama e barbatana”, explica o historiador.
Ele relata que já se deparou com entendimentos bastante afrontosos ao conhecimento taxonômico. “Por exemplo,bet365 apostas esportivasNova Orleans [nos Estados Unidos] houve um bispo que disse que jacaré deve ser considerado um peixe. Então os católicosbet365 apostas esportivaslá podem comer carnebet365 apostas esportivasjacaré na Sexta-Feira Santa”, conta. “Tem culturas que encaram a capivara como peixes, então católicos podem comer capivara na quaresma. Ebet365 apostas esportivasQuebec [no Canadá], um bispo disse que castores também são peixes…”
“Então, a regra varia muito sobre o que é peixe (no âmbito religioso), como definir o que é peixe…”, acrescenta ele. “Há muitas brechas.”
Bacalhau
“Não há nenhuma prescrição da Igreja sobre o uso do bacalhau”, frisa Medeiros. Ela vai direto ao ponto: a tradição pegou no Brasil “simplesmente porque fomos influenciados pelos costumes portugueses”. Ora, pois…
“Eles trouxeram a iguaria para cá no século 19. Por ser considerado um peixebet365 apostas esportivaslonga conservação, muitos fiéis o consumiam durante toda a quaresma”, acrescenta ela.
Aí parece estar o pulo do gato — ou o salto do peixe. Em tempos anteriores à invenção da geladeira, sobretudobet365 apostas esportivasque a quaresma ocorre no verão, como o Brasil, era preciso facilitar essa ideiabet365 apostas esportivascomer peixe.
Como o bacalhau costuma ser curado,bet365 apostas esportivasum processo com adiçãobet365 apostas esportivassal e desidratação, ele é um produto que pode ser conservado por mais tempo sem refrigeração. Em resumo: não foi por fé no bacalhau, foi por puro pragmatismo.
O historiador Chevitarese explica que o consumo do bacalhau foi trazido ao Brasil com a chegada da corte portuguesa ao Riobet365 apostas esportivasJaneirobet365 apostas esportivas1808. Aos poucos, a iguaria começou a estar disponível nos famosos empóriosbet365 apostas esportivassecos e molhados.
“A lógica da penitência impõe ao fiel que ele obedeça,bet365 apostas esportivaslivre e espontânea vontade, a um momento penitencial importante”, enfatiza Moraes. “A Páscoa é uma excelente oportunidade para isso. Na Sexta-Feira Santa, então, o sujeito faz essa substituição [da carne pelo bacalhau], que é uma coisa histórica, tradicional.”
“Somos um país criado sob a influência do catolicismo, então essa observância dos fiéis católicos vem desde a época da colonização e é algo muito evidente, ancorado pela orientação dos padres daqui. E o peixe [o bacalhau] apareceu como uma tradição da própria corte portuguesa”, diz ele.
O teólogo sintetiza: se o ritual da abstinência veio com a colonização, a prática se acentuou com a chegada da corte portuguesa ao Rio.
“Então o bacalhau, com praticidadebet365 apostas esportivasalgo que fazia parte da culinária portuguesa e não se estragava com facilidade, foi inserido. E aquilo foi sendo ressignificado ao longo do tempo”, comenta.
Sim, porque com todos os ingredientes, é a horabet365 apostas esportivaslembrar da frase bíblica que apregoa que as coisasbet365 apostas esportivasDeus devem ser deixadas a Deus e as coisasbet365 apostas esportivasCésar, a César. Porque o deus mercado é capazbet365 apostas esportivasfazer perpetuar as mais diversas tradições inventadas…
“O consumo do bacalhau, trazido pela corte, caiu no gosto do brasileiro. Vivemos num modobet365 apostas esportivasprodução capitalista e quando algo cai no gosto da prática mercantilista comercial, tudo vira mercadoria: tem gente que vende e gente que consome”, reflete Moraes. “Então está aí: ficou sendo uma prática muito explorada até hoje. E os vendedoresbet365 apostas esportivaspeixe agradecem.”